Demétrio deitou-se ao lado dela, seu corpo enorme e peludo contrastando com a delicadeza dela. A brisa noturna passava suavemente pela floresta, e a única coisa que quebrava o silêncio eram os sons da natureza que os cercavam. Ela acariciava seus pelos negros com uma calma quase assustadora, como se estivesse tranquilizando uma fera. O toque dela era gentil, e Demétrio não conseguia entender como conseguia relaxar ao lado dela, mesmo na sua forma lupina. "Me chamo Aiko Takahashi," ela disse, sua voz suave como o sussurro das folhas. "Demétrio Rodrigues," ele respondeu, sua voz gutural se misturando a um rosnado baixo, mas não hostil. Aquele nome soava diferente agora, quase como uma confirmação de sua identidade, e não apenas uma lembrança de sua antiga vida.
Um silêncio confortável se instalou entre eles. O mundo ao redor parecia ter desaparecido, e Demétrio, por um momento, se esqueceu de sua natureza predatória. Ele estava apenas ali, deitado ao lado de Aiko, compartilhando um momento que nunca havia imaginado ser possível. "Por que estava chorando?" Ele finalmente quebrou o silêncio, a curiosidade tomando conta dele. Aiko hesitou por um instante, seu olhar se perdendo nas águas tranquilas do rio. "Meus pais... eles... fizeram um casamento arranjado para mim," ela começou, a tristeza em sua voz clara como o céu noturno. "Mas... eu não amo meu noivo." As palavras caíram como folhas mortas no chão da floresta, e Demétrio sentiu uma pontada de empatia. Ele conhecia o peso das obrigações e as expectativas que outros colocavam sobre nós. "Casamento arranjado?" ele repetiu, tentando entender. O conceito era estranho para ele, um lobo que sempre viveu fora das regras do mundo humano. "Por que não simplesmente se recusa?" Aiko olhou para ele, sua expressão agora uma mistura de frustração e tristeza. "Não é tão simples, Demétrio. A honra da minha família está em jogo. Eu não posso desonrá-los, mas ao mesmo tempo, não posso viver uma vida sem amor. Não posso me casar com alguém que não escolhi."
A intensidade de suas palavras ressoou profundamente em Demétrio. Ele também conhecia a dor de ser aprisionado pelas expectativas dos outros, de não poder escolher seu próprio caminho. Algo dentro dele se agitou, uma vontade de protegê-la, de oferecer a ela a liberdade que ele mesmo buscara por tanto tempo. "Você merece ser livre," ele disse, sua voz mais firme agora, como se estivesse falando para si mesmo também. "Você não deve se submeter às escolhas dos outros." Aiko sorriu, e aquele sorriso iluminou o espaço ao redor deles, como a luz da lua refletindo nas águas do rio. "Você me entende, não é? Você também é livre. Você não tem que viver na sombra." Demétrio sentiu seu coração pulsar em resposta, uma sensação nova e excitante. Ele percebeu que ali, ao lado daquela mulher que tinha coragem em abundância, ele poderia encontrar não apenas a conexão que tanto almejava, mas também a própria liberdade. Aiko não apenas o aceitava; ela parecia ver o que havia de mais profundo dentro dele, além da besta.
"Eu não sei o que o futuro reserva," ele murmurou, sua voz um misto de dúvida e esperança. "Mas quero saber mais sobre você, Aiko." "Então vamos descobrir isso juntos," ela respondeu, e ele sentiu que, pela primeira vez em sua vida, o caminho à frente parecia cheio de possibilidades. Mesmo prometida a outro homem, Aiko e Demétrio se encontravam quase todas as noites naquela mesma margem do rio, onde o suave murmúrio da água e o brilho prateado da lua ofereciam um refúgio seguro para seus encontros secretos. A noite se tornava um véu que escondia suas conversas profundas e as emoções que cresciam entre eles.
As horas passavam, e entre risadas e confidências, Demétrio descobriu um lado de si que pensou estar perdido para sempre. Ele compartilhava histórias de sua longa vida, das eras que presenciou e dos mundos que explorou. Aiko ouvia atenta, seus olhos verdes brilhando como estrelas refletidas na superfície da água. “Um lobisomem, em?” ela riu em uma dessas noites, a melodia de sua risada ecoando na escuridão. Era uma risada que trazia luz ao coração sombrio de Demétrio, e ele se permitiu sorrir de volta. “Sim, eu me transformo toda noite de lua cheia,” ele respondeu, a voz vibrante de um orgulho que não sentia há muito tempo. Ele não estava apenas contando a ela sobre sua natureza; estava revelando uma parte de sua alma. “E sua forma lupina é muito bonita,” Aiko disse, e suas palavras foram como um toque suave na pele de Demétrio, aquecendo seu coração. Era algo tão simples, mas, para ele, significava tudo. Ele não estava apenas sendo visto; ele era admirado. “Você é corajosa,” ele comentou, observando-a com atenção. “A maioria das pessoas fugiria ao me ver assim.”
“Coragem é enfrentar o que se teme,” ela respondeu, uma seriedade em seu tom que o surpreendeu. “E eu não tenho medo de você, Demétrio. Você é... diferente do que imaginava um lobisomem seria. Você é... humano.” Essas palavras reverberaram dentro dele. Pela primeira vez em séculos, ele não se sentia apenas como uma besta ou uma sombra do que um dia fora; ele era um ser complexo, amado por quem realmente era. “Nunca pensei que poderia ter uma amizade com alguém assim,” ele confessou, a vulnerabilidade se esvaindo de seus lábios. Aiko inclinou-se um pouco mais perto, como se desejasse entender todos os aspectos dele. “A vida é cheia de surpresas, não é? Eu não imaginava que um lobisomem poderia se tornar meu confidente.” O espaço entre eles parecia diminuir a cada noite, e a intimidade que compartilhavam crescia. Eles falavam sobre sonhos, medos e esperanças. Aiko contava sobre sua vida e as pressões que sentia de sua família. Demétrio, por sua vez, compartilhava fragmentos de sua história, os momentos sombrios e os prazeres simples que havia encontrado ao longo do caminho. A lua cheia brilhava intensamente acima, e enquanto o mundo ao redor deles dançava em celebração, eles estavam em um espaço só deles, onde cada palavra e cada risada ecoavam na vastidão da noite. Aiko era um raio de luz que iluminava a escuridão que muitas vezes o cercava, e Demétrio sentia que, talvez, só talvez, estava começando a entender o que era o amor. A noite se desenrolava como um sonho, e mesmo com as incertezas que pairavam sobre seus futuros, a conexão entre eles se tornava mais forte a cada encontro. Demétrio sabia que o que estava desenvolvendo por Aiko era especial, algo que ele nunca havia sentido antes, algo que poderia mudar tudo.
