No coração do reino da floresta vivia um tatu diferente dos demais. Enquanto a maioria preferia o sossego de seus buracos e a rotina segura, ele sonhava com novas aventuras. Seu companheiro inseparável era o macaco brincalhão, sempre pronto para embarcar em qualquer ideia.
Juntos, exploravam cada canto da floresta, e mesmo com os constantes alerta do monarca sobre o perigo de cruzar as fronteiras, às vezes, se aventuravam nas terras dos fazendeiros em busca das bananas e de outras frutas saborosas.
Numa manhã, o pequeno explorador acordou mais cedo do que de costume, animado para mais um dia de diversão com seu amigo. Foi até a árvore onde ele morava, mas não o encontrou e estranhou que tivesse saído tão cedo. Sem o companheiro, percorreu a floresta perguntando aos animais que encontrava se alguém tinha o visto.
A lebre, apressada como sempre, disse que não o vira. O sapo contou que o havia visto seguir para o riacho, com um sorriso de orelha a orelha. Já o jacaré afirmou tê-lo visto pulando pelas pedras, cantando uma música irritante.
Só de ouvir os outros, não teve dúvidas: o amigo estava feliz. Rapidamente partiu atrás dele, curioso para descobrir o motivo de tanta alegria.
No caminho, encontrou uma árvore caída, bloqueando a entrada de uma das trilhas mais sombrias do Norte. Apesar da lei que proibia bicho de comer bicho, aquele lugar dava arrepios a todos. Boatos antigos falavam de fantasmas e até de uma fugitiva do reino que teria sido engolida e transformada em um deles. Mas, para um explorador como ele, não passavam de histórias assustadoras.
Por curiosidade, aproximou-se do tronco, buscando uma brecha para tentar espiar, mas sentiu calafrios que arrepiariam todos os pelos do corpo se ele os tivesse. Nada podia ser visto, e o silêncio pesado parecia engolir cada som daquele lugar. Então, de repente, um sussurro de folhas secas e galhos se movendo quebrou a quietude. Sem hesitar, correu para o lado mais claro e começou a cavar um buraco perto de uma enorme rocha de barro para se esconder. Cavou tanto que acabou se encolhendo, bem escondidinho.
Ficou ali, imóvel, tentando captar qualquer sinal de movimento. Quando tudo parecia calmo, saiu devagar, ainda desconfiado, pronto para seguir caminho. Foi então que sentiu um cheiro estranho: não era doce, nem podre, tampouco amargo.
— Que cheiro é esse? — pensou, franzindo o focinho.
Olhou ao redor, farejando. O odor vinha do buraco que acabara de fazer. Curioso, começou a cavar de novo, querendo descobrir a origem.
Logo surgiu uma pequena fenda entre o chão e a rocha. O cheiro se intensificou, enjoativo e estranho. Incomodado, tentou tapar a abertura com a terra. Mal começou, sentiu algo se mover atrás de si, um arrastar sutil, quase seco. Então, uma voz fina e sibilante cortou o ar, fazendo-o gelar:
— Ooo, o que você está fazendo aí… criaturaaa?
Era a jiboia, membro do conselho real.
Ele recuou um pouco, segurando a respiração e atento à calma inquietante da serpente.
— Que susto… — murmurou ele, com o coração acelerado.
— D-desculpe… não quis assustar — disse a cobra, aproximando-se com mais calma.
O pobrezinho ficou imóvel por um instante, sob o olhar fixo da jiboia.
Logo, ela desviou o olhar por um momento, como se quisesse lhe dar algum alívio. Quando voltou a falar, sua voz saiu baixa, quase um sussurro:
— Taaatu… não sabe que essas bandas são cheias de monstros?
— Sei, só vim atrás do macaco. Acho que ele foi às terras dos fazendeiros — respondeu, louco para sair dali.
— Seu amigo não deveria ir para lá, nem você… é perigosooo!
— Sabemos, mas só colhemos as frutas das beiradas…
— Mesmo assim… não é seguro.
