Se encontrar na academia, conversar animadamente, voltar para casa caminhando juntos: tudo isso se repetiu ao longo daquela semana.
No sábado, cada um almoçou em seu apartamento. Eram 17h quando Renata ouviu batidas na porta. Atendeu com um sorriso.
— Oi, Bê! — saudou.
— Oi, Rê! — ele cumprimentou sorrindo de volta.
— Precisa de uma xícara de açúcar? — ela brincou, dando espaço para que ele entrasse.
— Na verdade, te ofereço uma xícara de açúcar. — ela franziu o sobrolho. — Com uma pitada de sal e uma xícara de milho para pipoca.
Renata deu risada e fechou a porta.
— Qual é a pedida? — perguntou, sentando-se lado a lado com ele no sofá.
— Remake de “Robocop”.
— Putz! Ok. Na sua casa?
Bernardo assentiu.
— Vou só tomar um banho e já vou lá, tá?
Por volta das 19h, ambos estavam já em suas posições e Bernardo apertou o play. Assistiram trocando comentários, rindo de partes que achavam absurdas, comparando com o original. O filme chegou ao seu final.
— Quer que eu faça um jantar para nós? Ou pedimos um lanche? — perguntou Bernardo assim que subiram os créditos.
Renata se espreguiçou.
— Não quero te dar mais trabalho. — respondeu.
— Não vem com essa história. Não foi trabalho nenhum, fiz por amizade.
— Se você diz… — ela deu de ombros, duvidando. — Pizza?
Começaram a negociar os sabores. Pediram o delivery.
— O que vamos fazer enquanto esperamos? — perguntou Renata.
Bernardo pegou um baralho.
— Jogar pife?
Ela assentiu e se acomodaram à mesa. Quando chegou a pizza, jantaram no mesmo clima descontraído que reinava ali. Após o jantar, continuaram bebendo vinho, conversando e dando risada.
— Nossa, Bê, é quase 1h da manhã. Preciso voltar para a minha casa. — disse Renata, levantando-se.
Bernardo a imitou.
— Aaaah! Fica aí, vamos olhar alguma coisa, você fica para dormir. — pediu ele. — Foi tão legal dormir com você.
Renata entortou a cabeça, sorrindo.
— Não, né! Você tinha motivo para ficar lá em casa, eu não tenho motivo pra ficar aqui.
Bernardo se acercou devagar de Renata.
— Eu tenho motivo para você ficar aqui… Gosto da sua companhia. — disse ele, ficando sério.
Será que já tô bêbado?, Bernardo se perguntou.
— Eu… também gosto da sua. — assumiu ela. — Mas…
Ele a enlaçou devagar e Renata apenas permitiu, levando as mãos aos ombros dele. Trocavam um olhar que nenhum deles sabia como interpretar.
Bernardo abaixou-se e beijou Renata num crescente de envolvimento, aumentando a profundidade do beijo na mesma medida que intensificava o abraço. Renata foi se entregando completamente. Por que estou fazendo isso, minha deusa?, ela se questionou, levando a mão ao rosto dele, deslizando pela barba aparada bem curta.
Havia algo diferente em Bernardo, ela notou. Ele não parecia afoito, suas mãos passearam pelas costas dela, pelos quadris, pela bunda, sempre em um toque suave, que arrepiava. Depois, uma das mãos subiu até sua nuca, onde brincou debaixo dos cabelos, acariciou a face.
Os dois se separaram por instantes.
— Achei que tínhamos chegado a um acordo… — ela murmurou, olhando nos olhos dele.
— Só sei que é tão bom estar com você… — ele sussurrou, voltando a beijá-la.
Renata tomou impulso e se pendurou em Bernardo, com as pernas em torno de sua cintura. Ele prontamente a suspendeu com as duas mãos em suas nádegas e foram para o quarto.
