Autorretrato em Aquarela

Interlúdio II

No silêncio do meu peito, o sol sussurra,

luz que não queima, mas desperta

fragmentos de mim que ninguém vê.


O mar reflete minhas ondas secretas,

as profundezas que guardo

entre a coragem e o medo,

entre o desejo e a sombra.


A terra me abraça em sua quietude,

me lembra que pertenço a algo antigo,

que cada passo meu deixa marca

mesmo quando ninguém observa.


A lua curva-se sobre meu ombro,

derramando prata nas minhas mãos trêmulas,

mostrando-me que é belo sentir-se pequeno

e ainda assim inteiro.


Uma estrela distante me reconhece,

silenciosa testemunha do que sou,

do que escondo, do que sonho

quando fecho os olhos.


Sou pincel e papel,

sou mancha e linha,

autorretrato em aquarela

onde o íntimo se dissolve em cores suaves,

e ainda assim permanece.

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