Sua voz ficou mais firme por um instante, antes de suavizar novamente: — E, pelo visto, o rei vai ter que criar novas regras para impedir essas incursões às terras proibidas.
Era difícil saber se a jiboia apenas reforçava os alertas do monarca ou também acrescentava as suas próprias regras. Alguns conselheiros ignoravam os avisos do soberano, como a raposa, que vivia invadindo as plantações em busca de ervas para suas sopas. Se até uma conselheira real desrespeitava as recomendações, quem poderia realmente impor um simples decreto contra dois amigos curiosos?
Sem querer discutir, ele foi embora disfarçadamente, tentando esconder o nervosismo do olhar penetrante dela. Nem teve coragem de ir atrás do amigo, com medo de ser repreendido.
Mais adiante, quase chegando em sua toca, precisou parar para recuperar o fôlego. Foi quando ouviu o macaco gritando por ele.
Ficou radiante ao reencontrá-lo, e parecia que haviam passado séculos separados. Logo começaram a conversar animadamente. O macaco explicou por que havia saído tão cedo, enquanto o pequeno explorador se contorcia de inquietação, ansioso para relatar tudo que havia visto e sentido naquele canto inexplorado da floresta.
Não conseguiu mais se conter e interrompeu o amigo, que franziu a testa, confuso. O pequeno, por sua vez, começo a descrever tudo rapidamente: era tronco para cá, cheiro estranho lá, lugar assustador e até um buraco na rocha.
O macaco, perdido na explicação, ergueu as mãos e pediu calma.
— Devagar! Tronco? Lugar? Que buraco?
O tatu respirou fundo, retomou a história com mais calma e detalhou tudo que vira, ouvira e sentira. Quando terminou, olhou para o amigo e disse com determinação que precisavam ir até lá juntos.
De volta ao local, ele preparou as garras dianteira e começou a cavar no mesmo ponto até encontrar a fenda. Para sua surpresa, o cheiro estranho havia desaparecido. Continuou cavando um pouco, esperançoso. O peludo permanecia atrás dele, parado, coçando a cabeça e olhando para o céu com desconfiança, visivelmente desconfortável por estar ali.
Ao perceber a reação do amigo e notar que já anoitecia, o tatu desistiu e o chamou para irem embora. Tentou convencê-lo a voltarem pela manhã, mas não teve sucesso.
Ao atravessarem as pedras do riacho, encontraram o jacaré, que os parou para conversar:
— Olha só, encontrou o macaco! — disse o réptil de papo amarelo.
— Sim, graças a você — respondeu animado.
Os três conversaram por um bom tempo, até perceberem o horário. Então, os dois amigos se despediram e seguiram cada um para o seu cantinho de descanso.
Já era tarde da noite, mas tatu não conseguiu dormir. O mistério da fenda martelava sua cabecinha teimosa. De repente, teve uma ideia: voltar à rocha para descobrir até onde o buraco levaria. Ignorou a hora e o medo, e partiu.
Assim que chegou, começou a cavar sem parar; a terra estava fria e úmida, e ele escavou fundo… até que ouviu um barulho vindo da escuridão. Parou por alguns segundos, caminhou até o tronco e fixou os olhos na mata escura, tentando ver algo. Foi nesse momento que avistou a silhueta de um animal ágil e esguio entre as sombras.
Seu coração disparou, como se quisesse sair pela boca. Sentiu o corpo enrijecer, e na mente só havia a certeza: aquele era o bicho traidor que diziam ter virado fantasma.
Sem pensar, saiu correndo. Mal chegou à sua toca, encolheu-se todinho, mantendo os olhos fixos na entrada aberta, com medo de ter sido seguido. Mesmo sem querer, acabou pegando no sono.
Ao raiar do dia, foi acordado pelo macaco. Ele contou tudo o que acontecera na noite anterior e ouviu um alerta do amigo peludo: nunca mais voltar lá.
