A cena diante dele foi tão chocante que ele quase não conseguiu fazer nada além de ficar ali parado em estado de choque, com o coração martelando em seu peito. A calma aparente de Caspian havia desaparecido por completo, substituída por aquela besta majestosa e aterrorizante à frente dele. Christian mal conseguia respirar, sentindo-se apavorado e fascinado ao mesmo tempo. Enquanto observava, hipnotizado pelo lobisomem diante de si, Christian lutou para colocar seus pensamentos em ordem. Ele tinha perguntas sem fim, mas sua língua parecia presa, incapaz de formar qualquer palavra. O rugido abafado do lobisomem parecia ecoar a dor contida dentro de sua nova forma, um lamento que parecia se perder no mundo noturno à sua volta.
Christian, tomado pelo medo, começou a recuar lentamente. Ele precisava sair dali, e rápido. Com um coração disparado e a respiração pesada, ele virou-se e começou a correr, desesperado, pela floresta escura. Os lobos brancos, ainda leais a Caspian, logo captaram seu cheiro e uivaram, alertando seu líder para a presença dele. Caspian, agora em sua forma lupina, seguiu o rastro de Christian, movendo-se com uma velocidade assombrosa pelas árvores. Christian corria, mas a floresta era um terreno traiçoeiro. Seus pés escorregaram no musgo molhado, e ele tropeçou, quase caindo de uma montanha alta que se erguia próxima ao chalé. No último segundo, antes de escorregar, Caspian surgiu ao seu lado, ágil como o vento, e segurou-o com suas garras lupinas, impedindo-o de cair. Assustado e ainda sem fôlego, Christian encarou a criatura à sua frente com olhos arregalados.
Ele lutou para se desenrolar do aperto forte de Caspian, sentindo-se peixe fora d’água. Sua mente corria uma milha por minuto, tentando assimilar tudo o que havia acontecido nos últimos minutos. O medo o invadiu quando o lobisomem abriu a boca, mostrando seus dentes afiados e as presas pontudas, ainda o segurando com as garras. Christian engoliu em seco, aterrorizado pelo olhar intenso e selvagem daqueles olhos lupinos. De repente, o clima mudou. O uivo dos lobos brancos se espalhou pela noite, e um lamento solitário se ergueu aos céus, como uma canção de tristeza e saudade. Christian soube instintivamente que aquele uivo não era de fome, mas de afeto. A expressão do lobisomem diante dele pareceu mudar brevemente, como se a besta dentro dele lutasse contra uma emoção intensa. Christian olhou diretamente nos olhos cinzas de Caspian, tentando encontrar alguma fraqueza. "Desculpe, se te assustei." A voz de Caspian saiu gutural e rouca.
O pedido inesperado pegou Christian desprevenido. A transformação de Caspian o horrorizou, e as palavras de desculpa soaram confusas em seus ouvidos. Ainda assim, ele tentou responder apesar da situação bizarra. "Assustado?" ele repetiu entre dentes, lutando para manter a voz firme. "Eu acabo de descobrir que o homem com quem eu estava morando é um lobisomem! Como você esperava que eu reagisse?" "Eu...eu não vou te machucar." A voz de Caspian parecia sincera. Christian soltou um bufar cético. "E por que eu deveria acreditar em você, agora?" ele perguntou com uma voz trêmula. "Você é um lobisomem! Você pode me transformar em janta a qualquer momento!" Caspian suspirou, uma expressão triste em seus olhos lupinos. "Eu não...como humanos..." Christian arregalou os olhos diante do aviso enigmático de Caspian. Ele levou um momento para assimilar as palavras estranhas, tentando decifrar o que ele queria dizer. "Não come humanos?" ele repetiu, incrédulo. "Isso deveria me fazer sentir melhor?" "Eu não sou um monstro..." Caspian tentou explicar, a voz ainda rouca, apesar da tentativa de falar. "Eu... sou diferente agora, sim, mas..." Ele parou, como se tentasse reunir paciência. "Eu não vou te machucar. Você não está em perigo, eu juro." Caspian soltou ele, colocando-o no chão.
Christian se afastou um pouco, o coração ainda batendo rápido após a revelação que desafiava tudo que ele acreditava ser real. Ele respirou fundo, tomando coragem para encarar Caspian, que ainda exalava aquela energia lupina, intensa e inegável. O silêncio entre eles era pesado, interrompido apenas pelo vento gelado que soprava pela clareira. "Eu… sempre achei que essas histórias de lobisomens, vampiros, tudo isso, fossem lendas. Algo pra assustar crianças, talvez," Christian murmurou, ainda tentando processar o que tinha visto. "Nunca imaginei que existisse de verdade." Caspian, agora em sua forma humana, abaixou o olhar, visivelmente abalado. "São coisas reais, mas as pessoas preferem pensar que não. É mais fácil. Mais seguro." Ele suspirou, os olhos perdidos no chão. "E eu… nunca quis que você descobrisse assim. É por isso que eu… me mantenho isolado, longe do mundo." Christian o observou em silêncio, tentando entender a dor oculta nas palavras de Caspian. "E agora eu entendo um pouco melhor o motivo," murmurou Christian. Caspian então ergueu os olhos, e havia uma súplica neles, algo desesperado e vulnerável. "Christian, por favor… não conte a ninguém. Nem tudo sobre minha existência é bem-vindo entre os humanos." Ele hesitou, a voz baixando ainda mais. "Já perdi minha alcateia uma vez. E foi… foi por causa de humanos, séculos atrás. Aqueles que nos descobriram não mostraram piedade. Eles mataram todos os meus amigos — lobos, homens, mulheres, crianças… eu fui o único a escapar."
