Na manhã seguinte, a floresta ao redor da montanha de Greifswald, era um espetáculo de tranquilidade e beleza natural. O rio que cortava o vale fluía suavemente, refletindo o céu claro com tons suaves de azul e dourado, enquanto a vegetação verdejante parecia dançar ao som do vento leve. Altas árvores de pinho e carvalhos cercavam a água cristalina, e arbustos cobertos de musgo cresciam entre as pedras lisas nas margens. O som das folhas se agitando misturava-se ao canto distante dos pássaros, criando uma sinfonia natural. O ar estava fresco, com um leve toque de umidade, carregando o aroma terroso das plantas que cresciam densamente pelo solo. Catarine estava no rio, a água fria e cristalina correndo por sua pele enquanto ela se lavava. Perto dali, Christian estava de costas, recostado contra uma árvore robusta, os olhos fechados e os braços cruzados sobre o peito, esperando pacientemente. A floresta era silenciosa, exceto pelo som suave da água e o ocasional farfalhar das folhas. "Não vai espiar, hein?" gritou Catarine, com um sorriso de leve provocação em sua voz. Ela sabia que ele não faria isso, mas não resistia à brincadeira. Christian sorriu de canto, os lábios mal se movendo enquanto mantinha os olhos firmemente fechados, a respiração estável e controlada. Ele balançou a cabeça, encostando-se mais à árvore e exalando lentamente, o corpo relaxado, mas a mente em outro lugar. "Não seja boba, eu não quero ver você nua, garota. Termine logo seu banho," respondeu, com um tom tranquilo, embora houvesse uma nota de falsa desinteresse em sua voz.
Catarine o olhou de soslaio, desconfiada, mas sem deixar de sorrir. Ela se concentrou novamente em seu banho, ensaboando-se com essências e ervas que traziam um cheiro doce à água. Estava fazendo o possível para limpar suas partes íntimas discretamente, com uma mistura de concentração e timidez, como se estivesse tentando preservar alguma privacidade na presença do lobo. Enquanto esperava, Christian respirou fundo, o cheiro da floresta ao seu redor misturando-se ao aroma familiar de Catarine. No entanto, havia algo mais no ar, algo que ele não conseguia ignorar. O cheiro de sangue estava mais forte hoje, mais pronunciado. Ele suspirou baixinho, sentindo o peso da constatação. "Ela já tem quatorze anos..." pensou consigo mesmo, os olhos ainda fechados enquanto seus sentidos captavam cada detalhe ao redor. "Agora ela é uma mulher." Ele sabia o que isso significava, e a ideia lhe causava uma mistura de sensações conflitantes. Não apenas pela mudança natural que ocorria com Catarine, mas pela necessidade de protegê-la ainda mais agora, à medida que ela amadurecia. Ele continuava imóvel, mantendo a compostura enquanto refletia sobre o que significava essa transformação. As árvores ao redor pareciam observar em silêncio, como se a própria floresta compartilhasse o segredo que pairava entre os dois.
Christian suspirou novamente, deixando seus pensamentos vagarem enquanto esperava, sempre atento, mesmo que suas emoções estivessem começando a ser mais difíceis de controlar. Catarine caminhou em direção a Christian, agora vestida com sua túnica habitual e alguns tecidos de cores escuras amarrados firmemente ao redor da cintura. Mesmo com as roupas simples e funcionais, seu corpo carregava a fragilidade de quem tentava disfarçar um desconforto profundo. Ela havia feito de tudo para tirar o cheiro forte de sangue do corpo, lavando-se repetidamente no rio e passando essências doces que havia coletado na floresta. No entanto, a sensação incômoda persistia, e a irritação estava estampada em seu rosto.
"É horrível e desconfortável," bufou ela, cruzando os braços enquanto se aproximava de Christian. A frustração em sua voz era clara, misturando-se com a vergonha de estar passando por algo tão íntimo e inevitável. Christian, encostado na árvore, observou a jovem com um sorriso gentil, seu olhar cheio de compreensão. Ele sabia o que ela estava passando, e sentia o peso de sua transição, não apenas como uma mudança física, mas emocional. "Não se preocupe," ele murmurou suavemente, "isso acontece com toda garota que vira mulher." Catarine olhou para ele, seus olhos cor de mel cheios de uma mistura de alívio por ter alguém para desabafar, e raiva pela forma como seu próprio pai a tratava. "Meu pai é horrível..." começou ela, a voz embargada com um toque de dor. "Ele disse que não vai me deixar entrar em casa ou ficar perto dele até esse período passar." Christian franziu o cenho ao ouvir aquilo, sentindo um leve aperto no peito. Ele sabia que a vida de Catarine já era cheia de dificuldades, mas ouvir que seu pai a rejeitava dessa forma só reforçava sua vontade de protegê-la ainda mais. "Isso não está certo, Cate..." murmurou ele, o tom de voz mais sério agora. "Você não merece ser tratada assim, especialmente por algo que faz parte de quem você é."
Ela suspirou, claramente desconfortável com toda a situação, mas o olhar cuidadoso de Christian e seu sorriso gentil ajudavam a aliviar a tensão que ela carregava. "Eu só... me sinto tão sozinha às vezes." "Você não está sozinha," respondeu ele, dando um passo em sua direção e colocando uma mão firme e reconfortante em seu ombro. "Eu estou aqui, e sempre estarei." O toque suave e as palavras carinhosas eram como um bálsamo, aliviando a angústia que ela sentia. E, por um momento, o mundo ao redor deles parecia menos cruel. Christian se aproximou de Catarine, seu olhar firme e cheio de determinação enquanto ela parecia desmoronar com o cansaço e a frustração que carregava. "Eu sei o que vai te deixar mais feliz," ele disse com uma confiança tranquila, quebrando o silêncio pesado entre eles.