As noites se transformaram em um mosaico de encontros mágicos na clareira à beira do rio, um espaço onde o mundo exterior parecia distante e irrelevante. Demétrio e Aiko, sempre juntos, exploravam o que significava ser um para o outro, cada reunião adicionando mais camadas à sua conexão. Em algumas noites, Demétrio aparecia na forma humana, seu sorriso encantador iluminando a escuridão como a própria lua. Ele vestia roupas elegantes, com sua presença dominadora. O ambiente fazia tudo ao seu redor parecer mais vibrante. Aiko o recebia com um sorriso radiante, os olhos brilhando com alegria ao vê-lo. "Você veio!" era sempre o primeiro exclamado, e as palavras dele eram como música para seus ouvidos. Nessas noites, eles trocavam histórias e risadas, Aiko compartilhando sonhos e desejos de liberdade, enquanto Demétrio falava sobre a beleza e a dor de viver por tanto tempo. Ele descobriu que a maneira como ela o ouvia, com atenção e empatia, tornava cada história mais rica, como se ela estivesse realmente ali, vivendo cada momento com ele. Em outras noites, ele se deixava levar pela lua cheia, transformando-se em sua forma lupina. Ao emergir da floresta, seus 2 metros de altura e pelagem negra como a noite reluziam sob a luz prateada. Aiko, em vez de recuar, sempre estendia a mão, como se a presença dele fosse um abrigo, não um motivo para temer. O sorriso em seu rosto era contagiante, e ele se sentia mais vivo do que nunca.
"Você está mais lindo assim," ela disse uma vez, acariciando os pelos de sua cabeça enquanto ele se deitava ao seu lado, sua forma lupina relaxada e tranquila. A sensação de seu toque era um bálsamo para a alma de Demétrio, e ele fechou os olhos, deixando que a tranquilidade do momento o envolvesse. As batidas de seu coração eram como um eco, e ele percebeu que a vida, com todas as suas complexidades, era mais do que apenas existir. A intimidade entre eles crescia. Aiko não hesitava em sentar-se perto dele, deitar a cabeça em sua pata dianteira ou acariciar a curva de sua mandíbula. Ele nunca se sentira tão amado, tão aceito, e aquela jovem mulher lhe mostrava um lado da vida que ele pensou ter perdido para sempre. Numa noite em particular, enquanto a lua brilhava intensamente, Demétrio a observou com um olhar profundo. Aiko estava sentada na grama, uma brisa suave fazendo seus longos cabelos loiros dançarem como se fossem ondas de ouro sob a luz lunar. “O que você está pensando?” ela perguntou, quebrando o silêncio confortável que os envolvia.
“Sobre como você é a única pessoa que não se afasta de mim,” ele respondeu, a voz gutural ainda soando suave. “A maioria das pessoas fugiria.” “Por que eu faria isso? Você é… especial,” Aiko disse, e havia sinceridade em suas palavras que fez o coração de Demétrio acelerar. Naquele momento, Demétrio percebeu que havia muito mais do que amizade entre eles. Era uma conexão que transcendia as barreiras do humano e do sobrenatural. Ele não sabia como, mas Aiko havia conseguido penetrar as muralhas que ele havia construído ao longo dos séculos. Ela havia se tornado uma parte vital de sua existência, e a ideia de perder isso era aterrorizante. As semanas se tornaram meses, e a clareira à beira do rio tornou-se um refúgio, um local onde segredos eram sussurrados e promessas silenciosas eram feitas. Mesmo em sua forma lupina, Aiko o olhava como se pudesse ver a alma dentro da besta, e isso era tudo o que Demétrio sempre desejou. Durante uma dessas noites de lua cheia, enquanto as estrelas brilhavam intensamente, Aiko se virou para ele, com um brilho nos olhos. “Demétrio, você já pensou em como será quando as festividades terminarem? O que acontecerá conosco?” Ele hesitou, sentindo um peso em seu coração. “Eu não sei, Aiko. O mundo fora dessa clareira é… complicado. Você tem um noivo, uma vida a seguir.”
Ela balançou a cabeça, um olhar determinado em seu rosto. “Mas eu não quero essa vida. Eu quero ser livre… e, de algum modo, você é a única pessoa que me faz sentir assim.” Ouvindo essas palavras, Demétrio sentiu um impulso avassalador de protegê-la. Ele se aproximou dela, sua forma lupina se curvando para o lado, e sussurrou: “Então, encontraremos um jeito. Não importa o que aconteça, eu sempre estarei aqui.” E ali, sob a luz da lua, Aiko e Demétrio encontraram não apenas refúgio um no outro, mas uma promessa silenciosa de que, independentemente das dificuldades que surgissem, eles enfrentariam tudo juntos. Os meses passaram, e as reuniões de Aiko e Demétrio tornaram-se um ritual sagrado, um santuário em meio ao caos da vida. No entanto, em uma noite especialmente silenciosa, Demétrio chegou à clareira e imediatamente percebeu que algo estava errado. Aiko estava sentada à beira do rio, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto olhava a água refletir a luz da lua.
A cena partiu o coração dele. O lobo dentro dele rosnou, uma onda de raiva fervendo em suas veias. Ele se aproximou, a preocupação estampada em seu rosto lupino. “Aiko… o que aconteceu?” Sua voz, normalmente baixa e suave, carregava uma intensidade visceral. Ela virou-se lentamente para ele, os olhos verdes cheios de tristeza. “Meu casamento está marcado,” ela disse, a voz embargada. As palavras dela eram como facadas, e Demétrio sentiu seu coração se apertar. “Eu posso simplesmente matar seu noivo se você quiser,” ele retrucou, a raiva pulsando em seu peito. “Posso devorá-lo em segundos, sabe disso, não sabe?” Aiko balançou a cabeça, desesperada. “Demétrio, existe muito mais em jogo do que apenas minha felicidade. Esse homem… ele tem dinheiro e status. Casar-me com ele traria benefícios para minha família.” “Você não é a porra de um objeto a ser leiloado por um magnata, Aiko!” A raiva de Demétrio explodiu, e ele deu um passo à frente, suas garras cravando-se na terra ao seu redor. O lobo dentro dele queria rugir, queria mostrar ao mundo que Aiko não pertencia a ninguém a não ser a si mesma. “Eu sei que você não entende,” ela respondeu, a voz firme, mas cheia de dor. “Minha família depende disso. E eu… eu não posso simplesmente jogar isso tudo fora. Não posso ser egoísta.”
