Após o nascimento de Caleb, Catarine encontrou paz e uma nova rotina entre os cantos da alcateia. Com o passar das semanas, sua ferocidade nos campos de batalha deu lugar à delicadeza de novas criações. Pintava com dedicação, suas telas preenchidas com cenas que eternizavam aqueles que amava — retratos de Christian, com seu semblante sereno, os lobos que caçavam sob a luz da lua, e especialmente Caleb, que capturava em cada traço, guardando seus olhares e expressões como memórias emolduradas. A guerreira transformou-se também em artesã, com mãos agora habilidosas em tecer e moldar. Fez cerâmicas de formas únicas, vasos e potes que enfeitavam a cabana onde viviam; produzia tecidos para adornar as paredes, em cestas trançadas com paciência, tapeçarias com histórias bordadas, e com o fio e a agulha, confeccionava crochês e tricôs que aqueciam o lar. A casa que dividia com Christian e Caleb tornou-se um santuário dos tesouros criados por ela, cada canto repleto de sua arte e amor, que sustentavam a alma da pequena família.
Christian revelou-se o pai mais dedicado e protetor que alguém poderia imaginar. Desde o primeiro dia de vida de Caleb, ele não deixava o pequeno fora de sua vista por muito tempo. Sempre atento, Christian observava cada movimento do filho, preocupado com qualquer sinal de desconforto ou necessidade. Quando Caleb chorava, Christian era o primeiro a pegá-lo nos braços, embalando-o com uma voz suave que contrastava com sua natureza selvagem, acalmando o bebê até que ele voltasse a dormir. Cada nova conquista de Caleb era celebrada como uma grande vitória: o primeiro sorriso, a primeira risada e, mais tarde, os primeiros passos vacilantes. Christian acompanhava tudo com os olhos brilhando de orgulho. Era comum vê-lo se abaixar para ajudar Caleb a caminhar pela alcateia, mostrando ao filho pequenos segredos da floresta e observando atentamente qualquer sinal de perigo. Para ele, Caleb era seu maior tesouro, e os outros lobos frequentemente brincavam, chamando-o de "pai coruja" por sua dedicação incansável. E Christian, longe de se incomodar, sorria com satisfação. Esse amor imenso preenchia seu coração e dava-lhe uma nova razão de viver, além da alcateia e das batalhas, tornando-o não só um guerreiro, mas também um pai cheio de ternura e devoção. O tempo passou e Caleb cresceu rapidamente, ganhando mais habilidades e desenvolvendo uma personalidade única. Catarine e Christian viam nele uma mistura de sua própria força e paixão, assim como uma ternura que era toda sua. Eles compartilhavam responsabilidades com o zelo que tinham pelo filho, alternando-se para cuidar dele. Christian continuava a ser o pai protetor que sempre fora, enquanto Catarine se tornava uma figura maternal carinhosa, sempre pronta com abraços e risadas.
Era uma noite tranquila, a lua iluminava suavemente o interior da cabana, onde Christian, Catarine, e o pequeno Caleb estavam aconchegados. Caleb, já envolto nos braços quentes dos pais, dormia com o rosto sereno, enquanto Catarine acariciava os fios negros e macios de seu cabelo, que se assemelhavam aos do pai. Ela olhou para Christian, que observava o filho com um sorriso orgulhoso. "Ele se parece tanto com você," ela murmurou, com um toque de carinho na voz. Christian deslizou o braço ao redor dela, puxando-a mais para perto. "E isso só me faz amar vocês dois ainda mais," disse ele com ternura. "Você me deu um filho que carrega parte de mim, e eu o amo mais do que consigo expressar." O tom de seu sussurro era profundo, quase reverente, enquanto seus olhos brilhavam ao olhar para Caleb. Por um momento, o sorriso de Catarine refletiu o dele, mas logo uma sombra de preocupação atravessou seu rosto. Ela hesitou antes de perguntar: "Ele também é?" Christian franziu a testa, confuso. "É o quê?" "Um lobisomem," ela respondeu baixinho, seu olhar fixo no rosto inocente de Caleb. Christian balançou a cabeça e passou a mão com suavidade pelo rosto dela. "É claro que é. Ele é nosso filho. Isso é o que somos," respondeu com segurança. Catarine apenas assentiu, mas por trás daquele gesto, havia uma tristeza oculta. Durante os últimos meses, ela vinha guardando um segredo. Desde que engravidara de Caleb, algo sombrio havia despertado dentro dela, algo que inicialmente ela atribuiu a um desejo estranho da gravidez. O apetite intenso por carne humana, que ela pensara que passaria com o nascimento de Caleb, só tinha se intensificado.