Catarine soltou um suspiro profundo, cruzando os braços e desviando o olhar para o chão, claramente exausta de lidar com tudo sozinha. "Eu duvido muito," murmurou, seu tom impregnado de ceticismo. Ele não se abalou com a resposta. Sabia que ela estava sofrendo, e seu desejo de tirá-la dessa escuridão só aumentava. "Você não precisa passar a noite naquele estábulo velho, cheirando a estrume," continuou ele, sua voz baixa, mas cheia de intenção. "Pode ficar comigo. Eu quero te mostrar um lugar incrível essa noite." Catarine levantou o olhar, intrigada, com a curiosidade despertando lentamente no meio de sua exaustão. "O que é?" perguntou, franzindo levemente as sobrancelhas enquanto o cansaço ainda se refletia em seus olhos. Christian manteve sua expressão calma e neutra, mas algo em seu olhar parecia brilhar com uma emoção contida. "Já ouviu falar das Perseidas?" perguntou ele, com a voz suave, quase como se estivesse revelando um segredo precioso.
O nome soou familiar para Catarine, mas ela não se lembrava ao certo do que se tratava. "As Perseidas... é algum tipo de... evento?" questionou ela, seus olhos se estreitando levemente enquanto tentava entender. Christian sorriu de leve, cruzando os braços e inclinando-se um pouco para mais perto dela, a presença dele sempre imponente e reconfortante ao mesmo tempo. "É uma chuva de meteoros, Cate. Um espetáculo no céu. E essa noite, o céu vai brilhar com eles." Ele fez uma pausa, observando como a curiosidade dela crescia. "Se vier comigo, você vai ver algo que poucas pessoas têm o privilégio de ver. E talvez, por algumas horas, você possa esquecer tudo." Catarine franziu o cenho, incerta, ainda tentando compreender totalmente a situação. As palavras de Christian soavam como um refúgio, libertando-a do peso da solidão e do julgamento que ela sentia. No entanto, um leve medo surgia dentro dela. Passar a noite em companhia de alguém era algo muito íntimo, e não era algo que ela estava acostumada. Seu coração batia com força dentro do peito, enquanto olhava nos olhos dele, procurando algum sinal de verdade na oferta.
Os olhos de Catarine brilharam levemente, e mesmo que sua resistência fosse forte, ela não pôde deixar de se sentir atraída pela ideia. "Você acha que isso vai me fazer esquecer?" perguntou, ainda duvidando, mas agora com uma leve esperança. Christian assentiu, o brilho no olhar dele mais intenso agora. "Eu acho que pode te fazer lembrar que o mundo é muito maior do que os problemas que você carrega. E eu quero te mostrar isso.” Catarine observou Christian por um momento, sentindo um misto de cansaço e curiosidade tomando conta de si. A ideia de escapar, mesmo que por algumas horas, era tentadora demais para ser ignorada. "Tudo bem," ela disse, sua voz mais suave, quase resignada, mas com uma centelha de esperança que não conseguia esconder. "Eu vou com você." Christian sorriu de lado, satisfeito, mas mantendo seu tom calmo e seguro. "Ótimo. Eu sabia que você ia aceitar," ele disse, inclinando a cabeça de leve, seus olhos escuros fixos nos dela. "Vou te encontrar aqui, na floresta, quando o sol começar a se pôr. Então, te levo para a montanha mais alta. De lá, você vai ter a melhor vista do céu." Catarine assentiu, sentindo uma leve agitação em seu peito, um misto de nervosismo e excitação. "Está bem," repetiu, com um leve sorriso nos lábios, um raro momento de leveza em meio a tantos dias difíceis. "Espero que valha a pena sair desse estábulo fedido para ver isso." Christian riu baixinho, cruzando os braços com um ar descontraído. "Confia em mim, vai valer," garantiu ele, enquanto se afastava lentamente, a promessa de uma noite sob as estrelas pulsando entre eles. Catarine o observou sumir entre as árvores, uma sensação nova de expectativa crescendo em seu coração. A noite que se aproximava prometia algo além do ordinário, algo que ela nunca imaginou que compartilharia com alguém como Christian, o lobisomem que parecia ver o mundo de uma maneira completamente diferente.
A floresta começava a ficar quieta conforme os últimos raios de sol desapareciam atrás das montanhas, mergulhando a paisagem em sombras longas e escuras. Catarine, com as roupas escuras e a túnica preta, permaneceu em seu lugar, apoiada em um tronco de árvore, enquanto aguardava que o sol se pusesse atrás das montanhas. Ela encarou o céu, observando a cor do ar mudar, com aquele marrom avermelhado se estendendo cada vez mais. A noite já se aproximava, e o crepúsculo dava lugar à escuridão na floresta. O som dos grilos e do vento balançando as folhas parecia cada vez mais presente, enquanto Catarine caminhava entre as árvores, seus passos cautelosos e seu coração batendo mais forte. Cada ruído ao redor fazia com que ela se perguntasse se havia feito a escolha certa. Sair de casa escondida para encontrar-se com um lobisomem, no meio da noite, era algo impensável para a maioria. Mas lá estava ela, hesitante, porém decidida. Quando os últimos raios do sol se desvaneceram no horizonte, ela o avistou. Christian estava ali, parado à sua espera, com um sorriso suave no rosto ao vê-la se aproximar. "Você veio," disse ele, sua voz grave quebrando o silêncio crescente da floresta. Catarine suspirou, se aproximando dele, cruzando os braços como se tentasse disfarçar o nervosismo que sentia. "Espero que valha a pena," respondeu, tentando manter o tom firme, embora estivesse completamente fora de sua zona de conforto. Christian sorriu de canto, aquele olhar brincalhão, mas ao mesmo tempo cheio de confiança, tomando conta de suas feições. Ele então fechou os olhos por um breve momento, e, antes que ela pudesse reagir, começou a se transformar. Diante de Catarine, a figura humana de Christian deu lugar a uma imponente criatura lupina. Seu pelo branco cintilava sob a pouca luz que restava, e seus olhos vermelhos brilharam no meio da escuridão, fixos nela.
