Bernardo bateu a porta do SUV em frente à casa de Carolina. Deu a volta no carro e se aproximou devagar do portão. Bateu palmas. A porta da frente se abriu e a dona da casa apareceu, indo recebê-lo.
— Boa noite! — cumprimentou ela.
— Boa noite. — ele respondeu entrando.
Os dois se dirigiram à porta da frente. Renata vinha do quarto com o celular na mão, entretida com a tela.
— Olha só, Carol, isso aqui que eu te disse… — interrompeu-se ao ver Bernardo entrar com a amiga.
As duas entreolharam-se e Carolina disse “desculpa” com os lábios, em silêncio.
— Acho que vocês precisam conversar. — disse ela, pegando a bolsa que estava no sofá. — Vou lá no Marcelo, fiquem à vontade. Se precisar que eu volte, miga, manda uma mensagem que volto imediatamente.
Ela deu um beijo na face de Renata e saiu. A hóspede encarou Bernardo com uma fragilidade na expressão que não mostrava na conversa anterior. Ele a sondava, ainda sem entender direito a situação toda.
— Ok. Oi, pode sentar. — Renata indicou o sofá.
— Oi… — saudou ele, fazendo o que ela pedia.
Renata se acomodou na poltrona.
— Te peço perdão mais uma vez… — começou Bernardo.
— Tá, não vamos mais falar dessa aposta ou vou ficar furiosa com você e não vou conseguir conversar. — cortou ela.
Bernardo assentiu.
— Me diz o que você tinha pra me dizer. — pediu ele.
— Já tocamos nesse assunto sem nenhum compromisso e sua posição a respeito não foi das melhores. Mas entendo a Carol te chamar… Talvez ela tenha razão em achar que, antes de tudo, preciso pelo menos te contar.
— Na verdade, eu que a procurei. Lembrei que você tinha me comentado sobre a lojinha dela e fui atrás de saber notícias suas.
Ele ainda a observava, aguardando, sem compreender aonde ela queria chegar.
— Ok. Quero também que você entenda que não está sendo obrigado a nada, afinal, você não foi consultado. Poderia te responsabilizar compulsoriamente, poderia, mas não acho que esse tipo de papel se deva exercer à força.
Bernardo franziu o cenho. O coração disparou, ele não ousava, entretanto, cogitar a ideia que lhe rondava a cabeça.
— Papel?
— Bernardo, você sabe que eu não fiz de propósito, não quero estragar seus planos, você tem toda a vida pela frente, só aconteceu… — explicou Renata, com os olhos rasos d’água.
— Mas o que estragaria meus pl… — ele suspendeu a frase de súbito quando entendeu do que se tratava.
Ficou paralisado olhando para Renata, que deixou as lágrimas escorrerem pelo rosto. Era isso mesmo que ele estava imaginando? Por que ela chorava?
— Tá tudo bem, Bernardo, tudo bem mesmo. Estamos em fases diferentes e eu entendo que você não está pronto…
— Entendi direito? Você está esperando um filho meu, Renata? — indagou ele, boquiaberto.
Ela soluçou cobrindo o rosto. Suas lágrimas doeram em Bernardo. Queria abraçá-la, confortá-la, deixá-la segura de que não estava sozinha.
— Desculpa… Sei que o erro foi dos dois, mas eu tinha mais obrigação de ter juízo, você ainda é um menino… — murmurou ela com a voz embargada.
Bernardo deixou-se cair de joelhos diante dela, que descobriu a face.
— Rê, me ouve… Olha aqui pra mim. Não foi um erro.
Ela suspirou e pausou o choro em um susto.
— Não vai me dizer que você fez de propósito? Não se brinca com essas coisas, Bernardo.
Ele envolveu as mãos dela nas suas.
— Não fiz de propósito, gatinha… Foi o que você disse: aconteceu. Talvez tivesse que acontecer. A gente não podia impedir.
Renata olhava nos olhos de Bernardo, com medo de acreditar no que ele dizia.
— O que eu queria te dizer aquele dia não é que tinha feito uma aposta idiota sobre não gostar de você… Eu queria te dizer que perdi a aposta. É impossível te conhecer e não gostar de você e é por isso que você evita tanto que te conheçam. Mas eu pude ver como você é… E isso mexeu demais comigo. Desde que botei meus olhos em você, meu corpo é seu. E quando convivi com você… Você foi ganhando meu coração.