Dias se passaram, e a vontade de desvendar até onde aquela fenda o levaria só aumentava. Então, o tatu decidiu voltar sozinho e terminar o que começara.
Chegando ao local, removeu a terra com rapidez e abriu uma passagem. Entrou na fenda, mas se decepcionou: nada além de uma planta solitária, com uma flor seca. Aproximou-se da flor e percebeu que aquele cheiro enjoativo era dela.
Saiu cabisbaixo, frustrado. Logo depois, enquanto tapava a abertura com terra, ouviu novamente barulhos vindos da mata escura. Ainda não era tão tarde quanto da última vez e decidiu se aventurar em mais um mistério.
Entrou lentamente, o coração disparado, numa mistura de adrenalina, medo e curiosidade que parecia consumir cada respiração. A luz da entrada desaparecia rapidamente, engolida pela escuridão espessa.
Então vozes surgiram ao fundo de uma clareira cercada por árvores secas, cipós e arbustos retorcidos. Cada passo era medido com cuidado, os sentidos em alerta total, o farfalhar das folhas sob os pés e o cheiro úmido da terra se misturavam. De repente, reconheceu aquelas vozes familiares, que pareciam discutir:
— Você não deveria ter feito isso sem autorização dos outros — disse uma voz seca, carregada de reprovação.
— A fome era grande… e essa criatura estava sozinha — respondeu outra, quase ofegante, tentando justificar-se.
Um arrepio percorreu todo o pescoço do explorador. Uma das vozes… ele tinha a estranha sensação de já a ter ouvido antes.
— Cale-se! — rosnou a primeira, com raiva contida. — Você terá que enfrentar as consequências… — pausou.
O pequeno tatu ficou imóvel, tentando não fazer barulho. O silêncio se instalou, pesado, como se a própria floresta prendesse a respiração. Cada folha que caía parecia um grito de socorro.
De repente…
— Espera… você sentiu esse cheiro? — murmurou uma das vozes, a tensão em cada suspiro quase audível.
— Não… não senti nada — respondeu a outra, a respiração irregular denunciando o nervosismo.
A quietude retornou, ainda mais sufocante. Mesmo apavorado, o pequeno avançou devagar entre os arbustos, cada passo calculado. O coração disparava, e o mínimo estalar de uma folha fazia a adrenalina subir. A sensação de estar sendo observado apertava seu peito, gelando os músculos. Porém, a curiosidade o impulsionava. Quem eram aqueles? E por que discutiam ali, nas sombras densas da mata, onde cada árvore parecia esconder olhos atentos?
Ao espiar, viu a pior cena que poderia imaginar.
Um dos animais era o jacaré, imóvel, com os olhos fixos em um canto escuro. No chão, a paca permanecia estirada numa poça de sangue, com ferimentos tão profundos que parecia impossível que estivesse viva. A papada amarela do réptil estava suja de sangue e lama, e por um momento parecia que ele estava sozinho ali.
Aquela cena o abalou profundamente, mas sabia que qualquer movimento em falso poderia entregá-lo. Virou-se cuidadosamente, quando ouviu das sombras uma voz baixa e gutural:
— Já vai embora, criaturinha curiosa?
Embora houvesse algo familiar naquela voz, ele não conseguia identificá-la. A fera, escondida na escuridão, deixou os olhos brilharem no breu, e um rosnado estridente ecoou, fazendo o pequeno aventureiro encolher-se ainda mais.
Apesar do medo, o pequeno não hesitou e saiu disparado mata adentro. Não tinha ideia de para onde ia; aquele lado da floresta era inexplorado por ele e por qualquer outro bicho.
Enquanto corria, os passos pesados de quem o perseguia quebravam galhos e faziam moitas se moverem com agilidade. Embora não fosse rápido, seu tamanho permitia que atravessasse vãos entre raízes e cipós. Ainda assim, a floresta parecia se fechar ao redor, com galhos arranhando seu casco.
