Voltamos ao salão de festas do hotel e encontramos um enorme alvoroço. Uma grande movimentação de policiais, alguns profissionais da imprensa fazendo a cobertura do infortúnio para o jornal local e moradores do bairro, curiosos e preocupados. Circulam por aqui também alguns socorristas, vejo duas ambulâncias na calçada.
— Meu Deus! Será que alguém se feriu gravemente?
— Logo saberemos. — Leandro se dirige para falar com um policial e se atualizar da situação.
Preciso achar a Débora e o Ricardo, espero que estejam bem. Saio atordoada sem ao menos me despedir dele, preciso me certificar de que todos estão bem. No corredor que dá acesso ao auditório, encontro minha assistente muito abalada. Ela me olha preocupada e corre na minha direção.
— Oh meu Deus, Suzana! Que alívio te encontrar. Achei que tivesse se machucado ou algo pior. Você esta bem? — Débora me abraça forte, está tremula e com olhos inchados de tanto chorar.
— Calma Débora, está tudo bem. Fiquei escondida o tempo todo, nada de ruim aconteceu.
Sinto uma ponta de culpa ao dizer isso, todos aqui com suas vidas em risco, minha assistente nervosa e preocupada comigo. E eu estava simplesmente quebrando as regras da empresa, experimentando a melhor transa da minha vida, saboreando orgasmos frenéticos.
— Vamos sentar ali, você precisa se acalmar. Vou pegar uma água pra você.
— Está bem.
— E o Ricardo, onde está?
— Infelizmente ele se machucou, foi agredido pelos bandidos. Foi encaminhado para o hospital agora há pouco, mas não é nada grave.
— Bom, nesse caso teremos que aguardar aqui, ainda não sei quais serão os procedimentos.
Por determinação policial ninguém pode ir embora, todos deverão passar a noite aqui. O que não fez muita diferença, já que viemos para dormir mesmo. O comandante nos informa que sete bandidos foram presos, no entanto três conseguiram fugir. Precisaremos colaborar com as investigações e daremos o depoimento aqui no auditório do hotel. Todas as providências já estão sendo tomadas e só nos resta aguardar.
São 21h30m quando finalizo meu depoimento e recebo uma mensagem do meu chefe, ele acaba de chegar do hospital e nos aguarda na recepção. Já reservei nossos quartos e agora tudo o que eu quero é descansar. Amanhã cedo seremos realocados para outro hotel da mesma rede. Não há condições logísticas de continuarmos com o evento aqui.
— Boa noite Ricardo, como está se sentindo?
— Estou bem, foram apenas escoriações. Fui ao hospital apenas fazer exames de praxe, devido a situação.
Ricardo está com alguns curativos, um acima da sobrancelha esquerda, outro abaixo do queixo e mais um no pulso direito, o que o impedirá de fazer algumas atividades, caso sinta dor.
— As duas estão bem?
— Sim — respondemos juntas.
— Que ótimo. Darei meu depoimento e depois irei para o quarto. Vocês já podem ir descansar.
Ele me passa algumas instruções sobre o evento de amanhã e se despede, chocante como ele consegue pensar em trabalho agora. Pegamos nossa chave com uma funcionária e seguimos para o quarto que fica no 6° andar, n°608. Olho ao meu redor, para me certificar de que não estamos em perigo, mesmo sabendo que muitos policiais continuarão aqui para garantir nossa segurança, sou tomada por uma onda de temor. Só agora me dei conta da gravidade da situação, se algum dos bandidos nos encontrasse no jardim, o resultado poderia ter sido trágico.
O elevador está lotado, além de um policial, temos a companhia de um casal de idosos com sua cuidadora, duas amigas eufóricas comentando sobre o incidente recente e três executivos, que permanecem em silêncio.
Finalmente chegamos ao quarto, uma suíte linda, com duas dependências de dormitório, tudo muito requintado e confortável. Ao centro do cômodo tem uma pequena sala que divide os dormitórios, com um sofá moderno e um belo tapete branco e macio, uma enorme televisão está fixada em um painel na parede em frente ao sofá.
