O ar condicionado amenizava o calor do ambiente. Fitas metalizadas coloridas pendiam por toda a parte compondo a decoração, refletindo as luzes também multicor que quebravam a penumbra. O DJ era eclético, mas naquele momento tocava um samba que se adequava perfeitamente à ocasião: uma festa à fantasia na madrugada da terça-feira de carnaval.
Renata exibia o belo corpo em uma fantasia preta de gatinha. Orelhas felpudas sobre a cabeça, uma minissaia que mal cobria seu traseiro generoso, um decote que realçava os seios médios e uma cauda angorá compunham a vestimenta. Os cabelos castanhos, ondulados, passavam dos ombros e estavam soltos. Nos lábios carnudos, um batom vermelho matte de alta fixação. Estava acompanhada da amiga Carolina, fantasiada como a Tempestade dos X-men, e da filha dela, que trouxera uma amiga. As mais jovens tinham ido caracterizadas como Moana e Frozen, em uma versão com vestidos mais curtos.
— Rê, tem um carinha de olho em você ali atrás… — Carolina avisou. — é o Diabo, presta atenção. Mas seja discreta…!
Não se podia chamar de discreta a atitude de Renata ao se virar para o lugar indicado pela amiga. Ela também nunca tinha sido tímida e não costumava se esconder. Olhou por cima do ombro e viu a alguns metros de distância um rapaz na casa dos vinte anos, vestindo uma roupa toda vermelha: bermuda, camisa com os botões todos abertos, um par de chifres que piscavam e tênis. Renata não negava que ele era bem interessante, barba por fazer, cabelo bagunçado, se viam os braços tatuados na parte que a manga não cobria. E, de fato, a comia com os olhos. Virou-se para Carolina.
— Ai, Carol, esse menino podia ser meu filho! — disse no ouvido da amiga.
A outra deu um gole em um drink que misturava espumante, vodka, leite condensado e frutas. Em seguida, aproximou-se de Renata para retrucar.
— Podia, mas não é! E garanto que o interesse dele nos seus peitos não é amamentação! — brincou. — Ao menos, não exatamente.
Renata deu mais uma espiadinha no “Diabo”. Ele dançava com o corpo voltado a uma roda de amigos, o rosto, porém, mantinha o tempo todo virado para ela. Pelo jeito, havia percebido que ela o fitava, pois a escaneou de cima a baixo, ostensivamente, com um meio sorriso safado, mordendo o lábio inferior. O flerte descarado balançou Renata, que outra vez voltou-se para seu grupo, também sorrindo.
— Ele é jovenzinho demais até para mim que gosto desses baby boys. — desconversou, sem conseguir manter-se totalmente séria.
— E você não fica nem um pouco feliz por chamar a atenção daquele rapazinho, tendo quarenta? — Isabela, a Moana filha de Carolina, perguntou.
Depois de beber sua cerveja, Renata ressaltou:
— Então, Isa, disse bem: quarenta. Tia Rê é realmente uma tia. — riu ela.
— E que tia gostosa do caralho, hein! — elogiou a garota, dando risada. — O “menino” ali concorda comigo.
O partido alto deu lugar a um samba mais lento e melódico. Renata sentiu uma mão em sua cintura e virou-se para ver quem era. O “Diabo” estava ao seu lado, com a mesma expressão sacana no rosto.
— Quer dançar, gatinha? — convidou.
Renata encarou seu grupo com ar de riso. As três devolveram a risada, incentivando com gestos. Ela entregou o copo a Carolina e aceitou sem dizer nada. Os dois se afastaram um pouco, ficando entre a roda onde ela estava e a roda de onde ele tinha saído.
O corpo dele parece de pedra…, pensou ela, com uma mão em seu ombro, sentindo o braço forte que enlaçava toda sua cintura com facilidade. O abdômen colado ao dela parecia um tanquinho e as coxas entrelaçadas às suas também eram grossas e firmes como uma rocha. Renata não chegava a ser alta, tampouco era baixa. O rapaz com quem dançava tinha quase vinte centímetros a mais, continuando mais alto apesar de seus saltos. É bastante músculo pra distribuir nessa altura toda, avaliou ela. Enquanto se moviam, mantinham os rostos lado a lado.
