Eu amo esse homem, pensei. Não estava esperando nada muito grandioso, só
uma cerimônia simples, na capelinha da minha cidade. Família e amigos, os mais
próximos. Só. Em alguns anos, filhos. Uma vida simples. Quando nos conhecemos,
naquela viagem doida, eu achei que não era nada demais. Naquele dia, saíam faíscas
de seus olhos, ele queria me vencer. Ele me venceu. Depois, combinamos outras
viagens, só nós dois. Foi incrível. Eu me apaixonei muito rápido, sem ver. Viajamos,
comemos, jogamos, maratonamos filmes e séries, dançamos, transamos, brigamos e
fizemos amor. A vida passava num slow motion dahora.
Eu acreditei que seria para sempre, até as coisas ficarem realmente sérias entre
nós. Eu queria falar para o mundo como nos sentíamos, estava preparado para dar esse
passo, mesmo tão assustador. Eu estava pronto para a capelinha, para os ternos branco
e creme, para as flores, para os filhos, para pedir a benção de nossas famílias, e aceitar
todas as consequências. Mas aí, os sentimentos dele, que pensei que fossem simples,
tornaram-se complexos demais. Ele me afastou. Eu tentei entender, pensei que
pudesse ser sua família, seus amigos, seu trabalho, suas crenças, sua identidade, a
sociedade, seus traumas, suas dúvidas, ou tudo isso junto. Eu esperei. Eu esperei. Eu
entendi. Eu esperei. No fim, ele só conseguiu me convencer de que não era nada disso,
o problema real eram os seus sentimentos por mim. E se ele não me amava, não tinha
nada que pudéssemos fazer.
Antes de partir, tentarei entender mais uma vez e perdoar, porque amar é muito
difícil, é a coisa mais difícil que nos pode ser pedida.