Eu já estava sentada à mesa, jantando com minha mãe,
quando recebi uma mensagem dele: “Desculpa ter saído
sem me despedir rsrs”, escreveu ele, seguido de uma
pergunta: “Você vai ficar aqui na cidade até quando?”.
Subitamente perdi apetite, e fui para o quarto
respondê-lo com calma. Escrevi: “Está desculpado, vou
embora na segunda. Mas eu venho aqui sempre”. Assim
que enviei, vi que ele estava digitando. Segundos depois,
meu celular notificou: “Ahh sim, então ainda temos
tempo de sair para fazer alguma coisa, caso queira.
Vamos sair para comer alguma coisa amanhã à noite?”.
“Que bom que você vem sempre”, ele concluiu. Ao ler
aquelas mensagens, meu estômago borbulhava de
felicidade. Pensei: que rápido! Na minha cabeça,
imaginava que só sairíamos juntos na minha próxima
visita à minha mãe, isso se nossas conversas fluíssem. Já
era sábado e minha passagem estava comprada para
segunda cedo. Ele não perdeu tempo e já me convidou
para sair. Ele parecia ser uma pessoa decidia, apesar de
ter saído correndo na nossa última conversa. Respondi:
“Está certo”. Mesmo receosa com a velocidade de como
tudo se encaminhava. No entanto estava gostando da
nossa conversa, apesar da gente morar uns 80 km de
distância, tinha planos de morar na mesma cidade que a
dele no próximo ano, e quem sabe valeria a pena, afinal,
ele só estava me convidando para sair. Perguntei:
“Depois do culto, né?”. No dia seguinte era domingo, o
último dia da festividade na igreja da minha mãe. “Isso,
depois do culto”, ele confirmou. “OK”, eu disse. “Você
gosta de massas?”, ele perguntou. Respondi que sim. Em
seguida, ele digitou: “Vou pensar em algum lugar para a
gente ir. Caso não tenha restaurante aberto, você, como
estudante de nutrição, o que gosta de comer? Rsrs”.
Respondi: “Não conheço muito aqui, gosto de comer
comida”, respondi como uma boa estudante de Nutrição
(risos). Conversamos bastante, descobri que ele era
formado em Direito, tinha 27 anos, gostava de acampar e
se aventurar subindo montanhas, conhecendo lugares
incríveis. À medida que o conhecia, admirava-o ainda
mais. Depois de um tempo, acabei pegando no sono.
Acordei no outro dia com uma mensagem sua no meu
celular, desejando-me “Bom dia”, e por fim combinamos
de ir a uma pizzaria depois do culto. Perguntei: “Você
sabe onde minha mãe mora? Vou deixar meu filho aqui
em casa depois do culto”. “Respondendo sua pergunta,
eu sei onde sua mãe mora, sim. A gente pode passar lá
pra deixar o Arthur”, ele disse. “Mas ela sabe que a
gente vai sair?”, perguntou, surpreso. “Combinado”,
respondi. “Pode ser que ela demore. Ah, e sim, ela sabe,
pois vai ficar com o Arthur.” Passei o dia inteiro
ponderando todas as possibilidades e o que poderia
acontecer no nosso primeiro encontro. Já se
encaminhava para as três da tarde, quando Daniel, amigo
da família, chegou à casa da minha mãe. — Letícia tem
um encontro? — perguntou em tom de brincadeira. — O
que tem isso? — indaguei, levantando a sobrancelha.
Minha mãe respondeu, sorrindo e me encarando: — Ela
vai na Pizzaria Augusta. — Eh, Arthurzinho, sua mãe
vai, sim — Daniel falou, passando a mão no cabelo do
Arthur enquanto ele brincava. Então perguntei um pouco
animada: — A senhora fica com o Arthur? É depois do
culto. — Fico, sim — ela respondeu, sorrindo para
Daniel. Já era de tarde e estávamos nos arrumando para
ir ao culto. Aquele seria o último dia de festividade, e
minha irmã ia cantar com a banda dela. Estava animada.
Um pouco antes de ir para a igreja, notei que meu filho
estava um pouco para baixo, no início de uma gripe.
Fiquei preocupada, pois ele já tinha tido uma convulsão
uma vez por conta da febre, e fiquei inquieta e atenta a
ele. Ao chegar na igreja, logo avistei o Júlio, vestindo
um suéter azul marinho. Ele estava muito lindo nesse
dia, seu sorriso era acolhedor e seus olhos brilhavam
como se ele carregasse um sol em seu olhar. Meu Deus!
