Os dias na alcateia se arrastavam com uma rotina familiar, mas a atmosfera vibrava com uma tensão sutil. O som do martelo batendo contra o metal ecoava na forja, onde Catarine se dedicava a forjar uma nova espada. O calor da fornalha misturava-se ao ar pesado, tornando o ambiente quase opressivo. Catarine estava absorta em seu trabalho, mas uma sensação estranha começou a se instalar em seu corpo. A fraqueza a atingia em ondas, como se cada movimento exigisse um esforço descomunal. Ela tentava ignorar, concentrando-se na espada que estava criando, mas a sensação de enjoos persistia, como se uma sombra se instalasse em seu estômago. Com um último golpe de martelo, a lâmina estava quase pronta, mas uma nova onda de náusea a obrigou a parar. Catarine se inclinou para frente, sua mão cobrindo a boca enquanto o conteúdo do seu estômago subia com força. O vômito foi violento e inesperado, sua mente em uma confusão entre a dor e o alívio que vinha com o ato. A fraqueza tomou conta dela, e ela se apoiou na bancada, tentando recuperar a compostura. Foi nesse momento que Caspian entrou na forja, o aroma de metal e calor envolvendo-o como um abraço familiar. No entanto, ao ver Catarine, sua expressão mudou de curiosidade para preocupação. Ele se apressou até ela, os olhos preocupados.
“Catarine!” Ele exclamou, aproximando-se rapidamente. “O que aconteceu?” Ela se endireitou lentamente, tentando se limpar e esconder a palidez que agora dominava seu rosto. “Estou bem, só… um mal-estar.” Ela respondeu, mas a fraqueza em sua voz entregava a verdade. Caspian analisou a situação, os músculos tensos, enquanto se aproximava ainda mais. “Você não parece bem. Deixe-me ajudar.” Ele disse, colocando uma mão gentil em seu ombro. A preocupação em seu olhar era genuína, e Catarine sentiu um misto de gratidão e frustração por não conseguir se manter forte. “Eu só precisei de um momento.” Ela tentou assegurar, mas seu corpo discordava da sua determinação. “Você precisa se cuidar.” Caspian insistiu, seus olhos fixos nos dela. “Vamos, você precisa se sentar e descansar um pouco. Isso não é normal.” Catarine hesitou, mas a fraqueza começou a dominar seus pensamentos. “Talvez você tenha razão…” Ela murmurou, e ele a guiou até um banco na forja. Caspian a observou com atenção, seu olhar gentil e firme. “Vou pegar água e algo para você comer. Não se preocupe, vou ficar aqui até você se sentir melhor.” Ele prometeu, e ela assentiu, agradecida pelo apoio dele. Enquanto ele saía, Catarine percebeu que, mesmo em meio ao desconforto, a presença de Caspian trazia um conforto inesperado, um sinal de que não estava sozinha naquela batalha silenciosa.
Caspian voltou rapidamente, carregando um pão fresco e um copo de água. O aroma do pão quente encheu a forja, um contraste agradável ao cheiro de metal e fumaça. Ele se aproximou de Catarine, que ainda estava sentada, tentando reunir forças. Com um sorriso suave, ele ofereceu o lanche. “Espero que isso ajude,” ele disse, colocando o pão em suas mãos. “Um pouco de comida e água deve fazer você se sentir melhor.” Catarine olhou para o pão e, com um esforço, deu uma mordida. No entanto, assim que ela começou a mastigar, a onda de enjoo retornou com força, fazendo seu estômago se revirar novamente. Antes que pudesse controlar, ela se inclinou para a frente, e o vômito a alcançou novamente, forçando-a a deixar o pão de lado. Caspian a encarou seriamente, mas, para sua surpresa, não conseguiu conter uma risada. “Catarine,” ele disse, ainda rindo, “como andam seus ciclos de mulher?” O rosto de Catarine imediatamente se iluminou com um rubor intenso. Falar sobre seus ciclos menstruais abertamente com outro homem a deixava constrangida, mas, considerando que ela era a única loba fêmea da alcateia, não tinha muita escolha. “Acho que não sangrei esse mês ainda,” ela admitiu, a vergonha tornando sua voz quase um sussurro. Caspian, percebendo seu desconforto, sorriu ainda mais. “Oh, Catarine, acho que você está grávida,” ele brincou, seu tom leve e provocador.
As palavras deixaram Catarine completamente sem palavras, seu rosto queimando de vergonha. “Você está brincando!” Ela exclamou, não sabendo se deveria rir ou se sentir apavorada. Caspian riu, apoiando-se na bancada. “Christian vai pirar, ele sempre diz como quer ser pai.” A expressão brincalhona dele fazia o ambiente mais leve, e Catarine não pôde deixar de sorrir, apesar da situação desconfortável. “Não pode ser, eu… eu só estou me sentindo mal,” ela respondeu, tentando ignorar a possibilidade que ele havia sugerido. “Catarine,” ele disse, colocando uma mão reconfortante em seu ombro, “seja o que for que esteja acontecendo, você não precisa passar por isso sozinha. Nós estamos aqui para você. Vamos descobrir isso juntos.” O calor de suas palavras e a sinceridade em seu olhar trouxeram um pouco de alívio a Catarine. Ela ainda estava confusa sobre o que estava acontecendo com seu corpo, mas saber que tinha a confiança de Caspian tornava tudo um pouco mais suportável. A tensão e o cansaço que a consumiam eram intensos, mas, ao menos, não estavam sozinhos nessa jornada.