Catarine ficou vermelha, surpresa e impressionada ao ver o lobo branco que agora estava na frente dela. O coração dela acelerou ainda mais. A transformação sempre a fascinava, mas vê-lo assim, tão de perto, mexia com algo mais profundo dentro dela. "Suba nas minhas costas," ele disse, com a voz rouca e profunda, mais gutural agora que estava em sua forma lupina. Ela hesitou por um breve segundo, mas depois deu um pequeno sorriso, balançando a cabeça de leve. "Isso é loucura," murmurou, antes de se aproximar dele e, com um movimento ágil, subir em suas costas. O calor do pelo de Christian e a força que ela sentia embaixo de suas mãos a tranquilizaram de alguma maneira. Não havia mais medo. Havia apenas expectativa. Enquanto se segurava ao pelo espesso do lobo branco que agora a carregava, Catarine sentia o batimento rápido e constante de seu coração aumentar, mas, dessa vez, não de medo, mas de excitação. Ela podia sentir o peso do corpo de Christian na parte inferior de suas pernas, enquanto seu pelo macio esfregava em suas roupas. Ele começava a andar com calma, com passos lentos e deliberados, fazendo com que o movimento causasse uma leve e agradável vibração em suas pernas e cintura.
A floresta começava a se aquietar gradativamente, com poucos sons além do som do sussurro do vento e do ocasional grilo. Christian, em sua forma lupina, começava a sair da floresta com ela em suas costas, guiando sua jornada para o topo da montanha mais próxima. A trilha que ele escolhera era íngreme, e a subida ficava mais difícil a cada passo, mas Catarine se concentrava em fechar os olhos e respirar fundo, tentando aproveitar a sensação de liberdade que aquilo lhe trazia. Ele acelerou o passo. Christian, em sua forma lupina, disparou pela floresta como um raio. Um vulto branco cortando a escuridão densa, suas patas silenciosas mal tocando o chão, movendo-se com uma velocidade sobrenatural que quase desafiava a gravidade. O vento gelado da noite batia no rosto de Catarine, seus cabelos esvoaçando para trás enquanto ela se agarrava firme ao pelo macio de Christian, o coração acelerado no peito. Ela se inclinava contra o corpo dele, sentindo a força e o calor que emanavam de cada músculo, enquanto a velocidade deles aumentava. Era como voar. A sensação de liberdade e adrenalina a envolvia por completo. O som da floresta ao redor parecia se distanciar, enquanto a respiração pesada de Christian e o pulsar rítmico de suas patas no solo eram tudo que ela conseguia ouvir. Eles começaram a subir pelas montanhas, e o terreno íngreme não parecia ser um obstáculo para ele. Com agilidade impressionante, Christian saltava de rocha em rocha, cada movimento calculado e poderoso. Catarine apertava os braços ao redor dele, seus dedos entrelaçados nos pelos brancos, enquanto a paisagem mudava rapidamente ao seu redor. A floresta densa e fechada dava lugar a uma visão mais aberta, com as árvores rareando à medida que eles se aproximavam das alturas. O ar ficava mais frio, mas ela mal percebia isso, concentrada no movimento constante de Christian, que escalava com a mesma facilidade com que corria pela terra. Cada salto e cada corrida a deixavam mais maravilhada com a força e destreza do lobo que a carregava.
Enquanto subiam, a luz tênue das estrelas começava a aparecer no céu, iluminando suavemente o caminho. Ela podia sentir o coração de Christian batendo, forte e constante, enquanto ele a levava para o cume, onde o verdadeiro espetáculo ainda estava por vir. Quando Christian finalmente alcançou o topo da montanha, ele desacelerou até parar suavemente, permitindo que Catarine deslizasse com cuidado de suas costas. O lobo branco ofegava levemente, mas logo ele começou a se transformar novamente. Seu corpo lupino se remodelou em sua forma humana, ossos e músculos se ajustando com fluidez, até que Christian estivesse de pé diante dela, a lua atrás dele delineando sua figura. Sua túnica preta, agora rasgada devido à transformação, pendia de forma desleixada, revelando seu peito musculoso, coberto por tatuagens intricadas que se destacavam à luz prateada. A pele marcada por símbolos e traços que Catarine não conseguia decifrar parecia quase brilhar sob o céu estrelado. Ela ficou vermelha com a visão, sentindo uma onda de calor subir por seu rosto. Mesmo sendo uma guerreira acostumada a lidar com situações difíceis, aquele momento a deixava nervosa, especialmente com a intimidade que compartilhavam. Christian, notando o olhar dela, sorriu de canto, aparentemente sem perceber o efeito que causava. Ele passou a mão pelos cabelos bagunçados, tentando ajeitar a túnica, mas não parecia se importar muito com o estado de suas roupas. "Desculpe o visual," ele disse, com um tom brincalhão, seu sorriso ainda presente. "A transformação nem sempre é gentil com as roupas." Catarine desviou o olhar por um momento, tentando disfarçar o rubor em suas bochechas. "Está tudo bem…", murmurou, dando um sorriso tímido. "Acho que o esforço valeu a pena." Diante deles, o horizonte se abria em toda a sua grandiosidade.
