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EscritosdeVitorHugo

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Ativo Escritor

Simbionte
Ovo de Simbionte
Post fixado
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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Olá pessoal , queria compartilhar com vocês a sinopse do meu livro "La Cruz: Entro o Sangue e Fé". O livro ainda está sendo finalizado, mas a expectativa é que esteja pronto para a publicação até o fim do ano! Enfim espero que gostem!🥰

"Fé" é uma palavra tão pequena, mas tão complexa! Sem dúvidas é uma palavra dificil de compreender, ela tem tantos significados! Pode-se ter fé em tantas coisas! Pode-se ter fé nos homens, em Deus, no Universo ou até mesmo em coisas como dinheiro e poder!

Falando assim, ela até parece ser bonita! Parece significar algo bom e puro, algo divino! Mas a verdade é que, normalmente, há muito sangue escondido, há muitos corpos empilhados! Há muitas injustiças nunca vingadas! E tudo isso está escondido sob as saias do divino! Sob o símbolos que criamos! Sob os alicerces das igrejas! Sob o dinheiro guardado nos bancos!... Tudo isso é escondido e justificado por uma mesma palavra: "Fé".

Até onde você iria pela sua fé? O quanto você sacrificaria?! Quanto sangue você derramaria pela sua fé?! Até onde você iria por uma incerta promessa de salvação?! Até onde você iria pela sua própria ascenção?

Mas acho que a principal questão é por que lutar? Por que lutar por algo que esconde tanta morte!? Por que lutar por algo que manipula e controla tanta gente!? Será a fé algo de todo o mau? Ou teria ela algo de bom a nos oferecer!? Talvez sejam perguntas demais pra responder, talvez elas nem mesmo tenham respostas! Mas todas elas atormentam a mente dos que pisam em La Cruz!

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

A Dama do Imaginar

Não posso ver os olhos teus,
eu posso só imaginar como será nosso encontrar.

Quero sentir o seu tocar, quero beijar os lábios seus! Quero deitar em seu olhar! Quero sentir o seu amar.

Mas eu só posso imaginar! E mergulhar nesse sonhar, me perder e delirar! Quero rezar e implorar pra que não finde esse sonhar!

Quero deitar e delirar! Me deleitar e imaginar seu corpo nu, nosso gozar!

Quero beijar, quero explorar,
quero sentir seu respirar! Quero zanzar por suas curvas! Quero morder, quero apertar, endurecer, lhe adentrar e lhe preencher com meu prazer!

Quero ouvir você gritar, me implorar por mais prazer! Me deleitar no seu olhar! Olhar primal, fera fatal! Quero morrer lhe dando mais!

Ó, por favor, não vá embora! Não deixe o sonho falecer! Por favor, não parta agora! Quero ficar no imaginar enquanto não puder te ter.

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Ovelhas

Abrem-se as porteiras, disparam
as ovelhas! Correm como podem, anseiam por centeio

Giram, Giram o moinho, sofrem, sofrem as ovelhas! Cansam, Cansam as ovelhas! Morrem, Morrem não tão velhas!

Gritam, choram as ovelhas. Perdidas rogam por socorro! Cegas se enganam em falsas promessas! Mudas se engasgam com os próprios sussurros!

O Gritos só ficam na mente, os choros se perdem pra sempre, o medo no fim sempre vence!

E as ovelhas despertam de novo! Abrem-se os portões, disparam as ovelhas!

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Estrada da Miséria

Tem um futuro muito belo logo à frente, é bem depois, bem depois do rio seco.

Vá, não duvide, sei que o caminho é morto, mas tanta morte vai levar até o ouro!

Mas quando eu piso, sinto o podre na minha sola! Mas quando eu sinto, sinto a morte na minha boca!

Eu dou um passo, dou três passos, e passo ao dobro! Ando mais rápido, mas o ouro tá distante!

Fico confuso, pra onde foi esse futuro? É só mais morte, só mais morto e só mais corpo, é só o seco e o sol sempre escaldante!

E quando eu piso, sinto o podre na minha sola! E quando eu sinto, sinto a morte na minha boca!

Agora eu noto que estou preso nessa estrada e que o futuro era promessa vazia!

