AVISO: este conto foi publicado na antologia noite sem fim. Porem decidi publica-lo de forma independente.
Em meio a escuridão Roberta e Cristina se esgueiravam atrás das paredes na esperança de não serem vistas, o relógio de pulso de Roberta indicava meio dia e mesmo com o eclipse ainda era possível elas se enxergarem, porém, a visão ao longe era dificultada pela penumbra. Um grito desesperado fez o casal recuar e se esconder em meio aos escombros mais próximos, Roberta tapou a boca da esposa enquanto os gritos de desespero aos poucos davam lugar aos rosnados e ao barulho de carne sendo rasgada. Lágrimas escorreram enquanto ouviam impotentes o corpo de alguém sendo devorado aos poucos.
Após se saciarem as criaturas seguiram em sua lenta caminhada e os rosnados aos poucos se afastavam, o casal pôde finalmente sair do meio dos destroços de uma antiga loja de conveniência. Cristina estava em choque, completamente abalada com mais uma morte horrenda que teve de presenciar, não era a primeira e provavelmente não seria a última e ainda assim era impossível se manter indiferente. Ao retomarem seu caminho pela rua encontraram o que havia sobrado da vítima, uma cabeça desfigurada que agora se mexia tentando morde-las e o restante do corpo quase totalmente devorado. A cena era grotesca, Cristina escondeu o rosto nas costas de Roberta segurando o vômito, a cena fez lembrar de quando esse inferno começou. O eclipse de treze dias foi anunciado com certo temor, os religiosos anunciavam o fim dos tempos, já os cientistas alertavam para o possível aumento de crimes durante esse período. Muitas medidas foram tomadas, mas nenhuma delas poderia preparar o mundo para o que aconteceria. Os primeiros casos eram sempre desacreditados, vídeos borrados de uma criatura que comandava outras criaturas errantes, relatos não confiáveis de pessoas drogadas que supostamente viram monstros devorando pessoas em cemitério, mesmo que não houvesse explicação tudo foi considerado como uma grande histeria, porém, no terceiro dia as criaturas já haviam tomado grandes cidades. Foi uma questão de horas até a cidade onde moravam ser atacada, Roberta não pensou duas vezes e pegou a esposa e a filha para saírem. Todo o horror e gritaria daquele primeiro dia que passaram no inferno ainda ecoavam em suas mentes, mesmo assim elas ainda tinham esperança de sobreviver.
Havia um prédio a frente onde o casal poderia passar a noite, mas havia um problema, era arriscado demais as duas entrarem ao mesmo tempo. Tendo em mente o perigo que estavam correndo o casal decidiu que apenas uma iria entrar enquanto a outra vigiaria. Em silêncio Roberta entrou no prédio, enquanto isso Cristina olhava o prédio esperando a esposa voltar a qualquer momento, mas foi pega de surpresa quando ouviu rosnados aos longe. Desesperada com a situação Cristina procurava as criaturas para saber de onde estavam vindo, a escuridão dificultava tudo, mas para seu alívio sua esposa surgiu do lado de fora do prédio balançando o braço para chamar sua atenção. A menor correu para abraçar sua esposa e ambas entraram no prédio, elas se esconderam atrás no balcão esperando as criaturas passarem. Aos poucos os monstros surgiram e seguiam sua marcha, de trás do balcão elas assistiam de olhos arregalados uma das criaturas olhar para dentro do prédio, as mãos imediatamente tamparam as bocas para evitarem emitir qualquer som, os corações quase pulando para fora enquanto a criatura farejava tudo; qualquer coisa poderia chamar sua atenção desde de uma das cadeiras largadas se mover ou até mesmo uma das inúmeras folhas de papel largadas no chão voando com o vento, mas por uma questão de sorte a criatura saiu do prédio e seguiu os demais.
— O que vamos fazer? — Cristina abraça a mulher enquanto segurava o choro.
— Vamos continuar tentando sair da cidade, uma hora conseguiremos um carro que funcione. — Roberta abraça sua amada com força, era uma forma de ter certeza de que sua esposa realmente estava ali, de que ainda estavam juntas. — Vamos descansar enquanto estamos aqui. — Roberta abriu os braços e retirou a mochila das costas.