Meu estômago borbulhava de ansiedade para o culto
acabar e termos nosso primeiro encontro. Quando o culto
estava quase chegando ao fim, notei que meu filho
estava um pouco quente. Fiquei preocupada, pois como
poderia ir a um encontro e deixar meu filho com febre
em casa? Claro, ele estaria aos cuidados da minha mãe,
mas mesmo assim, estava fora de cogitação deixá-lo
doente em casa. Ao mesmo tempo, ficava aflita, pois
queria muito sair com o Júlio. “O que eu faço?”, pensei
comigo mesma, torcendo para o culto acabar logo para ir
para casa dar medicamento para meu filhote de gente,
como eu carinhosamente o chamava. Ao terminar o
culto, conversei com o Júlio e pedi para ele me levar à
casa da minha mãe, que era perto dali. Contei que achava
que meu filho estava com febre e que eu iria para casa
dar o medicamento para ele e fazê-lo dormir antes de
minha mãe chegar para ficar com ele. Assim foi. Antes
de eu entrar no carro, ele, todo cuidadoso, abriu a porta
para mim. Trocamos poucas palavras no trajeto, apenas
algumas palavras soltas. Ao descer, convidei-o para
entrar na casa da minha mãe, mas ele se recusou, pois
estaríamos sozinhos e poderia parecer estranho para a
pastora dele, que no caso era minha mãe. Ele decidiu
ficar no carro, na porta, até minha mãe chegar. Aquele
gesto de cuidado e compreensão me tocou
profundamente. Júlio demonstrou respeito e
consideração, o que só aumentou minha admiração por
ele. Entrei em casa, peguei um termômetro e... 38 graus,
meu filho estava com febre. Fiquei aflita, dividida entre
ir ou não. No dia seguinte, de manhã, voltaria para São
Paulo. Se não fosse naquela noite, quando seria? Estava
com passagem comprada para viajar para a Bahia na
semana seguinte. Enquanto dava o medicamento para
meu filho, pensava no que dizer para Júlio. Não queria ir
e deixar meu filho com febre. Minha mãe me mandou
uma mensagem: “Letícia, já estou indo. O pessoal do
som estava demorando para desmontar. Cadê o Júlio?”.
“Está lá fora, dentro do carro, esperando. Ele não quis
descer”, respondi e acrescentei: “Mainha, o Arthur tá
com febre. Não quero ir. O que a senhora acha?”. “Você
deu o remédio para ele?” ela digitou. “Sim, ele já está
dormindo”, respondi. Ela disse: “Vai, menina, deixa de
ser boba. Ele já está dormindo, vai ficar tudo bem. Você
precisa de alguém que te ame e que te cuide. Quem sabe
não é ele? Eu vou ficar com o Arthur. Qualquer coisa, eu
te aviso”. Essas palavras foram decisivas. Resolvi ir,
mesmo com medo. A pizzaria ficava a uns dez minutos
da casa da minha mãe. O Arthur já estava dormindo e
medicado. O máximo que poderia acontecer era ele
acordar e minha mãe me ligar, e eu voltaria. Insegura,
mandei uma mensagem para Júlio: “Mainha já está
vindo, ufa!”. Ele respondeu: “Sim, acabou de passar
aqui”. Quando o pessoal chegou em casa, corri até minha
mãe e falei: — O Arthur está dormindo. Qualquer coisa,
me liga. Confesso que fiquei com receio, mas fui
confiando que tudo daria certo. O Arthur já estava
medicado e dormindo. Além disso, a oportunidade de
conhecer melhor Júlio era algo que eu não queria deixar
passar. Ao entrar no carro, contei para ele que o Arthur
estava com febre e perguntei se ele poderia me levar à
farmácia, pois queria comprar um remédio, já que
viajaríamos cedo na manhã seguinte. Ele prontamente
concordou. Depois de passarmos na farmácia, seguimos
para a Pizzaria Augusta para jantar. Pelo horário, não
havia muitas opções legais abertas. Após estacionar o
carro, ele perguntou: — Pode esperar um pouco? — Sim
— respondi, meio envergonhada. Enquanto esperava,
notei que ele deu a volta no carro e veio em minha
direção. Ao abrir a porta onde eu estava, ele disse: —
Agora sim, pode descer. Fiquei corada e impressionada
com seu cavalheirismo. Em seguida, ele estendeu sua
mão em minha direção. Seus braços eram longos, com
veias saltadas. Ao sentir sua mão tocar a minha, meu
coração disparou, e meu semblante ganhou um sorriso
envergonhado. Entramos na pizzaria, e o clima estava
agradável. Logo fomos levados a uma mesa. Enquanto
ele escolhia as opções no cardápio, eu o observava com
mais calma. Seus olhos eram de um castanho claro, e me
apaixonei de forma serena, com brilho nos olhos e um
sorriso envergonhado nos lábios, antes mesmo de
completarmos o pedido. Ele olhou para mim e
perguntou: — Que pizza você gosta? — Margarita e de
bacon — respondi. — Pode ser metade de cada? — ele
perguntou, sorrindo, enquanto meu celular tocava. —
Pode sim! — completei. — Vou ver esta mensagem,
pode ser importante. — Claro! — ele disse
imediatamente, fixando seus olhos em mim enquanto
pegava o celular. — É minha irmã Patrícia — afirmei.