A direita da sala, tem uma mesa redonda de vidro com duas cadeiras, em cima da mesa um belo arranjo e uma cesta com guloseimas, que são cortesia do hotel. Ao lado da mesa de vidro tem um frigobar e uma mesa para trabalho, aproveito e coloco meu celular para carregar aqui.
Perto da varanda tem uma estante de madeira escura, com um moderno aparelho de som, algumas revistas e livros. O banheiro fica do outro lado, guardo minha bolsa no armário e tiro os sapatos, minha pequena mala já está aqui. Tiro a roupa e vou para o meu tão esperado banho, a ducha quente me revigora.
Visto meu roupão e volto para a sala, ligo o aparelho de som e sigo para a varanda. Aqui encontro duas confortáveis poltronas brancas e a vista da praia de Copacabana para completar o cenário. A música que toca é de uma coletânea especial: “Elas Cantam Roberto”, a letra é “Olha”, na voz suave da cantora “Ivete Sangalo”. A música está aconchegante e agradável, adormeço aqui mesmo.
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— Acorda Suzana, ou iremos nos atrasar.
São 7h30 quando Débora me acorda, avisando que devemos descer para o café da manhã. Não sei a que horas eu vim para a cama, só lembro de estar na varanda ouvindo música. A noite de ontem foi muito turbulenta, caí em um sono muito pesado.
Débora já está pronta, ela é uma jovem de 22 anos, de pele branca, cabelos longos, lisos e pretos, olhos castanhos e nariz arrebitado. Está usando um vestido midi azul-marinho na altura dos joelhos, discreto e com um pequeno decote. É uma jovem tímida e muito bonita.
Corro para me arrumar preciso estar preparada para um longo dia de muito trabalho. Teremos um novo evento corporativo hoje e estou encarregada de organizar algumas reuniões. Não posso me distrair nem cometer deslizes hoje, a Suzana aventureira precisará fazer uma pausa.
Fecho minha mala e faço uma busca rápida para garantir que não esqueci nada. Estou no elevador descendo para tomar café, quando recebo uma mensagem de um número desconhecido:
+55 51 99671-****
[Bom dia, minha querida Suzana, como passou a noite? Espero ter o prazer de ter você nos meus braços outra vez, muito em breve. Beijos, do SEU Leandro.] 08:00
Leio a mensagem e imediatamente sinto um calor me invadir, lembro da louca e deliciosa aventura que vivemos ontem. Fico feliz em saber que apesar do caos, ele também gostou do nosso encontro nada casual. Só agora me dou conta de que sequer trocamos contato ontem, além do físico, que foi muito avassalador. O código de área indica que o número é do Rio Grande do Sul, bem que desconfiei. Salvo o contato dele e sento a mesa para o café.
— Bom dia, Ricardo. Como passou a noite?
— Bom dia, meninas. Passei bem Suzana, apesar de toda aquela confusão. — Ele responde enquanto digita algo no laptop, com certa dificuldade, devido ao machucado no pulso.
O garçom traz os pedidos e meu chefe precisa guardar sua ferramenta de trabalho. Uma pausa justa e necessária, para um homem que pensa em trabalho o tempo todo.
— Suzana, preciso que você acompanhe um dos executivos nas reuniões dessa manhã. Já te enviei um e-mail com todas as orientações.
— Claro Ricardo, como preferir. Quem é o executivo?
— O Diretor Financeiro, Leandro Brandão. Ele está sem secretária aqui no Rio, e como a Débora está aqui e pode me auxiliar, será melhor que você o acompanhe, pois você já tem muito conhecimento e experiência.
Fico paralisada com essa notícia. O que será que o Leandro disse pra ele? Não sei se terei condições de ficar perto daquele homem sedutor a manhã inteira, apenas profissionalmente. Isso será uma tortura, tenho medo de fazer alguma besteira.
— Algum problema Suzana? — Ricardo pergunta intrigado.
— Não, problema algum.
— Ótimo, então vamos nos apressar. A primeira reunião começará em menos de duas horas e ainda temos que mudar de hotel.