O desejo era insaciável, uma fome quase insuportável que só se aliviava com novas caçadas. No início, ela havia mantido esse lado sombrio sob controle, caçando uma única presa, acreditando que era apenas uma fase temporária. Mas logo percebeu que isso estava longe de ser suficiente. No silêncio das madrugadas, Catarine saía escondida, sempre esperando que Christian adormecesse profundamente antes de deixar a cabana para satisfazer sua fome secreta. Voltava antes do amanhecer, ainda com o sabor amargo da culpa em sua boca. Sua pelagem, que antes era clara e viva, agora ficava cada vez mais cinza, mais escura a cada noite, refletindo a mudança que ela sentia em sua alma. Christian, em algum momento, havia notado a transformação em sua cor e comentado sobre isso, questionando com preocupação. Ele sabia bem o que significava essa mudança, mas ela desviara, alegando que era exaustão do parto ou estresse da nova vida como mãe. Entretanto, por dentro, ela sabia que aquilo não era o cansaço – era a escuridão tomando conta de seu coração, e o apetite voraz que Caleb parecia ter despertado em sua alma agora era um segredo que ela guardava, com medo de que Christian, e talvez toda a alcateia, descobrisse a nova natureza que ela mal conseguia conter.
Naquela noite, Catarine mal conseguia conter a fome insaciável que queimava dentro dela. Sentia a pulsação daquele desejo sombrio, um chamado que a empurrava para fora da cabana, para a escuridão da floresta. Mas, antes de ceder, sabia que precisava garantir que Christian adormecesse. Ao lado dela, Caleb dormia tranquilamente, pequeno e indefeso, o rostinho sereno, alheio aos segredos da mãe. Ela se virou para Christian, seu olhar brilhando sob a penumbra suave do quarto. Com um toque delicado, começou a acariciar seu braço, deslizando a mão lentamente, cada gesto calculado. Seus toques se tornaram mais intensos, mais ousados, e ela o envolveu em seu calor, deixando que a ponta dos dedos deslizasse pela pele dele, que já começava a se arrepiar. "Cate…" ele murmurou, a voz sussurrante, enquanto seus olhos se desviavam instintivamente para o filho adormecido ao lado. Ela ignorou a hesitação, aproximando-se mais, sua mão firme e reconfortante. "Tudo bem," sussurrou, tranquilizando-o com um sorriso persuasivo. "Ele está dormindo." Deslizando as mãos pelo peito dele, puxou levemente a túnica do marido, revelando as tatuagens que ela tanto amava. Seus olhos brilhavam com intensidade, um misto de sedução e urgência. "Você não me quer, Sas?" Ela sussurrou contra seus lábios, o apelido que ela sempre usava para ele soando quase como um convite inevitável.
Christian respirou fundo, o toque dela despertando o que se encontrava adormecido em seu íntimo. Sua mente, porém, tentou resistir, lembrando-o do sono leve de Caleb, da tranquilidade da noite. Mas seu corpo respondia ao dela, despertando suas vontades secretas. "Eu sempre te quero," ele sussurrou, entregando-se pouco a pouco. Os dedos dela encontraram seu cabelo, afundando ali com uma intimidade familiar. Ele gemeu baixinho, a sensação de ter aquele toque aconchegante fazendo-o se esquecer de tudo. "Então prove," ela desafiou, sua voz suave como um sussurro, enquanto suas mãos deslizavam por baixo da roupa dele, arranhando de leve a pele nua com uma pressão deliberada. Christian tentou se conter, mas as palavras dela já haviam provocado um fogo dentro dele, incitando seus desejos mais profundos. Com uma súbita ação, ele a envolveu em seus braços, puxando-a para mais perto, deixando que ela sentisse a extensão de seu desejo. Catarine se arqueou contra ele, aprofundando o beijo, sua urgência tornando-se mais evidente. Christian sentiu o corpo dela tremendo contra o seu, e por um instante, tentou se lembrar do filho dormindo a poucas dezenas de centímetros dali. Mas sua força de vontade estava se desintegrando rapidamente, a vontade tomando o lugar de qualquer pensamento racional. Ele envolveu uma mão com seu cabelo, puxando sua cabeça para o lado, expondo a extensão do pescoço, onde pousou os lábios com beijos vorazes.
"Tudo bem Sas..." Catarine murmurou, "Vai ser rápido, e seremos silenciosos." Ela disse confiante, tirando suas roupas e terminando de despir o marido. Christian estava deitado confortavelmente na cama e Catarine, com um movimento ágil, montou-se em cima dele, assim como fazia em suas cavalgadas, só que naquela noite, ela iria galopar em algo diferente. Ela movia e controlava os movimentos enquanto Christian segurava sua cintura, movendo seus quadris e aprofundando as estocadas. Nada muito frenético, para não acordar o filho. Mas mesmo assim, isso não impedia dos dois demonstrarem o amor e o desejo que tinham um pelo outro. Christian segurava com força a cintura de Catarine enquanto ela montava em cima dele. Sentia seu corpo quente, a respiração se misturando com a sua, enquanto se perdiam no intenso prazer compartilhado. Cada movimento, cada pressão, era como um aceno da paixão que sempre os unia. Ele podia sentir o batimento descompassado de seu próprio coração, enquanto observava o olhar dela, intenso e enfeitiçado, enquanto ela se movia com uma precisão quase hipnótica. "Cate..." ele murmurou, a voz se perdendo na noite enquanto sua mente se entregava à sensação do prazer percorrendo seu corpo. Aos poucos, sua mão subiu, tocando o rosto dela, sentindo a pele suave sob seus dedos. Catarine sorriu, mordendo o lábio inferior, enquanto continuavam aquele ritmo secreto que só pertencia a eles. A respiração de Christian tornou-se mais superficial, os dedos se prendendo com mais força nas curvas do corpo dela, como se ele tentasse prolongar cada momento àquele.