Tudo desculpa, desculpa esfarrapada! Tudo mentira pra matar sonso na estrada!

E agora sigo feito um burro sem destino! Sigo perdido nessa estrada da miséria!

E quando eu piso, sinto o podre na minha sola! E quando eu sinto, sinto a morte na minha boca!

E quando morro, pela estrada eu sou deixado.

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Cavalo Brasil

Que voraz armadilha se meteu,
o selvagem alazão,
que pelo canto estrangeiro
se deixou levar
para as profundezas da servidão!

E mesmo já tendo escapado,
passou a porteira
com as cores do império
que lhe escravizou!

E mesmo livre de novo,
foi preso de novo,
por um novo nem tão novo assim!

E livre foi feito de bobo
pelo homem de verde,
de mão nada amiga,
mas braço bem forte:
batia no lombo,
batia o chicote!

Mas novamente o cavalo viu a liberdade.
Será liberdade?
Ou só pasto novo com cerca mais longe?
Será liberdade ou só dono novo?

Espero algum dia
que esse velho cavalo
alcance um futuro mais livre que o hoje!

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Horas, Minutos e Segundos

Sete dias por semana,
trinta dias tem o mês.
São Vinte e quatro as horas do dia,
são sessenta os minutos da hora.

São outros sessenta, os segundos do minuto.
Com quem será que gasta o dia as suas horas?
Com que será que gasta as horas os seus minutos?

Será elas como eu e você?
Que os gasta sem nem mesmo perceber,
que os perde por motivos tão grandes
quanto os ciscos levados pelo soprar do vento?

Quantas horas leva o dia
até notar que lá se foi a sua vida?
Quantos segundos leva o minuto
até notar que já morreu
e que nunca mais retornará?

Quantos anos leva a gente
até notar que, a cada momento,
estamos mais próximos de findarmos,
como se finda o minuto?

Cada segundo, cada hora e cada minuto,
todos eles são únicos,
só se vão e nunca voltam!
Não teriam motivos pra vida ser diferente!

Por isso eu me pergunto...
Terá o minuto o mesmo medo de ser único
que eu carrego em meu peito?

Terá a hora o mesmo terror,
quando se lembra que o chegar da morte
finda tudo o que se vive?

Espero eu que nossos dias
não tenham essa consciência,
pois esse medo angustiante
nos acompanha até o último segundo.

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Esquecimento

Cada momento, cada lembrança, cada gracejo, cada sorriso se perderá em fundas covas!

Cada alegria, cada tristeza! Os bons amores, os maus enganos, os desalentos e os abraços! Cada detalhe perdido em chamas, todo o respiro termina em cinzas

Toda conquista, todos os passos! As nossas lutas, nossos abismos e as nossas quedas! O tempo leva, tudo apodrece, os ossos quebram, tudo se esquece!

Veja que triste viver a vida, veja que dor, tanto amor perdido, memórias fracas que a morte apaga! Como é doído ser dessa raça, nasceu sabendo que tudo acaba!

Tento viver com alegria, tento sorrir pro sol nascente, e aproveitar o azul celeste, mas o meu medo sempre me impede! O medo amargo da morte certa! O medo frio de ser esquecido.

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

Gotas de Vermelho

Por trás dos olhos o mar transborda, gotas temperadas, gotas de vermelho!

E calmamente as gotas caiem, escorrem lentamente, marcam o nosso corpo!

Carne ferida! Ferida aberta! Feridas invisíveis! Cospem nossas dores, em gotas de vermelho!

A cada passo da caminhada, novos cortes cortam! Feridas novas brotam!

E aos nossos pés se forma a poça! Se forma o mar vermelho! De lágrimas e sangue!

São gotas muitas! São muitas gotas! Não sei por quanto tempo resisto ao mar vermelho!

Talvez eu deva ficar parado, olhar o mar crescendo, me afogar no mar vermelho!

Talvez assim, se findam as gotas! Sem mares transbordando! Sem mais novas feridas e sem gotas de vermelho!

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

O Abismo

Ando sempre circundando o precipício, fecho os olhos, tenho medo do abismo!