Demétrio a olhou, o tumulto dentro dele crescendo. “Mas e o que você quer, Aiko? E o que eu quero? Eu não posso ficar aqui e saber que você está sendo forçada a se casar com alguém que não ama.” “Você não compreende o que está em jogo,” Aiko disse, a voz se elevando. “Não é só sobre nós. É sobre a sobrevivência da minha família. Se eu me recusar, podem nos prejudicar.” O lobo rugiu dentro dele, a sensação de impotência quase insuportável. Ele se aproximou, abaixando a cabeça para ficar ao nível dela. “E se eu dissesse que eu também posso oferecer uma vida melhor? Uma vida sem essas amarras, Aiko? Podemos fugir juntos.” Ela hesitou, a batalha em seu coração visível em sua expressão. “Demétrio, você não pode entender. A vida não é tão simples. Você não pode só—” “Eu posso, sim!” Ele interrompeu, o desespero evidente em sua voz. “Eu sou um lobisomem. Eu posso dar a você tudo que esse homem nunca poderá.” “Você não sabe o que está dizendo,” Aiko murmurou, os olhos se enchendo de lágrimas novamente. “Você fala de liberdade, mas eu tenho responsabilidades.” Demétrio se afastou, sua forma lupina tremendo de frustração. Ele não queria ser essa criatura que apenas desejava arrancar o que amava do mundo. “Eu não quero que você sofra, Aiko. Eu não quero que você se sinta presa.”
Ela levantou-se, caminhando até ele com determinação. “E eu não quero que você seja um assassino. Isso não é quem você é. E essa não é a solução. A vida não é sobre destruir o que nos faz sofrer, mas sim sobre encontrar um jeito de viver com isso.” O lobo dentro dele se acalmou, dando espaço à parte humana que ainda lutava contra os instintos primitivos. Ele olhou nos olhos de Aiko, percebendo que sua força era tanto um conforto quanto uma dor. “Então, o que vamos fazer?” ele perguntou, a voz quase um sussurro. “Vamos encontrar uma maneira,” Aiko disse, colocando a mão delicadamente em seu focinho. “Mas não assim. Não com violência. Vamos lutar por um futuro juntos, mesmo que isso signifique enfrentarmos o mundo. Juntos.” Demétrio sentiu o calor de sua presença e a força em suas palavras. Com um suspiro profundo, ele se inclinou para frente, permitindo que ela acariciasse seu pelo. Ele sabia que ainda havia um longo caminho pela frente, mas, naquela noite, sob a luz da lua, havia uma pequena centelha de esperança. Aiko não era apenas um sonho, mas uma possibilidade real, e, juntos, eles lutariam para criar o futuro que ambos desejavam.
Demétrio estava em casa, o cheiro da floresta ao redor ainda fresco em suas narinas. Ele se reclinou no sofá, observando as sombras dançarem à luz da lua que filtrava pelas janelas. O silêncio foi interrompido quando a porta se abriu com um suave rangido, revelando Eros, que entrou com um ar de indignação. “Então é assim que você passa o tempo, Demi?” O vampiro disparou, os olhos brilhando com uma intensidade possessiva. “Você nunca fez isso antes. Nunca se envolveu por mais de uma noite com uma maldita humana. Por que essa? Por que agora?” “Não e encha o saco, Eros,” Demétrio respondeu, tentando manter a calma, mas a exasperação transparecia em sua voz. “Não, Demi,” Eros insistiu, avançando para mais perto, sua expressão uma mistura de raiva e vulnerabilidade. “Eu não quero dividir você!” “E quem disse que eu era seu?” Demétrio rebateu, sua voz se elevando levemente, mas em seu interior, uma parte dele começou a se sentir culpado pela dor que estava causando a Eros. O vampiro desviou o olhar, e por um momento, o brilho de seus olhos azuis se apagou. Ele parecia desolado, mas lutava para disfarçar a dor que o consumia. “Seu lobo… maldito,” ele murmurou, um rosnado leve escapando de seus lábios. Demétrio suspirou, a frustração se misturando com uma sensação de empatia. “Ah, tudo bem, desculpe,” ele começou, reconhecendo a vulnerabilidade em Eros. “É só que… Aiko… ela me faz sentir especial. Mesmo na minha forma lupina… eu… eu me sinto amado como nunca me senti em séculos.” A expressão de Eros se transformou em uma mistura de raiva e tristeza. “Eu te amo, seu desgraçado! Como pode estar pensando em me trocar por uma maldita humana?”
As palavras de Eros ecoaram na mente de Demétrio como um golpe. Ele se levantou, caminhando até o vampiro e segurando seu queixo, forçando Eros a olhar em seus olhos. “Não é uma troca,” ele afirmou, sua voz firme, mas suave. “Você sabe que isso não é sobre você ou ela. É sobre mim, sobre o que eu sinto. E Aiko… ela me faz sentir algo que eu pensei que havia perdido para sempre.” Eros lutou contra o impulso de desviar o olhar, suas emoções à flor da pele. “Mas você sabe que, se você se deixar levar por isso, pode se machucar. Humanos são temporários, Demi. Eu sou... eu sou imortal. Eu posso ficar com você para sempre.” “Eros…” Demétrio começou, mas Eros se afastou, a frustração em seu rosto se transformando em resignação. “Faça o que quiser,” Eros disse, a voz tensa. “Só não venha se lamentar quando tudo isso acabar mal. Você pode se sentir especial agora, mas lembre-se de que humanos têm seus próprios problemas, e você pode acabar se machucando.” “E se eu me machucar? O que isso muda? Eu só quero aproveitar esse momento, Eros. Eu não quero passar mais séculos me arrependendo do que não fiz,” Demétrio respondeu, sua voz carregando um peso emocional que Eros conhecia bem.