— Ainda tem comida? —
— Consegui pegar algumas coisas quando ficamos no mercado. — Tirou latas de milho verde, biscoitos, água entre outros alimentos.
— Você olhou lá em cima? — Cristina olhou para o teto.
— Só a primeiras salas, as outras estavam trancadas, mas eu ouvi alguns sons vindo de lá — Roberta não estava feliz com a situação. — Vamos ficar só algumas horas, não. — Pegou o pão para comer.
Elas racionaram o que tinham para comer e após a refeição Roberta puxou Cristina para seus braços, ela a abraçou com força para garantir que estariam juntas caso algo acontecesse. Roberta sempre teve seu sono leve, qualquer coisa a acordava em sua antiga vida, por isso ela sempre estava alerta quando Cristina dormia. O tempo passou e os sons de passos fizeram Roberta acordar, já em alerta ela aguçou sua audição para saber o que estava acontecendo, com movimentos suaves ela acorda Cristina que mesmo sonolenta entendeu que precisava ficar alerta.
Em silêncio elas ouviram passos apressados entrando no lugar, de trás do balcão elas olharam quem estava entrando e para sua surpresa um rapaz humano totalmente assustado e aos prantos havia entrado no local. Ele encostou na parede e deslizou até sentar no chão, o rapaz chorava baixinho enquanto suas mãos estavam em seus ouvidos tentando não escutar os rosnados que se aproximavam. O casal sabia que no lugar onde ele estava poderia atrair as criaturas para ele e por sua vez para elas também.
Cristina já estava com os olhos lacrimejando e num impulso desesperado ela correu até o rapaz tampando sua boca com toda força, Roberta a ajudou a puxar o rapaz para onde estavam escondidas. Ela tampou a boca dele com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.As criaturas estavam passando a certa distância quando um grito de dor chamou a atenção da horda, no mesmo instante o rapaz se agitou tentando se soltar, mas nenhuma das mulheres deixariam ele sair e pôr suas vidas em risco. Os Gritos cessaram e o rapaz chorava agitando as pernas, mas aos poucos foi se acalmando. Após alguns minutos de silêncio Cristina tirou a mão liberando o rapaz, ele olhou as mulheres sem muito ânimo enquanto elas estavam felizes por ver outro ser humano normal naquele maldito lugar tomado por criaturas canibais.
— Aqueles gritos... — Ele se encostou na parede olhando para o lado. — Eram da minha irmã. — Seu lábio tremia e ele voltou a chorar.
— Eu sinto muito. — Cristina se compadecia da situação do rapaz, ela sabia como era perder alguém que amava.
Ela lembrava perfeitamente do quinto dia depois da terra virar um inferno, sem ideia do que estava acontecendo elas apenas corriam pela cidade a procura de ajuda ou algum lugar para se esconderem. Em sua fuga foram atacadas por uma criatura solitária, Roberta conseguiu mata-lo ao atacar sua cabeça, mas um pequeno arranhão no braço da pequena Sofia selou seu destino. Roberta pegou um carro abandonado para tentarem sair da cidade, no banco de trás Cristina segurava Sofia que ardia em febre, o pequeno arranhão em seu braço infeccionava. Foi uma questão de tempo até a pequena acordar rosnando e tentando morder Cristina que a segurava e tentava afasta-la ao mesmo tempo, a agitação havia feito Roberta perder o controle e bater em uma parede com toda a força. Ao acordar Cristina viu o que um dia fora sua filha empalada por um pedaço da porta do carro, a visão por si só era a personificação da dor, ela tentava tocar o rosto da filha e gritou em desespero ao ser puxada por Roberta.
— Tá com fome? — A voz de Roberta tirou Cristina de seu transe.