“Estamos aqui na casa de mainha. O Arthur está
dormindo. Fica em paz. Como está aí? Acabei de medir a
temperatura dele e está com 36 graus, não está com
febre, não.” Após ler aquelas mensagens, fiquei mais
tranquila e pude voltar para o meu encontro. — Ufa!
Meu filho não está mais com febre — disse, aliviada.
Júlio respondeu: — Sério? Graças a Deus. E me
perguntou em seguida: — Quer tomar o quê? — Pode
ser um suco de laranja — respondi, sorrindo. Trocamos
risadas e conversamos bastante sobre nós, tentando nos
conhecer melhor. A pizza chegou, e estava maravilhosa.
Após o garçom nos servir, perguntei calmamente: —
Como você me encontrou? E o que chamou sua atenção?
E Júlio explicou de forma serena e contínua: —
Apaixonei-me pelo seu sorriso em frações de segundos.
Pode-se dizer que foi amor à primeira vista, ou melhor,
amor ao primeiro sorriso. Quando a vi sorrindo pela
primeira vez, a sensação que tive foi como se estivesse
admirando uma das mais belas paisagens, uma
verdadeira obra de arte. Pensei comigo mesmo: esse
sorriso supera facilmente as sete maravilhas do mundo
antigo e moderno. É esse sorriso que quero admirar para
a vida toda. — Sério? — interrompi-o e continuei: —
Mas eu não estava sorrindo para você. Ele respondeu
com um sorriso suave: — Eu sei, mas isso não importa.
A beleza do seu sorriso transcendeu qualquer
direcionamento. Foi como se ele tivesse sido destinado a
mim, mesmo sem intenção. E naquele momento soube
que precisava conhecê-la melhor. Ao chegar em casa, a
primeira coisa que fiz foi procurar você no Instagram.
Não foi difícil, pois encontrei seu perfil através do Insta
da igreja. Assim que comecei a te seguir, pude admirar
um pouco mais do seu sorriso através das fotos. Mesmo
com um frio na barriga, resolvi te mandar uma
mensagem, e, para minha surpresa, você respondeu
rapidamente. Dei um gole no suco, tentando encontrar
palavras, pois ele havia me deixado sem palavras pela
segunda vez naquela noite. Enquanto eu buscava algo
para dizer, ele, meio desconcertante, comentou: — Foi
olhar teu sorriso e meu coração errou as batidas. Fiquei
um tempo sorrindo em silêncio, olhando para ele, e então
respondi: — Enquanto meus olhos conseguirem alcançar
você, sorrirei. Ele era realmente bom com as palavras, e
a dúvida se ele as cumpriria pairava no ar, como uma
expectativa silenciosa. Aquele momento era especial,
pois estávamos criando uma história que ambos
desejávamos que continuasse a ser escrita. Que
profundo, pensei comigo mesma. O mais curioso é que
conheço ele há apenas um dia e já estou tão apaixonada.
Mal comi um pedaço de pizza, e comentei: — Estou
cheia. Normalmente consigo comer dois pedaços, mas
hoje, com a emoção do primeiro encontro, mal consegui
terminar um, empurrando com o suco. — Estou cheio
também — ele disse, concordando. Ele apertou
levemente minha mão, e meus olhos imediatamente se
voltaram para nossas mãos entrelaçadas. Levantei meus
olhos calmamente, e, antes que eu pudesse articular
alguma palavra, ele perguntou: — Quer mais alguma
coisa? — Não — respondi, acenando com a cabeça. —
Vou pedir a conta — ele disse, enquanto fazia um gesto
para chamar o garçom. O garçom se aproximou e
perguntou: — Vai levar para viagem? — Sim — ele
respondeu. A pizza era realmente deliciosa, mas a
emoção do momento nos impediu de comer menos da
metade. Após ele pegar a pizza e pagar a conta, saímos
de mãos dadas em direção à saída. Poucos passos após
cruzarmos a porta, ele me puxou gentilmente e me deu
nosso primeiro beijo. Fui pega de surpresa, mas foi uma
surpresa boa, daquelas que fazem o coração acelerar e o
mundo ao redor parecer desaparecer por um instante.