Eu caminho, me equilibro e também desequilíbro, bate o vento me atordoo, quase perco, perco tudo para o abismo.

Ouço ao longe, o grunhindo, ouço as garras na parede, é o monstro me olhando, me esperando, aguardando, o momento em que eu caio! Caio para sempre, no infinito do abismo!

Quase pulo! O abismo vez ou outra eu desejo! Mas o medo do escuro, sempre faz eu dar a volta.

Pois que seja! Vou seguir, que se dane aquele monstro! Ando em frente, calmamente! Até que enfim só me reste o abismo.

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Violência

Olha só pra esses corpos, quanto sangue espalhado, quanto grito abafado. Ouça só quanto estalo! É de pescoço quebrado, é de arma engatilhando.

Violência é o jeito, violência é o meio. Na cabeça desse mundo, violência é linguagem. Mais que raça! Mais que praga! Que maldita humanidade que só fala violência!

Vejam as balas voando, espalhando o vermelho. Mas cuidado, não se engane: essa bala não é doce! E o vermelho é puro sangue!

Violência é o jeito, violência é o meio. Na cabeça desse mundo, violência é linguagem. Mais que raça! Mais que praga! Que maldita humanidade que só fala violência!

Nossa terra é de massacre, de tristeza, de chicote! É regada de nativo, é regada de africano. Foi no sangue dessa gente que essa terra se afogou, floresceu o preconceito.

Violência é o jeito, violência é o meio. Na cabeça desse mundo, violência é linguagem. Mais que raça! Mais que praga! Que maldita humanidade que só fala violência!

Lá na cabeça do mundo tem riquinho bem formoso, tem sofá bem confortável, bem macio. É de carne, bebe sangue e nada em grana!

Violência é o jeito, violência é o meio. Na cabeça desse mundo, violência é linguagem. Mais que raça! Mais que praga! Que maldita humanidade que só fala violência!

Pelos campos desse mundo, o sol queima, muito soa! Muito braço no trabalho, muita cuca no mormaço. Engole a comida fria! O seu filho sem futuro, seu suor regando o mundo.

Veja só que mundo injusto! É violência mais violência! Caço solução na paz, mas também tem violência! E do ódio que ela traz também fico violento! E é violência e mais violência!

Violência é o jeito, violência é o meio. Na cabeça desse mundo, violência é linguagem. Mais que raça! Mais que praga! Que maldita humanidade que só fala violência!

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EscritosdeVitorHugo @EscritosdeVitorHugo

CASCA

Veneno, corre como veneno. A peste da adultice te dizendo: "Pense assim, pense acolá!" Te impedindo de imaginar.

O Embrolho, o Enruste, o injusto capitalismo. O executor de todos os sonhos, o carrasco do imaginário, a guilhotina do senso crítico.

Lute, corra, procure, ache logo esse maldito túmulo, pois pra viver tem que morrer! Morre o seu espírito, morre a esperança, morre o seu eu criança. Então lute! Lute pelo seu futuro luto.

Terno limpo, paletó liso, cinto apertado, bem apertado, até sobrar o que é preciso: lucro, dinheiro. E a gravata te sufocando, e o cinto te apertando, até que de você não sobre nada!

E então, no final da vida, verá que pouco dela foi vivida, mas muito foi sobrevivida! Mas agora já é tarde, não dá pra voltar atrás. Agora, depois de tudo, só te restou a sua casca.

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SOMBRA DA NOITE

Mais uma entrevista, mais uma moça simpática que me disse: "Vamos entrar em contato". No entanto, a essa altura, só me resta a esperança de ao menos me avisarem do "não". Entro em casa derrotado, me encontro com a solidão, vou à sala e vejo lá minha velha poltrona. Eu me sento, apago as luzes, fecho os olhos e me lamento internamente, pois, de tão sozinho, não tinha ninguém para dizer como me sinto. O dono dessa poltrona e a esposa que ele amava se foram; o destino os tirou de mim, e agora percebo o quão inútil eu sou. E por isso, permaneço de olhos fechados, me açoitando, me cortando e me torturando, fazendo do meu corpo o inferno da minha alma.