Seguimos em uma van para o outro hotel, que fica na Barra da Tijuca. No trajeto observo pela janela, com um pouco de inveja, pessoas caminhando na orla da praia, aproveitando o lindo dia dessa manhã de sábado. No lobby do hotel já há uma grande movimentação de pessoas chegando para o evento. Um funcionário sobe para o quarto com as nossas malas, não temos tempo para conhecer os ambientes, o evento começará em quinze minutos.
Chego a sala de reuniões e procuro controlar o nervosismo, não posso me comportar como uma adolescente deslumbrada, tenho uma reputação a zelar. A maioria dos participantes já está aqui, inclusive o causador dos meus desejos mais proibidos.
Leandro está perfeito como sempre e abre um lindo sorriso quando me vê, retribuo discretamente. Cumprimento a todos e ocupo o lugar reservado para mim, claro que é ao lado dele. Isso não me parece coincidência.
— Bom dia, senhorita Suzana. Como vai?
— Bom dia, de novo, senhor Leandro. Estou muito bem e você?
— Melhor agora, podendo desfrutar da sua agradável companhia.
Ele chega um pouco mais perto e diz em sussurro: — Não respondeu a minha mensagem. O que houve? Está chateada comigo? Arrependida? — Meu corpo treme, em um misto de desejo e medo que percebam nossa conexão.
— Desculpa, apenas não tive tempo.
— Você está muito linda e cheirosa, terei que fazer um grande esforço para não te agarrar aqui.
— Por favor, se contenha. Precisamos agir com profissionalismo.
A reunião começa e me empenho para manter o foco no trabalho, não será fácil fingir que não o conheço além do profissional. Seu perfume delicioso exalando perto de mim, cresce meu desejo a cada minuto. Não podemos evitar as trocas de olhares, ele aproveita cada chance que tem para encostar o braço no meu, o que me faz arrepiar. (Controle-se Suzana, foque no trabalho.)
Finalmente está na hora do almoço, foi muito difícil e gostoso ficar ao lado dele toda a manhã. Todos estão saindo da sala, pego minha bolsa para sair também, mas ele me pede para ficar. Não acredito que tentará algo aqui, o pior é que não impedirei, estou perdendo a racionalidade, movida pelo desejo.
— Suzana, espere um pouco, preciso falar com você.
— Sobre o que, senhor Leandro? — Acho um pouco ridículo ter que chamá-lo de senhor, depois de ter saboreado cada centímetro desse corpo maravilhoso. Porém, temos que manter as formalidades do profissionalismo.
— Precisamos alinhar algumas questões para o turno da tarde — sugere ele, a voz carregada de um significado mais profundo.
Hesito por um segundo, porém recusar levantaria suspeitas.
— Claro, sem problemas — concordo, tentando parecer indiferente, quando na verdade minha vontade é de me jogar nos seus braços, de preferência sem roupas.
Os demais participantes saem e agora estamos sozinhos, nessa enorme sala de reuniões vazia, olho para a mesa e começo a ter ideias inapropriadas. A tensão entre nós é palpável e o silêncio pesado enquanto Leandro fecha a porta atrás de si.
— Estava ansioso por este momento, em ter você toda só pra mim outra vez. — Diz ele enquanto se aproxima, sua presença dominando o espaço, não consigo recuar.
— Por favor, Leandro. Não podemos fazer isso aqui.
— É só um beijo meu amor, preciso muito disso. Você não sai dos meus pensamentos. Sonhei com você essa noite e foi maravilhoso.
Estamos mais perto do que deveríamos, posso sentir o calor do seu corpo, que exala um perfume tão gostoso…
— Não seja louco, sabemos os riscos.
— Os riscos sempre existirão. — Ele passa a mão pela minha cintura, encosta o nariz no meu pescoço e aspira meu perfume.
— O que sinto por você é mais forte que qualquer regra ou proibição. Você quer isso tanto quanto eu. Vai negar?
O inevitável acontece e quebramos as regras, outra vez, nos beijando com paixão. O beijo logo se aprofunda, num desespero de quem tenta compensar o tempo perdido, onde tivemos que fingir uma indiferença que nunca existiu. As carícias estão evoluindo ao mesmo tempo em que cresce nosso tesão, é impossível resistir. Leandro aperta meus seios e depois desliza a mão para baixo, sobe um pouco meu vestido enfia a mão na minha calcinha e começa a me tocar de um jeito delicioso…
— Tá toda molhada, prontinha pra mim, que delícia.