“Você realmente acha que isso é justo para mim?” Eros perguntou, o desespero em sua voz se tornando evidente. “Eu estou aqui, disposto a ficar com você, e você está se arriscando com ela!” Demétrio deixou escapar um longo suspiro, os sentimentos conflitantes pesando em seu coração. “Eu não posso simplesmente apagar o que sinto. Não posso ignorar o que Aiko me trouxe. Mas isso não significa que eu não me importo com você. Eu sempre me importarei.” Eros fechou os olhos por um momento, lutando contra a dor que o consumia. Ele sabia que a conexão que compartilhava com Demétrio era única, mas agora se via em uma batalha silenciosa contra o amor que o fazia querer proteger o lobisomem, mesmo que isso significasse abrir mão de seu próprio coração. “Só espero que você não se machuque,” Eros murmurou, sua voz suave. “Porque eu estarei aqui… mesmo que você não queira.” Demétrio, percebendo o quanto Eros estava ferido, aproximou-se e, em um ato impulsivo, o puxou para perto, envolvendo-o em um abraço apertado. “Eu sempre estarei aqui também, Eros. Não importa o que aconteça.” Eros ficou paralisado por um momento, mas, lentamente, seus braços se envolveram em torno de Demétrio, segurando-o com força. O calor do corpo do lobisomem era um conforto, e, naquele momento, as inseguranças pareciam diminuir um pouco, embora a dúvida ainda pairasse no ar. Eles estavam em um terreno incerto, onde o amor e a dor se entrelaçavam, mas a conexão que compartilhavam era forte o suficiente para resistir, mesmo quando o futuro parecia nebuloso.
Os encontros de Demétrio e Aiko tornaram-se menos frequentes depois que ela se casou. Ainda assim, em noites raras, ela escapava para a margem do rio onde tudo havia começado, e lá ele a esperava, como uma sombra na escuridão, oculto entre as árvores. Ele sabia que cada visita dela era um risco, e que os encontros não poderiam durar para sempre, mas o desejo de vê-la, de estar perto, era irresistível. Aiko aparecia sempre com o semblante cansado e os olhos sombrios, o peso do casamento arranjado visível em cada passo hesitante, mas seu sorriso iluminava-se ao vê-lo, aquecendo o coração de Demétrio.
Em uma dessas noites, enquanto caminhavam lado a lado sob o manto escuro da floresta, ela parou e olhou para ele. “Faz muito tempo, não é?” sussurrou, sua voz baixa, carregada de um misto de saudade e medo. Demétrio assentiu, os olhos azuis brilhando sob a luz das estrelas. "Sim," ele respondeu, a voz rouca. "Mas cada segundo vale a pena, se for para ver você." Eles se sentaram próximos à margem, onde a lua refletia no rio, criando uma atmosfera serena e íntima. Aiko parecia mais frágil naquela noite, a força usual em seus olhos dando lugar a uma vulnerabilidade palpável. Ela se aproximou de Demétrio, e ele a envolveu com seus braços fortes, sentindo-a tremer levemente ao toque. Por um longo momento, eles permaneceram em silêncio, o som suave da água correndo ao fundo, enquanto as emoções entre eles cresciam como uma corrente invisível. Então, sem mais palavras, Aiko ergueu o rosto, e seus olhos encontraram os dele, cheios de um amor que não precisava ser verbalizado. Os lábios dela encontraram os de Demétrio em um beijo demorado, e naquele instante, todos os obstáculos e incertezas desapareceram, cedendo ao desejo e ao afeto que os unia. O tempo parecia parar, e ali, entre sombras e luar, eles finalmente se entregaram, deixando que a paixão que havia se formado entre eles florescesse, transformando aquela noite em um momento que ambos sabiam que nunca poderiam esquecer.
Os lábios de Demétrio e Aiko se encontraram novamente, mas desta vez o beijo aprofundou-se, intenso e carregado de sentimentos contidos por tanto tempo. Ele a segurou com firmeza, como se temesse que ela pudesse se desvencilhar e desaparecer. As mãos dela deslizaram pelos ombros fortes de Demétrio, seu toque suave contrastando com a força de suas emoções, e ali, no meio da floresta de Hinode, o mundo parecia resumir-se apenas aos dois. No entanto, Aiko se afastou de repente, ofegante, com os olhos arregalados e cheios de conflito. Ela levou uma mão trêmula aos lábios, como se não conseguisse acreditar no que acabara de acontecer. "Meu Deus... isso... isso foi um erro," ela murmurou, a voz embargada. Demétrio a encarou, os olhos brilhando com uma intensidade quase selvagem, mas ao mesmo tempo suavizados pelo carinho que ele sentia por ela. "Não diga que foi um erro, Aiko," ele implorou, aproximando-se devagar, temendo que qualquer movimento brusco a fizesse recuar ainda mais. Ela desviou o olhar, a expressão cheia de culpa e incerteza. "Mas... mas eu sou casada," sussurrou, como se finalmente estivesse processando a gravidade do que haviam feito. Ele segurou o rosto dela com delicadeza, forçando-a a encará-lo. "E daí?" Sua voz era baixa, mas cheia de determinação. "A gente se ama, Aiko. Você sabe disso tanto quanto eu."
Aiko fechou os olhos, tentando silenciar o próprio coração. Sabia que aquele amor proibido tinha a força para consumir tudo ao redor, mas também sabia que a escolha que fizera ao se casar ainda a prendia. Ainda assim, o apelo nos olhos de Demétrio era uma âncora, puxando-a de volta para o que sentia sempre que estava ao lado dele. E, no fundo, ela sabia que aquele amor que compartilhavam era algo que ninguém mais poderia substituir. Aiko, com os olhos brilhando de lágrimas, deu um passo para trás, a voz falhando enquanto ela murmurava: "Eu sinto muito, Demétrio." Sem lhe dar tempo para responder, ela se virou e começou a correr pela floresta, o som dos passos desaparecendo rapidamente, deixando-o sozinho, com o coração apertado e as palavras dele pairando no ar, sem eco. Horas mais tarde, Demétrio, em seu refúgio solitário, sentou-se com uma garrafa de vinho. Ele bebia em grandes goles, tentando afogar a dor cravada em seu peito. Logo, a figura de Eros se materializou à sua frente, os braços cruzados, o olhar julgador.
"Eu sabia que essa humana ia te magoar," Eros provocou, a voz fria, mas com um leve toque de preocupação. Demétrio mal o olhou, entornando mais um gole de vinho antes de sussurrar, exasperado, "Vai embora, Eros." "Não, Demi, eu não vou a porra de canto nenhum," respondeu o vampiro, com um toque de indignação. "Você sabe que eu te amo." Demétrio soltou um riso amargo, os olhos fixos na garrafa. "Se você me amasse mesmo, ia me ajudar a ficar com Aiko." Eros o encarou, incrédulo. "O quê? Mas que droga você está me pedindo? O que você quer que eu faça, hein? Quer que eu mate o marido da sua amante de câncer ou algo assim?" Demétrio ergueu o olhar, com um brilho de súplica incomum. "Você pode fazer isso?" Eros ficou em silêncio, atordoado, tentando compreender o nível de seriedade na expressão de Demétrio. "Eu não acredito nisso. Você está falando sério?"