Ela podia sentir o quão perto ele estava – por aquele olhar, o aperto de seus dedos, mas ela também ainda não se satisfizera plenamente, então moveu os quadris com mais força, com mais precisão, tentando prolongar aquele breve momento de escape da realidade em que estavam vivendo. Christian arfou, suas unhas deslizando na pele da cintura de Catarine, buscando uma ancoragem contra o prazer que tomava conta de seu ser. Ela abaixou a cabeça, mordiscando seu lábio, enquanto um pequenino suspiro escapava de sua boca. "Cate...ah!" Christian gemeu, tentando se conter o máximo possível, seus sons de prazer eram mínimos e silenciosos em respeito ao filho, embora a respiração completamente irregular, denunciava o prazer que ambos sentiam. "Sas..." Ela murmurou de novo. Mordendo os lábios e beijando sua boca para abafar ambos os gemidos de prazer. O clímax estava bem próximo. Entre gemidos silenciosos, Catarine se aproximava cada vez mais do clímax de prazer. A respiração descompassada do marido só aumentava a excitação que percorria seu corpo, fazendo-a mover com ainda mais força, com mais intensidade. Aproximando-se do ápice, ela afundou a cabeça no pescoço de Christian, gemendo baixinho contra a sua pele, enquanto sentia toda aquela corrente elétrica que percorria seu corpo. "Sas... amor..." Christian também não ficou atrás, ele segurou as nádegas de sua esposa com força, pronto para se derramar dentro dela.
Catarine sentiu as mãos de Christian apertarem suas nádegas com força, um gesto que mostrava que ele também estava à beira do clímax. Era uma sensação familiar, um toque que despertava o desejo e a proximidade entre eles. Ela aumentou o movimento, aumentando a pressão em seus quadris, buscando aquele momento de êxtase juntos. Os poucos momentos que ainda tinham eram preciosos, uma brecha na rotina familiar que só eles podiam ter. Os gemidos deles continuavam baixos, uma tentativa frustrada de esconder a intensidade do prazer compartilhado entre os dois naquele quarto. Ela se entregava completamente, enquanto o marido a segurava com força, os dedos afundando na carne de suas nádegas. "Sas..." ela murmurou de novo, com a voz entrecortada pelo prazer e pela tentativa de conter o som. Estavam cada vez mais perto, cada movimento aproximando ainda mais o momento de liberdade naquela noite que eram só deles. Christian finalmente não conseguiu segurar mais e se derramou dentro de Catarine. Os lábios dela eram mordidos pelo marido, enquanto tentava conter os tremores da noite, como um terremoto descontrolado. Os olhos de Catarine estavam fechados, entregue à extrema sensação de prazer que percorreu seu corpo. Ela arfou contra a pele dele, ainda trêmula pelos efeitos do orgasmo compartilhado. A respiração de ambos ainda era entrecortada, enquanto tentavam recuperar o fôlego após a intensidade daquele momento de conexão. Christian afundou a cabeça no travesseiro, tentando processar as sensações que ainda percorriam seu corpo. "Cate..." ele murmurou em meio à respiração descompassada, "Minha Cate..." Catarine se moveu de volta para o lado dele, aninhando-se perto de seu peito. Seus olhos estavam pesados e um pequeno sorriso ainda tocando seus lábios. "Estava com saudades disso", ela revelou baixinho, a voz ainda rouca. "Eu também..." Ele admitiu abraçando ela com força, os olhos dele se voltando para o filho que ainda dormia ao lado deles. "Graças aos deuses ele não acordou." Catarine olhou para o filho, também aliviada por ele ainda estar dormindo profundamente. Ela se aconchegou mais no abraço do marido, a mão deslizando pela pele quente e suada de Christian, em um gesto carinhoso. "Foi por pouco," ela murmurou com um riso abafado, acariciando seu peito.
Enquanto estava com Christian, sua mente dividia-se entre o calor de seus toques e a voraz antecipação que a aguardava na floresta, onde poderia saciar o desejo inconfessável que crescia dentro dela. Cada gesto, cada carícia que oferecia a ele, era uma estratégia calculada, um jogo para deixá-lo exausto, rendido ao sono profundo que sabia que ele precisava, para então poder sair sem levantar suspeitas. Após algum tempo, finalmente, a respiração de Christian começou a ficar lenta e pesada, seu corpo relaxado ao lado dela, adormecido e satisfeito. Sorrateira, Catarine se levantou devagar, certificando-se de que ele estava completamente alheio a seus movimentos. Vestiu-se em silêncio. Caleb continuava dormindo tranquilamente, e ela lançou um último olhar ao filho antes de deslizar para fora da cabana. Na penumbra da noite, seu corpo já começava a se transformar, os olhos brilhando com uma intensidade feroz enquanto seus instintos a guiavam para o interior da floresta. Os sons da noite a envolviam; o farfalhar das folhas, o estalar de galhos secos sob suas patas, tudo pulsava com uma vibração primitiva que ela sentia nas veias, e a cada passo, o desejo se intensificava.