Do topo da montanha, o céu estava claro, e as estrelas brilhavam intensamente, pontuando o véu negro da noite. A vastidão das estrelas era impressionante, mas o que chamava mais a atenção de Catarine era o evento que Christian havia prometido mostrar: as Perseidas. Meteoros começavam a riscar o céu, deixando rastros de luz que pareciam pintar o firmamento. "Agora você vai ver o que eu quis dizer," ele disse suavemente, seus olhos voltados para o céu estrelado. No topo da montanha, Christian e Catarine sentaram-se lado a lado, envoltos pelo ar fresco e limpo que soprava suavemente, trazendo o aroma das árvores ao redor e o toque da noite. À medida que a escuridão se aprofundava, o céu se tornou um grande manto de estrelas, infinitas, brilhando como diamantes. O som distante de folhas se movendo com o vento e o farfalhar suave dos animais noturnos compunham a sinfonia da natureza. O espetáculo que Christian prometera começou lentamente, com pequenos meteoros riscando o céu de um lado a outro. Eles surgiam de repente, deixando rastros luminosos que desapareciam tão rapidamente quanto haviam aparecido. Mas, à medida que os minutos passavam, a chuva de meteoros intensificava-se, como se o próprio universo estivesse despejando estrelas cadentes na terra. Linhas de luz cruzavam o céu em todas as direções, algumas breves, outras longas e persistentes, criando um show de beleza quase mágica.
Catarine, encantada pela visão, mal piscava. "É... tão bonito..." ela sussurrou, incapaz de tirar os olhos do espetáculo acima. Christian, sentado ao seu lado, também olhava para o céu, mas seus pensamentos estavam meio divididos. Ele observava as estrelas, sim, mas seus olhos desviavam de vez em quando para a garota ao seu lado. Ela estava tão próxima que ele conseguia sentir o calor sutil que emanava de seu corpo, um calor que parecia lhe confortar de uma maneira inesperada. Quando Catarine, ainda fascinada com o céu, inclinou-se ligeiramente para mais perto dele, seus ombros se tocaram, e um calor diferente percorreu Christian. Um calor que não vinha do corpo dela, mas de algo mais profundo. Ambos ficaram imóveis por um instante, sem saber como reagir. Havia algo no ar, uma tensão leve, mas não desconfortável — apenas nova, não dita, como se ambos tivessem consciência de que algo estava mudando entre eles.
Os dedos de Catarine, que estavam apoiados sobre a pedra fria, moveram-se levemente, e sem querer — ou talvez querendo — tocaram os de Christian. O toque era sutil, quase imperceptível, mas foi o suficiente para que seus corações acelerassem em sincronia. Christian olhou de lado, seu coração batendo mais forte, notando que ela não havia afastado a mão. Por um momento, ele hesitou, não querendo invadir o espaço dela, mas depois, com uma lentidão deliberada, seus dedos se entrelaçaram nos dela. Era um gesto pequeno, mas carregado de uma intimidade poderosa, e quando suas mãos finalmente se encontraram, foi como se o silêncio entre eles tivesse sido preenchido por algo muito mais profundo que palavras. Catarine olhou para ele, o brilho das estrelas refletindo em seus olhos cor de mel, e sorriu timidamente. "Obrigada... por me trazer aqui." Sua voz era suave, quase um sussurro, como se não quisesse quebrar a magia do momento. Christian sentiu seu coração palpitando mais forte com o toque dela. A delicadeza de Catarine era algo que sempre o deixava surpreso, e naquele momento, sentindo a mão pequena dela entrelaçada à sua, ele se viu incapaz de responder imediatamente. Depois de alguns segundos, ele encontrou a voz, embora um pouco hesitante. "Não precisa agradecer," ele disse, sua voz baixa, quase um sussurro. "Eu... queria compartilhar isso com você."
Eles permaneceram assim, sentados lado a lado, as mãos entrelaçadas, observando a chuva de meteoros que continuava a cobrir o céu com suas pinceladas de luz. O mundo ao redor deles parecia desaparecer, e naquele momento, tudo o que existia era o brilho das estrelas e o calor suave que compartilhavam. O silêncio entre eles não era mais de hesitação ou dúvida, mas de uma conexão que crescia, tranquila e genuína. A brisa suave da noite parecia envolver os dois em um abraço silencioso, enquanto as Perseidas dançavam no céu como se estivessem celebrando aquele momento único. Christian virou-se lentamente, seus olhos negros brilhando com uma intensidade que fazia o coração de Catarine disparar. Ele se permitiu apreciar a beleza dela sob a luz da lua, e, por um breve instante, os desafios que enfrentavam e as regras que governavam suas vidas pareciam distantes e irrelevantes. "Eu sempre quis que você visse isso," ele murmurou, sua voz profunda carregando um tom de sinceridade que a fez sentir-se valorizada de uma maneira que nunca experimentara antes. "É mais incrível do que eu imaginava." Os meteoros continuavam a riscar o céu, e, enquanto observavam, Catarine não pôde deixar de pensar que aquela era a primeira vez que se sentia verdadeiramente livre. Livre das expectativas, das obrigações, e, mais importante, livre do peso do desprezo de seu pai. "Se você pudesse pedir um desejo agora," Christian começou, "o que seria?" O tom de sua voz era suave, quase como um convite para um momento de vulnerabilidade. Catarine hesitou, mas a sinceridade em seu olhar fez com que ela se sentisse à vontade. "Eu gostaria de ser capaz de voar," disse ela, um sorriso tímido brotando em seus lábios. "Ser livre como esses meteoros." Christian sorriu, seu coração aquecendo com a resposta dela. A simplicidade do desejo tocou-o profundamente.