— Achei que você não ia querer dançar comigo… — ele falou no ouvido dela.
— Por quê?
— Areia demais para o meu caminhãozinho! — galanteou ele, rindo.
— Você acha? Por que insistiu e veio, então? — ela perguntou com um tom malicioso na voz.
— Não me incomodo de fazer quantas viagens for preciso. — ele respondeu com os lábios quase encostando no lóbulo da orelha dela, o ar quente de sua respiração aquecendo a pele.
— Você sabe que eu ouvi coisas do tipo zilhões de vezes, né, diabinho? Não necessariamente por ser verdade, mas, sim, porque isso é um papo furado manjadíssimo. — provocou ela. — Talvez para as meninas isso seja novidade. Porém eu já tenho muito mais estrada que você nessa vida.
— Não acredito que seja tanto assim. E eu sou Lúcifer, mas pode me chamar de Satã, linda.
— Quantos anos você tem, Satã?
— Vinte e um.
Renata deu uma gargalhada.
— Qual a graça? — ele indagou com o mesmo sorrisinho safado no rosto, olhando para ela.
— Tenho quase vinte anos a mais que você, garoto. — ela ainda ria.
Dessa vez a barba roçou o pescoço dela quando se aproximou para falar:
— O tempo te fez muito bem, sabia? Você é muito gostosa…
Renata sentiu-se arrepiar e a calcinha umedecer levemente.
— Você é bem filho da puta mesmo. — xingou, olhando para os lábios dele.
O olhar dele também pousou na sua boca.
— Escolheu uma fantasia perfeita! — ela acrescentou.
— Não nego. — concordou ele. — A sua também caiu como uma luva, porque você é muito gata.
Acercou-se para beijá-la. Renata precisava admitir que o rapaz, apesar de jovem, beijava com muita desenvoltura. Sabia intercalar momentos em que usava apenas os lábios com outros nos quais invadia sua boca com a língua de uma maneira profundamente sensual. Aqui e ali algumas mordidinhas temperavam o beijo. Ela sentiu-se derreter nos braços dele. Separaram-se devagar, contrastando com o agito à sua volta, trocando olhares.
— A propósito, meu nome é Bernardo. — ele se apresentou.
— Renata, muito prazer. — ela respondeu mordendo o lábio.
— Que isso, o prazer é todo meu. — disse ele, sorrindo e estreitando o abraço ao redor dela.
— Sozinho, Bernardo?
— Apenas com meus amigos. Completamente solteiro, sempre. E você, Renata?
— Apenas com minha amiga, mais a filha dela e a amiguinha que têm quase a sua idade.
— Você podia ter dito apenas “com minhas amigas”. Está focando demais em algo desimportante como idade. — ele outra vez encostou a boca no pescoço dela ao falar.
Dançando, eles já tinham se deslocado para um canto do salão.
— Se idade não fosse importante, não tinha idade para ser preso ou para dirigir. — ela provocou enquanto rodopiavam dançando.
— Ok, mas digamos que estou bem longe da idade do consentimento legal para você estar me tratando como um menino.
— Te tratando como o menino que você é? — ela lançou-lhe um olhar desafiador.
— Se você me permitir, mostro pra você que de menino não tenho nada…
Ela riu, debochada. Bernardo empurrou-a gentilmente na direção da parede e tomou seus lábios em um beijo ardente, intenso. Agradavelmente surpresa, Renata se deixou levar, correspondendo, enquanto sentia que ele a encostava na parede e pressionava o corpo contra o dela, flexionando os joelhos para equiparar a altura dos quadris. Sentiu que amolecia nos braços dele, o calor se expandindo de suas partes íntimas e se espalhando como lava de um vulcão em erupção. Não queria assumir, mas o garoto estava despertando nela sensações que nem todo homem conseguia despertar tão facilmente.
Com relutância, Bernardo afastou apenas o rosto, mantendo Renata pressionada contra a parede pelo seu peso.
— Você vai continuar me tratando como criança? — perguntou deslizando os nós dos dedos pelo rosto dela. — Se você quiser, posso ser seu homem… essa noite…
Renata sorriu, deliciada.
