Escrevo minha última cena, salvo o arquivo. Está pronto. O meu texto está
pronto. O nome do livro? Eu já sabia há muito tempo. Bergmann.
É para você, Gabe.
É para os nossos amigos.
É para a nossa geração azarada, população economicamente ativa, que sustenta
a Previdência Social.
É para a geração seguinte, que quer liberdade.
É para o lugar que ocupamos entre elas, a depender da perspectiva.
É para aqueles que não deram certo, como acusa a sociedade.
É para aqueles que deram certo, se ainda assim encontrarem-se infelizes.
É para aqueles que lutam incansavelmente mas nem sempre conseguem ver
resultados.
É para todo coração de pedra que no fundo só espera ser derretido.
É para aquelas que são para casar.
É para aquelas que não são para casar.
É para que essa crença se exploda, junto com todas as outras formas de
crueldade.
É para que façamos uma prece pelo fim da perversidade.
É para qualquer pontinha de esperança que possa existir num mundo cruel,
facho de luz que dissipa a escuridão.
É para o fim, que sempre nos alcança.