Quando parecia não haver mais para onde correr, o tatu avistou uma luz adiante. Era sua chance de escapar; precisava apenas encontrar um ponto acessível para escavar um refúgio e se encolher, escondido, até o perigo passar.
Atravessou desesperado, só percebendo depois de algum tempo que havia entrado em uma das plantações dos fazendeiros. Mesmo assim, manteve-se atento, evitando armadilhas escondidas entre os pés de mandioca. Cada passo era uma escolha entre escapar ou ser capturado.
Mas a misteriosa criatura ainda o perseguia, escondida entre as plantações de mandioca. Isso o fez acelerar. Quando achava que a despistara, pisou em falso e caiu numa armadilha: uma estrutura de ferro com entrada estreita e portinhola que se fechou atrás dele.
Não era a primeira vez que caía em uma armadilha desse tipo. Conhecia o truque para se soltar da gaiola. Em segundos, destravou a portinhola e se preparava para sair, quando ouviu a voz que o seguia:
— Te achei.
A criatura ainda se escondia entre as folhas das mandiocas, quase invisível.
— Quem é você? — perguntou o tatu, recuando cuidadosamente para não ficar mais preso.
Nenhuma resposta, só risadas baixas e ásperas. Parecia debochar da situação e aproveitar o momento.
Aquele silêncio era congelante. E o tatu? Esse não sabia o que era pior: sair ou se enfiar ainda mais, no fundo da gaiola. Encolhido, perguntou outra vez:
— Quem é você?
Nada por um longo tempo, até a voz voltar:
— Você não sabe quem sou, mas sei quem você é. Se sair daí, eu te pego em qualquer lugar — disse, com sarcasmo sádico.
O pequeno engoliu seco, tentando esconder o medo. Chegou a suplicar:
— Por favor! Se me deixar ir, prometo que não conto nada. Posso partir para outro lugar…
— Não posso confiar…
— Por favor! — suplicou de novo.
Foi a primeira vez que sua coragem vacilou, mesmo tentando manter a firmeza.
A criatura permanecia imóvel nas sombras. Ele sabia disso, e o ar ao redor parecia ficar mais denso, quase sufocante. A noite caía devagar, sem pressa, e o silêncio parecia pesar sobre cada galho e folha. Então, de repente, a voz cortou a quietude tenebrosa do ambiente.
— Tudo bem. Pode sair com vida, mas com uma condição: fuja daqui e não olhe para trás — a voz mudou repentinamente. — Não fale com seu amigo… o macaco.
O tatu hesitou entre a alegria por ter a vida poupada e a tristeza de partir sem se despedir do melhor amigo. Incerto sobre se podia confiar, resolveu esperar, para ter certeza de que não se tratava de uma armadilha do misterioso animal.
Esperou horas, até que não aguentou mais e adormeceu, encolhido na gaiola.
Aquela madrugada foi silenciosa. A manhã seguinte nasceu como qualquer outra. Exceto por um detalhe: as folhas das mandiocas se agitavam, como se algo tivesse passado por entre elas.
Enquanto isso, do outro lado da floresta, o dia começou sem alarde. Ninguém percebeu nada de estranho à primeira vista. Mas, com o passar das horas, o macaco ficou inquieto. Já fazia tempo que não via o amigo.
Com o sumiço, foi até a toca dele, mas levou um susto ao perceber que nem mesmo o buraco estava lá. Como se tivessem desaparecido. Preocupado, perguntou a todos em busca de pistas. Era como se o tatu tivesse sumido do mapa. Temendo o pior, decidiu procurar o soberano e pedir ajuda.
Ao chegar no Salão das Árvores Secas, o peludo foi recebido com simpatia pela garça, mensageira e conselheira real. Para ajudar nas buscas, contou tudo sobre o amigo desaparecido. A mensageira o tranquilizou, dizendo que levaria o caso ao rei.