— Exatamente o que Satã diria.
— E o que uma gatinha diria? Eu acho que ia ronronar e se esfregar na minha mão enquanto é acariciada… — ele disse tão baixo quanto possível para ser ouvido naquele barulho, com a mão descendo pelo pescoço dela, depois pelo ombro.
— Depende… — ela retorquiu escorregando as mãos pelas costas dele até alcançar sua bunda, onde as pousou, apertando de leve. — Depende se a gatinha estiver no cio.
Bernardo, ainda pressionando o corpo de Renata firmemente e olhando nos seus olhos, moveu-se para friccionar sua ereção nela, que segurou a respiração e entreabriu os lábios. Era impossível não perceber o efeito que ela causava nele e sentir isso a estava deixando ainda mais excitada. Ele estava muito duro.
— É falta de educação perguntar se a gatinha está no cio hoje? — ele indagou com os olhos alternando o foco entre os lábios e os olhos dela, uma mão em sua nuca sob os cabelos, o outro braço envolvendo sua cintura.
Renata sentiu que se molhava de vez.
— Se não estava, com você esfregando esse corpo gostoso nela, entrou no cio agorinha mesmo… — respondeu ela, beijando-o e puxando seus quadris contra os dela, erguendo uma perna que ele prontamente segurou para encaixar-se melhor ao se roçar.
Se beijaram e se agarraram por algum tempo antes de se desgrudarem a custo.
— Quer dançar mais um pouco ou prefere beber? Podemos ir lá buscar um drink. — ele sugeriu.
Renata deu-lhe um selinho lento antes de se afastar outra vez.
— Beber um pouco parece uma boa ideia. Mas fico com a cerveja.
Bernardo a puxou para sua frente, de costas para ele, e a encaminhou para o bar com as mãos em sua cintura. Chegando lá, perguntou que cerveja ela preferia e pegaram um copo cada um.
— O que você faz da vida, Rê? — Bernardo perguntou antes de dar o primeiro gole.
— Sou jornalista. E aposto que você não trabalha, Bê. — ela alfinetou.
Bernardo semicerrou os olhos, mordendo a língua, travesso.
— Por que você acha isso?
Ela deu um sorriso de canto de boca.
— Você tem cara de nem-nem.
Bernardo beijou-a devagar e continuou com o rosto próximo, todo inclinado para ela.
— Ok. Acertou em parte. Faço engenharia eletrônica, ainda não trabalho.
— Não acredito que beijei um garotinho que vive de mesada! — debochou ela, rindo.
— Minha família tem uma situação confortável, realmente não preciso trabalhar ainda, só me dedicar à faculdade. Mas estou procurando um estágio na minha área.
A expressão no rosto dela era de uma incredulidade divertida. Ele a enlaçou e puxou-a para si.
— Não sabia que isso era uma entrevista de emprego, gatinha.
— Se soubesse, tinha fugido, Satã?
— Se você me entrevistasse, eu faria questão de trabalhar. Você veria o quanto sou focado e esforçado quando quero… — ele respondeu sem soltá-la.
Ele mordeu bem de leve o lábio dela, antes de um beijo quente. Ambos deixaram os copos no balcão. Apesar de aparentemente subestimar Bernardo, Renata sentia o corpo responder às carícias dele com ardor. Percorreu suas costas com as mãos, cravando suavemente as unhas por cima do tecido da camisa. Ele deixou seus lábios e se aproximou do ouvido.
— Consigo imaginar essas suas unhas nas minhas costas em um contexto mais íntimo, gatinha… Se você realmente está no cio, deveríamos aproveitar o momento, concorda?
Renata refletiu por instantes e decidiu.
— Concordo.
Terminaram a cerveja. Ela se despediu de Carolina, Isadora e sua amiga Mariana de longe, com um aceno. Bernardo dirigiu-se para o grupo de amigos que viera com ele e jogou um molho de chaves para outro rapaz da idade dele. Também deu tchau com um gesto.
— Mateus seria o motorista da rodada, ele não está bebendo. Mas, felizmente, saio com você e deixo o carro com ele. Vamos chamar um Uber.