Lá, Bernardo gentilmente deitou Renata na cama e posicionou-se sobre ela, voltando a beijá-la. A sensação de Renata seguia a mesma: o jeito de Bernardo era novo. Ele foi distribuindo beijos por seu rosto, descendo pelo pescoço e abriu lentamente o zíper do casaco de moletom que ela vestia. Seguiu beijando o colo que a blusa de gola V deixava à mostra. Era com carinho, com tesão, com devoção que Bernardo a tocava. Ele ajudou-a a desvestir o casaco e ergueu sua blusa, mostrando os seios libertos de sutiã.
— Renata, você é gostosa demais, a mais gostosa de todas… — murmurou Bernardo, começando a acariciar os seios dela com as mãos, lambendo os mamilos, sugando, lambendo outra vez.
A iniciativa de tirar a blusa partiu de Renata, que agarrou os cabelos de Bernardo enquanto ele ainda a estimulava. Ela gemeu baixinho.
— Você realmente não presta… até num momento como esse, precisa comparar as mulheres que já comeu… — sussurrou ela.
Bernardo tirou a blusa de moletom e a camiseta, exibindo o torso nu. Depois foi desvestindo devagar a calça de Renata, deixando-a só com uma de suas calcinhas mínimas, vermelha.
— Desculpa se soou assim… Você realmente não tem comparação. — ele disse baixinho, abrindo as pernas dela e colocando o rosto entre suas coxas. — Você me faz me sentir… estranho. Que calcinha provocante do caralho, puta que pariu, mulher, eu que sou Satã e você que é toda pecado…
— Isso é só uma calcinha, Bê… — atiçou ela, soerguendo-se sobre os cotovelos e observando o que ele fazia.
— Uma calcinha que mal cobre sua boceta e que fica todinha enfiada na bunda? Só uma calcinha? — perguntou ele, pegando de ambos os lados da pequena peça de roupa e puxando-a para baixo, até deixar Renata nua.
Começou o sexo oral sempre naquele ritmo mais lento, saboreava a intimidade dela como uma fruta. Os dedos de Renata seguravam sua cabeça e ela projetava os quadris de acordo com o estímulo que recebia, gemendo sem parar.
O corpo de Renata se contraiu e ela sentiu que o orgasmo chegava. Mas era pouco para Bernardo. Ele se afastou um pouco e enfiou dois dedos nela, observando a expressão em seu rosto. Um gemido mais prolongado escapou dos lábios de Renata, que olhou rapidamente para baixo e viu no rosto de Bernardo o desejo puro de dar-lhe prazer. Ele voltou a beijar seu clitóris, a lamber, fazer círculos com a língua. Depois tirou um dos dedos de sua vagina e passou devagar em torno de seu ânus, ainda atento às reações dela. Pressionou o centro e ela mordeu o lábio. Foi metendo com cuidado o dedo, lambendo sua vulva e sem tirar os olhos do rosto dela, até ver e sentir que ela gozava outra vez.
Tirou os dedos e despiu a calça, ficando apenas com uma boxer preta. Voltou a enlaçá-la, beijando sua boca. O desejo os consumia, se esfregavam, os lábios beijavam o rosto, o corpo, a boca. Renata sentia a volumosa ereção de Bernardo pressionar sua intimidade e pulsava de excitação. Estava fora de si.
Baixou a cueca dele e agarrou seu pau, fazendo-o gemer e fechar os olhos. Começou a ir e vir com a mão, enquanto seguiam se beijando. Bernardo puxou a cueca para baixo e tirou-a, dando-lhe mais espaço para continuar a carícia. Renata abraçou o quadril dele com a perna e aproximou-se, começando a se masturbar com a glande dele em seu clitóris. Ele também não sabia mais o que estava fazendo, observando-a, com os lábios entreabertos e mais duro do que nunca. Nenhum dos dois percebeu exatamente como, mas Bernardo escorregou e penetrou Renata, que não protestou.