"Liberdade...em? Esse é seu desejo. Ser livre...como um lobo." Catarine olhou para ele, e não pode deixar de sentir seu rosto corar novamente. "Livre como um lobo...." O céu estava agora repleto de meteoros, um espetáculo de luzes que iluminava a noite. Enquanto os dois permaneciam juntos sob aquele manto estelar, algo dentro de Catarine começou a mudar. Ela não era mais apenas a menina insegura que havia se banhado no rio naquela manhã; agora, ela era uma jovem guerreira, prestes a descobrir seu lugar no mundo. Um meteorito brilhante cruzou o céu, e ambos olharam para cima, em silêncio. "Faça um desejo, Cate," ele disse, sua voz baixa e esperançosa. E, enquanto ela fechava os olhos e pensava em um futuro repleto de possibilidades, o desejo que formou em sua mente foi mais do que apenas liberdade. Era a vontade de enfrentar o que viesse, ao lado de Christian. Quando ela abriu os olhos novamente, a tensão entre eles havia se dissipado, e um entendimento silencioso havia surgido. Eles não eram apenas um lobo e uma garota. Eram aliados, e talvez, apenas talvez, algo mais. "O que você desejou, Christian?" Perguntou a garota curiosa.
Os olhos negros de Christian permaneceram fixos no céu estrelado, mesmo quando a pergunta de Catarine chegou aos seus ouvidos. Por um momento, ele permaneceu em silêncio, antes de finalmente responder. "Eu desejei que pudéssemos ficar assim pelo maior tempo possível," ele murmurou baixinho. "Só você, eu, e as estrelas." Enquanto ele falava, um meteorito maior ainda e mais brilhante cruzou o céu novamente, desenhando um rastro fugaz através da escuridão. A observação de Christian deixou Catarine novamente com as bochechas vermelhas, e ela desviar o olhar para o céu, tentando disfarçar o rubor. Ela era jovem, e mesmo que fosse uma guerreira forte e corajosa, ela ainda era vulnerável aos momentos de timidez. "As estrelas são tão bonitas," ela murmurou, tentando mudar de assunto. "Eu nunca tinha visto muitas delas antes. O lugar onde eu cresci era pequeno e afastado… nunca pude assistir a uma noite assim."
Christian olhou para Catarine, vendo como a luz das estrelas se refletia em seu rosto enquanto ela observava o céu. Um sentimento estranho, que ele não conseguia explicar, começou a surgir dentro dele — era uma mistura de admiração, ternura e algo mais, algo que parecia amor. Sentiu um calafrio percorrer seu corpo ao perceber o quanto ele se sentia atraído por aquela jovem guerreira valente que se sentava ao seu lado. "Elas são lindas," ele murmurou, seus olhos presos nas estrelas, mas sua mente e seu coração estavam focados nela. "Mas não tanto quanto você neste momento." As palavras saíram de sua boca sem pensar, e ele quase se amaldiçoou por isso, temendo que ela pudesse interpretar como uma simples brincadeira. Mas, olhando em seu rosto, viu que ela parecia surpresa pela sinceridade de sua observação. Catarine virou-se para ele, o rubor mais visível agora na noite escura. Ela estava desconcertada com as palavras de Christian, embora profundamente comovida com a franqueza de seu elogio. Ela mordeu os lábios nervosamente, sem saber como responder. "V-você não deveria dizer essas coisas," ela murmurou, as bochechas ainda coradas. Christian sorriu, notando a timidez dela. "Por que não?" Ele a provocou, sua voz suave como uma brisa noturna. "É a verdade. Você é linda à luz das estrelas." Catarine sentiu a pele formigar com as palavras de Christian. Não era a primeira vez que alguém a elogiava, mas, vindo de alguém como ele, as palavras pareciam mais significativas. Ela tentou disfarçar sua confusão com um gesto de indiferença, tentando parecer mais segura do que realmente estava. "Você provavelmente diz isso a toda mulher que encontra no caminho" ela murmurou, desviando o olhar.
Christian soltou uma risada, divertido pela tentativa inútil dela em manter a pose de indiferença. "Acho que não," ele respondeu, enquanto esticava o braço e colocava uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. "Você é única. Além disso, beleza exterior é um fator mínimo para mim. Você é muito mais do que apenas bela." A declaração de Christian a surpreendeu e comoveu ao mesmo tempo. Ela baixou o olhar para suas mãos entrelaçadas, tentando se recuperar do efeito de suas palavras. Era difícil aceitar o fato de que alguém como ele a via como alguém especial. "Você realmente acredita nisso?" Perguntou, levantando os olhos para ele novamente, mostrando vulnerabilidade. "Eu não apenas acredito," ele respondeu, sem dúvida em sua voz enquanto envolvia sua mão na dele. "Eu sei. Você é inteligente, corajosa, determinada...e linda. Mais do que qualquer pessoa que eu já conheci." Catarine sentiu um nó se formando em sua garganta com as palavras de Christian. Ela não estava acostumada a receber elogios desse tipo, especialmente não de alguém como ele. No entanto, havia algo em sua genuína sinceridade que a fazia acreditar nele. Sem perceber, ela envolveu seus dedos nos dele, buscando conforto no toque gentil de sua mão. Christian permaneceu em silêncio, observando Catarine enquanto ela envolvia seus dedos nos dele.