— Que bom que, mesmo jovem, você já é consciente…! — elogiou ela.
Chegavam ao caixa na saída. Bernardo prontamente pegou a comanda da mão de Renata antes que ela pudesse protestar e pagou ambas. Outra vez, puxou-a pela mão e foi andando atrás dela, numa atitude protetora, no meio das pessoas que abarrotavam a saída. Assim que se viram na calçada, ele a puxou para perto, com as mãos em sua cintura.
— Desde que bati o carro do meu pai com dezoito, vindo de uma festa, achei melhor aprender. Antes que morresse ou matasse alguém. — explicou ele, abrindo os fios da sobrancelha e mostrando uma cicatriz oculta ali. — O mesmo air-bag que salva a vida da gente, dá um soco na cara. Além dos pontos que levei no supercílio, cortei por dentro da boca e do nariz, foi um estrago. Fiquei parecendo um castor de desenho animado.
Renata não sabia se ria da comparação, se elogiava o bom senso ou se comentava o desperdício que seria ferir um rosto tão lindo.
Ele sorriu e deu-lhe um beijo.
— Pode rir, vai.
— Ok, em primeiro lugar, que pena estragar uma fachada dessas…! Em segundo, que bom que você aprendeu, muitos playboys não aprendem e terceiro, “castor”? — ela cobriu a boca tentando segurar o riso.
Bernardo, com o mesmo ar risonho no rosto, chamava o carro no aplicativo do celular.
— Sim. O nariz ficou assim, ó, inchou aqui dos lados e só aparecia a ponta.
Ela deixou a risada tomar conta e se abaixou, se apoiando nas coxas. Contagiado, ele também ria.
— Vai rindo, vai! Quase que tive que procurar emprego no Cartoon Network.
— Ai, Bê, você é uma peça.
— Tem preferência de lugar? — ele indagou puxando-a para si.
— Se você tem, vamos lá. — ela respondeu ao pé do ouvido dele, que se arrepiou.
— É pra já! — olhou outra vez para o celular. — Chamei. Agora vem aqui um pouquinho… Cinco minutos.
Se beijaram com a mesma intensidade de dentro da festa. Bernardo deixou as mãos navegarem até a bunda dela, depois descerem até o limite entre a parte de baixo da saia e as coxas, praticamente onde terminava a curva das nádegas.
O Uber chegou. Entraram.
— Estou curiosa para descobrir o lugar que você escolheu… — Renata cochichou dentro do carro.
— Espero atender às suas expectativas… — Bernardo falou também baixinho, roçando a barba no pescoço dela e com a mão em sua coxa.
Olhando pela janela, a jornalista percebeu que se deslocavam em direção à região norte da cidade. Finalmente pararam diante de um prédio na forma de um imenso castelo medieval. O veículo entrou para deixá-los dentro do motel.
— Não tinha vindo aqui ainda, mas confesso que sempre tive curiosidade! — Renata disse assim que saíram do carro.
— Espero que eu mereça privilégios por realizar esse seu sonho… — ele brincou.
No quarto, Renata observou o ambiente tirando as sandálias. Uma parede era ocupada por um jardim vertical. As outras paredes eram tomadas por espelhos, com exceção da parede da porta. Além da cama e da hidromassagem, havia no quarto uma mesa com duas cadeiras e uma cadeira erótica.
— A temática medieval é só por fora… Mas gostei. Certamente parece um lugar aonde Satã me levaria. — ela disse, se virando para ele.
Bernardo fechou a porta e tirou os tênis e as meias.
— Infelizmente não há nenhum arranhador aqui. Sugiro que você afie suas garras nas minhas costas… — ele reduziu a luz e foi se aproximando conforme falava, até que suas mãos estivessem nos quadris dela. Recomeçaram a se beijar com voracidade.
— Posso fazer isso, se você quiser… e posso te dar um banho de língua também… — ela sussurrou entre beijos.
Eles andaram até a cama sem se desgrudar e caíram nela ainda agarrados.
— Ah, gatinha… com certeza aceito esse banho… e retribuo… — ele murmurou antes de mordiscar o lóbulo da orelha dela.
