O desenho da estratégia da direita está muito claro.
Em alguns casos se confunde com despreparo e amadorismo (o que pode até existir em alguma proporção) mas a maior parte das ações, mesmo as mais toscas e absurdas, estão dentro de um planejamento (apesar de muitas decisões serem baseadas em consequências de exageros descontrolados).
É evidente que "dividir para conquistar" está na estratégia de mídia e marketing da direita desde a derrubada da Dilma (ou até antes, sob influência do movimento do EUA).
O que eles fizeram com a criação da extrema direita como polo é "puxar a corda" do debate o mais distante possível.
Quando você cria movimentos de "terra plana", "anti-vacinas", contra a ensino superior, você coloca o foco da população em questões malucas e força toda a população a debater isso, mesmo sabendo que é uma conversa vencida, para que um tema como redução de imposto seja considerado de extrema esquerda comunista.
E a estratégia do PL e do núcleo Bolsonaro tem sido evidente e apenas os analistas ainda não enxergaram.
Eduardo Bolsonaro foi isolado nos EUA de propósito. Ele assumiu o papel do extremismo e dos "malucos" que o pai chamou aqueles do 8 de janeiro em próprio julgamento. Ele é o defensor último da essência dessa força alucinada, que estaria motivado por um desejo de salvar o pai (veja que nobre) contra as injustiças dos que são contra a liberdade de expressão e dos direitos humanos. Ele subverte pautas clássicas da esquerda e sentimentos tradicionais como o da defesa da família.
Mas o PL usa a tática de tratá-lo como alguém que está agindo de maneira independente, inclusive contra o que o pai orienta (o que é um teatro). Isso é apenas uma construção de discurso para posicionar o partido "um pouco pra cá" do extremo e inserir mais um jogador no tabuleiro. Quem seria ele? Michelle Bolsonaro ou Flávio Bolsonaro. O zero um corre por fora, mas é quem tem mais chances de assumir o posto do pai e ser o principal candidato do bolsonarismo nas eleições, mas concorrendo com o irmão, que sim, deve implacar uma candidatura remota, se tiver a chance, por outro partido.
Seriam 2 Bolsonaros filhos com espaço na mídia, contra Lula e com polêmicas suficientes para atraírem todos os olhares.
Tarcísio apoiaria Flávio, confiante de ganhar a reeleição de SP, com margem suficiente para fazer as atrocidades que tiver chance no apoio.
Não obstante, Ratinho Junior deve ser mais um "player" autorizado pelo núcleo do PL a participar das eleições, como alguém que estaria ainda mais teoricamente ao Centro. Alinhado com toda a turma da direita, atrairia o voto dos indecisos e daqueles que tentariam se dizer 'nem de esquerda, nem de direita".
Reparem que isso cria um cenário eleitoral bastante desfavorável ao Presidente Lula, mesmo com tantas medidas populares sendo aprovadas, mesmo com uma força internacional crescente e com repostas econômicas e sociais robustas, além de deter a máquina do Estado ao seu lado, que é sim um fator preponderante.
E aí, vocês acham que vai ter mesmo um Dois Bolsonaros contra Um Lula?
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