Ele podia ver a vulnerabilidade em seu olhar, o leve tremor de suas mãos. Ela era jovem, ele se lembrou. Embora tivesse passado por muita coisa em sua breve vida, ela ainda era jovem e inocente em muitos aspectos. Enquanto a olhava, ele sentiu um impulso protetor se apoderar de si, querendo protegê-la de todos os perigos e sofrimentos do mundo. Porém, ao mesmo tempo, ele sabia que ela não iria querer que ele agisse assim. "Eu quero te proteger... não quero deixar que ninguém machuque você." Catarine sentiu as palavras de Christian ecoarem dentro dela como um sussurro doce e reconfortante. A sinceridade em sua voz era inconfundível, e ela sentiu o seu coração se aquecer com o desejo de se sentir protegida. Contudo, ela não pôde deixar de reconhecer a ironia ali. Ela era uma guerreira treinada, forte e capaz de se defender sozinha. "Eu não preciso de proteção," disse ela, meio que brincando, embora houvesse um pequeno traço de verdade em suas palavras. "Eu sei, você é capaz de se proteger sozinha, mas...mesmo assim." Ele olhou fundo nos olhos dela. "Meu instinto de lobo é de um canídeo fiel que protege aqueles que são importantes para mim."
Ele se aproximou mais perto dela, até que seus ombros se tocassem, as mãos ainda fortemente entrelaçadas. Ela sentiu seu corpo reagir, um arrepio percorrendo sua pele com a proximidade de Christian. Os ombros dele se encostavam suavemente no dela, o calor de seu corpo se misturando ao dela em uma sensação reconfortante. A mão dele continuava entrelaçada à dela, forte e segura. Catarine não se mexeu, apenas permaneceu ali, sentindo a intensidade daquele momento entre eles. "Sabe, eu tenho outro desejo além de prolongar mais essa noite com você." "Oh?" Ela perguntou, o coração batendo um pouco mais rápido com a expectativa de escutar o que ele tinha a dizer. "E qual seria esse outro desejo?" Christian olha para Catarine profundamente, antes de responder. "Eu quero te beijar," ele finalmente admite, a voz suave, carinhosa. "Eu quero te provar o quanto você é especial para mim." Catarine ficou atordoada com a franqueza das palavras de Christian. Ela sentiu suas bochechas corarem com intensidade, e seu coração deu um pequeno salto no peito. Ela não estava preparada para aquela admissão, mas algo dentro dela despertou com as palavras dele. Era uma atração, uma necessidade de sentir a boca dele sobre a dela. "Eu... Eu não sei o que dizer," ela conseguiu gaguejar, o rubor em seu rosto ficando mais evidente. "Diga que posso..." Catarine olhou para Christian, sua expressão hesitante e vulnerável. Ela podia ver a sinceridade e o desejo em seus olhos, podia sentir o impulso em seu toque. Ela sabia o quanto ele queria isso, e ela própria não podia negar que desejava o mesmo. Ela engoliu em seco, antes de finalmente responder: "Você... Você pode me beijar."
Christian aproximou-se lentamente, seus olhos nunca deixando os de Catarine. A atmosfera ao redor parecia se aquecer, como se o próprio mundo estivesse aguardando em silêncio aquele momento. O toque de suas mãos ainda entrelaçadas era suave, mas firme, como uma âncora que os mantinha conectados enquanto o espaço entre eles diminuía. Ele podia sentir o leve tremor nas mãos dela, e isso fez seu coração bater mais forte. Sabia que estava prestes a cruzar uma linha delicada, um território novo tanto para ele quanto para ela. Catarine, por outro lado, sentiu o ar à sua volta mudar. Cada respiração parecia mais profunda, e o peso da expectativa aumentava com cada milímetro que os separava. O calor do corpo de Christian era reconfortante, mas também assustador. Ela nunca havia sido beijada antes, e o pensamento de experimentar algo tão íntimo pela primeira vez a enchia de uma mistura de curiosidade, nervosismo e uma sensação inesperada de segurança. O coração dela batia acelerado, como se estivesse se preparando para um salto no desconhecido. Seus lábios estavam entreabertos, como se aguardassem o toque suave que ela sabia que viria.
Quando Christian finalmente se inclinou e seus lábios roçaram os dela pela primeira vez, Catarine sentiu como se o mundo inteiro tivesse parado. Foi um toque delicado, quase hesitante, como se ele estivesse tomando cuidado para não assustá-la. O primeiro contato foi como uma faísca, suave e ao mesmo tempo eletrizante. Um calor percorreu o corpo dela, começando dos lábios e se espalhando até o coração. Nunca havia sentido algo assim — o simples toque de outra pessoa de forma tão íntima era ao mesmo tempo assustador e profundamente confortante. Havia uma doçura no gesto de Christian, um carinho genuíno que fez o nervosismo inicial dar lugar a um profundo sentimento de confiança. Ela fechou os olhos, permitindo-se mergulhar naquele momento. Sentiu o gosto dos lábios de Christian, quentes e suaves, e a maneira como ele a beijava com tanta delicadeza, como se estivesse temendo quebrar algo precioso. Cada movimento era calmo, sem pressa, mas carregado de significados que ela ainda tentava entender. Havia um cuidado nos lábios dele, uma ternura que fazia com que o medo e a inexperiência dela fossem substituídos por uma sensação de acolhimento. Ela não esperava que um beijo pudesse ser tão envolvente, tão cheio de emoção, como se estivesse compartilhando algo mais profundo do que apenas um toque físico.