Catarine avançava furtiva pela floresta, seu corpo agora transformado e entregue completamente à noite. Os sons e cheiros selvagens a cercavam, enquanto seus instintos a levavam mais e mais para o interior da escuridão. Cada passo era um impulso, um chamado que percorria suas veias e acendia as chamas do desejo dentro de si. A floresta era seu território, seu refúgio, e naquela noite ela finalmente podia deixar sua verdadeira natureza ser libertada. Finalmente, avistou uma pequena aldeia humana ao longe, o cheiro de carne e sangue fresco a atraindo como uma mariposa para a chama. Movendo-se com a agilidade e astúcia de uma predadora, esgueirou-se pelas sombras, e seu olhar fixou-se em uma cabana afastada. O humano lá dentro dormia despreocupado, inocente quanto ao que o aguardava. Sem remorso, sem hesitação, ela avançou, deixando-se entregar à escuridão que consumia sua alma. No fundo, sabia que aquilo era um caminho sem volta, mas não podia resistir. O sabor da carne, a textura do sangue, tudo aquilo parecia embriagar seus sentidos e alimentava uma fome que a fazia se sentir mais viva e mais poderosa do que nunca. Quando terminou, sentia-se saciada, mas também marcada por uma sombra que parecia mais profunda a cada noite, um segredo cada vez mais difícil de esconder. Voltando para a alcateia sob o céu ainda escuro, percebeu seu reflexo em uma poça de água. Sua pelagem estava mais escura, quase negra agora, como se cada ato proibido deixasse uma marca visível de sua transformação. E no fundo, uma dúvida começou a crescer: até quando poderia esconder de Christian a escuridão que agora fazia parte dela?
Ao voltar para a alcateia, o barulho de passos a fez recuar. "Merda." ela pensou consigo mesma, pensando que algum membro da alcateia estava acordado na penumbra da noite. Mas por fim, ela viu Demétrio saindo também durante a madrugada, se esgueirando na escuridão. Curiosa com o que seu alfa poderia fazer tarde da noite, ela o seguiu. Catarine recuou, sua respiração presa ao ver Demétrio deslizando pelas sombras como um fantasma, a passos rápidos e calculados. Por um momento, seu coração disparou, o temor de ser descoberta se misturando com a curiosidade insaciável de saber o que o líder da alcateia fazia na calada da noite. O fato de Demétrio também estar escondendo algo despertou nela uma sensação de cumplicidade sombria, uma parte de si que não podia ignorar. Mantendo-se silenciosa, começou a segui-lo, mantendo uma distância cuidadosa para não ser notada. Ele parecia seguir um trajeto bem familiar, desviando de árvores e pulando pedras com a destreza de quem já fizera aquele caminho inúmeras vezes. Catarine o observava com atenção, tentando decifrar aonde ele estava indo e, talvez mais importante, o que ele buscava. Demétrio era um alfa implacável, leal à alcateia e obcecado com a ordem e segurança de todos. O que poderia estar escondendo?
Ele parecia nervoso, seu corpo tenso e alerta. A atmosfera estava carregada de expectativa, e, ao invés de se afastar, Catarine sentiu um impulso irresistível de continuar observando. Então, no meio da escuridão, Eros apareceu. O Lorde Rei dos Vampiros era uma figura imponente, com a pele pálida que brilhava sob a luz da lua e olhos que pareciam absorver a própria noite. Ao vê-lo, Catarine sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O que Demétrio e Eros estavam fazendo juntos na calada da noite? Demétrio se aproximou, e os dois homens trocaram olhares intensos. A tensão entre eles era palpável, como se uma tempestade estivesse prestes a eclodir. "Você veio," Eros disse, sua voz suave como um sussurro, mas carregada de poder. "Não poderia faltar," Demétrio respondeu, seu tom mais íntimo do que Catarine esperava. "Mas temos que ser rápidos. Se alguém descobrir..." Eros interrompeu, inclinando-se para perto. "Ninguém precisa saber, meu querido. O que temos é só nosso." Ele tomou a mão de Demétrio, e Catarine observou a conexão entre eles, um misto de paixão e perigo. Catarine sentiu um nó se formar em seu estômago ao testemunhar o afeto oculto entre os dois. Ela havia percebido a queda dos ataques de vampiros à sua alcateia, mas nunca imaginara que Demétrio, seu alfa, seria o responsável por isso, mantendo um relacionamento interespécie com Eros. Enquanto eles conversavam em voz baixa, o olhar de Eros se intensificou, e ele puxou Demétrio para mais perto, envolvendo-o em um abraço que misturava amor e possessão. "Vamos para meu castelo, meu lobo. Eu não consigo mais esperar para ter você novamente." Eros murmurou, seus olhos ardendo com uma chama inquieta. Catarine mal conseguiu conter a respiração ao ouvir aquelas palavras, um misto de choque e confusão a dominando. O que Eros estava insinuando? A ideia de Demétrio, seu alfa, indo para o castelo de um vampiro, não apenas a aterrorizava, mas também a fazia sentir um incômodo ardente dentro de si.
