
Battle Royale
Autor: Koushun Takami
Editora: Alt
ISBN/LITEBN: 978650737360113434829
Ano de Publicação: 2014
Gênero: Ficcao
Descrição:
Em 1997, o jornalista e escritor japonês Koushun Takami sofreu uma grande decepção. O manuscrito de seu romance de estreia havia chegado à final do Japan Grand Prix Horror Novel, concurso literário voltado para a ficção de terror, mas acabou preterido. Não era para menos. Embora habituado a tramas assustadoras, o júri se alarmou com a história do jogo macabro entre adolescentes de uma mesma turma escolar que, confinados numa ilha, têm de matar uns aos outros até que reste apenas um sobrevivente. Detalhe: o organizador da sangrenta disputa é o próprio Estado japonês, imaginado pelo autor como uma totalitária República da Grande Ásia Oriental.
O livro, intitulado Battle Royale, só seria lançado em 1999, espalhando um rastro de polêmica – vendeu mais de 1 milhão de exemplares e foi comentado no Japão inteiro. A repercussão foi tão intensa que apenas um ano depois já eram lançadas as adaptações da história para o cinema e para os mangás – mais tarde, viriam sequências tanto na tela grande como nos quadrinhos. O filme, que tem no elenco o ator e cineasta cult Takeshi Kitano, chegou ao Brasil apenas em DVD, enquanto a série em mangá completa foi publicada aqui entre 2006 e 2011.
Para alento de quem assistiu ao filme, acompanhou os mangás ou não fez nada disso – mas adora ficção juvenil de primeira linha – a última lacuna está preenchida: com tradução direta do japonês, assinada por Jefferson José Teixeira, o livro Battle Royale está à venda nas livrarias brasileiras.
A ansiedade se explica pela duradoura permanência de Battle Royale sob os holofotes. Em 2009, ninguém menos do que Quentin Tarantino chegou a eleger o filme como o melhor que viu desde o início de sua carreira de cineasta. Com o sucesso do blockbuster cinematográfico Jogos Vorazes, não faltaram leitores e espectadores do mundo todo acusando a norte-americana Suzanne Collins, autora do livro em que se baseou a produção de Hollywood, de ter plagiado a história de Koushun Takami.
Apesar de o ponto de partida ser exatamente o mesmo – jovens obrigados a se matar entre si como parte de um jogo –, a escritora alega que só veio a saber da existência da obra japonesa quando o primeiro Jogos Vorazes já estava no prelo. De sua parte, Takami, cordialmente, declarou que não pretende processar Collins, por acreditar que cada livro tem algo novo a oferecer. Independentemente disso, a questão tomou conta da internet, com milhares de páginas de fãs debatendo semelhanças e diferenças entre as obras.
Um ponto comum entre muitas das resenhas é o de que em Battle Royale o autor se aprofunda com mais vigor no desenho psicológico dos numerosos personagens – a turma de estudantes tem 42 pessoas –, trazendo à tona informações sobre a história de cada um como forma de explicar seu comportamento e suas reações diante dos perigos do jogo pela sobrevivência. Na batalha de todos contra todos, há os que enlouquecem, os que se revoltam, os que extravasam os piores instintos, os que buscam se alienar – e até os que assumem com prazer a missão de eliminar pessoas que horas antes eram colegas de classe. Nesse ambiente, o fio do suspense se mantém esticado o tempo todo: é possível confiar em alguém? Do que um ser humano é capaz quando toda forma de violência passa a ser incentivada?
A tarefa de traduzir a esperada saga coube a Jefferson José Teixeira, carioca que morou no Japão durante 11 anos. Especialista em caligrafia chinesa, atua como tradutor desde a década de 1980, e exibe em seu currículo de documentários a clássicos da literatura, como A Chave (Kagi), de Junichiro Tanizaki, Miso Soup, de Ryu Murakam, Chuva Negra, de Masuji Ibuse e Norwegian Woods, de Haruki Murakami.
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Criado por:Comentários/Resenhas/Diários de Leitura

Livro: Battle Royale
Autor: Koushun Takami
Páginas: 664 | +16 anos
O livro se passa em um cenário totalitário chamado República da Grande Ásia, que promove, há anos, um tipo de competição insana e cruel. A parte da população que discorda desse regime não tem forças para lutar contra ele, devido à imediata retaliação do governo. Essa competição consiste em um jogo no qual um certo número de pessoas é colocado em um território isolado e obrigado a lutar entre si pela própria vida. Apenas um sairá vivo daquele local.
Como se não bastasse serem forçados a cometer atentados contra a vida de outros inocentes, com o passar dos anos essas competições passaram a ser realizadas com a escolha aleatória de uma turma do nono ano. O que já era cruel, tornou-se perverso.
No ano de 1997, mais uma turma foi escolhida, e seus alunos foram obrigados a lutar uns contra os outros em uma remota e isolada ilha da Grande Ásia. Shuya Nanahara é praticamente o astro da turma, mas sua fama não o tornou egocêntrico. Parte do seu charme está no bom coração e na forma despretensiosa com que lida com a vida. Órfão há muitos anos, ele tem como melhor amigo Yoshitoki Kuninobu, além de outras amizades menos íntimas, como Shinji Mimura, Hiroki Sugimura e Noriko Nakagawa.
São 42 personagens. Embora o autor não se aprofunde individualmente em todos, desenvolve boa parte deles com uma habilidade ímpar. Com poucas frases, ele consegue criar um vínculo real com o leitor, tornando impossível não sofrer com cada vida que se esvai. É tocante a forma como cada um luta, suas batalhas internas e suas histórias de vida, revelando personagens profundos e cheios de camadas.
A narrativa se concentra mais no trio formado por Shuya, Noriko e Shogo Kawada, um estudante solitário. O alívio para as atrocidades descritas em Battle Royale só foi um pouco amenizado graças ao misterioso e inteligente Shogo.
É um livro profundo, que promove uma reflexão que vai até o âmago de quem lê. Essa história me tocou em todos os aspectos: enredo, desenvolvimento, personagens e técnica. Koushun Takami escreveu apenas este livro e nunca mais publicou nada. Se eu pudesse encontrá-lo, só diria: obrigada.
Postado em: 05/05/2025 11:28
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