Naquele momento, eu estava gritando de alegria por
dentro: “Ainda bem que você veio, que beijo
maravilhoso ele tem!”. Eu imaginava que nos
beijaríamos naquela noite, mas logo assim, na saída, foi
um recorde. Ele era rápido, pensei comigo, enquanto nos
dirigíamos até seu carro. Ele prontamente abriu a porta
para mim novamente e, após entrarmos, olhou nos meus
olhos e se aproximou lentamente, depositando mais um
beijo suave em meus lábios. Ficamos ali por um tempo,
trocando sorrisos e beijos, até que comentei: — Vamos?
Amanhã vou viajar cedo. — Vamos, vou te deixar na sua
mãe — ele disse, olhando nos meus olhos enquanto
ajeitava meus cabelos atrás da orelha. — Posso ir com
você? — perguntou, dando-me um beijo e completando:
— Para São Paulo, digo. Após sorrir, perguntei: — Você
iria? Percebi que seus olhos, fixados nos meus, se
voltaram para o meu sorriso, e ele, seriamente, disse: —
Desde a primeira vez que te olhei, decidi que iria de bom
grado para qualquer lugar que você quisesse ir. Parece
loucura, mas quem se importa com a loucura do amor
hoje em dia? Quero viver o teu sorriso neste tempo tão
corrido, dar abraços longos, sorrisos sinceros e olhares
que dizem mais do que palavras. — Nossa, que lindo!
Você gosta de me deixar sem palavras, Júlio César. —
Vamos? — ele disse, ajeitando-se no banco do carro e
começando a dirigir. Ele me levou até a casa da minha
mãe, já era por volta da meia-noite. Nos despedimos e eu
disse: — Assim que chegar em casa, avisa. Ao partir, no
silêncio do pós-encontro, pensei comigo mesma,
empolgada: “Eu sou mais feliz desde que a gente virou
‘nós’”. Ao chegar na casa da minha mãe, descendo as
escadas, avistei minha irmã Patrícia, acompanhada do
seu esposo e os amigos da banda deles, comendo pizza.
— Bonito! — eles disseram, e eu sorri, meio enver
gonhada, tentando desviar o foco. Perguntei: — Cadê o
Arthur? — Está dormindo com mainha — respondeu mi
nha irmã, que logo me puxou animada para o quarto. —
Me conta! — disse ela, empolgada. — Foi perfeito —
respondi, entre sorrisos e pulos estranhos de emoção. —
Letícia do céu, eu não acredito! — disse ela, me
sacudindo e perguntando: — Tu estás apaixonada? Meu
sonho se realizou. Sorrimos, nos abraçamos e contei por
alto como foi. Após compartilhar com minha irmã, entrei
no quarto onde minha mãe já estava deitada. Deitei ao
lado dela e falei: — Está dormindo? — Não — ela
respondeu sonolenta, e perguntou: — Como foi? —
Mainha, foi perfeito. A gente foi na Pizzaria Augusta, ele
abriu a porta do carro, puxou a cadeira para eu sentar. O
beijo dele é maravilhoso! Ela riu, contente. Após dar um
beijo nela, disse: — Vou arrumar minha mala. Arthur
continuava dormindo ao lado dela. Já estava quase
terminando, quando chegou uma mensagem do Júlio:
“Acabei de chegar em casa”. “Que bom, estou
terminando de arrumar a mala” — escrevi. “Não
arrume”, ele respondeu. Em seguida, mandou:
“Brincadeira, mas espero que em breve você esteja aqui
novamente”. Respondi: “Estarei”. Após isso, avisei que
iria dormir e dei boa noite. Ele informou que dormiria
também. Já estava deitada, pensando em como aquele
final de semana tinha sido doido e bom ao mesmo
tempo. Era incrível como em tão pouco tempo tantas
emoções e momentos especiais puderam se desenrolar,
deixando um sorriso no meu rosto enquanto eu
adormecia.
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