— Obrigada! — Ele pegou a água primeiro. — Meu nome é Marcos. —
— Eu sou Roberta e essa é Cristina. —
— Como você conseguiu sobreviver? — Cristina olhava o rapaz atentamente. —Tinha mais pessoas com você além da sua irmã? —
— Não mais. — Marcos olhou para o chão fechando a garrafa de água. — Estávamos com nossos pais, tentando sobreviver e um a um fomos caindo para... eles — Sua voz não era apenas triste, era a voz de alguém que já não tinha mais esperança, a voz de quem já estava morto. — Meu pai foi o primeiro, ele segurou as criaturas para nós fugirmos. — Ele arrancava pequenos pedaços de pães e colocava na boca. — Tivemos que arrastar nossa mãe enquanto as criaturas caiam em cima dele arrancando pedaços dos braços e das pernas. — Enxugou as lagrimas. — Depois foi a mãe, ela não conseguia continuar depois que o pai morreu e acabou se entregando aos canibais por vontade própria, ela acreditava que existia um mundo onde ela iria encontrar o pai. E agora eu perdi a única família que tinha. — Seus lábios tremia.
— Sentimos muito. — Roberta apertou a mão de sua esposa com força. — Mas temos que ir. —
— Pra onde vão? — O rapaz levantou os olhos.
— Procurar um lugar mais seguro. —
— Eu tô tão cansada de fugir. — Cristina baixou os ombros.
— Eu sei, mas tenha paciência. — Roberta abaixou e segurou o rosto da esposa, estava disposta a nunca deixar que sua esperança acabasse. — Já é o dia onze, assim que o sol voltar essas coisas vão desaparecer. — A abraçou acariciando seu cabelo, em seu coração o medo de que os monstros entrassem falava mais alto que qualquer grito. — Temos que ir. —
— Eu... posso ir com vocês? — Marcos perguntou encolhido. — Não... quero ficar... sozinho. — Desviou o olhar envergonhado.
— Claro, toda ajuda é bem vinda. — Roberta colocou a mochila nas costas, em sua mente ter mais alguém seria vantajoso.
Os três cobrem as bocas e os narizes com panos e saem do prédio a passos rápidos tomando cuidado para não esbarrarem no lixo que estava nas ruas ou nos corpos no chão. Procuraram por locais seguros para se esconderem, encontraram alguns poucos canibais que rastejavam sem as pernas e outros presos em carros; uma faca enfiada no crânio era suficiente para se livrar deles.
— Não funciona. — Cristina parou de tentar ligar o carro.
— Vamos continuar. — Roberta olhou em volta e viu uma horda ao longe. — Eles estão vindo — Puxou Cristina pelo braço. A horda ao ver o grupo passou a correr em uma velocidade anormal.
— Rápido! — Marcos chamou correndo para um beco.
As mulheres o seguiram correndo o mais rápido que podiam, enquanto corria Roberta caiu repentinamente fazendo Cristina parar também. Olhando para trás as mulheres viram uma das criaturas que só tinha metade do corpo agarrado em sua perna, Roberta chutava a criatura que raivosa tentava morder sua perna. Cristina chutava a criatura desesperadamente, o medo tomava conta de seu corpo e ela deu um chute forte virando a cabeça da criatura pra trás e livrando sua amada da criatura. Ela ajudou a esposa a levantar, mas a horda estava a poucos metros, elas correram o mais rápido que suas pernas conseguiam.
— Merda! Merda! Merda! — Cristina corria procurando um lugar para se esconderem.
Os zumbis derrubavam tudo em seu caminho, a força deles era sobrenatural assim como seus corpos, não havia coisa na terra capaz de sobreviver a uma horda tão grande. Os passos do casal não eram rápidos o bastante para fugir deles, mas por um golpe de pura sorte Marcos surgiu na porta de uma casa sinalizando que lá era seguro. Atravessaram a rua passando por bicicletas e sacolas de lixo para finalmente entrarem no quintal, logo que as mulheres entraram os três se juntaram para fecharem o portão deixando os canibais baterem contra o muro.
— A casa é segura? — Cristina e Roberta olhavam as criaturas tentando derrubar o portão e causando certo dano nele.
— Não sei, eu não entrei. — Marcos estava atrás do casal horrorizado com o que via.
— Não temos escolha, precisamos entrar. — Roberta se afastou ao ver o aço do portão entortar com as pancadas. Era como os demônios tentando sair do inferno.