"Eros... por favor," Demétrio murmurou, deixando transparecer o desespero que o corroía. Eros balançou a cabeça, os olhos se enchendo de uma fúria contida. "Não, Demi. Eu não vou usar meus poderes para ajudar *meu* lobo a ficar com uma maldita humana." Demétrio respirou fundo, tentando manter o controle. "Se você pudesse conhecê-la, Eros... saberia como ela é especial." "Especial?" Eros bufou, a voz amarga. "Ela é uma maldita mortal, Demi. E sabe o que mais? Ela é efêmera, como todos eles. Como todos os outros que vêm e vão." Eros se virou, mas não antes que Demétrio percebesse o brilho de ciúme nos olhos dele. Demétrio levantou-se, a garrafa de vinho ainda nas mãos, e se aproximou de Eros, o rosto marcado por uma urgência que o vampiro jamais havia visto. Ele estendeu a mão, como se pudesse agarrar alguma chance, algum fio de esperança.
"O que você quer? Um pacto, um acordo?" As palavras saíram dele num rosnado desesperado. Eros o fitou, o rosto contorcido entre a surpresa e a indignação. "Você está brincando comigo?" Ele cruzou os braços, o tom se enrijecendo. Demétrio, contudo, não recuou. Pelo contrário, a intensidade em seus olhos só aumentou, e ele continuou, a voz carregada de um peso quase irreal: "Eu te dou a porra que você quiser, mas... eu quero Aiko." Eros o olhou, o rosto oscilando entre o desprezo e a dor. Ele sabia o quanto Demétrio podia ser implacável e o quanto ele raramente implorava por qualquer coisa. Mesmo assim, aquela súplica o atingia como uma punhalada, como se Demétrio estivesse disposto a renunciar a tudo... inclusive a ele. "Você realmente venderia sua alma por essa mortal?" Eros sussurrou, sentindo um toque de amargura e uma sensação de perda impossível de sufocar. "Sim," respondeu Demétrio sem hesitação, sua voz baixa, quase um sussurro, mas firme. "Eu faria qualquer coisa." O silêncio entre eles se estendeu, enquanto Eros absorvia a profundidade do sacrifício que Demétrio estava disposto a fazer.
"Eu não vou perder você para uma merda de humana!" Eros explodiu, sua voz ecoando pelas paredes do quarto enquanto seu rosto contorcia-se em raiva e uma dor quase desesperada. Demétrio, no entanto, não recuou. Ele encarou Eros com a intensidade de quem já refletiu a fundo sobre aquilo, o olhar firme. "Então, isso não importa," respondeu, a voz rouca. "Eu posso amar vocês dois." Eros o olhou, atordoado. "Que? Amar nós dois? Ficou maluco, Demi?" Demétrio aproximou-se, colocando a mão no ombro do vampiro. "Por que isso seria impossível? Eu te amo, Eros. Você sabe disso. Mas... Aiko me faz sentir vivo de uma forma que não consigo explicar." Eros desviou o olhar, claramente abalado. "Você acha mesmo que eu sou o tipo de criatura que divide quem ama, Demétrio? Depois de séculos ao seu lado, de todas as coisas que já fizemos juntos… Você acha que estou disposto a aceitar isso?" "Eu só... não quero perder você," Demétrio murmurou, e pela primeira vez, a voz dele soou tão vulnerável quanto determinada. Eros bufou, balançando a cabeça em frustração. "Você sempre teve um jeito de complicar tudo, Demi. Como espera que eu aceite essa… insanidade?" Demétrio suspirou, os olhos fixos no vampiro, esperando, em silêncio, que Eros pudesse entender e, talvez, até aceitar essa dualidade que começava a dominar seu coração. Demétrio respirou fundo, observando Eros com um olhar profundo e determinado. Sabia que não seria uma conversa fácil, mas também sabia que precisava tentar. A intensidade do que sentia por Aiko não diminuía o amor que ainda existia entre ele e Eros. E, talvez, em algum ponto, Eros pudesse entender isso.
"Eros," começou Demétrio, com a voz baixa, mas firme, "eu sei que isso é complicado, mas... acho que podemos encontrar uma forma de fazer isso funcionar. Eu não quero te perder, e também... não consigo deixar Aiko." Eros cruzou os braços, a expressão carregada de desconfiança e ciúme. "Então, o que você está me pedindo, Demétrio? Que eu aceite essa... bagunça, como se nada disso importasse?" Demétrio se aproximou, colocando uma mão no ombro de Eros. "Pense nisso como um... relacionamento aberto. Eu quero você ao meu lado, Eros, sempre. Mas também quero estar com Aiko, de um jeito que só ela me permite. Sei que soa estranho, mas... por que não tentar?"
Eros deixou escapar um riso amargo. "Um relacionamento aberto, Demi? E acha que vou aceitar? Você sabe que o que sinto por você é mais do que desejo. Isso nunca foi um mero capricho para mim." Demétrio manteve o olhar firme, percebendo a intensidade dos sentimentos de Eros. "Eu sei. Por isso estou te pedindo isso. Quero que entenda que, mesmo com Aiko, o lugar que você ocupa na minha vida e no meu coração continua sendo único." Eros balançou a cabeça, ainda parecendo incrédulo. "E você espera que eu simplesmente aceite dividir você com uma... humana?" "Eu sei que não é fácil," disse Demétrio, a voz cheia de sinceridade. "Mas, quem sabe, Eros… isso pode ser uma oportunidade. Um novo jeito de... explorar o que sentimos, sem perder o que construímos juntos." Eros ficou em silêncio por um longo momento, a expressão entre o desejo de entender e a dor de ter que compartilhar algo que, por tanto tempo, acreditou ser só dele.
Demétrio sabia que Eros estava relutante, mas não desistiria. A intensidade dos sentimentos que nutria por Aiko era algo que ele não experimentava há séculos, e ao mesmo tempo, a conexão profunda que tinha com Eros era única e insubstituível. Ele precisava de ambos, de um jeito que nenhum dos dois poderia compreender por completo. Ele se aproximou novamente de Eros, os olhos brilhando com determinação. "Eros, eu sei que isso soa egoísta, mas eu quero você ao meu lado. Você é a constante da minha vida, e Aiko... ela trouxe algo novo, algo que eu não sabia que ainda podia sentir. Eu preciso de você comigo, mas também quero ter essa chance com ela." Eros bufou, desviando o olhar. "Você está cego, Demétrio. Uma mortal não pode te dar o que eu dou. Ela não vai durar. No fim, você vai se arrepender." "Talvez," admitiu Demétrio, a voz firme, "mas preciso viver isso. Preciso sentir o que ainda posso sentir. E eu não quero te perder, Eros." Houve um longo silêncio, no qual Demétrio manteve o olhar fixo em Eros, com a expressão que misturava súplica e determinação. Ele sabia que, no fundo, Eros ainda o amava. Por fim, depois do que pareceu uma eternidade, Eros suspirou, os ombros caindo em derrota.