Ele secou as lágrimas dela com os dedos e ajeitou os cabelos atrás das orelhas.
— Gatinha… Cheguei a achar que eu tivesse defeito de fábrica e não pudesse nunca gostar de ninguém… Mas eu gosto de você. Se há mulher no mundo que eu queira que tenha um filho meu, é você. É o que você pretende fazer, né…?
— É… — confirmou Renata, fungando, com os olhos avermelhados.
— Você vai poder contar comigo em cada segundo que for necessário. Estarei sempre ao seu lado, não quero que te falte nada, quero que tudo aconteça da melhor maneira possível.
Renata fez que sim.
— Se você diz…
— Eu digo e vou te provar, gatinha… Não sou um menino, você vai poder contar comigo.
Bernardo levantou-se e pegou Renata no colo, tornando a sentar-se no sofá com ela em seus braços. Ela enterrou o rosto no pescoço dele, buscando conforto em seu perfume.
A proximidade do corpo dela provocou nele uma ereção contra a qual lutou como pôde. Renata, porém, foi arrastando os lábios pela lateral de sua face, até encontrar os dele. Foi um beijo lento, cheio de sede e de carinho. Beijá-la impossibilitou Bernardo de controlar seu pau, que se enrijeceu totalmente.
Eles se afastaram por um breve momento e se entreolharam.
— Gatinha, eu gosto tanto de você…! Deixa eu te dizer: estou feliz de verdade com tudo isso… Aconteceu de um jeito torto, mas… Ser pai do seu filho vai ser realmente lindo.
Um sorriso tímido, esperançoso como um raio de sol que perfura as nuvens, brincou nos lábios de Renata.
— Sério, mesmo?
— Sei que pra você eu que não sou o que você esperava como pai… Mas te prometo: vou mostrar a você que posso ser exatamente o que você precisa.
Eles tornaram a se beijar. O beijo esquentou e as mãos se tornaram inquietas. Ambos já estavam ofegantes, com a face avermelhada de calor.
— Vem. — convidou Renata, se pondo de pé e puxando Bernardo pela mão para o quarto de Natasha, onde estava instalada.
Bernardo abriu os botões do pijama de seda que Renata vestia, deixando a blusa escorregar pelos ombros e cair no chão. Depois tirou o próprio casaco e a camiseta de baixo, também ficando nu da cintura para cima. Aproximou-se dela para abraçá-la, roçando o peito nos seios dela, sentindo os mamilos intumescidos de desejo. Foi beijando seu rosto, o pescoço, descendo pelo colo, voltando à boca.
— Rê, antes de você eu nem sabia que existia essa conexão que temos… Tenho vontade de me unir a você e nunca mais separar… — sussurrou ele ao ouvido dela, enquanto suas mãos subiam para acariciar seus seios.
Renata gemeu.
— Talvez seja só eu que me sinta assim, sei que nem sempre a gente é correspondido… — ele continuou. — Mas, se eu tiver a chance de te conquistar… Vou agarrar com unhas e dentes.
Ele a deitou na cama e a despiu da calça. Exatamente como imaginava, ela vestia por baixo uma calcinha mínima, branca. Mordeu a peça de roupa na frente e puxou para baixo, deixando-a nua. Livrou-se rapidamente da calça jeans, da cueca e das meias. Deitou-se ao lado dela. Se beijaram longamente, abraçados.
— Meu pau tá latejando pra te comer, mas minha boca tá salivando pra te chupar… O que você quer de mim? — perguntou Bernardo, acariciando o corpo de Renata lentamente.
Ela mordiscou o lábio dele.
— Quem sabe você me chupa enquanto eu te chupo? — sugeriu, com volúpia.
Renata sentou-se e inverteu o corpo, ainda de lado para ele. Ao mesmo tempo em que abocanhava com vontade seu membro, ela sentia a língua e os lábios dele brincando em seu sexo.