A confissão de Caspian pegou Christian desprevenido, deixando-o sem palavras por um momento. A intensidade em seus olhos, a dor evidente em sua voz... Tudo aquilo parecia quase demais para assimilar. Ele tentou processar o que o lobo havia dito, e embora ainda houvesse uma parte dele que queria fugir e se esconder, havia outra parte que sentiu compaixão diante do relato de perda que o homem havia acabado de contar. "Eu... eu não conto a ninguém. Sobre você," Christian finalmente conseguiu dizer, sua voz rouca. "É uma promessa. Mas isso tudo é... é muito pra assimilar." Ele franziu a testa, olhando novamente para o chão enquanto tentava organizar seus pensamentos em um turbilhão. "Você realmente não vai me machucar?" A pergunta soou quase como uma oração para seus próprios ouvidos. Caspian parecia entender a confusão e a vulnerabilidade de Christian. Ele deu um passo à frente e pousou uma das mãos no ombro dele, seu toque surpreendentemente suave. "Eu juro por tudo que há de sagrado. Nunca machucaria você." O olhar de Caspian era sério e sincero, transmitindo uma verdade que Christian desejava poder acreditar. Ele olhou para a mão enrijecida de Caspian em seu ombro, sentindo-a como um peso reconfortante, apesar de tudo. Então, por um momento, ele parou. Tentando processar tudo o que havia acontecido em tão pouco tempo. "Isso é loucura," murmurou ele, abrindo os olhos novamente. "Eu estava morando sob o mesmo teto com um lobisomem esse tempo todo. Como pude ser tão descuidado? Como pude não perceber?"
Caspian olhou para ele com um olhar triste. "Você vai embora, agora?" A pergunta dele cortou o peito do homem como uma faca. Christian hesitou por um momento, sua mente e coração em guerra. Parte dele queria fugir, escapar do mundo de magia e lobisomens que tinha entrado sem seu conhecimento. Mas outra parte, a parte que sentiu aquele estranho desejo pelo misterioso Caspian antes de saber quem ele era, o impedia de ir embora.
"Não... não vou a lugar nenhum," ele respondeu, finalmente. Sua voz estava firme, embora ainda houvesse um traço de incredulidade ali. Depois de um momento de hesitação, ele acrescentou: "Mas eu... eu preciso de algumas respostas. Sobre isso tudo." "Claro, vamos voltar para minha cabana." Christian concordou com a cabeça e acompanhou Caspian de volta para a cabana, cada passo em silêncio fazendo seus nervos vibrarem ainda mais. A mente de Christian fervilhava com uma centena de perguntas, todas esperando para ser respondidas. "Você, não precisa ter medo de mim, eu já disse. Eu não tenho intenção de te machucar, você pode, ir embora assim que sua perna estiver melhor." Christian assentiu, embora ainda houvesse um ar de cautela evidente em sua expressão. Enquanto caminhavam em direção à cabana em silencio, Christian tentou controlar o batimento desenfreado de seu coração. A mente ainda estava repleta de dúvidas e perguntas sobre o que tinha visto durante a noite, sobre a pessoa que Caspian realmente era.
Uma vez dentro da cabana, Christian sentou-se em uma cadeira próxima à mesa. Seu olhar não podia evitar percorrer todo o lugar, agora com um novo significado. Cada detalhe que antes lhe pareceu estranho ou exótico, agora parecia ter uma significância totalmente diferente. "Eu não imaginava que…" Ele parou, a voz suave. “Por favor, eu só peço para você, mantenha minha identidade em segredo.” Caspian implorou. "Eu juro que não vou contar nada a ninguém. O que vi e ouvi aqui fica entre nós." Caspian ergueu a cabeça, uma gratidão silenciosa em seu olhar, uma fagulha de esperança no meio de tanta escuridão. "Obrigado. Isso… significa muito pra mim." Christian assentiu levemente. "Eu prometo, manterei seu segredo. Isso... isso é o mínimo que posso fazer." Ele suspirou, sentindo-se esgotado depois de toda aquela emoção. Seu olhar voltou-se para a perna machucada, lembrando dele a situação que o levou a descobrir a verdade de Caspian. "Minha perna…" ele murmurou, olhando para o curativo improvisado. "Acho que vou precisar trocar essa bandagem em algum momento." Christian tentou se levantar, porém seu corpo estava ainda exausto, fazendo-o amaldiçoar baixo com uma careta.
Caspian sorriu, e com um olhar gentil, se afastou voltando com curativos e bandagens novas. Ele cuidou de Christian com carinho. E mesmo agora, sabendo aquele segredo estranho dele, o homem sentia-se estranhamente em paz, principalmente quando Caspian cuidava de sua ferida. Finalmente, três semanas depois, a perna de Christian já estava completamente curada. Com um último aceno, Christian se virou, voltando pelo caminho por onde viera. Caspian ficou parado na entrada da cabana, observando o rapaz desaparecer entre as árvores, a imagem dele marcada em sua mente. Mesmo sabendo que era a coisa certa, um aperto tomou conta de seu peito. A ideia de que nunca mais veria Christian, aquela alma bondosa e inesperada que cruzara seu caminho, o fez sentir que a floresta estava mais vazia do que nunca. Quando a sombra de Christian desapareceu por completo, Caspian sussurrou para si mesmo, em uma melancolia resignada. "Adeus… Christian."
Christian parou de repente, como se as palavras de Caspian tivessem tocado em um fio invisível dentro dele. Ele olhou para trás, mas a cabana já estava escondida entre as sombras das árvores. A floresta silenciosa parecia estar mais escura do que antes, e o bater de galhos fazia o único som além de sua respiração trêmula. Christian sentiu vontade de voltar, mas uma voz em seu íntimo o segurou. Sem saber direito o porquê, ele murmurou em retorno: "Adeus." Ele então, continuou sua jornada, seguindo o caminho familiar cada vez mais fundo na floresta. Um sentimento estranho cresceu dentro dele, uma mistura de incerteza, curiosidade e uma perda profunda. Ele tentava se convencer de que estava fazendo a coisa certa, mas o silêncio frio da floresta parecia ecoar as palavras sussurradas de Caspian, "Adeus… Christian." A escuridão da floresta pareceu crescer atrás dele, como se não quisesse deixar nenhuma parte de seu coração livre do peso da despedida.