Enquanto a noite se instalava sobre a alcateia, Christian e Demétrio caminhavam juntos pelo perímetro, suas silhuetas projetadas pela luz da lua crescente. A atmosfera estava carregada de tensão, e o silêncio da floresta parecia mais profundo do que o habitual. A preocupação pairava no ar como uma névoa densa. “Eles estão ficando cada dia mais supersticiosos,” comentou Demétrio, sua voz grave ecoando suavemente na escuridão. Ele ajustou a armadura, sentindo o peso das responsabilidades que carregava. “Outro dia, vi eles queimarem uma mulher numa aldeia, ainda viva, só porque ela fez um simples chá para o estômago. Ficaram gritando e chamando-a de bruxa.” Christian parou por um momento, seu coração apertando ao ouvir a história. “Isso é horrível,” ele respondeu, a preocupação estampada em seu rosto. “A ignorância deles não conhece limites. O que será que está acontecendo com as pessoas? Estão se deixando levar pelo medo e pela superstição.” “Estão buscando algo em que se agarrar, algo que possa explicar o que não compreendem,” Demétrio disse, olhando fixamente para a floresta densa à frente. “E, com cada ato de violência, só aumentam a hostilidade entre nós e eles. Precisamos estar preparados para o que vier a seguir.”
Christian assentiu, os olhos fixos em um ponto distante. “Temos que proteger nossa alcateia. Se eles continuam assim, não hesitarão em atacar qualquer um que considerem diferente ou ameaçador.” “Sim,” Demétrio concordou, seu tom agora mais sério. “Se a paranoia deles crescer, a nossa segurança estará em risco. Não só a nossa, mas também a de todos os que se aproximam de nós. Precisamos ser mais astutos, agir com cautela.” “Podemos reforçar as patrulhas e aumentar os pontos de vigia,” sugeriu Christian, já pensando nas estratégias necessárias para lidar com a crescente tensão. “E talvez seja hora de termos uma conversa franca com os outros clãs. Se a situação se agravar, precisaremos de aliados.” “Concordo,” Demétrio respondeu, seus olhos se tornando mais resolutos. “E não podemos subestimar a determinação dos humanos. Eles podem ser supersticiosos, mas não são fracos. Precisamos de um plano sólido.” Enquanto eles continuavam a patrulhar, a lua brilhava intensamente acima, lançando luz sobre os dois lobos que, apesar de suas diferenças, estavam unidos por um objetivo comum: proteger sua alcateia e enfrentar a ameaça crescente que se aproximava.
Enquanto caminhavam pela trilha na floresta, Christian olhou para Demétrio, a brisa fresca da noite agitando levemente os cabelos de ambos. "Não tenho visto mais ataques de vampiros," comentou ele casualmente, observando a reação de seu amigo. Demétrio corou ligeiramente, um traço de desconforto surgindo em seu rosto. "Oh, bem... é," ele respondeu, evitando o olhar de Christian, que agora estava mais atento a sua expressão. “Devo pensar que isso tem algo a ver com suas constantes visitas a Eros?” Christian provocou, um sorriso maroto se formando em seus lábios. Demétrio, já encabulado, desviou o olhar, buscando um ponto qualquer na floresta para se concentrar. "Ah, isso... bem, você sabe como são as coisas," ele disse, tentando mudar de assunto de forma evasiva. “Os humanos estão loucos com suas superstições. A Igreja Católica tem exercido uma grande influência sobre a vida das pessoas, e as crenças em demônios, bruxas e outros seres sobrenaturais estão sendo implantadas de maneira perigosa. Se eles estão matando a si mesmos por coisas fúteis, imagina o que não farão conosco?” Christian fez uma pausa, o sorriso se dissipando à medida que a gravidade da situação se instalava. “É verdade. Eles estão tão consumidos pelo medo que não conseguem ver a realidade. E a Igreja só alimenta essa paranoia.” “Exatamente,” concordou Demétrio, começando a se sentir mais confortável ao discutir o tema. “Isso não só aumenta a hostilidade contra os vampiros, mas também contra qualquer um que seja diferente. Se não tomarmos cuidado, poderemos ser os próximos alvos.”
Christian assentiu, seu olhar fixo à frente enquanto pensava sobre as implicações. “Precisamos encontrar uma forma de nos proteger. Reforçar nossos laços com os clãs e aumentar a vigilância. Se a situação continuar a piorar, eles poderão nos ver como uma ameaça.” “Sim, e não podemos permitir que a ignorância deles nos destrua. Precisamos ser astutos, usar essa paranoia a nosso favor, em vez de ser vítimas dela,” Demétrio afirmou, a determinação tomando conta de sua voz. ”E a nossa melhor defesa é a unidade. Precisamos estar prontos para agir caso eles decidam cruzar a linha. E isso inclui entender o que está acontecendo com eles,” Christian acrescentou, os olhos brilhando com a intensidade de suas palavras. Demétrio olhou para Christian, percebendo a gravidade de sua afirmação. “Então, vamos ficar de olho e manter as linhas de comunicação abertas. Isso é crucial.” Enquanto a noite avançava e a escuridão os envolvia, ambos sabiam que, apesar das rivalidades e tensões que poderiam existir entre suas espécies, a verdadeira luta era pela sobrevivência de todos.
