🎭
(Fazenda do coronel Friedo. Céu nublado, tempo parado. Dentro do celeiro velho, Nélio e Eliza, sua bela esposa, se entregam à paixão proibida entre os fardos de feno.)
ELIZA : Ai... ai... minha nossa Senhora da Agonia... que coisa boa, Nélio!
NÉLIO: Shhh... deixa comigo, meu doce de caju açucarado...
ELIZA: Ui... meu Jesus da Goiabeira!
(Do lado de fora, o coronel Friedo vem se aproximando com a empregada. Ouve os gemidos altos e para de andar. Fecha a cara. Entra no celeiro devagarinho. A empregada vai pelos fundos e flagra Nélio pelado, com o cabelo bagunçado e uma energia quase mística.)
EMPREGADA :Valha-me Deus, eu nunca vi um cabra tão cabeludo nessa parte do mundo! É um padre selvagem, isso sim!
NÉLIO (assustado, sussurrando): Eliza, ocê quer mesmo que ele nos encontre? Ele me arranca o couro com faca cega!
(De repente, o coronel Friedo surge atrás de Nélio, com uma espingarda apontada pro rabo do rapaz. O clima pesa. Silêncio. Só se ouve o rangido do feno.)
SEU FRIEDO: Desgraçado... o que é que eu tô vendo aqui, hein?
EMPREGADA (encabulada) : Eu... eu nem sei, coronel... mas dizem que onde tem muito cabelo, não tem vergonha.
SEU FRIEDO: E eu lá quero saber de topete de traseiro, mulher?!
NÉLIO (calmamente, tentando negociar com filosofia matuta) : Voismince poderia apontar essa arma pra o lado, que se disparar, vai cortar as pregas do meu bonga seletíssimo.
SEU FRIEDO (furioso): Eu vou é enfiar esse cano até a alma e descarregar tudo no seu toba!
NÉLIO (sereno, encarando a morte de frente): Calma, coronel... um cabra bom não se desespera. Tristeza em vosso semblante não combina com um homem de terras e gado.
SEU FRIEDO: E ocê queria que eu sorrisse vendo ocê montado na minha mulher igual burro em jumento?!
NÉLIO:O que vós está vendo é o que vós não queria ver... mas eu avisei. Disse que um dia praticaria o exorcismo do amor carnal com sua esposa.
SEU FRIEDO: Exorcismo?! Isso é obra do cão! Só se for pra me levar agora pro inferno!
NÉLIO (erguendo-se, pelado, em pose de mártir sensual): Olhe bem, coronel. Vede este corpo... nu... rasgado, marcado pela batalha contra o pecado. Isso aqui é luta contra o demo!
EMPREGADA (sem conseguir tirar os olhos): E... e não amoleceu não... olha isso, meu Deus... parece uma tocha!
SEU FRIEDO: Seu cabra safado!
(O coronel dispara! BANG! Nélio se abaixa e sai correndo, pelado, desviando de tiros e saltando por cima de um jumento. Jagunços aparecem, mas Nélio é rápido como um tatu em dia de feira. Corre pelo milharal, pula a cerca, e foge rumo às Pregas do Norte.)
NÉLIO (correndo e gritando): Eu sou Nélio, o intocável! Pelado, mas vivo! A honra não tá nas calças, tá no espírito, cabras!!!
🌵 FIM... CENA 🌵