Semanas se passaram desde que Christian partira, e Caspian, com o tempo, havia tentado se acostumar com o silêncio. Ele voltou a vagar pela floresta, a caçar com seus lobos, mas a sombra de Christian, sua presença, parecia ter deixado uma marca ali que o acompanhava. Em uma tarde gélida, ele retornava de uma caça, os lobos ao seu lado, quando uma figura ao longe, de pé na entrada da cabana, fez seu coração acelerar. Era Christian. "Você… você aqui?" Caspian deixou escapar, tentando entender se era uma miragem ou realidade. "Sim," Christian respondeu, um sorriso meio hesitante no rosto. "Eu… eu quis voltar para lhe agradecer melhor por tudo o que fez por mim." Ele então retirou um pequeno pacote do bolso e o entregou a Caspian. "É um presente. Espero que goste." Surpreso, Caspian pegou o presente, desfazendo com cuidado. O papel simples revelou uma pequena caixinha retangular; dentro dela, repousava um objeto envolto em tecido macio. Quando Caspian revelou o presente, seus olhos se arregalaram diante de uma pequena figura de madeira, esculpida habilmente à mão. Era um Lobo Cinzento, o pescoço esticado em um uivo silencioso, detalhes minuciosos esculpidos em sua forma. "É… É lindo," Caspian murmurou, surpreso e comovido. Era simples, mas o gesto encheu Caspian de algo indescritível, uma espécie de alegria que ele não sentia havia muito tempo. "Entre, por favor," disse Caspian, segurando o olhar de Christian, que, sem hesitar, aceitou o convite. O que deveria ter sido uma breve visita se estendeu, com os dois envolvidos em uma conversa leve, como se o tempo tivesse desaparecido. Caspian começou a falar de sua vida com os lobos, de como eram sua única família, criaturas que o acompanhavam por gerações, cada um deles tão importante quanto qualquer parente que ele pudesse ter tido.
"Eu sabia que eram mais que só lobos pra você," Christian comentou, um sorriso compreensivo no rosto. Caspian sorriu de volta, seu olhar brando, vulnerável. "Eles me entendem. São leais… coisa que poucos humanos foram." "Eu imagino," disse Christian, suavemente. "Você é uma pessoa muito diferente, Caspian." "Talvez diferente demais," ele murmurou, com um tom levemente autodepreciativo. No calor da cabana, iluminada apenas pela luz suave de algumas velas, Christian se inclinou um pouco, o rosto próximo ao de Caspian. A hesitação de ambos foi rompida apenas por uma troca silenciosa de olhares, e naquele momento íntimo, Caspian sentiu a barreira de sua solidão desmoronar. Ele ergueu uma mão, tocando levemente o rosto de Christian, como se para ter certeza de que ele era real. "Eu… não pensei que voltaria," murmurou Caspian, sem afastar os olhos dos dele. "Eu também não," confessou Christian, sua voz baixa, com algo de surpresa e admiração. A distância entre os dois desapareceu, e naquele breve momento, foi como se toda a solidão que Caspian havia sentido durante séculos fosse dissipada.
A luz das velas bruxuleava, como se houvesse vida própria, criando sombras douradas sobre os rostos dos dois. Christian ficou imóvel, quase temeroso de quebrar aquele silencio frágil, enquanto a mão de Caspian ainda repousava levemente em seu rosto. "Eu não consigo entender," ele murmurou quase para si mesmo, um toque de confusão e admiração em sua voz. "Desde que você apareceu naquele dia na floresta, não consigo te tirar da minha cabeça." "Eu… eu também não consigo," Christian encontrou as palavras, a voz baixa e cheia de intenção. Os olhos de Caspian estavam fixos nos dele, como se estivessem procurando algo, como se tentassem entender aquela estranha ligação. Uma centelha de emoção surgiu, uma mistura de confusão e algo mais, como um mistério que ele não conseguia resolver. "Não faz sentido," ele afirmou, sua voz suave e intensa. "Entre nós não há ligação alguma. Mas ainda assim..." Ele encontrou em Christian alguém que compreendia suas cicatrizes, alguém que, mesmo sabendo de sua verdade, não recuava, e os dois permaneceram lado a lado, como se o tempo fosse deles, um refúgio na vasta e antiga floresta. Os dias se tornaram semanas, e as visitas de Christian à cabana de Caspian começaram a seguir um ritmo próprio, como se a floresta em si aguardasse a presença dele. Ele ia e vinha, sempre encontrando um motivo para voltar, passando alguns dias na companhia tranquila de Caspian e de seus lobos, partilhando histórias, risadas, e a simples rotina de uma vida que, aos poucos, entrelaçava-se com a de Caspian.
A solidão de Caspian se dissipou ainda mais com a presença regular de Christian. Às vezes, conversavam até altas horas da noite, outros dias passeavam pela floresta, observando o lento despertar da manhã, ou simplesmente sentavam-se em silencio, apreciando a calmaria da cabana. Os lobos, também, começaram a se acostumar com a presença de Christian, e a estranheza de vê-los juntos se esfumaçava. No entanto, em meio a essa rotina, algo se movia, quase imperceptível, entre os dois. Era uma tensão, uma corrente elétrica sutil que pulsava no ar toda vez que eles se encontravam, suas mãos se tocavam por acaso ou seus olhos se cruzavam por um pouco mais do que o necessário. Eles fingiam não notar, evitavam essa atração desconhecida, mas era como tentar ignorar o sussurro de um rio em movimento.