Christian finalmente chegou em casa, o cansaço se acumulando em seus músculos após a longa ronda. Ele se despediu de Demétrio na entrada da alcateia, o coração ainda pesado com as conversas sobre os humanos e suas superstições. Ao abrir a porta de sua cabana, um sentimento de estranheza tomou conta dele. Lá estava Caspian, sentado à mesa, fazendo companhia para Catarine. A luz suave das velas iluminava o ambiente, mas a visão de Caspian conversando com sua esposa despertou um ciúme inesperado dentro de Christian. Ele se esforçou para manter a compostura, mas a tensão em seu corpo era inegável. "O que está acontecendo aqui?" Christian perguntou, tentando disfarçar o desagrado em sua voz. Caspian, percebendo o tom, soltou uma risadinha baixa. "Acho que já vou indo. Catarine tem algo para te contar, velho amigo." Com isso, Caspian se levantou e se afastou, saindo da cabana. Christian o observou com um leve ar de desconfiança, a tensão em seus ombros crescendo enquanto a porta se fechava atrás do amigo. Ele então se virou para Catarine, que parecia mais pálida do que o normal, como um fantasma. "O que aconteceu? Você parece pálida como um fantasma," Christian perguntou, sua voz mais suave, mas ainda carregada de preocupação. Ele se aproximou, examinando o rosto dela, que estava levemente franzido.
Catarine hesitou, seu olhar se desviando por um instante. "Eu... não estou me sentindo bem," admitiu ela, a voz trêmula. "Caspian só estava me fazendo companhia enquanto eu tentava trabalhar na espada, mas acabei me sentindo enjoada e fraca." Christian franziu a testa, o ciúme começando a se dissipar ao perceber a vulnerabilidade dela. "Você deveria ter me chamado. Não quero que você se sinta assim, sozinha," ele disse, com sinceridade. "Se precisar de ajuda, eu estarei aqui." Ela sorriu de forma apreciativa, mas ainda havia uma sombra de incerteza em seu olhar. "Obrigada, amor. Eu só... não queria te preocupar. Estava apenas tentando ficar ocupada." "Não se preocupe com isso," Christian respondeu, agora mais relaxado. "Estamos juntos nessa. Qualquer coisa que você precisar, você pode me dizer." Catarine assentiu, mas havia algo em sua expressão que ainda a preocupava. Christian se aproximou um pouco mais, tomando a mão dela nas suas. "Você é forte, mas não precisa carregar o peso do mundo sozinha," ele afirmou, olhando nos olhos dela com determinação. "Eu sei, Christian. E eu prometo que vou te contar o que estiver acontecendo assim que eu souber," ela disse, sua voz mais firme.
"Está bem," Christian disse, permitindo um sorriso gentil surgir em seu rosto. "Só cuide de si mesma. Não quero que você desmaie ou algo assim. Agora, me conte como posso ajudar." Com isso, a tensão entre eles começou a se dissolver, dando espaço para um espaço de compreensão e apoio. No fundo, Christian sabia que a rivalidade e o ciúme poderiam ser desafios a enfrentar, mas a força do amor deles era ainda mais poderosa. Catarine, ainda sentada à mesa, observou Christian enquanto ele se movia pela cabana, preocupado com seu bem-estar. Um pensamento travesso cruzou sua mente, e, apesar da fraqueza, uma nova energia começou a surgir dentro dela.
"Christian," ela começou, um sorriso malicioso se formando em seus lábios, "eu tenho um pedido um pouco... peculiar." Christian parou, arqueando uma sobrancelha em curiosidade. "O que você deseja, minha loba?" "Eu gostaria de comer algo diferente, algo bem incomum. Talvez... um prato exótico? O que você acha de procurar ingredientes inusitados para um prato que possa me surpreender?" Christian hesitou, um sorriso divertido se formando no canto de seus lábios. "Exótico, é? O que você tem em mente? Não podemos simplesmente pegar um pão ou um pedaço de carne? Estamos em uma época em que a comida já é... um desafio." Catarine mordeu o lábio, sua imaginação correndo solta. "E se você fosse buscar coisas que normalmente não pensamos em comer? Que tal alguns insetos fritos? Ou quem sabe um ensopado de raízes de plantas que poucos se atreveriam a experimentar? Ou até mesmo uma sopa de ervas?"
Christian olhou para Catarine com uma mistura de confusão e diversão, seus olhos se arregalando ao ouvir os pedidos inusitados dela. "Que merda de pedidos são esses, amor?" ele exclamou, incapaz de conter a risada que escapava de seus lábios. Catarine soltou uma gargalhada, o som leve e contagiante ecoando pela cabana. "Eu sei, eu sei! Mas de repente, estou sentindo vontade de comer coisas... estranhas. Como, por exemplo, terra!" "Terra?" A expressão de Christian mudou para incredulidade, e ele se virou para ela, seus olhos brilhando de surpresa. O rubor rapidamente tomou seu rosto, enquanto ele tentava processar a declaração. "Amor... você... você está grávida?" Catarine piscou, o sorriso ainda dançando em seus lábios. "Talvez! Não estou completamente certa, mas essas vontades... não são normais." Christian começou a andar de um lado para o outro, seu cérebro tentando entender a situação. "Você realmente quer que eu vá buscar um pouco de terra para você comer?" Ele riu, mas a preocupação logo tomou conta de seu tom. "O que está acontecendo com você, Catarine?" Ela se inclinou para frente, o rosto iluminado pela emoção. "Estou dizendo que pode ser um sinal! Eu não me lembro da última vez que tive esses desejos estranhos. É como se o meu corpo estivesse pedindo algo que não faz sentido." "Isso é definitivamente estranho," Christian concordou, seu rosto ainda corado. "Mas... eu vou buscar um pouco de terra. Um pouco de terra não vai te fazer mal, certo?" Catarine acenou com a cabeça, tentando segurar a risada. "Não, claro que não! Apenas um pouco, você sabe, só para ver como é." Ele balançou a cabeça, ainda atordoado. "Por favor, não me faça buscar insetos fritos ou algo assim também. E o que mais você está pensando em comer? Frutos do bosque, flores, talvez até... pedras?"