— Será que a língua do Satã pega fogo? — ela provocou.
— Satã todinho pega fogo, gostosa, eu já vou te mostrar… — ele respondeu dando uma mordida de leve no queixo dela.
As mãos dos dois percorriam os corpos um do outro em movimentos sôfregos. As tiaras com orelhas e com chifres foram jogadas longe. Os lábios de Bernardo foram descendo pelo pescoço de Renata, que gemia. Quando chegou ao colo, segurou os seios com ambas as mãos enquanto beijava entre eles. Desvestiu com facilidade a camisa que já estava aberta e voltou a investir em acariciar Renata, que arranhava levemente seus ombros, os braços, as costas. Ela ficou ainda mais excitada ao ver o torso dele, forte e definido, certamente esculpido por horas de academia. As tatuagens subiam pelos braços e invadiam parte do peitoral. Ele ajudou a tirar sua blusa, a deixando com um sutiã meia-taça vermelho vinho que realçava os seios firmes.
— Que mulherão… — ele sussurrou, puxando a saia dela para baixo e revelando a calcinha mínima que combinava com o sutiã.
Renata ergueu o queixo para que ele beijasse e lambesse seu pescoço e seu colo.
— Sou, é? Você também é muito gostoso… — sussurrou, agarrando as nádegas dele, também trabalhadas com muito treino.
— Acho que vou te dar um banho de língua antes de você me dar um… — ele disse, mordendo o lábio. — Desde que te beijei pela primeira vez tô pensando nisso.
Renata sentia-se pulsar de tesão.
— Sério?
— Ah, seríssimo.
Bernardo abriu o sutiã dela e gemeu admirando seus seios.
— São lindos! Eu já imaginava que eram lindos com você vestida, mas sem roupa… — murmurou antes de se jogar para beijá-los, acariciá-los, lambê-los, sugá-los. — Você toda é tão linda…
A empolgação com que o fazia era especialmente excitante para Renata. Ao mesmo tempo que mostrava saber bem o que estava fazendo, Bernardo parecia tão encantado como se aquilo fosse uma imensa novidade para ele. Ela, com as mãos na nuca dele, o puxava para si, observando atentamente cada movimento, e ele devolvia o olhar, cheio de malícia.
De repente, Bernardo afastou-se e surpreendeu Renata pegando-a no colo e carregando-a até a cadeira erótica. O móvel era uma espécie de divã diferente, com uma abertura central, que permitia várias posições. Ele a sentou ali, confortavelmente acomodada pelo formato anatômico do assento, e se colocou entre suas pernas.
Foi alternando beijos, mordidas e lambidas dos seios ao cós da calcinha. Renata sentia a excitação crescer em ondas à medida que ele descia por seu corpo com aquela boca quente. Quando chegou finalmente à última peça de roupa dela, ele a encarou com uma expressão marota e percorreu com o dedo a beirada da costura lateral.
— O que você quer que eu faça? — perguntou se fazendo de desentendido.
— Você me prometeu um banho de língua, Satã. Será que você não sabe como faz? — ela provocou.
Bernardo foi puxando devagar a calcinha dela, que ajudou movendo as pernas, até que estivesse totalmente despida. Apertou com força seus quadris dos dois lados.
— Ah, sei muito bem, gatinha. Mas, se não soubesse, aprenderia agora mesmo só pra chupar essa sua boceta gostosa, toda molhada. Te pediria para me ensinar, sou humilde, não sou pretensioso…
Ele se pôs a lambê-la realmente como um gato. Renata deixou escapar um gemido trêmulo com os movimentos da língua dele: primeiro por fora, umedecendo seus grandes lábios, depois abrindo-a como as pétalas de uma flor e invadindo sua intimidade, visitando a entrada da vagina, pequenos lábios, dando voltas até, enfim, pousar no clitóris. Ali ele variava a pressão, atento às reações de Renata, brincando com dois dedos na região, até penetrá-la com eles e massagear a parede interna anterior. Ela sentiu-se desmanchar de prazer e se perdeu nas sensações até que o orgasmo a tomou devagar. Bernardo, sem deixar de chupá-la, seguia a observar, tão deliciado com o gozo dela como se fosse dele.