Era numa dessas noites, sob o céu de estrelas frias e brilhantes, que Christian voltou, batendo na porta de madeira com um sorriso quase envergonhado. Caspian já sabia que ele viria – como sempre. Os dois passaram a noite conversando e rindo como de costume, a intimidade entre eles crescendo em cada olhar e em cada palavra trocada. Lá fora, os lobos rondavam a cabana silenciosos, e, lá dentro, os dois sentavam-se juntos no sofá próximo a lareira, seus ombros se tocando levemente. Por fim, uma pausa caiu entre eles, aquele tipo de silêncio que não precisava de palavras. Caspian olhou para Christian, a luz suave da lareira acentuando o contorno de seus traços. Ele sentiu o coração acelerar, uma intensidade que quase o intimidava. Christian, por sua vez, desviou o olhar brevemente, o rubor subindo às faces, mas ele não recuou, como se esperasse algo, como se desejasse algo que ele mesmo não tinha coragem de pedir.
Sem saber ao certo quem iniciou o gesto, Caspian se inclinou, e Christian respondeu ao toque com a mesma hesitação suave. E então, sem mais nada a dizer, seus lábios se encontraram em um beijo terno, quase cauteloso, que, aos poucos, se aprofundou, deixando de lado qualquer dúvida ou receio. Por aquele momento, o mundo pareceu desaparecer. Caspian sentiu o calor de Christian, a suavidade de seus lábios e a leveza inesperada daquela proximidade, algo que ele nunca havia experimentado em toda sua longa vida. O beijo era uma promessa silenciosa, uma união improvável entre dois mundos distantes, e ali, no coração da floresta, sob a luz bruxuleante da lareira, Caspian soube que, finalmente, ele não estava mais sozinho.
Ambos se sentaram em silencio, a respiração irregular misturada aos estalos da lenha na lareira. A noite havia se tornado mais escura, mais fria, mas dentro da cabana uma agitação diferente tomava conta. Christian virou a cabeça, um rubor quase infantil ainda visível em suas bochechas. "Isso… foi inesperado," ele murmurou, quase uma brisa em meio ao silencio. Caspian, sem saber ao certo o que dizer, apenas assentiu, sentindo uma nova sensação percorrer seu corpo. "Desculpa eu...não quis forçar nada." Admitiu Christian envergonhado. "Não precisa se desculpar," respondeu Caspian, a voz suave. "Eu... eu queria isso também.". Ele pousou a mão na perna de Christian, um gesto hesitante mas significativo. "Só não esperava que fosse acontecer tão repentinamente…" Christian riu, baixinho, a tensão entre eles desaparecendo um pouco. "Nem eu," ele concordou, "mas agora que aconteceu…" Seus olhos encontraram os de Caspian, e naquele olhar havia uma vulnerabilidade nova, uma honestidade quase desconhecida. Caspian sorriu. "Você vai continuar a vir me visitar?" "Isso é uma dúvida?" Christian perguntou, levantando uma sobrancelha, e, nesse gesto, voltou a ser o Christian familiar. "Claro que vou, não vai conseguir se livrar de mim tão facilmente."
"Não quero me livrar de você," Caspian murmurou, um toque de sinceridade inesperada. Ele acariciou a perna de Christian com a ponta dos dedos, o gesto suave, quase íntimo. Christian se aconchegou no sofá, apreciando o toque de Caspian. "Se continuar fazendo isso," ele disse num sussurro, "vai ser difícil eu conseguir ir embora hoje." "Talvez eu queira que você fique...será que...preciso quebrar sua perna de novo para isso?" Christian riu, alto e surpreso, a cabeça recuando e uma mão no peito. "Acho melhor não, uma fratura é o suficiente," ele disse, a boca se contorcendo num sorriso. "Mas há outras maneiras de me persuadir." Enquanto ele falava, Christian se aproximou um pouco mais, seu corpo se virando na direção de Caspian. A distancia entre eles se estreitou novamente, o silencio mais denso e carregado. "Afinal," murmurou Christian, "estamos sozinhos aqui, não é?" Caspian sentiu a tensão voltar, as palavras de Christian ecoando em seu peito. Os lábios estavam próximos, e ele podia sentir o hálito suave na pele. "Estamos," ele respondeu num sussurro, os olhos vagando pelo rosto de Christian, estudando cada detalhe, como se tentando se convencer daquilo que estava acontecendo.
E então, sem mais nenhum motivo ou hesitação, eles se encontraram num segundo beijo, menos terno, mais desesperado. As mãos de Christian deslizaram pelo corpo de Caspian, atraindo-o para mais perto, enquanto as de Caspian se agarravam ao ombro de Christian, quase como se desejasse prender aquele momento para sempre. A lareira crepitava ao lado deles, mas parecia distante, como se o mundo tivesse se reduzido a apenas aqueles dois no meio da noite. O beijo se aprofundou, línguas se encontrando, corpos se encaixando. As mãos de Christian deslizaram pelo pescoço e o cabelo de Caspian, um gesto possessivo, enquanto os dedos de Caspian percorriam as costas de Christian, traçando pequenos círculos na pele. Era uma dança íntima que parecia conhecer a linguagem de seus corpos melhor do que eles mesmos. Por fim, eles se separaram, a respiração descompassada e os olhos fixos um no outro. Christian encostou a testa na de Caspian, um gesto carinhoso que parecia transmitir tudo o que ele não conseguia dizer. "Não quero mais ir embora," ele murmurou, as mãos ainda em volta da cintura de Caspian. Ele fechou os olhos por um momento, absorvendo a intensidade do toque e da proximidade. O calor da lareira parecia se misturar com o calor que emanava de Christian, e a confusão que muitas vezes o acompanhava começou a dissipar-se, substituída por uma sensação reconfortante e familiar. “Então fique," Caspian sussurrou. “fique comigo, para sempre.”
Christian olhou nos olhos de Caspian, a luz do fogo projetando sombras dançantes em seu rosto. As palavras de Caspian pareceram ecoar na cabana, um convite e um desejo embutidos em cada sílaba. Christian podia sentir a mão de Caspian em sua cintura, a pressão suave que o mantinha próximo. "Para sempre?" ele repetiu, seu tom levemente zombeteiro, mas não sem emoção. "Você sabe o que está pedindo, não sabe?" Caspian riu meio constrangido. "Desculpa, isso soou rápido demais?" Christian riu junto, a rispidez em seu rosto suavizando. "Um pouco," ele disse, levando a mão ao rosto de Caspian, seus dedos deslizando pelo queixo e mandíbula, encontrando-se com a barba por fazer. "Mas é bom saber que você é tão impulsivo quanto eu."