Demétrio hesitou, sua expressão um turbilhão de emoções. “Eros, não podemos continuar a nos arriscar assim. Se alguém nos vê…” “Eu não me importo,” Eros sussurrou, seu tom sedutor fazendo com que Demétrio se contorcesse. “Entre nós, só existe liberdade. Você sabe que é assim que deve ser.” Os olhos de Catarine se estreitaram enquanto ela observava a luta interna de Demétrio. Ele parecia tão atraído quanto alarmado, preso entre o dever para com sua alcateia e a tentação que Eros representava. O coração de Catarine disparou, não apenas por saber que seu alfa estava se deixando levar por uma relação tão arriscada, mas também pela revelação de que, de alguma forma, Eros havia conseguido se infiltrar nas defesas da alcateia através do laço que tinha com Demétrio. “E se eu te perder?” Demétrio finalmente questionou, sua voz cheia de vulnerabilidade. Eros sorriu, um sorriso que desnudava suas presas, e com um movimento fluido, ele acariciou o rosto de Demétrio. “Você não vai me perder. Eu sempre estarei aqui, nas sombras. Apenas aceite o que estamos construindo.” A palavra "sombra" ressoou dentro de Catarine, fazendo-a se lembrar de seus próprios segredos sombrios. Ao mesmo tempo em que se sentia traída e confusa, ela também sentia um impulso, quase primal, para se aproximar e saber mais sobre esse vínculo proibido.
Enquanto Eros puxava Demétrio para mais perto, a tensão entre os dois se intensificou. Demétrio deixou escapar um suspiro baixo, seus olhos se fechando momentaneamente. “Está bem,” ele murmurou, sua voz quase inaudível. “Eu irei. Mas só por mais uma noite.” Um frio percorreu a espinha de Catarine. Uma parte dela queria sair correndo e confrontar Demétrio, questionar suas escolhas, enquanto outra parte se sentia presa pela curiosidade e pela sombra que parecia se formar entre os dois homens. Eros era um vampiro, a encarnação da sedução e do perigo, e ainda assim, Demétrio estava disposto a arriscar tudo por ele. Com um último olhar para o casal, Catarine sentiu que precisava ir embora, mas seu corpo estava paralisado pela revelação. Ela deu um passo para trás, sentindo o impulso de retornar para casa, mas sabendo que essa nova realidade a perseguiria em seus pensamentos. Ela não poderia mais ignorar os segredos que se acumulavam na escuridão, não apenas os de Demétrio, mas os seus próprios, enquanto a linha entre sua natureza lupina e suas sombras pessoais começava a se confundir.
A noite seguinte, o silêncio se desenrolava na alcateia, a lua cheia brilhando intensamente, iluminando cada canto da floresta ao redor. Catarine observava com atenção o sono tranquilo de Christian e Caleb, seu coração batendo pesado no peito. A tranquilidade do ambiente apenas aumentava sua ansiedade, a necessidade de satisfazer seus desejos primordiais crescendo a cada segundo que passava. Ela se certificou de que Christian estava profundamente adormecido, seu rosto relaxado em um sonho pacífico. Caleb, aninhado em seu berço, parecia tão inocente, tão perfeito. A imagem do filho, com seu cabelo negro como a noite, era um lembrete constante do que ela estava prestes a fazer — algo que poderia destruir o que havia de mais precioso em sua vida. Mas o desejo que a consumia era incontrolável. Em seus últimos encontros com a escuridão, seu paladar tinha sido despertado de maneiras que ela nunca imaginara. Com um último olhar para os dois, Catarine deslizou silenciosamente para fora da cama, seus sentidos aguçados, como um predador à espreita. Ela se moveu com cautela pela casa, evitando fazer qualquer barulho que pudesse acordá-los. Ao sair, a brisa noturna acariciou sua pele, trazendo consigo os cheiros familiares da floresta e, com eles, uma nova promessa de satisfação. Caminhando pela floresta, Catarine sentiu sua transformação acontecer. A cada passo, seu instinto primal despertava, e o lobo dentro dela se aproximava da superfície. Naquela noite, algo a impulsionava mais do que o normal; era uma chamada, um sussurro que a atraía para a parte mais escura da floresta. Foi então que ela ouviu um riso distante, uma música inocente que fez seu coração acelerar de forma perturbadora. Quando ela chegou à clareira iluminada pela lua, viu uma criança brincando sozinha. Era uma menina, talvez de dez anos, com cabelos dourados e um vestido simples que dançava suavemente com a brisa. Catarine congelou por um instante, o lobo dentro dela rugindo em desejo. Uma onda de necessidade a envolveu, e seus instintos de caça afloraram como nunca antes. O que deveria ser um ato de pura sobrevivência agora se tornara algo mais sombrio, mais pervertido.
A criança estava tão absorta em seu jogo, despreocupada, como se não soubesse o que a aguardava nas sombras. A visão dela, tão pura e inocente, a fez hesitar. Mas a vontade de consumir, de satisfazer a fome que a consumia, era mais forte. Catarine se aproximou, movendo-se em silêncio, seus instintos a guiando, enquanto a menina girava, rindo e brincando com uma flor que havia encontrado. Antes que ela pudesse pensar em recuar, Catarine se lançou para frente. A adrenalina correu por suas veias enquanto ela se preparava para atacar, um rosnado baixo escapando de seus lábios. A menina virou-se abruptamente, seus olhos arregalados em terror, mas já era tarde demais. A fúria da besta dentro de Catarine a dominou completamente, e em um momento de selvageria, tudo se tornou um borrão. Quando ela finalmente parou, ofegante e com o coração disparado, a clareira estava envolta em um silêncio sepulcral. A menina não se movia, e Catarine sentiu a realidade do que havia feito descer sobre ela como uma névoa pesada. Ela olhou para o corpo pequeno e sem vida à sua frente, e a culpa a atingiu com uma força devastadora. Como ela poderia ter se entregue a tal ato? O que havia se tornado? O lobo dentro dela a chamava para se entregar ao prazer, mas sua humanidade estava em ruínas. A luta entre o que ela era e o que havia se tornado estava se intensificando, e a linha entre desejo e repulsa tornava-se cada vez mais tênue.