Catarine soltou mais risadas, enquanto ele se afastava, imaginando a cena cômica de um marido em busca de terra para sua mulher grávida. "Não se preocupe, querido. Eu estou apenas explorando meu novo paladar! Mas se você encontrar alguma coisa interessante, eu não vou reclamar!" Christian sorriu, sabendo que a situação era única e, de alguma forma, especial. "Está bem, minha loba. Eu farei o que você pediu e trarei o que puder. E quem sabe... talvez você realmente esteja grávida." Os meses foram passando tranquilamente na alcateia, mas a vida de Christian e Catarine tornou-se uma montanha-russa de emoções e pedidos estranhos. O início da gravidez trouxe não apenas uma nova alegria, mas também uma onda de desejos que desafiavam a lógica. Catarine começou a pedir coisas que deixavam Christian em estado de perplexidade. Em um dia, ela expressou a vontade inusitada de comer cogumelos crus misturados com mel. Ele quase riu, mas decidiu que, se isso era o que ela queria, ele se aventuraria pela floresta para buscar os ingredientes. Em outra ocasião, ela pediu uma sopa feita com penas de pássaro e raízes desconhecidas. "Amor, isso não existe! Não podemos simplesmente... fazer sopa de penas!" ele exclamou, rindo e sacudindo a cabeça.
A cada mês, os pedidos de Catarine pareciam se tornar mais excêntricos. “Christian, hoje eu quero comer terra misturada com mel,” ela anunciou um dia, o olhar brilhando de entusiasmo. Ele não conseguia acreditar que tinha passado de terra pura para uma combinação com mel, mas, em seu coração, ele sabia que a felicidade dela era o que realmente importava. E assim, em uma tarde ensolarada, ele foi até o quintal e pegou um pouco de terra, misturando-a cuidadosamente com mel, apenas para ver o sorriso dela. No mês seguinte, ela pediu algo ainda mais surpreendente: “Preciso de um pouco de casca de árvore!” Christian, mais confuso do que nunca, hesitou, mas acabou se conformando. Ele não tinha certeza se ela estava brincando, mas, na dúvida, decidiu buscar uma casca de árvore fina e seca. Para sua surpresa, ela se deliciou com o lanche, mordiscando como se fosse uma iguaria. “Catarine, você está se tornando a rainha dos lanches estranhos,” ele comentou um dia, olhando para ela com uma mistura de admiração e espanto. “Isso é uma nova tendência entre as mulheres grávidas que eu não conheço?” Ela sorriu, os olhos brilhando com o desafio. “Talvez! A vida é cheia de surpresas, e eu só estou aproveitando.” À medida que os meses se passavam, os pedidos de Catarine continuavam a crescer em excentricidade. Ela pediu uma vez um prato de flores silvestres, alegando que a cor e o aroma eram irresistíveis. Em outra ocasião, quis experimentar um caldo feito de sapos, alegando que a textura era intrigante. Christian, rindo, acabou encontrando uma receita que não o deixasse completamente horrorizado, mas que ainda assim o surpreendeu.
Os habitantes da alcateia começaram a comentar sobre os gostos peculiares de Catarine, e Christian tornou-se conhecido como o marido que sempre trazia iguarias estranhas. Ele se sentia um pouco envergonhado, mas, ao mesmo tempo, era divertido ver as reações de seus amigos ao descreverem as invenções culinárias de sua esposa. A cada novo pedido, Christian se tornava mais e mais protetor e atencioso, querendo garantir que Catarine tivesse tudo o que desejava, mesmo que isso significasse arriscar sua própria sanidade com pedidos bizarros. Ele estava decidido a apoiá-la em cada passo da jornada e a fazer tudo para que a gravidez dela fosse a mais feliz possível. E assim, entre risadas, pedidos estranhos e momentos de pura felicidade, a expectativa pelo nascimento do bebê crescia, e Christian sabia que, independentemente de quão excêntricos fossem os desejos de Catarine, a aventura estava apenas começando.
Naquela noite de lua cheia, o céu estava claro e iluminado, refletindo a beleza da natureza ao redor da alcateia. As árvores sussurravam sob a brisa suave, e o cheiro da terra fresca era um convite ao esplendor da vida selvagem. Catarine, em sua forma lupina, sentia a energia pulsante da lua. Seu abdômen estava um pouco abaulado, evidenciando o crescimento saudável da criança que esperava, e isso a fazia sentir-se poderosa e conectada. Christian, em sua forma lupina também, estava ao seu lado, os instintos protetores mais aflorados do que nunca. Ele observava cada movimento de Catarine com um olhar atento, os sentidos aguçados e prontos para qualquer eventualidade. O cheiro do sangue fresco da carcaça de um coelho que havia caçado antes perfumava o ar, e ele estava deliciando-se com o banquete, mas havia uma tensão palpável em sua alma. Algo parecia diferente. Catarine aproximou-se dele, o focinho branco sujo de terra e sangue, e com um olhar quase travesso, pediu: “Christian, quero algo diferente esta noite.” A voz dela, ainda carregada de instintos, soava quase como um sussurro, um pedido que desafiava o entendimento.