Caspian sentiu seu coração acelerar novamente, ele não se lembrava mais quando tinha sido a última vez que todos como os de Christian arrepiavam seu corpo. "Faz séculos que eu não...tenho esse tipo de carinho." Ele segurou firme na mão de Christian, acariciando o braço dele com carinho. "Sempre foi...só eu e meus lobos...tem sido assim por quase 700 anos..." Christian franziu a testa, uma mistura de compreensão e tristeza em seu olhar enquanto ele ouvia as palavras de Caspian. Ele manteve sua mão no rosto dele, o polegar acariciando a linha do seu maxilar. "Imagino que isso deve ser... solitário." "Por isso, desculpe se eu pareço, um pouco desesperado por afeto...eu só...bom...já faz muito tempo." Ele admitiu envergonhado. Christian sentiu o seu coração se apertar com a vulnerabilidade na voz de Caspian. Ele se moveu mais perto, a perna de um encostando na do outro, o quente do corpo de Christian deslizando pelo de Caspian. "Eu posso te dar afeto," ele disse suavemente. "Se é isso que você precisa." Ele deslizou as mãos pelo pescoço de Caspian, os dedos afagando a nuca. Depois desceu as palmas pelas costas largas, sentindo cada musculatura sob os tecidos da camisa de Caspian. Era uma carícias lenta e calma que buscava transmitir mais do que palavras. "Também posso te dar muito, muito mais."
Caspian fechou os olhos e deixou seu corpo cair no sofá, sentindo como Christian subia em cima dele lentamente. "Eu gostaria disso..." ele murmurou baixinho. Christian se acomodou entre as pernas de Caspian, uma mão apoiada no peito dele. "Isso? Ou...mais?" ele perguntou, a voz ligeiramente rouca. Ele se abaixou, roçando os lábios na bochecha de Caspian, depois na linha do maxilar, até chegar ao pescoço. "mais...muito mais..." A voz dele saiu igualmente rouca. As mãos deslizando pelo peito musculoso de Christian, enfiando dentro de sua blusa, e sentindo o calor suave de sua pele. Christian se arrepiou com o toque das mãos de Caspian em seu peito, a pele esquentando em contato com o outro lobisomem. Ele ergueu a cabeça, olhando para baixo para encontrar o olhar de Caspian. "Posso te dar tudo." Ele baixou o corpo, colando seu peito contra o de Caspian, a respiração pesada. Suas mãos deslizadas por baixo da camisa de Caspian, sentindo a pele quente sob suas palmas.
Caspian gemeu baixinho. Sentindo os toques de Christian em seu corpo. "Você...é ativo?" Ele perguntou, o rubor invadindo seu rosto. "Só porque eu sou grande e musculoso você acha que eu sou ativo?" Christian respondeu, um sorriso travesso brincando nos lábios. "Foi uma pergunta séria..." Caspian desviou um pouco o olhar, mas suas mãos já estavam tirando a blusa do homem. Christian riu, o som mais um ronronar baixo que um riso normal. "Eu só estava brincando," ele disse. Ele desabotoou a camisa de Caspian, tirando-a do caminho com um movimento. Suas mãos voltaram a percorrer a pele do lobisomem, acariciando cada músculo, cada cicatriz com carinho. "Eu sou versátil, e você? O que você gosta?" Caspian sentiu seu rosto ficando vermelho. "Eu...sou passivo..." Christian sentiu as palavras de Caspian como um choque de eletricidade, a informação fazendo algo em seu baixo ventre se contorcer. "Isso é surpreendente," ele disse, sua voz mais rouca do que antes.
Apenas olhou para Caspian por um momento, tomando a informação. Até que ele se mexeu, colocando a mão na coxa dele. "Você gosta de ser dominado?" A mão de Christian deslizou pela coxa de Caspian, os dedos subindo devagar até encontrar a virilha, onde pararam, acariciando levemente. Christian se inclinou mais para baixo, a boca encontrando a pele do pescoço de Caspian, deixando um rastro de beijos e mordidas. "Eu gosto de dominar," ele murmurou, a voz baixa e rouca. "Gosto de ver você se entregando para mim."
Caspian gemeu baixinho, sentindo as mãos de Christian tocando no seu membro. "Ah...Você...não parece agressivo." Ele olhou para o homem novamente, as mãos ágeis e rápidas em tirar suas roupas. "Eu não sou mesmo não." Christian admitiu. "Eu sou bem carinhoso, na realidade." Christian se levantou, se livrando das roupas rapidamente, enquanto ainda mantinha contacta física com Caspian. A pele bronzeada contra a pele quase branca, os músculos contra a carne. Christian pousou as mãos na cintura de Caspian, apertando com força e puxando seu corpo para perto. "Eu gosto de ser carinhoso," ele murmurou, os olhos presos aos de Caspian enquanto o colocava deitado no sofá, Christian entre suas pernas. "mas eu também gosto de ser um pouco brusco, às vezes." Caspian ficou ofegante, sentindo o membro duro de Christian próximo de sua entrada. "E o que você quer ser hoje?" Christian riu baixinho. "Como é nossa primeira vez, eu quero ser carinhoso." Ele sorriu, e beijou os lábios de Caspian, ao mesmo tempo que começava a se introduzir dentro dele. Sentir a pele quente de Christian contra a sua era um choque para Caspian. Ele gemeu, baixo, o som escapando de sua garganta enquanto Christian começava a se introduzir. Ele manteve os olhos fechados, os braços apertando a cintura firme de Christian. Era como se seu mundo tivesse sido limitado a apenas aquele sofá, Christian entre suas pernas, as mãos grandes e quentes tocando-o. "Posso te pedir uma coisa?" O movimento de Christian era lento, as estocadas suave, enquanto ele olhava para baixo para Caspian. "Qualquer coisa." Ele prometeu, as mãos passeando pelas laterais do torso do lobisomem.