O trio invadiu a casa pois a porta estava aberta, provavelmente os donos haviam fugido e deixado tudo aberto. O casal sentou no sofá olhando tudo em volta, era um momento para descansar pois acreditavam que os monstros acabariam seguindo para outro lugar. Olhando em volta o grupo viu que havia roupas, comida, papel e vários objetos quebrados no chão. Na sala não havia sangue o que já era um bom sinal, mas não o suficiente para eles relaxarem então começaram a vasculhar a casa a procura dos canibais e de suprimentos, o primeiro lugar foi a cozinha, nenhuma criatura, apenas uma marca de sangue no chão e isso era suficiente para alerta-los, eles pegaram a comida que havia restado para o caso de precisarem sair correndo. O próximo local eram os quartos do segundo andar, todos estavam com alguma coisa para se defender de qualquer criatura pois o sangue na cozinha era quase uma confirmação de que pelo menos uma criatura estava lá. De quarto em quarto o trio foi entrando e encontrando apenas bagunça, era como se as pessoas da casa tivessem saído desesperadas, mas foi no ultimo quarto que tudo ficou mais estranho. O ultimo quarto do corredor era o único trancado e eles só descobriram quando mexeram na maçaneta, o que se mostrou o maior erro pois de imediato uma pancada forte fez a madeira da porta rachar, Roberta puxou a esposa para perto da parede e mais pancadas abriram um buraco na porta permitindo a criatura quase sair. Cristina puxou a esposa e Marcos as seguiu para a sala. Antes de chegarem ao fim da escada ouviram a porta quebrar e já sabia que a criatura estava atrás deles, abriram a porta para sair, mas a horda ainda estava batendo no portão que começava a ceder.
— Fecha! — Roberta ordenou e Marcos obedeceu.
Do segundo andar descia um zumbi raivoso pronto para devorar até os ossos de todos ali, logo que o monstro correu em direção a eles Cristina o acertou com uma cadeira fazendo ele cair longe. O grupo pegou suas armas, que se resumiam a um cano de aço, uma faca de cozinha e uma cadeira, logo que ele se levantou Roberta e Marcos trataram de derruba-lo com um forte golpe que o fez cair perto da porta. Marcos vendo que a criatura não sofrera dano se jogou sobre ele segurando com força.
— Saiam! — Marcos gritou enquanto segurava o ser, para sua tragédia particular a criatura era mais forte e acabou conseguindo morder seu braço.
— Vem logo! —
— Vamos ter que pular o muro! — Roberta gritou atrás da esposa.
As criaturas atravessavam a casa caindo uns por cima dos outros e assim dando mais tempo para o trio. Roberta se abaixou para a esposa subir nela, levantou o máximo que pode enquanto Marcos segurava a porta. Com um pouco mais de força conseguiu levantar a esposa o suficiente para ela alcançar o topo e então subir, Roberta tentava alcançar as mãos da esposa enquanto chamava Marcos. O rapaz olhou o casal desesperado enquanto segurava a porta, ele sabia que não havia como todos saírem dali então largou a porta e foi até Roberta, ele a agarrou pela cintura elevando seu corpo até que Cristina conseguiu segura-la.
— Obrigado pela comida! — Ele sorriu um pouco antes de uma criatura pular em cima dele mordendo sua bochecha e arrancando sua carne.
— Vamos! — Cristina puxava a esposa que se recusava a deixar o rapaz. — Não podemos fazer mais nada por ele! — Ela a puxou mais forte evitando olhar o rapaz. Os gritos de horror eram o bastante para ela saber o que estava acontecendo.
