Cada momento ao lado de Júlio era uma fonte
inesgotável de alegria. Nossas conversas eram sempre
especiais, e, a cada encontro, a certeza do que queríamos
se solidificava. Os finais de semana, embora breves,
eram intensos e cheios de significado, e a saudade se
tornava uma constante, alimentando o desejo de
estarmos sempre juntos. À medida que entrávamos no
segundo mês de relacionamento, começávamos a
descobrir as pequenas imperfeições um do outro. No
entanto, essas imperfeições eram ofuscadas pelas
inúmeras qualidades que Júlio possuía. Em um final de
semana particularmente marcante, senti a saudade de
forma avassaladora, e as lágrimas vieram pela primeira
vez. Júlio, do outro lado da linha, tentava me acalmar
com sua voz suave e reconfortante. — Calma, amor. Um
dia te levo comigo. A promessa inesperada ressoava em
meus ouvidos enquanto eu, ainda soluçando, tentava
encontrar consolo em suas palavras. — Isso é uma
promessa? Você precisa cumpri-la, entendeu? — insisti,
buscando segurança naquela ideia. Com serenidade, ele
reafirmou: — Pretendo cumpri-la o quanto antes. Foi a
primeira vez que discutimos a possibilidade de
casamento. Júlio estava planejando comprar um
apartamento, e, por coincidência, um primo dele tinha
um à venda. As negociações começaram rapidamente.
Ele enviou seus dados para aprovação do financiamento
bancário, e tudo o que podíamos fazer era cruzar os
dedos e torcer para que desse certo. Enquanto
aguardávamos, o final de ano se aproximava, trazendo
consigo a animação das festividades. Minha irmã Maria
viria nos visitar, acompanhada de suas adoráveis filhas,
trazendo na mala boas risadas e sabores da Bahia. O meu
primeiro natal ao lado do Júlio se aproximava com a
promessa de nós conectamos ainda mais. Entusiasmados
com a chegada de Maria, decidimos, pouco antes do
Natal, fazer um passeio até uma cidade vizinha. A cidade
resplandecia com as luzes natalinas, criando um cenário
de conto de fadas. Esta seria também a primeira viagem
que reuniria minha família e a de Júlio. Após enfrentar
uma longa fila de carros, finalmente conseguimos
estacionar. Ao sairmos do veículo, fomos imediatamente
tomados pelo brilho das luzes de Natal, que enchiam
nossos olhos e aqueciam nossas almas. Crianças e
famílias circulavam maravilhadas pelas atrações que
animavam as avenidas e calçadas, compartilhando
sorrisos e momentos de puro encanto. A noite prometia
ser mágica e inesquecível. A felicidade de minha mãe
era evidente, pois ela tinha suas quatro filhas reunidas ao
seu lado, uma alegria que transpareceu claramente na
fotografia capturada por Júlio. A imagem congelou um
momento de pura união e amor, simbolizando um Natal
que permaneceria em nossas memórias para sempre.
Depois de passearmos bastante e admirarmos a cidade
iluminada, escolhemos um local tranquilo para
finalmente relaxar e comer algo. Enquanto estávamos
sentados à mesa, o telefone de Júlio vibrou
inesperadamente. Era uma notificação da correspondente
bancária. — Amor, é a mensagem do banco — disse
Júlio, com um sorriso que misturava nervosismo e
entusiasmo. — A essa hora? — perguntei, surpresa. Em
seguida, incentivei-o a abrir a conversa. Ele pegou o
celular, visivelmente ansioso. Ao abrir a mensagem,
percebemos que havia um documento em PDF e um
áudio de quase três minutos. — Ai meu Deus —
murmurou Júlio, hesitando entre abrir o áudio ou o
documento. — Vai, abre logo, pelo amor de Deus —
disse eu, com um sorriso nervoso. Finalmente, Júlio
abriu o documento e lá estava o resultado tão aguardado:
APROVADO! Lemos juntos a notícia de que ele havia
conseguido o financiamento, e a magia daquela noite se
tornou ainda mais especial. Pulamos de alegria, nos
abraçamos fortemente e rapidamente compartilhamos a
novidade com amigos e familiares. A celebração foi
instantânea, e o futuro, que até então parecia distante, de
repente ficou muito próximo e real. Com a aprovação
para a compra do apartamento, os planos para o tão
sonhado casamento começaram a ganhar forma. Aquele
momento não era apenas uma conquista financeira, mas
o início de um novo capítulo repleto de sonhos e
esperanças renovadas. Voltamos para casa, ainda
eufóricos com a notícia que aquecia nossos corações.
Mais tarde, naquela noite, conversei com minha irmã
Maria sobre Júlio e sobre como tudo estava acontecendo
rapidamente. Não havíamos completado três meses
juntos, e já falávamos em casamento, com ele prestes a
adquirir um apartamento. Comentei sobre Júlio,
destacando sua gentileza, educação e atenção. Claro,
todos temos nossos defeitos, mas suas qualidades eram
inegáveis e faziam com que cada momento ao seu lado
fosse especial. Embora ache a palavra “defeito” pesada,
diria que são apenas falta de habilidades em
determinadas situações ou convicções. Eu, por exemplo,
não tenho tanta habilidade em esperar, e não considero
isso um defeito. “Defeito” me remete a algo quebrado,
inútil, o que claramente não descreve pessoas. No dia
seguinte, o sol brilhava intensamente, aquecendo o dia,
enquanto Júlio expressava seu carinho através de
mensagens carinhosas. Em uma dessas mensagens, ele
perguntou: — Quer passar o Natal com a minha família?
