Na Terra,
terminada a reconstrução de Roma, seria dada mais uma festa, e começaram os
preparativos. Era necessário prender cristãos para o espetáculo do circo, e as
perseguições foram aumentadas. O espetáculo teria que ser grandioso. Homens,
mulheres e crianças foram atiradas ao cárcere, onde deveriam aguardar o dia do
espetáculo, e as prisões começaram a ficar cheias. Nossos amigos, sem maiores
cuidados, foram novamente presos como cristãos, quando passavam nas
proximidades de uma catacumba. Só então se lembraram de tentar outra vez
comunicação com Artúrio, através do rádio, e não tiveram êxito. O medo tomou
conta de todos. Várias tentativas foram feitas, e não obtinham resposta. O dia
da festa se aproximava. Tentaram apelar para as pessoas que conheciam, mas
nenhuma delas quis envolver-se com o caso, pois na Roma da época ser cristão
era passaporte para a morte, e estar envolvido com algum deles era motivo de
suspeita.
No dia da
festa, o circo estava lotado. Outra vez ouvia-se música e repetiam-se as
danças.
Aos gritos
de cristãos às feras, nossos amigos entraram na arena.
Amarrados
aos postes, debatiam-se para conseguir o afrouxamento das cordas, o que não
logravam, e por várias vezes receberam socos em seus rostos, desferidos pelos
soldados. Ao toque de clarins, escravos se aproximaram trazendo tochas acesas
em suas mãos, que, ao contato com a substância impregnada nos postes, faziam
com que estes se incendiassem rapidamente. AST8, RMT12 e PWY1 gritavam desesperados.
Os primeiros momentos em que as chamas lamberam seus corpos lhes trouxeram
dores lancinantes. Gritos horríveis se desprendiam de suas gargantas, assim
como frases com promessas de ódio eterno Àquele a quem consideravam culpado
pelos seus sofrimentos e pela sua morte trágica num planeta atrasado. Nem mesmo
AST8, que havia começado a aceitar os ensinamentos do Evangelho, conseguiu
escapar do desespero e do ódio a Jesus que dominavam os outros. Espíritos de
condição inferior, que ali estavam participando, junto com os encarnados, das
festas promovidas pelo imperador, acercaram-se, aumentando suas dores e
provocando visões terríveis. Inimigos do passado, inimigos da presente
encarnação, conseguidos através da vida plena de maldades, de vícios e de todo
tipo de desregramentos, e Espíritos a eles ligados pela frequência à casa de
divertimentos, compareceram nos instantes finais da vida física, quando o
corpo, já queimado em mais de oitenta por cento, dava seus últimos suspiros e
foi jogado às feras. Visões terrificantes se abriam aos olhos de nossos amigos
de Artúrio, que gritavam agora, sem que os ouvidos humanos encarnados os
pudessem ouvir. Os corpos queimados e atirados ao chão serviam de repasto às
feras. Espíritos perversos acercaram-se deles, fazendo cobranças e sugando as
últimas energias.