Ele parou, focando em sua expressão, tentando decifrar o que ela queria. “Diferente? O que você quer, amor?” Ele sabia que ela estava cheia de vontades estranhas e incomuns, mas a ideia de se afastar do instinto de caçar e devorar a carne fresca de uma presa o deixou intrigado e, de certa forma, apreensivo. “Não quero cervos ou lebres. Quero algo… mais exótico.” Ela olhou para o horizonte, seus olhos refletindo a luz da lua. Christian franziu a testa, um misto de preocupação e curiosidade. “Exótico como…?” A pergunta pairou no ar, e o ar noturno parecia se agitar ao seu redor. Ele sentia a conexão deles, mas a necessidade de proteger Catarine e o bebê que crescia dentro dela era o mais forte. “Eu não sei…” Os uivos distantes dos lobos ecoavam pela floresta, enquanto a luz prateada da lua iluminava o caminho. A cada mês, seus desejos estranhos se tornavam mais intensos, e naquela noite, uma ideia ousada tomava forma em sua mente. "Eu apenas acho que quero…" ela começou, sua voz suave e sedutora. "Uma presa que desafia a lógica…" Christian a olhou com preocupação. "O que você tem em mente, amor?" A expressão dele era uma mistura de confusão e cautela, e ele conhecia bem os caprichos de sua esposa. Catarine hesitou, lutando contra o desejo que a consumia. "Não é nada... só um cervo. Estou apenas pensando em algo mais... especial," disse ela, tentando disfarçar a verdade. A ideia de devorar uma presa que não fosse animal a deixava inquieta, mas sabia que não poderia deixar Christian saber.
"Está bem," Christian concordou, alheio ao que realmente passava pela cabeça dela. Ele olhou para a floresta, seu instinto protetor aflorando. "Vou procurar algo bom para nós. Fique aqui." Assim que Christian se afastou, Catarine sentiu um misto de alívio e ansiedade. Finalmente sozinha, longe dos olhares atentos de seu marido, ela começou a se mover furtivamente pela mata. A adrenalina corria em suas veias, e um sorriso travesso se formou em seus lábios. Era hora de buscar o que realmente desejava. Ela se dirigiu para a aldeia próxima, onde as luzes das casas brilhavam como estrelas na escuridão. O cheiro dos humanos era intenso no ar, e isso a atraía como um imã. Desde que se tornara mãe, sentira-se mais ligada à sua natureza primal, e a ideia de satisfazer essa nova necessidade a excitava. Com passos furtivos, Catarine se esgueirou entre as árvores, utilizando suas habilidades lupinas para se camuflar nas sombras. A aldeia estava tranquila, as pessoas despreocupadas em suas atividades, sem ideia do que se aproximava. Quando ela chegou à borda da aldeia, sua respiração se acelerou. O cheiro do sangue humano era quase intoxicante, e isso a impulsionou a avançar.
Ela espreitou pelas janelas, observando as famílias reunidas, rindo e compartilhando histórias. Cada risada, cada batida de coração pulsante que ela ouvia, parecia um chamado, uma canção hipnotizante que a atraía mais e mais para o centro da aldeia. Então, avistou uma jovem mulher, sozinha, caminhando pela rua, sem se dar conta do perigo que a cercava. O desejo de Catarine se intensificou, mas, ao mesmo tempo, uma voz interna a alertava para os riscos de seu ato. Ela sabia que precisava ter cuidado, especialmente porque não podia deixar Christian descobrir a verdadeira natureza de seu desejo. "Desculpe," murmurou para si mesma, enquanto hesitava, a luta interna entre o que desejava e o que sabia que não poderia fazer crescendo dentro dela. A imagem do marido preocupado a impediu de avançar. Catarine se afastou da aldeia, o coração acelerado não só pela adrenalina, mas também pela necessidade de esconder seu desejo. Ela respirou fundo, tentando se acalmar enquanto se lembrava da última caçada. "Eu não posso fazer isso," pensou. "Ele nunca entenderia." Quando Christian voltou, carregando um cervo que ele havia caçado, seu olhar estava repleto de amor e preocupação. "Consegui isso para nós," ele disse, sorrindo. "Espero que esteja com fome." Catarine forçou um sorriso, tentando ignorar a vontade pulsante dentro dela. "Está ótimo, amor," respondeu, enquanto sua mente lutava para esconder o que realmente a atormentava. Assim, naquela noite de lua cheia, enquanto Christian se preparava para a refeição, Catarine olhou para a lua e fez uma silenciosa promessa a si mesma. Ela não iria deixar seu marido descobrir seu desejo por sangue humano. Não ainda.
Nos meses finais da gravidez de Catarine, a atmosfera na alcateia estava carregada de uma tensão silenciosa. As noites de lua cheia se tornaram eventos importantes, mas para Christian, eram também um motivo de preocupação crescente. Ele observava sua esposa com um olhar protetor, seus instintos lupinos aguçados sempre prontos para defendê-la e ao filho que estava por vir. Naquela noite, a lua brilhava intensamente, seu brilho prateado refletindo na pelagem dos lobos que se preparavam para a caçada. "Catarine, por favor, fique aqui esta noite," Christian implorou, segurando as mãos dela com delicadeza. "Eu mesmo vou procurar por algo. Não quero que você saia da alcateia." Ela assentiu em silêncio, sua expressão tranquila escondendo a tempestade que se formava dentro dela. Christian, sempre tão atencioso, não sabia que, por trás daquela fachada calma, seus desejos mais obscuros a consumiam. Enquanto os outros lobos se preparavam para a caçada, a mente de Catarine começou a vaguear, e sua expressão mudou, tornando-se mais intensa, quase sombria.