Para Christian, o momento era igualmente avassalador. Ao sentir os lábios de Catarine nos seus, algo dentro dele pareceu se acalmar e despertar ao mesmo tempo. O beijo era suave, mas a intensidade emocional era palpável. Sabia que estava beijando alguém jovem, alguém que talvez nunca tivesse experimentado esse tipo de intimidade antes, e isso o fez ser ainda mais cuidadoso. Ele queria que ela se sentisse segura, amada, especial. Cada movimento era feito com intenção, não havia pressa, apenas um desejo genuíno de mostrar a ela o que sentia. O coração dele batia forte, não apenas pelo desejo físico, mas pelo carinho profundo que nutria por ela. A vulnerabilidade de Catarine tocava algo protetor dentro dele. Enquanto seus lábios se moviam contra os dela, Christian sentia algo quase sagrado naquele momento. Não era apenas o ato de beijar, mas o significado por trás disso — era o primeiro beijo dela, e ele queria que fosse algo que ela lembraria com carinho. O toque suave dos dedos dela entrelaçados aos seus enviava ondas de ternura por seu corpo. Ele nunca havia beijado alguém com tanto cuidado, e a pureza do momento o atingiu profundamente. Estava ali não apenas como um homem apaixonado, mas como alguém que queria proteger e cuidar de quem estava ao seu lado.
Catarine, por sua vez, sentiu uma onda de emoções confusas. Havia uma doçura no beijo de Christian que a fazia querer mais, um desejo suave e tranquilo que crescia dentro dela. Ela sentiu o calor de seu corpo próximo ao dela, o toque suave de seus dedos nos seus, e soube que, naquele momento, algo entre eles havia mudado para sempre. Havia carinho, cuidado e, acima de tudo, amor naquele beijo. Um amor que ela ainda estava começando a entender, mas que já aquecia seu coração de uma forma que nunca havia experimentado antes. Quando finalmente se afastaram, os olhos de ambos estavam cheios de algo novo. Catarine abriu os olhos devagar, o coração ainda acelerado, e percebeu que seus lábios formigavam levemente. O calor persistia, tanto no toque quanto em seu peito, e ela se deu conta de que aquele beijo havia sido mais do que apenas um gesto físico — era uma promessa silenciosa de que algo maior estava por vir.
Christian a olhou com carinho, os olhos suavemente brilhando na luz das estrelas. Ele não disse nada de imediato, mas o sorriso suave em seu rosto transmitia tudo o que ele sentia. Aquele primeiro beijo, tão cheio de ternura e emoção, era algo que ele sabia que nunca esqueceria. E, enquanto segurava a mão de Catarine com gentileza, ele sentiu que havia construído um novo elo, um que seria difícil de quebrar. Ela, ainda tocando seus lábios com os dedos, sorriu timidamente. Seu coração ainda estava acelerado, mas, no fundo, ela sabia que aquele momento havia sido perfeito. Christian manteve seus olhos fixos em Catarine, observando cada detalhe de sua expressão enquanto ela ainda tocava os lábios, claramente tentando processar o que acabara de acontecer. Um leve sorriso tímido curvou os cantos de sua boca, e ele sentiu uma onda de ternura percorrer seu peito ao ver a vulnerabilidade dela. A jovem guerreira, tão forte e determinada, agora parecia mais delicada e suave, quase etérea sob a luz suave das estrelas.
“Você está bem?” Ele perguntou em um sussurro, a voz baixa, quase hesitante. Não queria apressar nenhum sentimento ou reação dela, pois sabia que aquele momento era tão novo para ela quanto era especial para ele. Catarine soltou uma pequena risada nervosa, ainda meio incrédula com tudo o que havia acontecido. Ela olhou para ele, os olhos brilhando com um misto de confusão e fascinação. “Eu... estou,” respondeu ela, com um leve tremor na voz. “Só... não esperava que fosse assim.” “Assim como?” Christian inclinou-se levemente, sua mão ainda entrelaçada com a dela, oferecendo-lhe conforto e segurança. Ela hesitou por um momento, tentando encontrar as palavras certas. “Tão... intenso, mas ao mesmo tempo... calmo,” disse ela, finalmente, seu olhar caindo brevemente para seus lábios novamente. “Nunca pensei que um beijo pudesse ser... tão cheio de sentimentos.” Christian sorriu gentilmente, entendendo exatamente o que ela queria dizer. Ele próprio sentia como se aquele simples beijo tivesse carregado mais emoções do que ele poderia ter expressado em mil palavras. “Não é só o beijo, Catarine,” disse ele com suavidade. “É o que está por trás dele. O que sentimos. O que eu sinto por você.”
As palavras dele fizeram o coração dela bater ainda mais rápido, e ela desviou o olhar por um momento, tentando conter o rubor que subia pelo seu rosto. O que ele sentia por ela? Esse pensamento a invadiu com uma mistura de medo e excitação. Ela sabia que havia algo especial entre eles, mas ouvir aquilo em voz alta fez com que o peso do momento se tornasse ainda mais real. Catarine respirou fundo, buscando a coragem que sempre possuía em batalha, mas que parecia se dissipar quando estava ao lado dele. “Eu nunca... senti isso antes,” admitiu, sua voz agora um pouco mais suave, quase um sussurro. “É estranho para mim.” Christian apertou gentilmente sua mão, encorajando-a com o toque. “Não precisa ter medo disso,” ele disse, olhando fundo em seus olhos. “Eu sei que é novo, que é diferente, mas não há pressa. Estou aqui, com você, e vou estar ao seu lado em cada passo.”
