É o aniversário do Joaquim, a casa está lotada. Bernardo conseguiu a decoração
que ele pediu, alugou os brinquedos como planejamos. Era para ser algo simples,
como o Joaquim queria, mas de repente apareceu muita gente, crianças e adultos.
Estou meio perdida, porque os pais são os anfitriões que recebem os convidados, estão
ambos ocupados fazendo isso, e eu não me encaixo em lugar nenhum, não tenho muita
habilidade com nada disso. Muitos amigos da escola dele estão aqui, porém, Joaquim
parece tão perdido quanto eu. Não consigo entender de onde surgiram tantas pessoas,
estou com medo de estragarem tudo, estragarem a festa que o Joaquim tanto queria.
Acho que ele esperava uma festa mais íntima para poder passar mais tempo
com o pai. Bernardo não deve fazer de propósito, mas ele não passa tempo suficiente
com o filho. Posso ver como Joaquim fica feliz ao lado do pai, ele só tem um pouco
de dificuldade para demonstrar. Ainda não consegui fazer o Joaquim gostar de mim,
talvez ele nunca goste, mas estou disposta a tentar. Ele é uma criança muito doce, mas
muito tímida, pelo menos comigo. Quando observo esse monte de crianças correndo,
sem chamar o aniversariante para brincar, percebo que não devem ser próximos. Os
adultos bebem bastante, nadam, conversam como se não fosse uma festa de criança.
Bernardo está feliz, Natália está feliz, mas o Joaquim não. Qual será o problema?
Todos estão aproveitando, menos o aniversariante, com quem ninguém se
importa, pelo visto. Se eu sair agora, nem vou ser notada, seria perfeito, eu poderia ir
para casa descansar. Depois inventava uma desculpa para o Bernardo. Mas sei que
não vou fazer isso, não depois de encontrar o Joaquim no meio do pandemônio.