Prólogo
O campus da faculdade estava vivo com risadas e conversas animadas, mas, em meio ao burburinho, Nicolay Castellan. Se concentrava na melhor amiga, Anabelle. Eles estavam sentados em um dos bancos sob uma árvore frondosa, a luz do sol filtrando-se pelas folhas, criando um padrão de sombra e luz sobre eles. Anabelle, com seu sorriso radiante, parecia mais nervosa do que o habitual.
— Nicolay, você já conheceu o Ethan, meu noivo?ela começou, seus olhos brilhando de emoção, mas também de incerteza.
— Sim, o cara misterioso que você não para de falar! O que tem de tão especial nele? Nicolay perguntou, um sorriso brincando em seus lábios.
— Ele é... bem, ele tem esse jeito enigmático, sabe? Às vezes, sinto que há mais nele do que ele revela. É como se ele guardasse segredos que só eu não consigo descobrir! Anabelle respondeu, mordendo o lábio inferior, seu olhar distante.
Nicolay inclinou-se para frente, interessado. — Anabelle, mistério pode ser atraente, mas você precisa se perguntar: ele é o tipo de pessoa que você quer ao seu lado?
Ela suspirou, olhando para o chão. — Eu sei, mas há algo nele que me fascina. E eu... quero entender. Será que estou sendo ingênua?
— Não, você está apenas apaixonada. Mas lembre-se, o amor é mais do que fascínio. É sobre confiança e abertura. Se você não consegue ver o verdadeiro Ethan, talvez seja hora de perguntar a si mesma se ele pode ser o que você precisa. E se você precisar de ajuda, estou aqui para te apoiar, como sempre! Nicolay finalizou, colocando a mão em seu ombro, transmitindo segurança.
Anabelle sorriu, seu coração aquecido pela amizade inabalável que compartilhavam. — Obrigada, Nic. Você sempre sabe o que dizer. Você deveria ser meu conselheiro de relacionamento!
Ele riu, seu olhar se perdendo por um momento na beleza do dia. — Ou talvez eu devesse estar focando em passar nas minhas provas!
Ambos riram, mas, no fundo, Nicolay sabia que a conversa era apenas o começo de uma jornada que mudaria suas vidas para sempre. Os anos se passaram como um borrão de estudos intensos e plantões exaustivos. Nicolay Castellan, agora Dr. Castellan, havia se tornado um nome reverenciado no mundo da cirurgia. Sua dedicação e precisão lhe renderam reconhecimento, mas por trás da fachada de sucesso, havia um vazio, um eco das conversas sob as árvores do campus e dos sonhos compartilhados com Anabelle.
Um dia,Ao chegar ao hospital, o ambiente era de expectativa e apreensão. A equipe médica se movia com profissionalismo, mas Nicolay sentiu uma onda de emoção ao ver Anabelle. Ela estava pálida, mas seus olhos, ainda cheios daquela faísca cativante, encontraram os dele. A barriga proeminente denunciava a iminência do parto.
— Nicolay... eu não sabia que você trabalhava aqui, Anabelle sussurrou, sua voz fraca, mas firme.
— Anabelle quanto tempo, ele respondeu, aproximando-se dela com a familiaridade de anos de amizade, mas agora com um toque de preocupação que ia além da camaradagem. Ele notou a tensão em seu rosto, algo que ia além do desconforto da gravidez. Havia uma sombra em seus olhos, um medo que ele não conseguia decifrar completamente.
Ele se apresentou à equipe médica, assumindo o controle com sua habitual competência. Enquanto se preparava para o procedimento, seus olhos encontraram os de Anabelle novamente. Ela lhe deu um leve sorriso, um misto de gratidão e confiança. Mas Nicolay sentiu que havia algo mais. Algo que Anabelle não estava dizendo, um segredo guardado em seu olhar que o intrigava profundamente.