Não consigo evitar e só quero que ele continue, em poucos movimentos ele me faz gozar. Leva os dedos até a boca, chupa o mel e me beija outra vez. Continuamos nessa loucura, aproveitando essa paixão proibida, numa pegação cada vez mais quente. Leandro está abrindo o zíper calça, para que eu retribua o carinho e o devore. Minha boca enche d’água, já estou de joelhos olhando pra ele, pronta para começar a tocá-lo com a boca, quero lamber, sugar, engolir… Mas infelizmente, somos interrompidos por batidas na porta.
— Puta merda! — Ele reclama e sai para ver quem é.
Trato de me recompor o mais rápido que posso e finjo mexer no computador. A pessoa entra em silêncio e caminha sem pressa em direção a mesa, tremo e meu corpo fica gelado, não tenho coragem de virar para ver quem é.
— Desculpa atrapalhar o seu trabalho senhorita, mas preciso fazer a limpeza da sala agora.
— Ah, sim, tudo bem. Já estamos de saída. — Mal consigo raciocinar, minha voz trêmula não esconde o nervosismo. Ainda bem que é só uma funcionária do hotel.
Saímos da sala em silêncio e no corredor que dá acesso ao restaurante, Leandro começa a rir, muito.
— Qual é a graça, hein?
— Você, assustada. Até parece que nunca fez uma travessura.
— Isso é bem mais que uma travessura, é uma insanidade. Já basta a loucura de ontem.
— Precisa saber que eu sou insano e adoro uma adrenalina.
— Essa foi por pouco. Não sei se meu coração resistirá a outro susto desses.
— Proibido é mais gostoso, meu amor. Só achei péssimo a funcionária chegar antes de eu conseguir gozar na sua boca.
— Leandro! Fala baixo, você não tem um pingo de juízo.
— E você tem? Vamos procurar outra sala vazia e continuar de onde paramos?
— De jeito nenhum! Não podemos arriscar tanto.
Ao chegarmos no restaurante, voltamos a atuação profissional e nos afastamos. Ele vai ao encontro de alguns executivos e eu da minha assistente e meu chefe. Junto-me a eles e pergunto como foram as reuniões, enquanto faço meu pedido para o almoço. Gostaria de tomar um banho agora, meu corpo ainda está quente da atividade anterior.
— Então Suzana, o que achou do Leandro? Ele se comportou bem com você? — A pergunta do meu chefe me pega de surpresa, meu coração dispara.
— Como assim? Acho que não entendi. — Tento responder da forma mais natural possível.
— Digo isso pela fama que ele tem, de ser muito sério com os colegas de trabalho. Muitos o acham frio, rigoroso, exigente demais e até um pouco grosseiro.
— Ah, foi tudo bem, como tem que ser.
— Que bom. Qualquer problema me avise.
— Claro Ricardo, não se preocupe.
Por um momento pensei que o Ricardo soubesse de algo, essa relação proibida está me obrigando a ser mentirosa. Não entendo o motivo da fama de grosseiro, comigo o Leandro tem sido completamente o oposto, desde o início. Talvez seja uma fachada, para não perceberem que ele gosta de se envolver intimamente com as colegas de trabalho. Duvido que eu seja a primeira.
Ainda temos vinte minutos de pausa antes de recomeçar o trabalho, vou aproveitar para fazer uma ligação. Procuro um lugar discreto, para que não me ouçam.
“Oi Jú.”
“Suzi, finalmente.”
“Cadê a Renatinha?”
“Voltando agora do banheiro. Estamos naquele barzinho da praia.”
“Oi Suzi, saudade rapariga.”
“Saudade também amiga. Preciso contar uma coisa pra vocês, não tenho muito tempo”.
“Fala logo, então.”
“Teve um assalto bizarro ontem no hotel. Procurem a notícia, já deve ter saído algo na mídia.”
“Meus Deus, amiga. Você tá bem?”
“Tô sim, depois explico melhor.”