"Você é um desgraçado, Demi," murmurou Eros, a voz embargada de frustração. "Mas... se isso é o que você quer... então está bem. Eu... vou tentar." Demétrio não escondeu o alívio que o dominou e tocou o ombro de Eros com uma gratidão sincera. "Obrigado, Eros. Prometo que não vai se arrepender." Eros desviou o olhar, ainda relutante. "Isso não quer dizer que eu gosto dessa situação... mas por você... eu vou tentar." Eros, embora contrariado, decidiu que faria o que Demétrio lhe pedira. Usaria seus poderes para enfraquecer a vida do marido de Aiko. Naquela noite, ele se escondeu nas sombras, observando a casa do homem que agora era o maior obstáculo entre Demétrio e Aiko.
Com a precisão calculada de alguém que dominava as forças das trevas, Eros lançou um feitiço de decadência sobre o homem. A partir daquela noite, a saúde do marido de Aiko começou a deteriorar de maneira lenta, mas visível, como se uma doença invisível o consumisse. Ele foi definhando, enfraquecendo-se dia após dia, até que, semanas depois, ele não era mais do que uma sombra do homem que fora. Em pouco tempo, a morte o tomou, deixando Aiko oficialmente viúva. Livre de um casamento sem amor, ela agora podia viver como quisesse. No entanto, essa liberdade veio com uma sombra. Eros sentia-se dividido, sem saber se estava perdendo Demétrio ou o conquistando para sempre. Quando Demétrio soube, seu rosto demonstrou um misto de alívio e gratidão, embora houvesse um olhar preocupado no fundo de seus olhos ao ver o semblante fechado de Eros. “Está feito,” disse Eros, a voz baixa, como se ainda estivesse ponderando as consequências de seus atos. “Agora, ela é sua... mas lembra-se do que prometeu a mim também.” Demétrio assentiu, estendendo a mão para ele. “Sim, Eros. Eu sempre voltarei para você.”
Após a morte do marido de Aiko, um novo capítulo começou a se desenrolar entre ela e Demétrio. O lobo e a mulher se encontraram com frequência na clareira à beira do rio, onde tudo havia começado. A conexão que compartilhavam era palpável, e, com cada encontro, a intimidade entre eles se aprofundava. Nas noites de lua cheia, Demétrio se transformava em sua forma lupina, e Aiko não hesitava em acariciar seu pelo negro, rindo de sua beleza imponente. Entre risos e confidências, eles compartilharam seus medos, desejos e esperanças, encontrando consolo um no outro. Porém, essa felicidade era interrompida pela presença constante de Eros. O vampiro observava de longe, sua preocupação e ciúmes crescendo a cada momento que passava. Ele se sentia cada vez mais isolado, sem saber como se encaixar no novo relacionamento que estava florescendo entre Demétrio e Aiko. Numa dessas noites, enquanto Aiko e Demétrio compartilhavam um beijo sob a luz prateada da lua, Eros decidiu aparecer. Com seu olhar penetrante e uma expressão que mesclava raiva e tristeza, ele interrompeu o momento.
“Precisamos conversar, Demétrio,” disse Eros, sua voz cheia de autoridade. Demétrio se afastou de Aiko, a expressão de prazer dando lugar a uma tensão palpável. “Agora não, Eros. Estamos juntos.” “Juntos?” Eros riu sarcasticamente. “Você não se importa com o que isso pode significar? Ela é uma humana, Demi! Uma mortal. E você está se entregando a um amor que pode não durar.” Aiko, ainda ofegante, olhou de um para o outro, confusa. “Eu não sou apenas uma humana,” ela se defendeu, a indignação ressoando em sua voz. “Eu sou mais do que isso para ele.” “E você não é mais do que um desvio para ele,” Eros respondeu, cortante. “Você não conhece as consequências de se envolver com um lobisomem. É um amor que vem com dor e perda.” “Eu sei quem eu amo,” Demétrio retrucou, sua voz firme. “E eu não estou disposto a abrir mão dela por você ou por qualquer outra razão. Aiko me faz sentir vivo, Eros.” Ele franziu o cenho, a angústia transparecendo em seu olhar. “E você acha que eu não me importo com isso? Que eu não me preocupo com você? Eu não posso simplesmente assistir enquanto você se coloca em perigo por causa de uma mortal!”
Aiko sentiu a tensão entre os dois, a necessidade de intervir crescendo dentro dela. “Eu não quero causar discórdia entre vocês,” ela começou, hesitante. “Mas o que eu sinto por Demétrio é real. Eu escolhi estar com ele.” “Então você está disposta a viver sob a sombra de sua existência?” Eros perguntou, sua voz agora mais suave, mas ainda firme. “Você sabe que, em algum momento, Demétrio terá que escolher entre você e eu. Esse amor que você compartilha pode não sobreviver à realidade que o rodeia.” “Eu não vou deixá-lo,” Aiko declarou, sua determinação crescendo. “Demétrio é a minha escolha, e eu não vou me deixar intimidar por nada que você diga.” A conversa seguiu em um ciclo de emoções intensas, com Demétrio se posicionando firmemente ao lado de Aiko, mesmo diante das objeções de Eros. Com o tempo, no entanto, o trio se viu preso em um turbilhão de sentimentos conflituosos — o amor que florescia entre Aiko e Demétrio era profundo, mas Eros continuava a ser uma sombra presente, lutando para encontrar seu lugar em um relacionamento que parecia ameaçar sua conexão com Demétrio.
Enquanto Aiko e Demétrio exploravam seu amor, Eros lutava com sua própria dor, questionando se poderia realmente dividir o coração de seu lobisomem com uma mortal. Assim, o triângulo amoroso se tornava cada vez mais complicado, cada um lutando por seu lugar no coração de Demétrio, em um cenário onde amor e lealdade estavam constantemente em jogo. Na penumbra suave do quarto, Aiko e Demétrio estavam deitados juntos, envoltos em um clima de intimidade. A luz da lua entrava pela janela, projetando sombras dançantes sobre as paredes, enquanto os dois se perdiam nas carícias um do outro. Demétrio a observava com um olhar profundo, admirando cada traço de seu rosto. Aiko sorriu, seu coração acelerando sob o calor de sua presença.