A proposta era tentadora, mas havia um pequeno desafio
a ser superado. — Difícil, temos três casas para visitar.
Como vamos fazer? — respondi, ponderando sobre a
logística. Após algumas conversas, chegamos à decisão
de alternar entre a casa da minha mãe e a dele no dia 24,
já que ambas estão na mesma cidade. No dia 25,
planejamos almoçar na minha casa, na companhia da Vê
e do Oscar. Nos dias que antecederam o Natal, fiquei na
casa da minha mãe, aproveitando cada instante na
companhia das minhas sobrinhas e da minha irmã.
Sempre adoramos compartilhar momentos especiais
juntas, relembrando nossas aventuras e travessuras de
infância. Aqueles dias eram vibrantes e recheados de
cores, não apenas pela alegria de ter minhas irmãs e
sobrinhas por perto, mas também por estar próxima do
Júlio, com quem me encontrava todos os dias enquanto
eu estava na casa da minha mãe. Esses dias passaram
como um piscar de olhos, e rapidamente chegou o dia
24, a tão esperada véspera de Natal. Naquele dia, após
um breve e caloroso encontro na casa da minha mãe,
partimos para a casa de Júlio. Ao chegarmos, uma
surpresa nos aguardava: debaixo da árvore de Natal,
havia uma bicicleta que Júlio havia comprado para
Arthur. O pequeno, com os olhos brilhando de alegria,
imediatamente começou a pedalar, enquanto todos ao
redor trocavam presentes com entusiasmo. Observando
aquela cena, não pude deixar de refletir sobre como essas
pessoas se tornaram tão especiais em tão pouco tempo.
Era como se eles já estivessem destinados a fazer parte
da minha vida antes mesmo de eu deixar minha terra
natal. Tudo o que estava acontecendo parecia envolto em
uma aura mágica, tão encantadora quanto o sorriso que
dei quando Júlio se apaixonou pela primeira vez. Após o
término das festividades de fim de ano, Júlio nos
surpreendeu com um convite especial: uma viagem para
comemorar nossos três meses juntos. Embora
estivéssemos acostumados a viajar frequentemente com
minhas irmãs e minha mãe para praias e cachoeiras nos
arredores, quase todo final de semana, essa viagem
prometia ser diferente. Júlio estava preparando algo
especial. Partimos para uma praia no interior do Rio de
Janeiro, um lugar de beleza indescritível. Acordamos
cedo e aproveitamos a manhã na praia, sentindo a brisa
do mar e o calor do sol. Quando chegou a hora do
almoço, nos dirigimos a um restaurante encantador à
beira-mar. Enquanto fazíamos o pedido, Júlio se
levantou de repente e disse: — Amor, esqueci a carteira
no carro, vou buscar. — Está certo — respondi, sem
suspeitar de nada, já que o carro estava estacionado ali
perto. Para minha surpresa, Júlio retornou não com a
carteira, mas com um par de alianças de ouro. Seus olhos
brilhavam intensamente, e suas mãos tremiam
levemente. Com a voz embargada pela emoção, ele
declarou: — Eu quero... Quero um sorriso bobo de
manhã. Uma ligação inesperada no meio do seu dia
agitado. Quero conhecer o mundo com você, ver filmes
aleatórios agarradinhos. Quero explorar novos lugares e
sabores. Que sorte teríamos se víssemos o céu cheio de
estrelas de mãos dadas. Quero ver o sol nascer e nosso
amor crescer. Eu quero o mundo com você. Letícia, você
aceita se casar comigo? Segurei sua mão trêmula,
sentindo uma mistura de nervosismo e entusiasmo. Ele
estava ali, diante de mim, me pedindo em casamento. —
Meu Deus! Sim, eu quero viver tudo isso com você, meu
amor. Eu quero me casar com você! Ainda atônita e
transbordando de felicidade, ele me deu um beijo
salgado, com gosto de mar e de pura alegria. Colocou o
anel no meu dedo, seus olhos castanhos brilhando de
emoção. Arthur, ao nosso lado, assistia à cena sem
entender completamente, mas sentindo a magia do
momento. Enquanto admirava o anel em meu dedo, o
garçom chegou com nosso pedido. — Você já tinha
comprado? — perguntei, surpresa. — Sim, minha mãe
foi comigo escolher — respondeu, sorrindo. — Eu te
amo, meu amor — disse, apertando sua mão ainda fria.
Logo o pedido chegou, e eu ainda estava mergulhada em
felicidade. Saboreei o camarão, que tinha gosto de
felicidade e pitadas de amor. Meus olhos não
conseguiam parar de se voltar para a aliança no meu
dedo, risos soltos e olhares que cruzavam com os do
Júlio, que ali na minha frente claramente expressava o
real significado do amor verdadeiro. Desde o princípio, o
Júlio sempre soube o que queria: tornar-me sua mulher.
Ele em nenhum momento até ali hesitou; sempre
demonstrou seus sentimentos através de flores, carinhos
e cuidados, nunca mediu esforços para me fazer feliz.
Ele claramente não só estava disposto a me fazer feliz,
mas também a fazer feliz meu filho, que hoje o chama de
pai. Foram essas pequenas e grandes coisas que fizeram
com que o sim saísse instantaneamente da minha boca.
Mesmo em tão pouco tempo, eu sentia, no profundo do
meu ser, que era ele a pessoa com quem queria dividir
minha vida para sempre. Voltamos para casa no mesmo
dia, meu coração batendo em um ritmo alegre. No
caminho, fomos presenteados com um pôr do sol
magnífico, como se o universo estivesse abençoando
aquele dia inesquecível, encerrando-o com chave de
ouro.
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