O macaco passou dias indo e voltando ao salão, sem resposta concreta. Sempre ouvia: “Acalme-se, estamos investigando o paradeiro do tatu.” A preocupação era tanta que mal dormia. Até que, numa tarde inesperada, a jiboia apareceu em sua árvore com um recado: o soberano já tinha notícias e queria falar com ele.
O rato, grande rei da floresta, recebeu-o com um olhar tranquilo, que dava uma ponta de esperança. Em seguida, contou ter enviado sua conselheira mais fiel, a raposa, para investigar. Todas as pistas indicavam que o desaparecido havia apenas se mudado.
Incrédulo com o que ouvira, o peludo se contorceu e coçou a cabeça. Afinal, sua amizade com o tatu era de longa data; um jamais partia para uma nova aventura sem avisar o outro. Como o soberano já vivera situação parecida dias atrás, pediu que a raposa confirmasse os fatos.
A criatura astuta aproximou-se com sutileza.
— Macaco, o que o rei disse é verdade.
— Então, ele partiu mesmo? — perguntou, sentindo-se reconfortado pelo tom acolhedor da raposa, mas indignado com a resposta.
— Sim. Minha investigação me levou até o bosque da pedra — disse ela, com um sorriso discreto. — Vi o tatu por lá, e os outros… bem, os animais pareciam saborear sua presença com entusiasmo.
A conselheira real explicou que o tatu apenas desejava continuar suas aventuras em outros territórios, mas que retornaria à floresta em breve. O macaco, embora ainda desconfiado, aceitou a explicação. Cada palavra parecia martelar em sua mente como um enigma indecifrável. Saiu do salão com passos cautelosos, tentando convencer-se de que o amigo estava bem e que, em breve, traria novas histórias. O que lhe dava conforto era saber que o soberano jamais mentiria sobre algo tão importante.
Aquela noite foi a mais triste para o brincalhão, que virou a madrugada comendo bananas e bebendo água de coco.
Ao amanhecer, cansado e com sono, precisou buscar mais alimentos para a despensa. As bananas do seu Zé eram as melhores, doces mesmo as verdes. Caminhava pelas beiradas da plantação, concentrado na colheita, quando a raposa surgiu silenciosa entre as árvores e o surpreendeu.
— Você me assustou — disse ele, triste.
— Perdão, macaco. Procurava algumas ervas para temperar uma sopa de rabanetes e alface.
— Hum! Deve ser gostoso.
— É receita do rei. Se quiser, está convidado para experimentar.
O convite o alegrou, especialmente vindo dela. Apesar de ser conselheira real, era uma amiga verdadeira, sempre pronta para ajudar, ouvir e estender a pata.
Ficaram em silêncio alguns segundos, olhando o horizonte e as bananas, até que ela perguntou:
— Você sentiu esse cheiro?
O macaco franziu o nariz, tentando identificar, mas nada percebeu.
— Cheiro de… biscoito — repetiu a raposa, farejando ar. — Acho que tem humanos por perto.
— Então vou pegar essas bananas rapidinho.
— Não demore e tome cuidado. Dias atrás, enquanto procurava ervas nas plantações de mandioca, senti cheiro de ensopado… coitado, deveria estar dormindo ou tão distraído que virou o jantar.
— Que mundo cruel o nosso… — comentou o peludo, rindo sem graça ao entender o alerta para ficar longe das fronteiras.
A raposa o encarou por alguns segundos, os olhos dela brilhavam. Um canino afiado surgiu entre os lábios quando sorriu.
— Realmente ― comentou, quase sussurrando — cruel para uns… saboroso para outros.
Virou-se e foi embora, a cauda balançando devagar, como se nada tivesse acontecido. Para ela, de fato, nada havia acontecido.
O macaco permaneceu ali, observando a raposa desaparecer entre as árvores, e não conseguiu afastar os pensamentos sombrios que o aterrorizaram. Colheu mais algumas bananas e, ao abrir a única madura que encontrou, sentiu um gosto vazio. Pela primeira vez, a banana doce parecia sem sabor.