“Você é tudo o que eu sempre quis,” Demétrio sussurrou, seu tom grave repleto de sinceridade. “E você é a razão pela qual eu me sinto viva,” Aiko respondeu, seus dedos acariciando suavemente a pele de sua bochecha. O mundo exterior parecia distante, irrelevante, enquanto eles se entregavam ao momento. Porém, o clima sereno foi abruptamente interrompido quando a porta do quarto se abriu com um estalo, revelando Eros. A presença do vampiro rapidamente se fez sentir, e a atmosfera se tornou carregada. Ele estava com a expressão dura, os olhos brilhando em um tom de raiva contida. “Vocês novamente,” Eros disse, sua voz cortante. “Você não tem vergonha, Demétrio?” Aiko se sentou abruptamente, o choque estampado em seu rosto. “Eros, o que você está fazendo aqui?” “Eu vim ver como você estava,” ele respondeu, seus olhos fixos em Demétrio. “Mas parece que eu encontrei você dois fazendo o que quer que você chame disso.” Demétrio se levantou, a tensão entre os três aumentando. “O que você quer, Eros? Eu não estou fazendo nada de errado. Estamos apenas juntos.”
“Juntos?” Eros riu sarcasticamente, seu tom repleto de desdém. “Você acha que isso é ‘juntos’? Você está se iludindo, Demi. Você vai acabar se machucando. Você sempre acaba.” “Você não tem o direito de me dizer o que fazer!” Demétrio gritou, seu instinto protetor aflorando. “Aiko é a única que me faz sentir completo. Não vou abrir mão dela por causa da sua insegurança.” “E quem disse que eu sou inseguro?” Eros replicou, seus olhos se estreitando. “Eu me preocupo com você. O que você está fazendo com ela é perigoso. Você pode se machucar, e eu não vou deixar isso acontecer.” Aiko, sentindo a raiva e a frustração crescendo, decidiu intervir. “Isso não é sobre você, Eros! O que eu e Demétrio temos é real. Você não pode simplesmente entrar aqui e tentar nos separar. Não é justo!”
Eros olhou para Aiko, sua expressão suavizando, mas ainda lutando contra a dor. “Mas você não entende as consequências disso, não entende? Demétrio não pode ter uma vida normal. Ele é um lobisomem, e você é humana. Isso nunca vai funcionar a longo prazo!” “E você?” Demétrio disparou. “O que você quer? Você está tão obcecado por mim que não consegue ver o que está na minha frente. Aiko me faz feliz, e você deveria apoiar isso.” “Eu não posso simplesmente assistir enquanto você se entrega a um amor que pode te destruir,” Eros declarou, sua voz mais baixa, mas ainda intensa. Demétrio, respirando fundo, decidiu mudar de tática. “E se você se juntasse a nós?” Ele disse, sua voz baixa, mas firme. “E se você parasse de lutar contra isso e aceitasse o que estamos construindo? Você poderia ficar e deitar-se conosco.”
Aiko olhou para Demétrio, surpresa, mas intrigada. A ideia de um relacionamento aberto havia passado pela mente dela, mas nunca teve coragem de mencioná-la. Agora, ao ouvir Demétrio sugerir isso, um frio na barriga a percorreu, mas também uma chama de esperança. “Você realmente acha que isso funcionaria?” Eros perguntou, hesitante, sua resistência começando a ceder. “Você não se importa de compartilhar?” “Eu não me importo,” Demétrio respondeu, seu olhar intenso. “Eu quero vocês dois. Eros, você é uma parte importante da minha vida. Por que não podemos ter isso juntos?”
Eros olhou para os dois, sua expressão confusa, mas havia uma centelha de entendimento em seus olhos. “Isso é... diferente,” ele murmurou, quase para si mesmo. “Mas, e se eu não conseguir lidar com isso?” “Vamos descobrir juntos,” Aiko disse suavemente, se aproximando de Eros. “Ninguém precisa ficar de fora. Podemos fazer isso funcionar, desde que todos nós queiramos.” Finalmente, Eros relaxou, sua resistência começando a derreter. “Eu não sei. Isso é tudo tão novo para mim,” ele admitiu, sua voz tremendo levemente. “Vamos tentar,” Demétrio insistiu, seu olhar determinado. “Um passo de cada vez. Se não der certo, então podemos rever. Mas, por favor, fique.” Com um suspiro resignado, Eros cedeu. “Está bem, eu fico. Mas só porque eu me importo com você, Demi. E, Aiko… bem, você parece ser uma boa pessoa. Então, vamos ver onde isso nos leva.” O clima no quarto se acalmou, e, embora a tensão ainda estivesse presente, a promessa de uma nova dinâmica começava a se formar entre os três. Aiko, Demétrio e Eros se deitaram juntos, um triângulo amoroso inesperado, mas cheio de possibilidades, onde cada um buscava entender seu lugar no coração do outro.
Nos primeiros meses de convivência entre Demétrio, Aiko e Eros, o vampiro mantinha uma distância emocional clara, sua lealdade e preocupação centradas exclusivamente em Demétrio. Ele observava com uma mistura de ciúmes e desdém enquanto seu lobo se entregava cada vez mais ao amor pela humana. Para Eros, Aiko era apenas um empecilho, uma mortal que não compreendia a natureza complexa e sombria de Demétrio. Mas, à medida que os encontros se tornavam frequentes, algo inesperado começou a acontecer. Eros percebeu que Aiko não era apenas uma intrusa em sua vida; ela era uma mulher forte, corajosa e inteligente, capaz de ver através das camadas de dor que Demétrio carregava. Ela se esforçava para entender a luta interna dele entre a natureza lupina e os sentimentos que emergiam a cada toque, a cada olhar. Com o tempo, o vampiro começou a notar as pequenas coisas que faziam Aiko tão especial — seu riso suave que iluminava até os dias mais sombrios, sua capacidade de ver beleza onde outros viam monstros.