— Estou aprovado ou você acha que não sei fazer…? — ele perguntou com as mãos percorrendo o corpo dela.
Renata se recuperava, suspirando, e lançou-lhe um olhar lascivo.
— Sim, Satã, você e sua língua satânica sabem o que estão fazendo. — ela desceu da cadeira erótica. — Senta aqui que agora quem vai ser lambido é você.
Bernardo prontamente obedeceu. Ela despiu-o da bermuda e da cueca de uma só vez e se postou entre as pernas dele, pegando seu pau com uma mão e acariciando o escroto com a outra. Tem um bom tamanho, pensou Renata, circundando a glande com a língua. Abocanhou toda a extensão do órgão e começou a ir e vir devagar, investindo muita saliva. Ela lambia, depois voltava a sugar, engolia até a garganta. Desta vez, foi Bernardo quem se entregou totalmente, admirando cada movimento da boca de Renata. Ela cravou as unhas de uma das mãos na coxa dele, que gemeu entre a dor e o prazer, e pousou as mãos sobre a cabeça dela, olhando para o espelho no teto e acompanhando pelo reflexo toda a imagem do corpo dela nu e de cada uma de suas ações.
— Vou gozar… — avisou num murmúrio.
Devagar, Renata foi tirando o membro dele da boca, mas seguiu indo e vindo nele com uma das mãos.
— Quer gozar onde? — perguntou com a voz rouca de tesão.
— Em você toda… mas como isso é impossível, nos seus peitos.
Ele se endireitou na cadeira para ejacular nos seios dela, que esfregou o sêmen nos mamilos, espalhando.
— Vamos encher essa hidro que quero ir para lá com você. — Bernardo disse levantando da cadeira.
Tomaram uma ducha juntos, depois foram para o frigobar escolher o que beberiam. Pegaram long necks e foram nus se recostar na cama enquanto a banheira enchia.
— Gostei das suas tatuagens. — ela comentou deslizando o dedo por um dos braços dele. — Você é do tipo “tatuagem com significado” ou do tipo “significava que eu tinha dinheiro e que o tatuador tinha horário”?
Bernardo riu.
— Acho que vou meio na contramão da minha geração, porque prefiro que minhas tatuagens tenham significado. Por isso só fiz essas duas até agora, mas pretendo fazer outras. Essa aqui é o deus grego Chronos, o deus do tempo, o que explica os relógios e a ampulheta. Para mim, é um lembrete do quanto a vida passa rápido, para que a gente não esqueça de aproveitar cada segundo. É meu lema.
— Sairia mais barato e doeria menos escrever “carpe diem”. — ela brincou.
— Mas eu não ficaria tão gostoso. — ele se gabou, ficando de lado, de frente para ela, e dando um gole na cerveja.
— Você é muito convencido. Ok, é gostoso mesmo e a tatuagem colabora, não vou negar. — ela concordou e também bebeu. — E a outra?
— Achei que você logo pegaria no ar essa outra. É um braço de robô porque sou um futuro engenheiro eletrônico.
Ela acariciou as engrenagens e circuitos do desenho.
— É um bonito efeito 3D. — reconheceu.
— E você? Não vi tatuagem ainda, e olha que tentei fiscalizar todo o seu corpo com muita atenção. Você tem uma tatuagem escondida ou é do tipo “não se coloca adesivo em Ferrari”?
Renata sorriu e jogou os cabelos para o lado.
— Só esse símbolo do meu signo na nuca.
Ele olhou para a figura tatuada na pele dela: um jarro derramando água, estilizado, colorido em um tom que ia mudando do laranja, passando pelo rosa, pelo roxo e terminando em azul.
— Legal, você é aquariana. Sou seu paraíso astral, por isso que você se apaixonou por mim à primeira vista. — ele brincou.
— Bem papo de geminiano. — ela retrucou, levantando-se da cama. — A banheira deve estar cheia, vem.
Ela o puxou pela mão para levantar da cama. Os dois entraram juntos na hidromassagem e sumiram sob a espuma, dando risada.