E quando me saciei da minha própria dor, abri os olhos e então eu vi. Vi, em meio à escuridão da noite, a silhueta de um homem, uma sombra. Eu não via o seu rosto, mas sentia; na verdade, eu sabia que ele estava olhando para mim, me observando, me julgando, me lembrando daquilo que eu merecia, mas meus pais é que levaram. Eu também olhava para ele fixamente. Eu estava paralisado, não conseguia mover um músculo; tudo o que conseguia era olhar. Olhar para a escuridão daquele corpo, olhar para milhares de abismos que, ao se chocarem, moldaram sua forma. Tudo o que podia fazer era sentir. Sentir o frio gélido que me congelava até que todo o quente se fosse. Só me restava ouvir. Ouvir os gritos de agonia das vidas que despencavam, se prendiam na espiral de espinhos lá de dentro do abismo. Suas peles eram rasgadas feito roupa sendo rasgada, suas carnes eram arrancadas e seus ossos triturados, feitos grãos da existência. E depois de tudo isso, só havia a inexistência.

Tinha medo e desejo. Eu queria e não queria. Lá, parado e indeciso, mantive tudo escuro. E a sombra se aproximava, seus abismos me fitando, salivando, cheios de fome! E a sombra vinha, vindo, me esganava e estrangulava, seus abismos me puxavam, me jogavam nos espinhos. O ar já não sobrava. Estava perto, estava perto! A dor logo passaria! Mas o medo me alcançou, me puxou e me levou, levou de mim a minha mão, que, indo até o interruptor, finalmente ligou a luz! Não foi dessa vez que a sombra da noite me levou.

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Preso, Perdido e Vazio

Alma vazia, solidão angustiante, o nada me abraça, me esgana, me tritura; minha mente se despedaça, o acaso me esmaga, o destino me larga!

Eu não queria estar no topo, e nem mesmo isso eu almejo; eu só queria estar em algum lugar, saber meu caminho, achar uma rota!

Mas, sozinho, na escuridão de meu sombrio aposento, me vejo perdido nas penumbras da noite, consumido pelas incertezas da vida!

São tantos os caminhos à frente, que me perco enquanto cruzo todos eles, sem nunca chegar a lugar algum!

Me olho no espelho e me vejo preso! Preso aos prazeres que não tenho, preso aos sucessos que não tive e que tanto desejo! Preso, perdido e vazio!

Até quando ficarei perdido no mar imenso de água escura, que me guia sem rumo, que me prende a tormentas da tempestade impiedosa? Até quando ficarei eu, preso, perdido e vazio?

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Frágil Humanidade

Ossos, carne, órgãos, sangue, nervos, veias, articulações, juntas, pele... O corpo completo, vivo, consciente, perfeito!

A máquina perfeita. Quem a construiu? Será as mãos do Divino? Ou será a natureza que, por mero acaso, fez surgir esse organismo tão organizado?

A perfeita simbiose, a orquestra em harmonia, a paisagem irretocável! Tão perfeita! Mas tão frágil!

Tão facilmente podem ser quebrados, destruídos, devorados, mutilados, enterrados, esquecidos... Com a mesma facilidade com que nascem, morrem!

Quem será nosso arquiteto? Aquele que nos moldou tão perfeitos e, ao mesmo tempo, tão frágeis, pequenos e quase irrelevantes para a imensidão do universo!

Será que nos fez assim por maldade? Ou queria nos mostrar algo que talvez nunca tenhamos entendido?

Talvez quisesse que filosofássemos. Ou talvez sejamos apenas um teste, um experimento! Ou quem sabe sejamos apenas uma piada mal feita, onde a graça está em como seres tão perfeitos são, ao mesmo tempo, o cúmulo da guerra, da violência e da imperfeição!

Perfeitos e imperfeitos, seguimos perdidos em nossos achados inventados e propósitos que só entre nós fazem sentido!

E, no fim, morremos sem saber por que vivemos, sem saber se acertamos ou se erramos em tudo!

Enfim, chega a finitude. E assim como nascemos sem saber de onde viemos, nem por que existimos, morremos sem saber por que morremos, sem saber se há algo depois!

Nascemos do mistério e morremos no mistério. Terminamos onde começamos, e tudo o que sabemos é que não sabemos de nada!