Nas noites em que Aiko e Demétrio se encontravam, Eros muitas vezes se encontrava à distância, observando. Ele sentia o impulso de interromper, de afastar Aiko, mas havia algo na maneira como ela olhava para Demétrio que o impedia. Eros começou a questionar se realmente desejava que aquela felicidade fosse tirada dele. À medida que os meses passavam, Aiko, em suas tentativas de se integrar, se tornou uma presença inevitável na vida de Eros. Ela frequentemente se dirigia a ele com um sorriso caloroso, perguntando sobre suas preferências e mostrando um interesse genuíno em seu passado. Eros, que antes se via como um guardião e um protetor de Demétrio, começou a ver Aiko de uma nova perspectiva. Ela não era apenas a amante de Demétrio; ela era uma pessoa que também tinha seus próprios medos e inseguranças. Uma noite, enquanto Aiko preparava uma refeição para os dois homens, Eros se viu ajudando-a na cozinha. Ela riu de uma piada que ele fez sobre o gosto peculiar de Demétrio por carne mal passada. Naquele momento, ao ver o brilho nos olhos dela, Eros sentiu uma ponta de algo que não esperava: afeição. Uma leveza começou a crescer dentro dele, e uma sensação de proteção por Aiko começou a se formar ao lado de sua devoção a Demétrio.
Foi assim que, lentamente, Eros começou a se permitir gostar de Aiko. Não como uma rival, mas como alguém que compartilhava um laço especial com Demétrio — e com ele também. As conversas se tornaram mais abertas, e as risadas mais frequentes. Eros se pegou esperando ansiosamente pelas interações com Aiko, ansioso para ver como ela iluminava o ambiente ao seu redor. O que começou como uma relutância em aceitar Aiko, gradualmente se transformou em uma amizade. Eros percebeu que estava se apaixonando pela humanidade dela, por sua coragem e resiliência. Aiko era o tipo de mulher que não apenas aceitava as sombras de Demétrio, mas que também se atrevia a trazê-lo à luz. Assim, Eros, que inicialmente estava ali apenas por Demétrio, começou a entender que o amor pode tomar formas inesperadas. E, mesmo que seu coração ainda estivesse entrelaçado com o de Demétrio, Aiko se tornou uma parte essencial de sua vida, uma luz que iluminava os cantos mais sombrios de sua existência, revelando um amor que não tinha previsão de onde poderia levá-los.
Aiko sempre teve uma maneira especial de iluminar os espaços ao seu redor, mas sua presença ao lado de Eros começou a se tornar algo mais profundo e transformador. O vampiro observava-a de longe, no início apenas como uma intrusa em sua vida com Demétrio. Mas, à medida que as noites se desenrolavam e a intimidade entre os três crescia, Eros começou a se sentir irresistivelmente atraído por Aiko. Nessas noites calorosas, quando a lua iluminava o quarto com uma luz suave e prateada, as interações entre eles eram repletas de paixão e ternura. Aiko se movia entre Demétrio e Eros com uma facilidade desconcertante, tocando seus rostos e sussurrando palavras de amor que penetravam profundamente em seus corações imortais. Ela os fazia sentir-se mais vivos do que nunca, e a conexão entre os três era quase palpável. No entanto, por trás da intensidade e da alegria, Eros lutava contra um preconceito que não conseguia ignorar. Ele sabia que, sendo um vampiro, e Demétrio, um lobisomem, já estavam quebrando as normas do sobrenatural. Agora, com a inclusão de Aiko, uma mortal, o que deveria ser um triângulo amoroso estava se transformando em algo potencialmente explosivo. Eros sentia o peso da responsabilidade em seu peito. O que aconteceria se, em um momento de paixão, eles criassem algo que o mundo nunca viu antes? O que significaria isso para Aiko, uma mortal vulnerável que poderia ser despojada de tudo em um instante?
Numa dessas noites, enquanto a lua cheia brilhava intensamente através das cortinas do quarto, Eros observava Aiko e Demétrio. Ele não pôde deixar de notar como Aiko olhava para Demétrio, seus olhos cheios de amor e devoção. Demétrio, em sua forma lupina, era uma visão majestosa e poderosa, mas era Aiko quem trazia um toque de suavidade e humanidade à cena. Eros, com seu coração imortal, sentia-se dividido entre a admiração por sua beleza e a crescente aversão à fragilidade que a mortalidade dela representava. Durante um momento de intimidade, Aiko se virou para Eros, seus olhos verdes brilhando como estrelas em um céu noturno. Ela se aproximou, sua mão delicada tocando o rosto de Eros. O toque dela era como um fogo suave, aquecendo sua essência gélida. "Você também faz parte disso, Eros", ela sussurrou, e suas palavras penetraram no coração do vampiro como uma flecha. Eros hesitou, seu instinto de proteção lutando contra a atração avassaladora que sentia por ela. "Aiko, você não entende... o que isso significa. Nós somos diferentes. Eu sou um vampiro, Demétrio é um lobisomem, e você... você é humana."
"Eu sei disso", Aiko respondeu, sua voz firme. "Mas isso não muda como me sinto. Não muda o que temos juntos." A tensão no ar era palpável enquanto Eros lutava contra suas emoções conflitantes. Ele se viu perdido em seu olhar, sentindo-se atraído por ela de uma maneira que não podia explicar. "Você... me faz sentir coisas que não pensei serem possíveis", ele admitiu, sua voz baixa e rouca. Aiko sorriu, e, por um breve momento, a insegurança de Eros desapareceu. Ele se permitiu se aproximar, e Aiko, com coragem, se inclinou e selou seus lábios com os dele. O beijo entre eles era cheio de eletricidade, uma combinação de amor, desejo e a inevitável incerteza de seu futuro. Naquela cama, entre risos e sussurros, Eros percebeu que estava se apaixonando por Aiko de uma forma que jamais imaginou ser possível. As noites compartilhadas entre os três se tornaram cada vez mais intensas, com Aiko se movendo entre eles com uma liberdade que desafiava os limites que Eros havia imposto a si mesmo.
E mesmo com todo o amor que eles compartilhavam, Eros não conseguia deixar de se perguntar: "O que aconteceria se um dia ela não estivesse mais aqui?" A mortalidade de Aiko sempre pairava sobre ele como uma sombra, lembrando-o de que o que tinha com ela poderia ser temporário, enquanto ele e Demétrio eram imortais. Mas, naquela cama, enquanto os corpos se entrelaçavam e a paixão consumia os três, Eros decidiu, mesmo que por um breve momento, permitir-se ser vulnerável. E, ao olhar para Aiko e Demétrio, percebeu que a complexidade de seus sentimentos poderia ser exatamente o que o tornava tudo mais belo — um amor que desafiava as regras, que quebrava barreiras e que, acima de tudo, era real. As discussões entre os três começaram a se intensificar, um ciclo interminável de emoções conflitantes e verdades inegáveis. Em noites passadas juntos, o amor e a paixão flutuavam no ar, mas, à medida que os dias se transformavam em semanas, a realidade da mortalidade de Aiko tornava-se um peso que não podiam ignorar. Aiko, entre Demétrio e Eros, era o centro de uma tempestade de sentimentos contraditórios.