A troca de prazeres se estendeu o quanto puderam, até o cansaço do corpo. Renata já tinha chegado lá duas vezes quando Bernardo sentiu que iria ejacular e percebeu que ela o mantinha na boca, segurando-o, estimulando, até que ele não aguentasse mais, gozando fundo em sua garganta. Enquanto engolia tudo, Renata ficou tão excitada que sentiu o corpo se contrair em outro orgasmo. Ficaram alguns minutos na mesma posição, até que Bernardo a puxou gentilmente para deitar-se ao seu lado.
Depois de dar-lhe um beijo terno, Bernardo abriu um sorriso bobo, acariciando o rosto de Renata.
— A mãe do meu filho… — disse, sonhador. — Ou filha, né?
A mão de Renata andou pelo meio dos cabelos de Bernardo.
— Bê… Acho que estou muito aliviada com a sua reação. Mas se a qualquer momento você perceber que não dá, me avisa enquanto é cedo.
Ele fez que não.
— Você não vai se livrar tão fácil de mim.
— Outra coisa… Não vamos misturar as estações. Seremos pais de uma mesma criança, mas isso não significa que estamos juntos.
Uma tristeza imediata estampou o rosto de Bernardo.
— Mas, Rê…
— Uma coisa de cada vez. — encerrou ela.
Ele tinha vontade de deslizar a mão nos cabelos dela, puxá-la para deitar em seu peito, mas sentia-se desencorajado por suas palavras. O coração queria a todo custo mostrar a ela que guardava sentimentos verdadeiros, Bernardo, porém, entendeu que a melhor coisa que podia fazer para demonstrar afeto por Renata naquele momento era respeitá-la.
— Você prefere que eu vá embora? — perguntou, torcendo pela negativa dela.
Renata fez círculos no peito dele, com o olhar acompanhando a ponta do dedo. Depois voltou a encará-lo. Estava com a cabeça zoada, era muita informação de uma só vez.
— É melhor, Bê. — confirmou.
Ele suspirou fundo. Ambos se levantaram e começaram a se vestir. Quando prontos, pararam frente a frente.
Bernardo lançou a Renata um olhar cheio de carinho.
— Não fica longe, não. — pediu ele. — Preciso que você esteja perto para cuidar de você, de vocês. Se vai ficar aqui, será que a Carol se incomoda comigo vindo te ver?
Ela negou com a cabeça.
— Vou voltar para casa, só preciso pôr as ideias no lugar.
— Então eu vou indo… — anunciou ele, levando a mão até a barriga dela, hesitando em tocá-la.
Renata pegou o pulso dele e o fez pousar a palma sobre seu ventre que ainda não tinha crescido. Trocaram um olhar brilhante, sorrindo, e ela pôde notar que ele estava emocionado.
Bernardo aproximou-se sem mover a mão. Beijou a face de Renata, depois se abaixou e beijou também seu abdômen, com ambas as mãos em seus quadris. Levantou-se.
— Obrigado por tudo. Obrigado pelo voto de confiança, obrigado por me perdoar, obrigado por carregar esse serzinho que ainda nem se formou. Rê, gatinha: muito obrigado. Vou lá. Qualquer coisa me chama, tá? Estarei aqui no tempo exato de me deslocar.
Ela assentiu. Foram para a porta, onde se despediram.
O carro de Bernardo partiu e Renata andou devagar para dentro de casa, acariciando o próprio ventre, com a mente ao mesmo tempo cheia demais e vazia de espaço para processar tudo.

Bernardo estacionou na garagem do prédio onde moravam. Recostou a cabeça no banco, com o olhar vagando pelo teto do carro, passando pelo para-brisa, pousando na parede de concreto. Um filho. Um filho meu. Um filho de Renata. Um filho nosso. Pai: vou ser pai. Quando eu cheguei a pensar nisso a sério? E agora é seríssimo, é realidade, palpável. Em alguns meses eu terei um bebê para cuidar.
Precisava apresentar Renata à sua família, afinal, ela seria a mãe de seu filho, eles seriam os avós. Ou seja… seriam uma só família. Imaginou Renata com a barriga crescida, os seios fartos. Ficaria linda, pensou, enternecido. E o bebê, como seria? Parecido com ele? Com ela? Uma mistura dos dois?
Subiu pelo elevador perdido em devaneios. Entrou em casa sonhador, cheio de planos.