Ele se concentrou no trabalho, suas mãos habilidosas guiando cada passo. A cada corte, a cada sutura, ele sentia o peso da responsabilidade, não apenas como médico, mas como o guardião da promessa que fizera anos atrás. Ele estava ali para Anabelle e para a pequena Anastácia que estava a caminho. E, de alguma forma, ele sabia que essa noite seria apenas o prelúdio de uma jornada muito mais complexa e perigosa do que ele jamais poderia imaginar.
Enquanto o choro do recém-nascido ecoava pela sala, Nicolay olhou para a beleza daquele momento era inegável, mas a sombra que ele vira nos olhos de Anabelle parecia ter se aprofundado, envolvendo-as em um mistério que ele estava determinado a desvendar. O destino, como sempre, tinha seus próprios planos O reencontro com Anabelle foi um turbilhão de emoções.
— Nicolay… ela começou, sua voz embargada, um fio de esperança misturado com puro terror. — Eu... preciso que você me ajude. Preciso que você proteja a Anastácia.
Nicolay apertou a mão dela em resposta, seu instinto de médico e amigo entrando em ação. — Anabelle, o que está acontecendo? Quem é o pai? Por que você precisa que eu a proteja?
Ela fechou os olhos por um momento, respirando fundo, reunindo coragem. — O pai... o pai é Ethan. Meu noivo. A menção do nome trouxe um tremor em sua voz. — Mas ele não é quem eu pensava. Ele... ele é perigoso, Nicolay. Ele tem conexões que eu nunca imaginei. Ele não pode saber que a Anastácia nasceu. Ele não pode encontrá-la.
O olhar de Nicolay se tornou mais sério, a preocupação substituindo a surpresa inicial. — Anabelle, do que você está falando? Que tipo de conexões? Além disso, você precisa descansar, você acabou de dar aluz uma cesária, precisa relaxar.
— Ele está envolvido com... coisas sombrias, Nicolay. Coisas que eu não entendo completamente, mas que me assustam profundamente. Ele é implacável. E ele não vai me perdoar por tentar fugir dele, ou por ter a filha dele sem o consentimento dele. Tenho que desaparecer, com a Anastácia. Para o nosso próprio bem.
As palavras de Anabelle ecoavam na mente de Nicolay, pintando um quadro sombrio e perturbador. O homem misterioso que ela descreveu anos atrás agora se revelava como uma ameaça real e perigosa. Ele viu o medo cru nos olhos dela, o desespero de uma mãe protegendo seu filho.
— Onde você pretende ir? Ele perguntou, sua voz firme, tentando transmitir a segurança que ele sentia que ela precisava desesperadamente.
— Eu não sei ainda. Preciso de tempo para pensar, para planejar. Mas eu não posso fazer isso sozinha. Eu não tenho para onde ir, ninguém em quem confiar... exceto você. Ela olhou para ele com uma súplica silenciosa, sua esperança repousando inteiramente sobre ele. — Você é o único que sei que se importa de verdade. Você tem que me ajudar a sumir com a Anastácia. Para elar nunca a encontre.
Nicolay a encarou, a gravidade da situação pesando sobre ele. A vida de Anabelle e de sua filha recém-nascida estava em suas mãos. Ele sabia que isso o levaria para um caminho perigoso, longe da vida organizada que ele construiu. Mas olhando para Anabelle, para a mulher que ele conheceu e amou em segredo por tantos anos, ele soube que não poderia recusar.
— Vou ajudar você, Anabelle, disse Nicolay, sua voz carregada de determinação. — Vou proteger você e a Anastácia. Você pode contar comigo.
Um suspiro de alívio escapou dos lábios de Anabelle, e ela se inclinou para frente, apoiando a cabeça no ombro dele, as lágrimas finalmente rolando livremente. Nicolay a abraçou, sentindo a fragilidade dela, mas também a força que ela estava reunindo para proteger sua filha. O destino, mais uma vez, havia traçado um caminho tortuoso para eles, um caminho que prometia ser tão sombrio quanto sedutor.