A respiração de Caspian era rápida e pesada, e, por um momento, parecia que ele não conseguia formar as palavras. Mas finalmente ele disse, com a voz rouca, as pálpebras tremendo um pouco: "Me morda." O pedido de Caspian surpreendeu Christian, mas não desagradou. Era...interessante, na verdade. Ele sorriu, um olhar travesso e provocativo cruzando seu rosto. "Que isso, alguém tem desejos secretos?" Christian perguntou, a voz ainda suave enquanto continuava a se mover, um pouco mais rápido, mais fundo agora. "Eu sou um lobo..." Ele riu meio sem graça. Christian também riu, um pouco divertido. "Esse é o seu argumento? Que você é um lobo?" Ele baixou a cabeça, a boca encontrando o pescoço de Caspian. Sua língua deslizou pela pele quente, deixando um rastro de saliva. Até que ele voltou a falar, a voz de baixo no ouvido de Caspian: "Você quer que eu te marque?" "Sim, eu quero pertencer a alguém novamente...faz tempo que eu não sei o que é ter um...alfa...." A confissão de Caspian atingiu Christian como uma flecha no peito. Ele podia sentir as emoções do lobisomem, o sentimento de abandono, de querer pertencer. Era algo que ele mesmo sentia, embora tentasse esconder atrás de uma fachada de confiança e força.
Ele se abaixou, os lábios roçando a pele do pescoço de Caspian, a língua se aventurando na área abaixo de sua orelha. "Eu vou te marcar, então," ele murmurou. "Você será meu." No mesmo momento, ele começou a movimentar os quadris mais rápido, as estocadas mais fundo, duro, quase desesperado. A mão de Christian subiu pela espinha de Caspian, a boca ainda no pescoço dele, enquanto ele buscava o local perfeito. Sentia a pele da glândula do lobo ali, pronta para o que viria. Enquanto o marcava, Christian podia sentir a conexão entre eles se tornando mais forte, como se estivessem se tornando ainda mais íntimos, ainda mais unidos. Ele continuou se movendo, mais rápido agora, mais fundo, enquanto mantinha a dentada. A marca estava feita agora. Caspian era dele. "Ah, Christian" Caspian gemeu, os olhos firmemente fechados. Christian sentiu o corpo de Caspian se contraindo em volta dele, a reação do lobisomem à mordida e aos movimentos de seus quadris. Foi quase demais para ele; o prazer de dominar Caspian, de se mover dentro dele, de marcar ele. Christian levantou um pouco a cabeça, para observar. "Abra os olhos," ele mandou, a voz rouca. "Quero ver seus olhos." Caspian obedeceu, ofegante, e com o rosto vermelho, ele abriu os olhos, Christian viu aqueles olhos cinzas marejados de água e isso o excitou ainda mais. A expressão de Caspian era deliciosa. Suas íris cinzas meio fechadas, os olhos com um brilho molhado. As faces coradas e os lábios entreabertos. Era quase difícil de acreditar que esse homem, normalmente calmo e tranquilo, agora estava deitado abaixo dele, entregue e vulnerável.
"Você é tão bonito," Christian disse, a voz rouca. "Você é perfeito." "Você também é lindo..." Caspian murmurou, a voz entrecortada de prazer. "Nem acredito que achei você caído na minha montanha...É como se...um anjo tivesse caído do céu para mim..."Christian estava surpreso, quase chocado, com o elogio de Caspian. "Um anjo, hein?" ele perguntou, as bochechas aquecendo um pouco. Ele continuou se mexendo, a velocidade mais intensa agora, enquanto o prazer começava a pulsar pelo seu corpo. "Posso te confessar um segredo?" Enquanto esperava a permissão de Caspian, ele se abaixou, pousando a boca novamente no seu pescoço, a língua saindo para lamber. Ele podia sentir o pulso do lobisomem, cada batida rápida como um trovão em seus ouvidos. Enquanto esperava a permissão de Caspian, ele se abaixou, pousando a boca novamente no seu pescoço, a língua saindo para lamber. Ele podia sentir o pulso do lobisomem, cada batida rápida como um trovão em seus ouvidos. "Ah...p-pode." Caspian tentou falar, mas sua mente estava ficando cada vez mais turva. Christian sorriu um pouco, ainda se mexendo dentro de Caspian, enquanto sua língua deslizava pela pele dele novamente. Ele murmurou, a voz rouca por cima da orelha do lobisomem: "Você sabe por que você parece perfeito pra mim?" "p-por que?" Caspian perguntou murmurando baixinho, a respiração cada vez mais entrecortada. Enquanto falava, Christian começou a acelerar o movimento dos quadris, se mexendo com mais força e velocidade. Ele podia sentir que estava se aproximando do limite, mas não queria terminar, ainda não. "Porque você é... tão receptivo, tão dócil..." ele disse, a voz trêmula de prazer. "Tanto poder e fúria num corpo tão bonito, mas você tem sido tão submisso a mim."
"Eu-eu era o beta da minha alcateia." Caspian parou, os gemidos impedindo de falar claramente. "Mas...eu sempre me considerei um...ômega." Christian sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A declaração de Caspian, e a maneira como ele falava, o fez gemer meio alto. "Omega, hein?" ele murmurou, sua voz se aproximando de um sussurro. "Isso me excita de um jeito que você não faz ideia." Christian se mexeu mais rápido, profundamente, enquanto mordia o pescoço de Caspian novamente. Ele estava perto, cada vez mais perto. A tensão se acumulando em seu corpo, quase alcançando o limite. "Eu quero que você venha pra mim, Omega," ele ordenou, a voz rouca e quente contra a pele de Caspian. Ele podia sentir o lobisomem se contraindo, o corpo tremendo abaixo dele. "Venha para mim."
