A medida que as máquinas avançam 🚜, deixando para trás a terras reviradas pelos discos dos arados, revelam diversas vidas subterrânea que logo servem de alimento para as famintas aves das mais diversas espécies, 🦅, parece uma guerra cruel e impiedosa, na verdade um massacre brutal, pois não há paridade de armas, tampouco a menor possibilidade de reação, pois despidos de sua única defesa se tornam alvos fáceis para os impiedosos bandos de tico-ticos, carruíras, pombos, gralhas, joão-de-barros, canários, pardais, etc..🦉
A noite cai, os movimentos aéreos se cessam e no silêncio da noite, se iniciam os movimentos terrestres, vidas que se arratam pelo solo, se insinuando nas sobras entre os sulcos aberto pelo arado a procura de outras criaturas rastejantes que também buscam restos para alimentar 🪱, cada um com seus objetivos, cada um com suas preferências, agora não parece uma guerra, mas sim, uma caçada, uma perseguição, um filme de suspense onde temos um assassino mortal e uma vítima ingênua 🐀 . Neste contexto, ainda temos aqueles que choram suas perdas, que tiveram seus lares totalmente destruídos pelos estranhos invasores e suas máquinas, que sem piedade e compaixão, desmembraram suas famílias, ferindo e matado todos pelo caminho, nem os pequenos ovos inocentes, foram poupados, ninhos completamente destruídos, filhotes recém-nascidos jogados de seus berços ainda se debatem a espera da morte que aconchega, os mais ágeis já não se encontram no local, tão logo a percepção do perigo lhe atinou, por instinto, um local seguro já buscou sem olhar para trás, pois nesta hora, a sobrevivência é a única questão a importar.
Assim como, após a tempestade vem a bonança, 🌦️ , após o frenesis vem a monotonia, com o passar dos dias a situação se aquieta, até a chegada de novas máquinas, com o movimento, as rapinas já entram em prontidão esfregando as asas em suas barrigas em movimentos circulares e lambendo os bicos com suas línguas pontudas e ágeis. Um lagarto 🦎 desavisado, corre em disparada para que não seja esmagado pelas rodas do trator, depois de alguns metros levantando poeira, pára, olha para trás, olha de um lado, olha de outro, pisca os olhos, joga a língua para fora da boca, lambe o ar, respira fundo e retoma a caminhada a procura de um refúgio, o local onde era sua morada não existe mais, se torna um nômade por força da situação, podemos sentir seu caminhar triste e lento, teria lágrimas nos olhos se chorasse, solitário segue abanando a cauda de um lado para outro, dali não leva nada e não deixa nada.
O solo esta sendo fertilizado, as máquinas distribuem produto orgânico que se misturam à terra potencializando o seu poder fértil, ao mesmo tempo que compromete a vida dos pequenos seres que ali habitam, em analogia, seria um grande bombardeio numa guerra química entre as maiores nações do planeta visando pulverizar toda e qualquer vida existente naquele espaço territorial a ser dominado, preparando a região, onde num futuro próximo prevalecerá a dominação de uma espécie suprema única.
As máquinas da destruição se vão, mas diferente da outra vez, não há o ataque aéreo, o instinto das aves avisam que as toxinas depositados pelos humanos podem não cair bem em seus estômagos, ainda assim, uma ou outra mais esfomeadas se arriscam entre morrer de fome ou morrer de intoxicação, e ainda, deixar sequelas como deformação ou mutação genética para seus dependentes.
O terreno fora conquistado, estava tudo preparado para o início de uma nova era, só restava o repovoamento, assim como, após o grande dilúvio, assim como o êxodo após Abraão abrir o mar vermelho 🌊, o caminho estava aberto, o que ocorreria em breve, nas próximas quatro semanas.