Catarine caiu de joelhos, a realidade do que fizera esmagando-a. Enquanto a lua iluminava seu pelo agora mais escuro, ela percebeu que seu desejo não era temporário — era um vício, uma nova faceta de sua existência que a atrairia cada vez mais para as profundezas da escuridão. Catarine correu pela floresta como um furacão, seus pés mal tocando o chão, enquanto seu coração batia descompassado. A adrenalina pulsava em suas veias, mas, com cada passo, o peso da culpa se acumulava sobre seus ombros. O gosto da garotinha ainda estava fresco em suas presas, uma lembrança horrenda do que ela havia feito. O lamento silencioso da vítima ecoava em sua mente, transformando o prazer momentâneo em um eco de horror.
Finalmente, ao alcançar um rio serpenteante, Catarine parou, ofegante. A água refletia a lua, iluminando seu pelo escuro, agora manchado de sangue. Um sentimento de repulsa tomou conta dela, e, em um impulso desesperado, ela se lançou na água. O frio cortante a envolveu, mas foi como um alívio temporário contra a fogueira que ardia em seu peito. Enquanto a correnteza arrastava as impurezas de sua pele, ela esfregou suas garras contra as pedras lisas do leito do rio, tentando, sem sucesso, remover os vestígios do ato horrendo que cometera. Cada movimento era uma luta contra o que havia se tornado, contra a ferocidade que agora a dominava. A água turva misturava-se ao sangue, mas, por mais que tentasse, a sensação do que fizera continuava grudada a ela, como a sombra que nunca desaparece. "Por que fiz isso?" ela sussurrou, a voz trêmula, quase engolida pelo som da água corrente. A resposta era clara, mas inaceitável. A fome insaciável que a impulsionava agora era um fardo, uma maldição que ela não conseguia compreender. A cada momento que passava, o peso da culpa a sufocava mais. Ela mergulhou a cabeça na água, tentando lavar não apenas o sangue, mas também o sentimento de perda. As lágrimas misturavam-se à corrente, mas a dor permanecia. O reflexo que a água devolvia não era apenas um lobo; era uma criatura dividida, entre a mãe que amava seu filho e o predador que tinha se tornado.
Após o que pareceu uma eternidade, Catarine finalmente emergiu, a água escorrendo pelo corpo, mas a culpa ainda presente. Com o coração pesado e a mente turvada, ela olhou para o céu, buscando uma resposta, uma redenção. Mas tudo o que encontrou foi a lua observando-a, indiferente. Ela sabia que não poderia voltar à alcateia assim, não com a escuridão pulsando dentro dela. Era uma corrida contra o tempo, e a cada passo que dava de volta, a dúvida e o medo a acompanhavam. E se Christian soubesse? E se Caleb descobrisse o que sua mãe havia se tornado? Com cada pensamento, a sombra do lobo dentro dela se tornava mais real, e a linha entre sua humanidade e sua nova natureza tornava-se mais tênue.
Catarine estava absorta em seus pensamentos, lutando contra as sombras que a consumiam, quando uma risada baixa e maligna ecoou pela floresta. Era uma risada que enviava calafrios pela sua espinha. Ela parou, os sentidos alertas, e olhou ao redor, tentando localizar a origem do som. Eros, o Lorde Rei dos Vampiros, apareceu diante dela, emergindo da escuridão como uma serpente deslizando para fora de sua toca. "Oh, Catarine," ele disse, sua voz suave como o sussurro do vento, mas impregnada de uma ironia que a fazia se sentir exposta. "Você não parece bem..." Catarine rosnou, um som primal que ecoou pela floresta. "Eros... O que você quer aqui, seu maldito?" O vampiro sorriu, a luz da lua refletindo em seus dentes brancos como marfim. "Oh, nada, apenas senti o cheiro do desespero e isso me atrai, sabe? A essência da sua culpa e frustração é quase... deliciosa." Ele fez uma pausa, inclinando-se ligeiramente para frente. "Então, está pronta para finalmente me pagar?" Os olhos de Catarine se arregalaram em horror, e o passado a envolveu como um manto pesado. O pacto que ela havia feito com Eros dois anos atrás, em um momento de desespero e solidão, voltou à tona. Lembrava-se de ter prometido algo em troca de liberdade, algo que agora parecia tão distante e grotesco. "Eu não... eu não posso," ela balbuciou, a voz tremendo. "Não agora, não depois do que fiz!"