"Ah,Ah, Chris!" Caspian agarrou as costas de Christian, cruzando seus pés em torno da cintura dele. "Eu-eu." Ele tentou falar, mas o prazer ofuscou todos os seus pensamentos. Sentir as unhas afiadas de Caspian deslizando pelas suas costas só fez com que o prazer de Christian aumentasse. Ele gemeu, e aumentou a velocidade dos movimentos, cada impulso mais e mais intensa até que… "Ah, Deus...Caspian..." ele gemeu, a voz falhando um pouco quando o orgasmo atingiu seu corpo, fazendo-o se contrair enquanto se desmoronava em cima do lobisomem abaixo dele. "Ah-ahh" Caspian gemeu, sentindo o líquido quente de Christian preenchendo todo seu corpo. Ele fechou os olhos com mais força, arqueando as costas, tremores e espasmos invadindo seu corpo. Enquanto ainda estava sentindo o gozo percorrendo toda sua espinha, Christian se abaixou para descansar a cabeça contra o ombro de Caspian. Ele permaneceu completamente imóvel por um instante, os braços apoiando-o de cada lado do lobisomem, enquanto tentava recuperar o fôlego.
Depois de um momento, ele finalmente virou a cabeça, a bochecha apoiada contra a pele quente de Caspian, e gemeu: "Isso foi...incrível." Caspian abriu os olhos lentamente, voltando a acariciar os cabelos de Christian. "Ah droga, agora eu...estou apaixonado. Isso tudo é culpa sua." Christian riu um pouco, o rosto ainda contra o ombro de Caspian. "Isso é meio que o objetivo, não é?" ele perguntou, a voz ainda trêmula de prazer. "Especialmente depois de...bem, você saber." Ele se mexeu de leve, levantando a cabeça para olhar para o outro homem. "Mas não se preocupe, eu acho que já estava apaixonado por você também." "Ainda acha a ideia de morar comigo aqui para sempre precipitada?" Ele riu um pouco, a respiração ainda descontrolada. Christian não pôde deixar de rir também, a expressão em seu rosto suave. "Talvez um pouco," ele admitiu, levantando a mão para afastar uma mecha de cabelo do rosto de Caspian. "Mas não posso realmente reclamar. Pelo menos por agora." Ele abaixou a cabeça novamente, passando o nariz pela bochecha do lobisomem. "Quão rapidamente lobisomens podem ir pra uma segunda rodada? Só por curiosidade."
Caspian riu. "O meu deus, agora eu acho que te amo." A risada de Caspian fez Christian sorrir, seu peito aquecendo com a reação de seu companheiro. "Eu acho que amo você também," ele murmurou. "Mas isso não responde a minha pergunta." Ele moveu os quadris suavemente, pressionando-se contra o outro homem, e acrescentou: "Vamos testar?" "Hmmm." Caspian se contraiu por inteiro, sentindo o membro de Christian ficar duro dentro dele novamente. "Vamos."
Os festivais da lua eram um acontecimento muito aguardado em Hinode, uma celebração que reunia toda a cidade em um espetáculo de luzes, cores e música. Durante essas noites mágicas, os habitantes se vestiam com trajes tradicionais, dançavam sob a luz prateada da lua cheia e compartilhavam histórias antigas ao redor de fogueiras crepitantes. As lanternas de papel flutuavam pelo ar, criando um cenário deslumbrante que refletia a alegria e a unidade da comunidade. No entanto, enquanto a cidade se entregava à festividade, Demétrio encontrava sua própria forma de celebrar. Aproveitando o tumulto e a animação do festival, ele se afastava para a floresta circundante, onde se sentia livre para liberar sua fera lupina. Era um ritual que ele havia estabelecido para canalizar a energia intensa que pulsava dentro dele. Com a lua brilhando intensamente acima, Demétrio corria pelas trilhas sinuosas da floresta, sua forma lupina deslizando entre as árvores com graça e agilidade. O som de folhas sendo pisoteadas sob suas patas ecoava pela noite silenciosa, e a adrenalina o preenchia enquanto explorava seu território.
Se algum humano desavisado cruzasse seu caminho durante essas escapadas noturnas, ele não hesitava em devorá-lo, alimentando-se da carne fresca sem remorso. A natureza instintiva do predador que habitava dentro dele era forte, e a ausência de compaixão se tornava uma parte do jogo. Mas naquela noite, enquanto as vozes festivas ecoavam na distância, algo inesperado aconteceu. Ao correr por uma clareira, Demétrio avistou uma figura solitária à margem de um rio. Curioso, ele se aproximou, sua forma lupina cautelosa e silenciosa. A cena que encontrou era de uma beleza e tristeza que o paralisaram. A mulher que chorava era de uma beleza etérea: sua pele era tão branca quanto a lua que iluminava a noite, seus longos cabelos loiros balançavam suavemente com a brisa, e seus olhos verdes brilhavam como esmeraldas, cheios de dor e desespero. Vestida com um vestido branco que flutuava ao seu redor, ela parecia uma visão saída de um conto de fadas, mas a tristeza em seu semblante a tornava profundamente vulnerável.
Demétrio hesitou, algo inédito em sua longa vida. Aquela jovem, que não devia ter mais do que 18 anos, estava sozinha, chorando em meio à floresta enquanto toda a cidade vibrava em celebração. Ele, que sempre fora guiado por instintos primais, agora se via confuso, uma estranha compaixão surgindo em seu interior. Nunca antes um humano havia suscitado tal hesitação nele. A aproximação de Demétrio, ainda na forma lupina, era silenciosa, mas ele sabia que assim que ela o visse, provavelmente gritaria. No entanto, uma parte dele desejava que ela não tivesse medo, que pudesse vê-lo como algo além de um predador. Ele parou a alguns passos de distância, a curiosidade e a compaixão lutando contra sua natureza. O lamento da mulher cortou o silêncio da noite, e Demétrio sentiu um impulso inexplicável de conforto. O que ele deveria fazer? O instinto o dizia para avançar, mas a conexão que sentia por ela o fez hesitar. A lua cheia brilhava acima, testemunha da mudança que começava a acontecer dentro dele, uma mudança que o levaria a reavaliar o que significava ser um predador e o que significava, realmente, ser humano.