Ela virou-se e eles mudaram de posição, ele ficando por cima. Trocavam olhares e beijos, a mão dele percorria o corpo dela, acariciava seus seios. As mãos dela arranhavam as costas dele, apertavam a bunda. Ele entrava e saía dela sem pressa, ambos queriam que aquilo não terminasse nunca. Mas o tesão foi vencendo e as estocadas se tornaram mais fortes e rápidas. Trocavam olhares.
Renata teve outro orgasmo e Bernardo não pôde aguentar mais. Ver o prazer dela o levou ao ápice na mesma hora.
Queria ficar ali…, pensou. A camisinha!, lembraram-se praticamente ao mesmo tempo. Renata empurrou Bernardo e se sentou.
— Porra, Bernardo! — praguejou ela. — Eu não fazia isso sem há anos! Você não podia ter se ligado?
Renata levantou-se tensa e começou a se vestir apressadamente. Bernardo a observava, desconcertado.
— Desculpa, eu… Você também não lembrou, né? Você não precisa se preocupar, eu nunca faço sem…
Ela olhou para ele.
— Nunca?
— Nunca fiz. — ele assumiu, sério.
— Mesmo assim… Olha, essa amizade não ia dar certo. Você cuidou de mim e estou muito agradecida, mas acho que precisamos nos afastar, ok?
Renata deu as costas, nervosa. Quando Bernardo chegou à sala, ela já tinha saído.
Chegando em casa, Renata correu para o chuveiro. Estava com raiva: sentir-se preenchida pelo esperma dele a deixava excitada e ela não queria sentir isso. Escorregou a mão que espalhava a espuma do sabonete pelos pontos em que a impressão dos lábios dele ainda estava viva.
Tudo tinha sido tão gostoso… Diferente. Não só diferente de como Bernardo era antes. Diferente de tudo que ela vivera. Como? Com toda a experiência que ela tinha? Como aquilo podia parecer tão… novo? Parecia que estavam fora do tempo e do espaço juntos naquela cama… Por que se deixara levar? Sabia que não devia se envolver com Bernardo, sabia.
“Você realmente não tem comparação.” “Você me faz me sentir… estranho”... Por que Bernardo fazia isso? Dando a entender que havia algo a mais entre eles?
Foi para baixo do edredom se sentindo angustiada. O sono custou a aparecer e, em suas retinas, via o rosto de Bernardo, seus olhos nublados de tesão, seus lábios entreabertos para beijá-la. E, apesar da água e sabonete, podia jurar que ainda sentia o cheiro dele em sua pele.
Desanimado, Bernardo voltou para o quarto. Estava confuso. Olhou para os lençóis desarrumados. A partida de Renata lhe deu a sensação de deixar escapar um pássaro que estava em suas mãos. Mas de onde havia saído a vontade de segurar essa ave?
Não podia contar a Mateus que tinha transado com Renata. Sentia isso. Por quê? Aí que estava a confusão. Não havia ido seduzir Renata pensando na aposta. Na verdade, sequer lembrou que ela existia. Simplesmente se deixou levar pelo impulso de ficar perto dela e, de repente, só ficar perto não era o bastante. Precisava tocá-la… Senti-la. Prová-la. Era uma necessidade encostar a pele na dela, admirar o seu belo corpo, mordiscar seus lábios… Penetrá-la. Mais do que queria, ele precisava disso.
E todo o contato tinha sido tão único para ele…! Sexo costumava ser algo que ele fazia para chegar lá. E com ela, ali, não… Ele queria primeiro estar dentro dela pelo maior tempo possível, e não para se vangloriar de ser bom de cama, se exibir com sua performance. Era pelo contato. Queria ser um com ela. Senti-la gozar e gozar nela haviam sido momentos extraordinários. Acho que estou sentindo algo perigoso… Já me enganei outras vezes e não acabou bem. Não posso me iludir e iludir a Renata… Sei que não sou capaz de ser o cara que ela merecia e, de qualquer forma, ela nem quer, pensou. Foi para o banho.