Assim que Christian e os outros partiram, levando consigo a segurança da alcateia, a tensão dentro dela se transformou em determinação. O que era um simples desejo por comida se tornara uma necessidade quase incontrolável. Enquanto o som das patas dos lobos se afastava, Catarine se permitiu um sorriso malicioso. A luz da lua parecia brilhar apenas para ela, como se a estivesse chamando para fora das sombras. “Eu não posso ficar aqui,” ela murmurou para si mesma, a voz baixa e cheia de decisão. O desejo de se afastar e explorar o que sua natureza estava implorando a tornou mais ousada. Catarine rapidamente se transformou em sua forma lupina, as mudanças em seu corpo se revelando de maneira poderosa sob a luz da lua. Ela se moveu para fora da alcateia, seus instintos guiando-a. O cheiro do ar fresco e a liberdade da noite a envolviam, mas havia algo mais que a atraía — a necessidade de buscar algo que não podia mais ignorar. Com passos silenciosos, ela se aventurou na floresta, sentindo a emoção correr em suas veias enquanto se afastava do abrigo que Christian tanto desejava para ela.
Enquanto avançava, seu coração pulsava forte, não apenas pela adrenalina da caçada, mas pela ideia de realizar seu desejo secreto. A lua cheia iluminava seu caminho, cada passo a levando mais perto do que realmente queria, mesmo que soubesse que isso significava desobedecer ao marido que a amava tanto. Os sons da floresta a envolviam — o farfalhar das folhas, o uivar distante de outros lobos —, mas Catarine estava focada. As visões de sua antiga vida como loba a perseguiam, e a necessidade de se conectar com essa parte de si mesma estava se tornando insuportável. Ela queria mais do que simples carne de cervo; seu corpo e sua mente clamavam por algo mais intenso, algo que não poderia compartilhar com Christian. Quando finalmente chegou a uma clareira, seus instintos a levaram a uma aldeia próxima. Ela ficou em silêncio, espreitando as sombras, observando as luzes brilhantes das casas e sentindo a presença pulsante da vida humana. O cheiro do sangue humano era quase embriagante, uma chama que iluminava sua natureza primitiva.
"Eu não posso, eu não posso," ela repetiu para si mesma, mas a luta interna só a tornava mais determinada. Mesmo sabendo que isso poderia levar a consequências devastadoras, a tentação se tornava cada vez mais forte. Catarine hesitou na borda da clareira, sentindo a lua cheia iluminando seu corpo com uma luz prateada. Com um último olhar para a alcateia, onde seu marido e os outros estavam caçando, ela avançou para o desconhecido, decidida a satisfazer o desejo que a consumia. Catarine avançou lentamente pela clareira, cada passo a aproximando do que sua natureza havia exigido. O cheiro do sangue humano pairava no ar, intoxicante e sedutor, enquanto a luz da lua refletia em sua pelagem, que, naquele momento, parecia brilhar com uma tonalidade prateada mais intensa. No entanto, conforme a adrenalina tomava conta dela, seu pelo começava a adquirir um tom mais cinza, como se sua essência lupina estivesse mudando, abraçando a selvageria que sempre esteve adormecida. Enquanto se movia na escuridão, Catarine se transformou em um predador, os instintos tomando conta de sua mente. Ela estava em busca de uma vítima, alguém que não pudesse fazer alarde, alguém que pudesse ser facilmente dominado. Seus sentidos aguçados a guiavam, até que seus olhos se fixaram em uma figura solitária, um homem que voltava para casa, alheio ao perigo que o cercava. A figura, de passos descompassados e voz embriagada, riu para si mesma enquanto caminhava, sem saber que a morte estava prestes a encontrar seu caminho. Catarine ficou em silêncio, observando o homem, sentindo o coração pulsar em um ritmo frenético. Com um movimento ágil e furtivo, ela se posicionou atrás dele, os músculos preparados para atacar, um brilho predatório em seus olhos. Quando o homem virou a esquina, Catarine saltou, sua forma lupina se lançando na escuridão como uma sombra vingativa. Ela o derrubou com facilidade, a carne vulnerável se rendendo sob o peso de sua ferocidade. O homem gritou, mas seu som foi rapidamente abafado por um uivo primal que ecoou pela floresta.
A adrenalina e o desejo a consumiam enquanto ela mordia seu pescoço, a textura da carne humana sob suas mandíbulas despertando algo profundo e visceral dentro dela. O sabor quente e salgado do sangue preenchia sua boca, e Catarine se deixou levar por um frenesi insaciável. Cada gole a aproximava de uma satisfação que ela nunca soubera que existia, sua forma lupina se entregando completamente à natureza bestial que a acompanhava. Enquanto o homem lutava para se libertar, Catarine o segurou com força, seus olhos se transformando em um abismo de selvageria. O mundo ao seu redor desapareceu; tudo o que importava era a carne sob seu corpo e o desejo que finalmente estava sendo satisfeito. A luta foi breve, e logo a resistência do homem se apagou, deixando apenas o silêncio e o eco distante da floresta. Quando ela se afastou, o corpo inerte de sua vítima caía em um estado de abandono. O coração de Catarine batia intensamente, e um uivo de triunfo escapou de seus lábios. Naquele momento, a lua cheia a observava, testemunhando a transformação que acabara de ocorrer. E enquanto o sangue escorria de seus lábios e suas garras se cravavam na terra, ela sentiu que havia cruzado uma linha irreversível. Seu pelo agora era um pouco mais cinza, um reflexo do que havia se tornado. A selvageria estava dentro dela, e a parte humana que havia lutado para permanecer estava desaparecendo. A luz da lua banhava o cenário macabro, e Catarine, a loba, se entregou à sua nova realidade, uma predadora nas sombras, completamente livre e sem remorsos.
