Não teria medo, exploraria aquela floresta à minha frente, era a aventura que eu queria tanto. Antes de qualquer coisa precisava me preparar para aquilo. Meu pai havia me ensinado a me virar sem nada. Ainda bem que sempre colocava meu canivete na bota, porque era uma das regras dele, nunca sair de casa sem um canivete escondido num lugar que seria impossível de perder.
Recolho alguns galhos do chão e afio a ponta deles os transformando numa lança rústica. Agora precisava encontrar um local para tomar água.
Não sei por quanto tempo caminhei, mas o achei. Ajoelhei na beira. Olhei em volta desconfiada. Os barulhos estranhos dos animais ainda estavam assustando de vez ou outra e causando calafrios.
— A moça não está muito longe de casa, não?— respiro fundo me preparando para o pior. Estico a mão em direção da lança pronta para atirar no sujeito.
Olho para trás e levo um susto vendo um troll com sua pele azulada de mais de cinco metros.
— Oi, boa tarde. Claro que não, estou apenas passeando nessa linda floresta maravilhosa — ironizou, depois de tudo que já havia passado a minha paciência estava começando a chegar ao fim, contudo, precisava ficar calma, aqueles seres eram imprevisíveis. Qualquer movimento brusco ou fala que não gostasse poderia levar como uma afronta e resolver brigar. Contudo, não largo a lança que havia pegado.
— Hum, mas na floresta escura? Tem muita coragem em adentrar ela, minha jovem.
— Eu precisava fazer.
— Sabia que estou a procura de jovens como você para ser minha faxineira, não estaria interessada?
— Agradeço a oferta, mas tenho muito serviço em casa, não sei se conseguiria trabalhar para você e ajudar a minha família depois — Ficando de pé devagarinho. Meu pai havia me avisado que trolls abordavam viajantes assim, eram amigáveis de início, fazendo convites interessantes, até alguém recusá-los, então mostravam como realmente eram.
— Mas aí que está a beleza do meu convite, minha jovem. Não voltaria para casa nunca mais. Viveria comigo para sempre. Não seria maravilhoso?
— Desculpe em recusar, mas eu gosto muito da minha liberdade senhor…
— Olavo — grunhiu e rosnou para mim, dando alguns passos na minha direção.
Eu recuei por instinto, acabei deixando cair algumas lanças e ficando apenas com duas nas mãos. Bufo com aquilo. Eu estava com uma péssima sorte naquela tarde. Acabei colocando os pés dentro da água e sentindo um calafrio por estar muito gelada. Contudo, o troll cada vez mais chegava mais perto de mim.
— Então lamento informar minha jovem, mas a levarei a força como escrava comigo. Gostei muito de você e a coitada da minha última empregada não consegue mais me ouvir.
— Então desculpe informar senhor… Olavo, mas eu não irei com você — apontei uma lança para ele.
— Acho mesmo que esse galho com ponta afiada vai me impedir de pegar você, minha pequena?
— Hum — então me lembrei que meu pai disse uma vez “ Filha caso um dia encontre com um troll, nunca atire na cabeça, elas são tão duras quanto pedras, escolha um local que o deixará mais lento para poder fugir dele. Matá-lo só com uma espada fincada no coração.” Então olhei para todo o seu corpo enorme e escolhi o local.
Respirei fundo era agora ou nunca. Corri na direção dele. Precisaria usar o meu pequeno tamanho a meu favor. Ele esticou as enormes mãos para me pegar, mas consegui desviar. Escorreguei entre suas pernas, girei o corpo e finquei a lança atrás do joelho dele e depois acertei a outro no outro. Ele soltou um grito horrendo quando caiu para frente.
Minhas mãos tremiam e minhas pernas também havia conseguido abater um troll. Respirei algumas vezes e não sabia o que fazer.
— Você vai pagar sua ratinha, vou caçá-la e transformar em minha esposa. Escrava é muito pouco para você.
— Só se conseguir me alcançar! — gritei e sai em disparada pela floresta. Sem saber para onde estava correndo. Era um local totalmente estranho e as árvores por ali ficavam tão juntas que parecia de noite.
Depois de algum tempo correndo e mudando o tempo todo de caminho. Parei atrás de uma enorme pedra e desabei no chão.
— Eu…abati um…troll? Carambola.
— Bom tarde, senhorita, tudo bem?— gritei com o susto e atirei uma pedra na direção da voz.
— Opa, que boa mira você tem. Desculpe pelo susto, mas teria um tempinho para conversar comigo?
Olhei para o homem que havia surgido do nada, era um homem baixinho, bochechas rosadas, gordinho, sorrindo para mim e segurando um cajado com uma pedra numa ponta. Ele vestia um casaco que tapava os seus pés. Caminhou até mim, parando ao meu lado.
— O que quer comigo?— estiquei a mão para pegar o meu canivete na bota.
— É que vi algo muito interessante na floresta. A sua fuga de um troll.
— Como assim você estava lá?... Espera aí, você estava lá quando aquele troll maluco resolveu me atacar ?
— Sim, mas foi muito corajosa em conversar com ele, muito outros sairiam correndo.
— Com o troll não havia o que fazer, ele era muito maior que eu, se eu fugisse ele me pegaria facilmente com suas enormes pernas.
— Interessante, mas voltando. Sua coragem foi incrível, nunca vi alguém tão sabia, fez lanças de galhos usando apenas um canivete e as usou para ferir o troll, então foi corrida, fincada e segundos depois ele estava no chão. Como sabia que ali era o ponto fraco dele?
— Ligamentos, os rompendo ninguem consegue caminhar, qualquer que conhece um pouco de anatomia sabe sobre isso. Agora me diga se estava lá por que não me ajudou?
— Ah porque olhe o meu tamanho? Sou velho não daria conta dele e também estou a procura de alguém para me ajudar com uma vila aqui perto. Gostaria?
— Como é que é?
— Posso lhe explicar então, tem tempo?
O que a raposinha deve fazer?
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