Quando eu entro no meu apartamento, minhas pernas falham. Há um peso
enorme sobre mim. Eu tento controlar a minha respiração, eu tento não me entregar
às memórias que eu fazia tanto esforço para esconder. Novamente, eu estava diante
de um beco escuro. Alguém era agredido na minha frente e eu perdia todo o meu
controle. Eu me tornava um animal mais forte, um que podia combater os outros
predadores. Embora presa e predador coexistisse numa binariedade complexa, eu
constantemente me esforçava para não virar comida, mesmo ciente de que sempre
haveria alguém mais forte. Foi assim que vivi minha vida inteira, mas agora eu estava
muito cansada.
Então eu ouço, de novo:
Levante-se, Laura. Você não é mulher que fica no chão.
Levante-se agora. Nós não a criamos para ficar aí.
Eu obedeço ao meu próprio comando e me arrasto até a minha cama.