"Ah, mas é exatamente isso que torna tudo tão perfeito," Eros respondeu, seu tom quase sedutor. "Você se entregou à escuridão, Catarine. A linha entre o que você é e o que se tornou é tão fina, e você não pode negar sua natureza. A dor que você carrega, a culpa que a consome, isso tudo é combustível para a nossa conexão." Ela sentiu o desejo de recuar, mas a adrenalina e o medo a mantinham ali, paralisada. "Você se aproveita da minha dor," ela rosnou, a voz mais firme, apesar da tremenda luta interna. "Eu não vou deixar você me controlar." Eros riu, uma risada que reverberou pelo ar gelado da noite. "Controlar? Oh, minha querida, você já está sob meu controle. Cada gota de sangue que você derrama, cada escolha que você faz, está conectada a mim. O pacto que você fez não é algo que possa simplesmente ignorar. Você me pertence agora, e a sua escuridão é minha." Catarine sentiu o frio da realidade descer sobre ela. "Você vai se arrepender de ter me feito isso," ela disse, mais para si mesma do que para ele. "Arrepender? Não, meu amor. Eu estou apenas começando a me divertir," Eros respondeu, dando um passo à frente, suas intenções maliciosas claras em seu olhar. "E você, minha cara, também vai se divertir. Afinal, sua natureza lobisomem e a sede de sangue que agora a consome só fazem parte da festa que está por vir."
Aquelas palavras soaram como um eco de um destino sombrio. O que ela havia feito em nome da liberdade agora voltava para assombrá-la, e, ao olhar nos olhos de Eros, ela percebeu que a verdadeira batalha não era apenas contra ele, mas contra a escuridão que crescia dentro de si. O pacto, a risada, e o desespero eram partes de uma tapeçaria de horror que ela não conseguia mais escapar. "Você pode rir por enquanto, Eros," ela disse, seu tom desafiador. "Mas eu não sou uma presa fácil. O que você pensa que vai conseguir não será tão simples." "Ah, mas eu já estou gostando do que vejo," ele respondeu, seu sorriso se ampliando, como se pudesse sentir a tempestade interna se formando dentro dela. "Vamos ver até onde você pode ir antes que a escuridão a consuma por completo." "Eu sabia, seu desgraçado! Sabia que você tinha algo em mente, algo maligno quando me ofereceu a liberdade. O custo disso não foi a vida de todos aqueles humanos da minha antiga aldeia, não foi?" O rosnado de Catarine cortou o ar da noite como uma lâmina afiada, sua voz carregada de desprezo e revolta. Eros apenas soltou uma risada suave, como se estivesse ouvindo uma piada. "Oh, não, Catarine. Aquilo foi um 'bônus.' " Ele inclinou-se para frente, seu olhar gélido e provocador. "Você sabe, eu simplesmente adoro ver a desgraça alheia. O sofrimento humano é um espetáculo que me diverte. Espalhar a peste na sua antiga vila? Apenas uma mera diversão para mim."
Catarine sentiu a raiva fervilhar dentro dela, um calor que ameaçava explodir. "Mas agora, Catarine," Eros continuou, sua voz deslizando como mel, "você está livre. E não se esqueça: tudo isso foi graças a mim. Você tem tudo o que sempre quis: uma família, um homem que te ama e um filhote adorável." Ele passou os dedos, de forma sedutora, pelos próprios cabelos, como se estivesse se vangloriando. "Mas agora," ele disse, seu tom mudando para um sussurro carregado de intenção, "é hora de você me dar aquilo que me deve. Hora de você pagar pelo que eu te dei." Catarine engoliu em seco, seus olhos dourados brilhando como duas lâmpadas acesas em meio à escuridão. "Desgraçado..." "Oh não, Catarine," ele respondeu, sua voz um eco de zombaria. "Não seja ingrata. Eu não sou um vilão. Sou apenas... um antagonista." Ela respirou fundo, a tensão no ar era palpável. "O que você quer de mim, seu desgraçado?" Eros soltou uma risada baixa, quase como um sussurro, enquanto seus olhos brilhavam com uma malevolência ardente. "Eu quero que você continue a matar humanos. Cada vez mais jovens, desta vez. Crianças." Ele se inclinou ainda mais, como se estivesse confabulando um segredo. "Quero que você abrace a escuridão completamente, obscurecendo sua pelagem até que não sobre um único pelo branco."
"Por que?" Ela rosnou, a indignação transparecendo em sua voz. "O que você ganha com isso? O que um maldito como você ganha me fazendo matar humanos?" Eros sorriu, mas era um sorriso frio, sem alegria. "Ah, Catarine, a beleza do caos e da depravação é que elas são um espetáculo inigualável. Cada ato seu, cada grito de desespero que ecoa pela noite, é uma oferta ao meu prazer. E a sua transformação em algo mais sombrio é a cereja do bolo. O seu sofrimento, a sua batalha interna... isso me alimenta." O horror e a raiva de Catarine se misturaram em um turbilhão dentro dela. Ela sentia a tentação da escuridão chamando, mas não podia esquecer quem era, nem o que havia perdido. "Eu não vou deixar você me manipular," ela declarou, mas sua voz estava tingida de incerteza. "Você não tem escolha, querida," Eros respondeu, sua voz agora um sussurro sedutor. "A escuridão já a possui. E eu estarei aqui para guiá-la a cada passo do caminho."