A lua cheia a iluminava, mas não poderia apagar a escuridão que se aninhava em seu coração. Sentou-se no chão da floresta, sentindo a umidade da terra fria sob seu corpo, enquanto os pensamentos tumultuados se chocavam em sua mente. Por um lado, sua essência lupina a exortava, uma voz primal que sussurrava sobre a necessidade de caçar, de se alimentar da carne de seres humanos, como um instinto natural e inato. Era um apelo tão profundo que ela não conseguia ignorá-lo; a própria natureza a estava chamando. Contudo, uma outra parte dela, aquela que ainda lutava por seu humano, se debatia com o que havia feito, questionando cada aspecto da sua decisão. Como era possível que a escuridão fosse tão tentadora, tão deliciosa? O deleite que sentira ao consumir a carne estava agora gravado em sua memória, um vício que a chamava como uma canção hipnótica. Cada vez que ela fechava os olhos, era como se o sabor a perseguisse, uma lembrança do que acabara de experimentar, e o desejo por mais crescia dentro dela. Christian... A lembrança de seu marido a fez estremecer. Como poderia olhar em seus olhos novamente, sabendo que ela havia se entregado a um ato tão monstruoso? Ele que sempre foi seu porto seguro, seu amor e protetor, merecia a verdade. Mas a verdade também poderia destruí-lo, e essa ideia a paralisava. A culpa a corroía, uma sombra que se espalhava em sua consciência, embora a tentação de repetir o ato crescesse a cada momento.
E se o que sentia não fosse apenas uma fase passageira da gravidez? Se o desejo por sangue humano não fosse apenas um capricho hormonal, mas algo mais profundo e enraizado em seu ser? Essa possibilidade a aterrorizava, e o medo do que poderia se tornar começou a se misturar à excitação do poder que sentira. Era uma luta interna, um embate entre a loba e a mulher, entre a moralidade e a liberdade. O silêncio da floresta a envolvia, e o canto distante de um corvo se transformou em um lamento. As estrelas brilhavam lá em cima, mas o brilho da lua parecia mais intenso, como se estivesse ciente da batalha que se desenrolava dentro dela. O instinto animal a puxava para a escuridão, mas sua alma se debatia, buscando uma saída, um retorno à luz. Ela queria mais. O desejo por carne humana era como um fogo que queimava em seu interior, e cada pensamento a levava mais fundo nesse abismo. Era um vício que se enraizava em sua essência, uma paixão que ela nunca pedira, mas que agora sentia como uma parte dela. Catarine suspirou, olhando para o céu. Havia uma linha tênue entre o que ela era e o que poderia se tornar. Seria capaz de enfrentar essa nova realidade? Ela se levantou, ainda em choque com o que havia feito, decidida a encarar o que viria. Naquela noite, os sussurros da escuridão prometiam mais, e Catarine sabia que essa seria uma luta que ela não poderia vencer sozinha.
O dia do parto de Catarine começou com uma atmosfera densa e tensa na alcateia. A luz da manhã filtrava-se através das copas das árvores, criando padrões dançantes no solo da floresta. As sombras pareciam se alongar, como se a própria natureza estivesse ciente da importância daquele momento. Os lobos se moviam inquietos, ansiosos e protetores, mas um ar de expectativa e preocupação permeava o ambiente. Catarine estava em sua cabana, rodeada por almofadas feitas de peles e cobertores, um espaço que ela havia preparado com cuidado. Sua respiração estava pesada, e a dor das contrações a atingia com força, uma lembrança constante do que estava por vir. O coração batia acelerado em seu peito, um tambor que acompanhava o ritmo de seu corpo. Era um sinal claro de que a hora se aproximava. Christian estava ao seu lado, sua presença forte e protetora. Ele não se afastava, com os olhos fixos na mulher que amava, e em seu abdômen abaulado, onde um novo ser se formava.
“O que você precisa, amor?” Ele perguntou, seu tom era uma mistura de preocupação e ternura. Ele acariciava seu rosto, seus dedos acariciando suavemente sua pele, como se tentasse transmitir um pouco de força e conforto. “Estou bem, apenas... um pouco de água,” respondeu Catarine, embora a dor nas costas a fizesse contorcer-se levemente. Christian imediatamente se levantou, pegando uma cabaça de água fresca e voltando rapidamente, suas mãos trêmulas de ansiedade. Ele se sentou ao lado dela, segurando a cabaça para que ela pudesse beber. O tempo parecia se arrastar. Cada contração era mais intensa, e Catarine sentia como se estivesse sendo puxada para o abismo, mas ao mesmo tempo, uma força desconhecida a impulsionava para frente, empurrando-a a atravessar esse limiar. Os sons da floresta ao redor se tornaram uma sinfonia distante; o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas, e o sussurrar do vento eram uma mistura de apoio e encorajamento. Ela se permitiu concentrar-se nesses sons, enquanto a dor aumentava e diminuía, como as ondas do mar. “Lembre-se do que discutimos, amor,” Christian disse, a voz firme e encorajadora. “Você é forte. Você é uma loba. Isso é natural.”
