Nos anos 60, nasceu
Ldanzim, o mais novo dos homens, prematuro, bem magrinho, mal se mexia, e cabia
na palma da mão, conforme disse sua saudosa mãe, dona Alzira. Era tão fraco que
até o choro era baixinho.

-
Minha Nossa Senhora, esse meu filho tem que tomar algum remédio para se
levantar. É um bebê quase morto. Vamos, filhinho, reaja.
E,
com sua fé divina, tinha certeza de que o menino ainda ia andar. Certa vez,
alguma abençoada visitou sua casa e disse:
-
Minha senhora, faça esse soro caseiro e dê a ele, você vai ver que logo ele vai
se mexer. Este remédio tem muita vitamina, principalmente “cálcio”, que é bom
para os ossos. Mas tomar uma vez por semana. Só depois, quando crescer, é que
pode tomar todo dia. Receitou a bendita visitante.
Assim
que ela preparou o “soro caseiro”, foi logo lhe dando a primeira dose. Ele se
mexeu e a mãe se animou. Assim como toda a família. Nem esperou a segunda
semana chegar, ele tomou a segunda dose e Ldanzim chorou mais forte e alto. Mas
era porque o soro era ruim mesmo. Deve ter pensado, ela.
-
Eita, esse remédio é milagroso mesmo. Já se mexeu, está chorando. Logo ele vai
ficar em pé e começar a andar. Disse o pai, bem feliz.

-
Mãe, aumente a dose dele, não precisa esperar a semana chegar. Incentivou o
irmão mais velho.
O resultado foi imediato. Poucos dias depois,
ele pulou da sua mão. E ficou ali em pé,meio desequilibrado. Mas não saía do
lugar, apenas ficava levantando o pezinho e colocando no mesmo lugar. Os irmãos
ainda tentaram ajudá-lo a andar, mas sem sucesso.
O
tempo foi passando, continuando no “soro caseiro”, mas nada de andar. O que ele
gostava mesmo era de ficar deitado na rede, que logo pegava no sono. Mesmo
dormindo, ficava com os pés se mexendo. Certa vez, ele conseguiu sair da rede
sozinho. Quando viram, lá estava ele correndo dentro de casa de um lado a outro
sem parar.
-
Ei, mãezinha, Ldanzim, está correndo, vem ver. Avisa alegremente a mana mais
velha.
Pense
numa alegria, todos correram para ver a “correria” dentro de casa. Sua irmã,
mais nova, ainda estava para nascer. E, assim, os dias foram se passando e o
‘Zasp', sempre em disparada, dentro de casa.
A mãe, entusiasmada, disse: -
Esse meu filho é um The Flash, é rápido e não para de correr. E tudo graças ao
santo remédio.
Já o pai disse que ele tinha tudo para ser um
atleta e que ia levá-lo para competir corrida com a garotada dos sítios. Ele
foi crescendo, mas só queria correr, nada de andar. Até para tomar banho era
pulando debaixo do chuveiro. Mesmo nas necessidades, ou para dormir, era
inquieto, mexendo com os pés o tempo todo. Nem um passinho o bichinho dava, era
só correria. Preocupados com esta correria, quando ia passear, sempre era segurando sua mão, para o "Zasp", naõ sair em disparada.