“E tem mais, fiquei com o diretor da empresa.”
“O que? Você falou muito baixo amiga, não deu pra entender.”
“Tenho que ir agora. Beijo, amo vocês.”
Retorno para a sala de reuniões e agora eu mudo minha abordagem, fico muito mais séria que no período da manhã. Ele olha pra mim com certa estranheza, já acostumou a me ver perdendo a linha, e eu prometi a mim mesma ter mais juízo a partir de agora. O desafio não é apenas manter as aparências e resistir ao desejo incontrolável, mas também encontrar uma maneira de viver um romance proibido, sem que isso destrua minha carreira.
O segundo turno de trabalho está sendo muito mais cansativo que o período da manhã, uma série de reuniões e acordos cruciais para o futuro da empresa. A constante ocupação de agora, me ajuda a manter o foco na minha vida profissional. No entanto, cada minuto ao lado do Leandro é uma batalha silenciosa para manter a compostura, especialmente quando nossos olhares se cruzam, carregados de promessas não ditas.
No final do dia, a exaustão é visível no rosto de todos os presentes, porém ainda haverá um jantar formal programado para encerrar as atividades. Estou terminando de preparar os últimos detalhes quando Leandro se aproxima, mais uma vez sob o pretexto de discutir questões do evento.
— Você fez um trabalho incrível hoje — sua voz baixa, apenas para mim.
— Espero que saiba o quanto aprecio tudo o que você faz. Você é completamente perfeita. — Sinto um calor se espalhar pelo meu corpo, não só pelo elogio, mas pela maneira como ele disse isso, com uma intensidade que vai além das palavras.
— Obrigada — respondo, forçando um sorriso profissional, mas meus olhos traem a calmaria que finjo manter.
Leandro dá um passo mais próximo, seus olhos fixos nos meus, e por um breve momento, o mundo ao redor desaparece.
— Depois do jantar, podemos nos encontrar? — ele pergunta, a voz suave, porém carregada de desejo.
— Claro que sim — sussurro, sei que o que está por vir é inevitável.
Com uma última troca de olhares, Leandro se afasta, voltando para junto dos outros executivos. Estou ciente que a situação é muito arriscada, que estamos brincando com fogo, porém a simples ideia de passar uma noite perto dele, fingindo que nada está acontecendo é insuportável.
A distância física imposta por nossa rotina corporativa torna cada encontro um desafio. No entanto, a intensidade dos nossos sentimentos apenas cresce, alimentada pelo perigo e pela necessidade de manter o relacionamento em segredo.
Encerro o expediente e subo para o meu quarto, quero ficar muito linda para o jantar. Dessa vez ficamos no terceiro andar, suíte 302. O novo quarto segue o mesmo padrão do hotel anterior, com muito requinte e conforto. Débora já está pronta e diz que vai me esperar.
Tomo meu tão esperado banho e aproveito para usar todos os produtos caríssimos que ganhamos do hotel, eu mereço o melhor. Ducha finalizada, é hora da produção. Escolho um vestido preto e justo que se molda perfeitamente ao meu corpo, coloco minha meia calça preta e um lindo par de scarpin preto.
Ajeito meus cabelos castanhos e ondulados num penteado simples e rápido, que faço usando um grampo e prendendo uma mecha no lado esquerdo acima da orelha. Jogo todo o cabelo para o outro lado e finalizo com uma maquiagem básica e discreta, estou pronta.
— Uau, você está linda Suzana!
— Obrigada Débora, você também caprichou na produção.
— Obrigada. Essa meia calça é muito perfeita, onde comprou?
— Vou te mandar o link da loja.
Antes de sairmos, vejo uma caixa branca com laço vermelho em cima da mesa, no envelope azul está escrito:
“Para a senhorita Suzana Lins.”
— Um funcionário do hotel deixou essa caixa pra você, enquanto você estava no banho.
— Obrigada, Débora!
— Parece que você tem um admirador secreto.
— Que nada, deve ser algum material de trabalho.
Apesar de estar muito curiosa para saber seu conteúdo, não tenho tempo para examinar o que há na caixa, porém já imagino quem seja o remetente. Pego o envelope, guardo na bolsa e seguimos para o restaurante.