"E se eu me recusar?" A pergunta de Catarine saiu como um sussurro, uma fraqueza que ela tentou mascarar com determinação. "Oh, Catarine," Eros respondeu, sua voz suave e ameaçadora, "se você se recusar, eu vou ter que tomar de volta o que lhe dei. Vou mexer no seu felizes para sempre." Ele se aproximou, seus olhos fixos nos dela, brilhando com um desejo maligno. "Você não pode fazer isso," ela protestou, mas a incerteza em sua voz não passou despercebida. "Oh, sim, eu posso," Eros disse, a confiança transparecendo em cada palavra. "Acredite, eu posso transformar sua vida em algo muito pior do que era antes de você implorar pela liberdade. Posso reverter tudo, colocar você de volta naquelas correntes, na escuridão da sua própria mente." "Por que você está fazendo isso?" Ela perguntou, tentando entender a motivação por trás daquela crueldade. "Ah, Catarine," ele respondeu, um sorriso torto se formando em seus lábios. "Isso se chama troca equivalente. Tudo na vida tem um preço. Nada é de graça." "Mas, matar por matar é tão... degradante..." A repulsa na voz dela era clara, mas Eros apenas sorriu com desdém. "Exatamente," ele murmurou, como se tivesse esperado essa confirmação. "Há uma beleza intrínseca na escuridão, Catarine. Algo que poucos entendem. O brilho da alma de cada ser se torna muito mais maravilhoso quando corrompido. É nesse instante que se revela a verdadeira essência da vida. A fragilidade e a dor são, de fato, a fonte da verdadeira beleza."
Catarine sentiu um frio na espinha ao ouvir suas palavras, como se a escuridão que ele mencionava a estivesse chamando. Ela lutava contra os instintos que começavam a emergir, a tentação de sucumbir ao que Eros estava oferecendo. "Não posso... não quero ser assim," ela respondeu, sua voz falhando, mas a luta dentro dela se tornava cada vez mais difícil. "Ah, mas você já é, querida," Eros sussurrou, com um brilho maligno nos olhos. "Só precisa se permitir abraçar a verdade que já está dentro de você." "Por que você é assim?" Catarine perguntou, sua voz trêmula entre a raiva e a incredulidade. "Não existe bondade no seu coração? Não existe amor?" Eros soltou uma risada baixa, um som que reverberou com desdém. "Bondade? Amor? Não me faça rir. Essas palavras são apenas ilusões que os fracos se agarram para se sentirem melhor sobre suas vidas miseráveis." Ela o encarou, a determinação crescendo em seu peito. "E quanto a Demétrio? Você também está enganando meu alfa? Está fazendo esse joguinho de manipulação com ele também?" Eros hesitou, a expressão no rosto dele mudando por um breve momento, como se uma sombra tivesse cruzado sua mente. "Não eu... Demétrio é... diferente." "Diferente?" O tom de Catarine era cortante, como uma lâmina afiada. "Como assim diferente?"
"Sim, diferente. Isso não é da sua conta," Eros respondeu, um fio de irritação se entrelaçando em suas palavras, mas havia algo mais ali — uma sutil incerteza que ela captou. "Ele não merece isso," Catarine disse, seu coração batendo forte. "Demétrio é um líder, um protetor. Ele não deve estar envolvido com alguém como você."
Eros inclinou-se para frente, seu olhar fixo e penetrante. "Ah, mas isso é exatamente o que o torna tão fascinante. Ele é tão forte, tão resiliente. É divertido brincar com isso, ver como ele se contorce entre a luz e a escuridão." "Você não tem ideia do que está fazendo," Catarine retorquiu, uma chama de raiva ardendo dentro dela. "Está brincando com a vida de pessoas que se importam, que se amam." "Amor é uma fraqueza, Catarine," Eros sussurrou, um sorriso malicioso no rosto, mas por trás do sorriso havia uma faísca de algo mais — uma reverência velada. "E é uma fraqueza que eu pretendo explorar. Mas Demétrio... há algo nele que me intriga. Ele resiste à escuridão de um jeito que poucos conseguem." Catarine franziu a testa, percebendo que havia mais em jogo do que simples manipulação. "Intriga? O que você quer dizer com isso?" "Ele tem uma luz que não se apaga, mesmo na escuridão mais densa," Eros admitiu, sua voz mais baixa, quase reflexiva, como se ele estivesse confessando um segredo que nunca ousou revelar. "Mas isso não muda o fato de que ele é um peão no meu jogo." "Você está nos usando," Catarine disse, sua voz carregada de indignação. "E isso é repugnante."
"Repugnante ou não," Eros respondeu, sua expressão endurecendo novamente, "no fim, você fará o que eu quero. Afinal, você está presa ao nosso contrato. E mesmo que você tente salvar-se a escuridão é inevitável. A beleza do que ela é será corrompida, assim como tudo ao seu redor." O ar ao redor delas parecia pesado com a tensão, mas Catarine percebeu que havia mais em Eros do que ele estava disposto a mostrar. Ela se perguntava se, no fundo, ele realmente era esse ser maligno, ou se existisse algum tipo de luz dentro dele, mesmo que ele nunca admitisse.