Justiano, era um advogado aposentado, passou boa parte de sua vida dentro de um escritório de advocacia, e boa parte na defensoria pública do Estado, defendendo sempre com impetuosidade e dedicação, àqueles que julgava injustiçados.
Na sua carreira, dificilmente perdia uma causa, mesmo quando os acusados eram réus confessos, Justiano conseguia que suas penas fossem amenizadas, era um profissional reconhecido e respeitado entre seus pares e perante os juízes e Tribunais em que atuava.
Era viúvo há pouco mais de um ano, sua esposa faleceu num acidente de avião quando viajava para a Europa, onde seus dois filhos estão residindo, Maximiliano e Victório, Justiano ainda tem uma filha, Justine, que está finalizando o curso de direito na Universidade Federal.
Logo após a morte de sua esposa, Justiano tornou um homem calado e até meio sombrio, deixou de exercer a profissão, se sentiu num vazio, pareceu perder a vontade de continuar vivendo, muitos achavam que ele havia ficado louco, outros pensavam que a tristeza e a solidão o consumiram e outros não estavam nem aí, pois não tinham nada a ver com isso.
Hoje, o velho advogado mora retirado no interior, vivendo em uma cabana à beira de um lago perto das montanhas e das florestas com pinheirais enormes, campos que vão até se perder de vista, ali ele se sente em paz, como se estivesse no paraíso, alienado do mundo globalizado, sem rede de TV, sem internet, sem rádio, às vezes lia algum jornal que os filhos mandavam, ao qual ele utilizava para acender a fogueira ou para outras coisas.
Mas essa escolha não se deu por acaso, uma vez quando o trabalho havia deixando com um stress em alto nível, se retirou de férias na Europa, junto com seus filhos, onde viajavam pelas belas paisagens europeias, onde conheceu um lago em que aprendeu a arte da pesca, desde então se interessou pela atividade e se tornou um adepto da pesca esportiva.
Naquela época, acompanhou seus filhos fisgarem um peixe de 20 kilos, a luta com o peixe durou quase meia hora, e desde então ele ficou empolgado com a arte, e tamanha foi a emoção que até pediu para participar da batalha; pegou a vara em suas mãos e sentiu toda a adrenalina percorrendo seu corpo, o peixe puxava de um lado para outro, parecia que queria levar junto o seu oponente; com medo de perder a raridade, entregou o serviço a seus filhos, que já tinham mais experiência no assunto, mas encantado mesmo ele ficou, quando ergueram aquele troféu maravilhoso, deveria ter um metro de comprimento, naquele momento, decidiu que quando se aposentar passaria o resto de sua vida à beira de um lago.
Em várias ocasiões os três saíam para pescarem juntos, passavam noites em volta de lagos, passavam horas dentro de barcos, levavam inúmeras picadas de mosquitos, mas nunca mais pegaram uma espécie igual àquela.