Elas pularam e correram para o mais longe possível enquanto ouviam os gritos do rapaz cada vez mais baixos, as imagens do que estava acontecendo com Marcos vinham em suas mentes, elas já viram acontecer vezes o suficientes para saber o horror que estava acontecendo. Distante da casa o casal parou para recuperar o fôlego, e pensar em qual seria o próximo passo para se manterem seguras, Cristina defendia continuar fugindo até saírem da cidade, mas Roberta achava que encontrar um local alto seria melhor para poderem descansar antes de tentar sair da cidade. Dados os argumentos elas optaram pelo plano de Roberta pois os sinais de cansaço já estavam evidentes e caso encontrassem uma horda não conseguiriam fugir, o casal encontrou um prédio em construção, haviam andaimes que elas subiram e lá revezaram na vigia. O momento de dormir foi o único em que puderam lamentar a morte brutal de Marcos, foi um sono tenso e cheio de lembranças do que viveram nesses dias, sempre atentas a qualquer ruído suspeito dentro ou fora do prédio. O último turno foi de Roberta que observava a respiração um pouco pesada da esposa, ela sentou a seu lado e a abraçou para que seu sono fosse mais tranquilo, seus sentidos ainda estavam atentos, mas sua esposa agora era o maior foco de sua atenção, pelo menos até uma criatura surgir em uma esquina imunda, por sorte era apenas uma.
Já era o dia doze e o casal mais uma vez sozinho seguia pelos becos imundos em meio a criaturas que não conseguiam andar. Mesmo sem andar as criaturas eram perigosas e era necessário eliminá-las antes que alertassem outros, era cansativo dar fim daquelas criaturas e mais difícil devido ao ocorrido com Marcos. Roberta seguia mais atrás e começava a sentir seus pulmões queimarem e seu corpo fraquejar, o suor em seu rosto lhe preocupava pois o tempo estava cruelmente frio desde o inicio do eclipse. Cristina notou o cansaço da esposa então a ajudou a levantar e juntas seguiram para um beco vazio.
Cristina questiona o que estava acontecendo, mas a resposta que recebeu foi pior do que poderia imaginar. Roberta levantou a calça revelando uma mordida causada por um dos canibais que estavam matando pelo caminho, não sabia ao certo quando, mas sabia que foi um deles. Cristina podia sentir seu coração arder de angústia e medo, ela gritava e batia nos braços da esposa brigando por não ter lhe contado, por outro lado Roberta apenas pedia para a esposa fugir para mais longe possível. O medo agora não era de perder sua amada e sim de ser a causa de sua morte, era absolutamente inaceitável que um destino tão terrível caísse sobre sua amada. Os gritos de Cristina chamaram a atenção de um grupo de monstros canibais; desesperada ela segurou a esposa e a arrastou para longe. A cada segundo o coração batia mais rápido e o desespero tomava conta da mulher, os pedidos e súplicas de Roberta pareciam não ser ouvidas, não Cristina não daria ouvidos a pedidos tão absurdo, não importava o preço que iria pagar, ela jamais abandonaria a mulher que amava. Tal possibilidade arrancava calafrios gélidos em sua espinha e mesmo com os gritos das criaturas se aproximando ela seguia o caminho sem considerar a opção de fugir.
Roberta estava sem forças, seu corpo estava a instantes de desfalecer e reunindo suas últimas forças ela empurra Cristina para longe e cai no chão já convulsionando. As criaturas se aproximam rapidamente para devora-la, Cristina estava pronta para se entregar quando ouviu o som de um tiro, um dos canibais caiu e logo em seguida os outros foram derrubados, havia alguém atirando neles. Olhando em volta ela não viu ninguém que pudesse ter atirado, mas não havia tempo de procurar pois Roberta estava levantando. Diante de seus olhos ela viu o corpo da esposa de pé, seus movimentos estavam lentos, mas ela já representava perigo para qualquer um. Enquanto observava aquele corpo desajeitado tentando ficar de pé, Cristina viu uma luz vermelha na cabeça do que um dia foi Roberta.
— Não! — Ela se pós a frente da mira. — Não machuca ela! — Ela se movia conforme a criatura também se mexia, sua intensão era proteger a esposa do inevitável fim. — Estamos quase no fim do eclipse, ela ainda pode voltar ao normal! —
A luz continuava tentando mirar na criatura mesmo com Cristina tentando tomar a frente, em uma das tentativas de proteger sua amada Cristina sentiu uma dor dilacerando em seu ombro, sua esposa estava arrancando a carne de seu ombro. Ela caiu no chão enquanto a amada continuava puxando sua carne que aos poucos era arrancada, o ataque continuou e a última coisa que viu foi a cabeça de sua amada sendo alvejada por uma bala.
Fim.