Catarine assentiu, mesmo que as palavras não pudessem eliminar a dor que a envolvia. Ela fechou os olhos, permitindo-se entrar em um estado de meditação, onde podia sentir o vínculo com os lobos que a rodeavam. O cheiro da floresta, a terra úmida e o frescor do ar a acalmavam um pouco, enquanto a conexão com a natureza a guiava. Depois de várias horas, a dor atingiu seu pico. Catarine gritou, um som primal que ecoou pela floresta, fazendo com que os lobos nas proximidades uivassem em resposta, como se estivessem oferecendo apoio e força àquela que carregava o futuro da alcateia. Christian agarrou a mão dela, seus olhos cheios de amor e respeito. “Quase lá, meu amor. Você consegue,” ele a encorajou, sua voz era um farol em meio à tempestade. Finalmente, em um momento de pura entrega, com um último grito que cortou o silêncio da floresta, Catarine deu à luz. O choro do recém-nascido preencheu o ar, um som vibrante e poderoso que parecia reverter o fluxo do tempo. As lágrimas de Catarine escorriam pelo rosto enquanto ela olhava para o pequeno ser em seus braços.
Christian, atordoado, olhou para o filho, seus olhos brilhando de emoção. “Nós conseguimos, amor. Nós fizemos isso juntos.” Catarine sorriu através das lágrimas, olhando para o rosto pequeno e perfeito. O mundo ao seu redor desapareceu, e naquele momento, tudo que existia era o amor que compartilhavam. O filho deles, uma nova vida em meio à floresta antiga, simbolizava esperança e continuidade em um mundo muitas vezes sombrio. Os lobos da alcateia se reuniram do lado de fora, e mesmo na dor e no esforço, Catarine sentiu um profundo alívio. O ciclo da vida se perpetuava. Ela havia trazido um novo membro para a alcateia, e a conexão que sentia com a natureza, sua família, e com seu filho, fez todo o esforço parecer insignificante. Christian não conseguia desviar o olhar do pequeno ser em seus braços. A luz suave que entrava pela janela iluminava o rosto do bebê, e ele ficou encantado ao ver que a criança era uma verdadeira cópia dele. Os mesmos cabelos negros, lisos e brilhantes, e os olhos negros como obsidiana brilhavam intensamente, refletindo um futuro cheio de promessas. A admiração e o amor por essa nova vida inundavam seu coração, uma emoção tão poderosa que quase o deixava sem palavras.
Catarine, ainda ofegante e um pouco cansada, observava Christian com uma mistura de orgulho e felicidade. A dor do parto começava a desaparecer, substituída por um calor suave que se espalhava por todo o seu ser. Ver seu marido segurando seu filho com tanto amor e devoção fez seu coração transbordar de alegria. "Que nome vamos dar a ele?" ela perguntou, a voz suave e carregada de emoção. Christian virou-se para ela, os olhos brilhando com uma intensidade que ela nunca havia visto antes. "Caleb," respondeu ele, a palavra saindo como um sussurro reverente, quase como se fosse um encantamento. “Caleb Sastre.” O nome ecoou na mente de Catarine, e ela sorriu, deixando que o som se estabelecesse em seu coração. Era perfeito. Caleb. O nome que ressoava com força e significado, um símbolo de novos começos e esperança. “Caleb,” ela repetiu, experimentando a sonoridade. Era um nome forte, cheio de vida e significado, que se encaixava perfeitamente na imagem de seu filho.
Christian se aproximou, inclinando-se para mais perto de Catarine, enquanto mantinha o bebê em seus braços com uma delicadeza que parecia quase sobrenatural. “Ele é perfeito,” disse ele, o tom de sua voz carregado de admiração. “Olhe para ele, amor. É como se parte de nós estivesse ali, e ao mesmo tempo, algo totalmente novo.” Catarine concordou, seus olhos fixos no pequeno rosto. O coração dela se encheu de ternura ao ver Christian, que sempre foi tão forte e protetor, agora revelando um lado mais suave e vulnerável. Ela podia ver o amor incondicional que ele já sentia por Caleb, e isso a fez amar ainda mais seu marido. Christian inclinou-se um pouco mais, a ponta do nariz quase tocando a pequena cabeça de Caleb. “Prometo que sempre estarei aqui para vocês dois,” murmurou, a sinceridade em suas palavras ressoando com profundidade. “Vou protegê-los de qualquer coisa, custe o que custar.” Catarine sentiu a emoção percorrer seu corpo, e seu coração aquecido pela promessa que ele havia feito. Ela percebeu que, apesar das dificuldades e dos desafios que enfrentariam, eles teriam um ao outro e a seus filhos para suportar tudo. A família que estavam construindo era um verdadeiro presente, e aquele pequeno ser que agora os unia traria alegria e luz às suas vidas. O tempo parecia ter desacelerado, e todos os sons ao redor desapareciam enquanto eles compartilhavam aquele momento precioso. O choro suave de Caleb, o calor do corpo de Christian, e o cheiro da madeira da cabana onde agora se sentiam completos, tudo isso era parte de um novo e lindo capítulo que estava começando. “Caleb Sastre,” murmurou Catarine, encantada com o som do nome. Ela se sentiu mais forte, mais completa, e sabia que enfrentariam o futuro juntos, como uma verdadeira alcateia.