Demétrio respirou fundo, a tensão no ar palpável enquanto ele se aproximava da mulher que chorava à margem do rio. Sabia que o esperado era que ela recuasse, que suas pernas a levassem a correr e gritar, mas à medida que seus olhos se fixaram nela, algo inédito aconteceu. Em vez de se encolher diante da presença ameaçadora de um lobisomem de mais de dois metros de altura, com pelagem negra como a noite e olhos azuis incandescentes que brilhavam com uma intensidade sobrenatural, a jovem parou de chorar. Ela se levantou lentamente, seus olhos verdes fixos nos dele, e o que ele viu refletido naquele olhar fez seu coração — ou o que restava dele — hesitar. Havia uma calma inusitada na mulher, uma força que desafiava a natureza da situação. Como era possível que, diante de uma criatura como ele, ela não sentisse medo? O instinto de Demétrio gritou para que ele recuasse, mas sua curiosidade o manteve em pé, avançando um passo.
"Por que você não corre?" a pergunta ecoou em sua mente, mas não se atreveu a pronunciá-la. Ele a observou atentamente, analisando cada detalhe de sua expressão serena, cada movimento suave que fazia. A escuridão da floresta ao redor parecia se dissipar, e todo o barulho do festival da cidade se tornou um murmúrio distante. O contraste entre eles era acentuado; enquanto Demétrio era a personificação do medo e da ferocidade, a mulher diante dele exibia uma vulnerabilidade que não se sentia como fraqueza. Ela não exibia terror, mas uma curiosidade que combinava perfeitamente com a sua. Isso o intrigou mais do que qualquer humano que já havia encontrado em sua longa vida. Demétrio avançou mais um passo, a distância entre eles diminuindo. A luz da lua refletia nos olhos dela, criando um brilho que o prendia. Ele se perguntava se ela conseguiria compreender a dualidade que habitava dentro dele — a besta que ansiava por derramar sangue e o homem que ainda se lembrava do que significava sentir compaixão, ainda que distantes.
Ele sentia a adrenalina percorrendo suas veias enquanto a jovem mantinha o olhar firme. Uma conexão inexplicável se formava no espaço entre eles, e, por um breve momento, Demétrio se esqueceu de suas presas e garras afiadas. Ele se lembrou de que, apesar de sua natureza predatória, ainda havia um homem por trás da fera, um homem que poderia se sentir atraído pela fragilidade humana que se apresentava à sua frente. "Quem é você?" a pergunta quase saiu de seus lábios, mas ele hesitou novamente. No entanto, a mulher respondeu com um leve sorriso, como se já soubesse as perguntas que ele não se atrevia a fazer. E, naquela fração de segundo, enquanto a noite avançava e a lua cheia iluminava seus rostos, Demétrio sentiu uma mudança dentro de si, algo que ele nunca imaginou experimentar novamente após tantos séculos de solidão e ferocidade.
A mulher deu um passo à frente, seu vestido branco flutuando suavemente com a brisa da noite. Demétrio estava paralisado, observando-a com uma mistura de curiosidade e apreensão. Ela não parecia se importar com a criatura que tinha à sua frente; pelo contrário, sua presença exalava uma confiança quase inabalável. À medida que ela se aproximava, Demétrio sentiu seu instinto de predador lutando contra um impulso mais profundo — um desejo de se conectar. Quando a distância entre eles se reduziu a poucos centímetros, ela levantou a mão com delicadeza e, de maneira corajosa, tocou o focinho de Demétrio. O toque foi como um raio, enviando ondas vibrantes de calor e eletricidade por todo o seu corpo. Ele nunca havia sentido nada assim antes, e por um momento, toda a ferocidade que o caracterizava se dissipou, deixando apenas um homem confuso e vulnerável.
"Você...não tem medo de mim?" a pergunta escapuliu de seus lábios, quase um sussurro. O som da sua própria voz o surpreendeu, e ele se perguntou se ainda era capaz de falar com um tom tão humano. Ela sorriu, um gesto luminoso que iluminou seu rosto. "Medo? Por que eu teria medo de você?" A confiança em sua resposta era evidente, e isso deixou Demétrio perplexo. Como poderia alguém tão frágil e delicada se sentir à vontade diante dele, um ser que muitos considerariam uma abominação? A jovem não se afastou, mantendo o contato visual. Seu olhar era intenso e penetrante, desafiando-o a recuar, mas ele não tinha intenção de fazer isso. Ela parecia perceber a luta interna que ele enfrentava, como se pudesse enxergar além de sua forma lupina, além de suas garras e presas. Demétrio hesitou, sentindo seu coração pulsar com uma nova intensidade. "Eu sou uma besta," ele murmurou, quase como se estivesse se convencendo disso. "Eu poderia te devorar."
"Mas você não quer," ela respondeu suavemente, a certeza em sua voz ressoando em seus ouvidos. "Você não quer me machucar." Ela estava certa. Nesse momento, a ideia de machucá-la era uma possibilidade tão distante que parecia absurda. Em vez disso, ele queria protegê-la, queria compreender o que a fazia tão especial. A conexão que sentia com ela era inegável, e a realidade de sua existência se tornava mais confusa a cada instante. O toque suave de sua mão em seu focinho, a maneira como ela não se afastou, tudo isso fez Demétrio perceber que, talvez, ainda houvesse esperança. Talvez ele pudesse ser mais do que a besta que sempre acreditou ser. E, pela primeira vez em muito tempo, uma ideia ousada se formou em sua mente: talvez aquela mulher pudesse ser o início de uma nova jornada para ele, uma jornada que o tiraria das sombras e o guiaria de volta à luz.