Todos já estão aqui, nosso lugar está reservado ao lado do Ricardo e alguns colegas de trabalho. O garçom nos serve um delicioso vinho e o papo segue descontraído e agradável, fico aliviada por meu chefe não perguntar sobre o Leandro novamente. Corro os olhos pelo restaurante procurando meu amante insano e encontro Leandro sentado duas mesas após a minha, está acompanhado de três rapazes. Passei por ele na entrada e não o vi.
Ele está lindo, usando uma camisa branca de linho e uma calça jeans, o cabelo molhado e levemente arrepiado que o deixam mais sensual. Está sentado estrategicamente na minha direção, longe o bastante para ser discreto e perto o suficiente para me provocar.
Lembro que ainda não li o conteúdo doenvelope e abro-o discretamente dentro da bolsa, como já imaginava é do Leandro e diz o seguinte: “Minha deliciosa secretária, estou amando nossas aventuras. Desejo ter a chance de continuarmos hoje a noite. Espero que esteja usando o presente que te mandei. Beijos do SEU Leandro.”
Leandro está me observando atento e acredito que percebeu que estou lendo o seu bilhete nada convencional. Ele fixa os olhos no meu decote e sorri, eu tomo um gole de vinho, sorrio de volta e fecho a bolsa. Será que alguém está percebendo essa situação?
A tensão sexual entre nós é explícita. Meu celular vibra, é uma mensagem dele:
Leandro
[Boa noite Suzana, está linda e muito sexy nesse vestido preto, estou ansioso para tirá-lo e saber se acertei no tamanho da lingerie, que espero que esteja usando. Adorei sua calcinha de renda branca e nossa quase transa de hoje de manhã. Tá me devendo um boquete.] 21:15
Guardo o celular e sinto um arrepio correr pelo meu corpo, meus mamilos enrijecem e sei que estou ficando vermelha, sinto meu rosto esquentar. Ele me comprou uma lingerie? Leandro é muito tarado, atrevido e sedutor, disfarço o máximo que posso para que não percebam essa tensão que só cresce.
Servem o nosso jantar, que está uma delícia e a conversa flui agradável. Faço um esforço evitando olhar para a mesa dele, porém é impossível resistir, sinto a energia dos seus olhos sempre fixos na minha direção. Leandro me olha intensamente algumas vezes e me provoca com os lábios ao pronunciar silenciosa e pausadamente as frases:
“Você – é – uma – delícia.” “Quero – foder – você – em – cima – dessa – mesa”.
Engasgo e fico vermelha outra vez, ele sorri com malícia e a Débora pergunta se estou bem. Digo que sim e disfarço mudando de assunto, todos me olham intrigados, mas logo voltam a conversa anterior. Eles nem imaginam o que está acontecendo.
O que diriam se soubessem que a renomada e séria secretária-executiva da empresa está envolvida desde ontem, numa relação proibida, profana e erótica com o novo diretor financeiro? Não estou me reconhecendo, não posso perder o controle a tal ponto, ele não pode me dominar. Sei que deveria ser racional e evitar complicações, mas quero revidar a provocação:
Leandro
[Diretor tarado, adorei nosso encontro inesperado no jardim, e na sala de reuniões. Sobre a lingerie que estou usando terá que descobrir.] 21:39
[Adoraria estar sentada junto a você, abrir o zíper da sua calça e acariciar seu pênis com as mãos. Depois roçar levemente os lábios e a língua, até vê-lo estremecer.]21:40
Envio as mensagens olhando pra ele, quero ver sua reação, me divirto com a provocação. Ele vai saber que este jogo é para dois e não estou disposta a perder.
Nosso jogo de sedução é muito perigoso e imprevisível, porém me divirto em provocar essas sensações nele, mesmo que a distância. Gosto desse imaginário erótico, de saber que ele está pensando em mim, imaginando que eu estou ali segurando seu membro e fazendo os movimentos que lhe causam calafrios.
Analiso seu rosto assim que ele lê a mensagem, ele sorri com malícia e me lança um olhar ameaçador e excitante. Agora tenho certeza que nossa noite será animada.