Aquelas palavras, ditas com tanta calma e segurança, penetraram fundo em Catarine. Ela sentiu o calor se espalhar em seu peito, e, pela primeira vez, permitiu-se relaxar completamente ao lado dele. Havia algo reconfortante em saber que ele estava disposto a dar tempo ao tempo, que não havia expectativa ou pressão, apenas o desejo genuíno de estar com ela. Catarine olhou para ele, os olhos brilhando com um novo tipo de entendimento. “Eu confio em você, Christian,” ela disse com sinceridade. “E isso me assusta.”
Ele sorriu novamente, um sorriso tranquilo e compreensivo. “A confiança pode ser assustadora,” ele concordou, “mas também pode ser a coisa mais bonita do mundo.” O silêncio que se seguiu entre eles não era desconfortável, mas cheio de significado. Ambos sabiam que algo havia mudado, que aquele momento havia marcado um ponto de virada na relação entre eles. Christian ainda sentia o impulso de protegê-la, de mantê-la segura, mas também compreendia que Catarine, com toda sua força e independência, não queria ser tratada como alguém frágil. Havia uma delicada balança entre cuidar dela e respeitar sua força, e ele estava determinado a honrar ambas.
Catarine, por sua vez, estava mergulhada em pensamentos. O beijo de Christian havia despertado sentimentos que ela não sabia que possuía — uma mistura de desejo e medo, curiosidade e carinho. Embora a ideia de se entregar a esses sentimentos a assustasse, havia algo na presença dele que a fazia sentir-se segura para explorar isso. Ela inclinou-se ligeiramente para frente, seus ombros tocando os dele novamente. Christian, sentindo a aproximação, passou o braço ao redor dela, envolvendo-a em um abraço suave. Ela permitiu que sua cabeça repousasse contra o ombro dele, sentindo o calor e o conforto de sua proximidade. Não havia mais palavras necessárias naquele momento. Apenas o som da respiração suave de ambos e o batimento de seus corações, que agora pareciam estar em sintonia.
Enquanto as estrelas brilhavam no céu acima deles, Christian apertou-a um pouco mais, sentindo-se em paz. Ele sabia que estava começando algo precioso, e que cada momento compartilhado com Catarine seria especial. Ela era diferente de qualquer pessoa que ele já conhecera — forte, mas também vulnerável, uma guerreira com um coração que ele sabia ser puro. Catarine, envolvida pelo abraço dele, fechou os olhos. Pela primeira vez em muito tempo, permitiu-se relaxar completamente. Havia sempre sido difícil para ela confiar, deixar alguém se aproximar de verdade. Mas com Christian, as barreiras que ela normalmente erguia pareciam desaparecer. Ele a fazia sentir-se segura, amada, e isso era algo que ela não sabia que estava procurando até encontrar. Ali, sob o céu estrelado, ela sabia que havia encontrado algo único. Algo que ela desejava preservar, com todo o cuidado e carinho que estava aprendendo a sentir. Christian, ainda segurando Catarine com carinho em seus braços, inclinou-se levemente, fechando os olhos por um breve momento enquanto inalava o ar ao redor dela. O perfume que emanava de sua pele era uma mistura sutil de terra, folhas e algo mais suave, algo que era unicamente dela. Ele não conseguia exatamente identificar o que era, mas sabia que aquele cheiro estava gravado em sua memória para sempre.
Sem pensar muito, ele sussurrou com a voz suave e carinhosa: "Você tem um cheiro incrível." Catarine, ainda aninhada contra o ombro dele, sentiu seu coração acelerar um pouco com a proximidade. Ela levantou o olhar, surpresa e um pouco envergonhada pelo comentário inesperado. "O quê?" perguntou ela, um sorriso tímido brincando em seus lábios. Christian abriu os olhos e encontrou os dela, seus dedos roçando suavemente a lateral do braço dela enquanto sorria de forma reconfortante. "Seu cheiro..." Ele pausou, como se tentasse encontrar as palavras certas. "É algo que eu nunca vou esquecer. Tem algo nele que é... especial. Acho que, mesmo que o tempo passe, se um dia eu estiver longe, vou me lembrar de você só pelo seu cheiro." Ela corou profundamente, sem saber exatamente como responder àquela confissão tão íntima. Era algo novo para ela, algo tão pessoal e inesperado que a deixou sem palavras por alguns segundos. Sentir-se especial para alguém era uma experiência nova, e a maneira como Christian a fazia sentir isso era ao mesmo tempo delicada e profunda. "Não sei se meu cheiro é assim tão especial," disse ela, tentando disfarçar sua timidez com uma risada leve. Christian, ainda sorrindo, balançou a cabeça. "Para mim, é. É o tipo de coisa que... quando fecho os olhos, posso sentir você aqui comigo, mesmo que não esteja. É reconfortante, é você." A sinceridade em sua voz era palpável, e Catarine sentiu o peito se apertar com a emoção que aquelas palavras carregavam. Ele a olhou profundamente, seus olhos refletindo uma afeição silenciosa e sincera. "Eu vou me lembrar desse cheiro para sempre. Assim como vou me lembrar de cada momento com você."