LÁBIOS E LÍNGUAS

Capítulo 1

Aquela Boca


O ar estava impregnado com o aroma de incenso, envolvendo os visitantes em uma névoa que poderia criar um toque sensual para uma mente já motivada. Gabriel Sintifard desfilava pelas multidões com uma elegância magnética, sua presença era tão imponente que parecia dominar o espaço ao seu redor. Cada movimento era calculado, o olhar lançado com uma precisão temporária enigmática que deixava as mulheres suspirando em seu rastro, mesmo mudando de foco em um tempo curto mas preciso. 

Seus cabelos negros caíam em ondas perfeitamente desarrumadas sobre a testa, destacando seus olhos caramelados, profundos que pareciam capazes de enxergar além das máscaras que as pessoas usavam. Seu traje impecável realçava os contornos de seu corpo atlético, enquanto sua tatuagem de fênix se destacava como uma obra de arte viva em seu braço esquerdo.

E então ele a viu. Uma figura solitária no meio da multidão dentro daquela galeria de arte, com um ar de curiosidade e timidez que a tornava irresistivelmente cativante. Sofia Meireles, com seus cabelos castanhos se dobrando em cascata sobre os ombros, vestia-se com simplicidade, mas havia uma beleza natural em sua expressão que não passava despercebida.

Gabriel sentiu seu coração acelerar quando seus olhares se encontraram, como se uma faísca invisível os unisse instantaneamente. Ele se aproximou dela com uma confiança inabalável, os lábios curvados em um sorriso sedutor que deixava claro seu interesse.

— Você parece um pouco perdida por aqui. Será que posso te ajudar a se encontrar, nem que seja em mim? — disse ele, sua voz rouca enviando arrepios pela espinha de Sofia. Ela corou intensamente, sentindo-se enfeitiçada pela intensidade do olhar dele e principalmente pelo movimento de sua boca.

— Eu... Eu só estava admirando as obras, murmurou Sofia, incapaz de desviar os olhos dele, sem conseguir reunir cognição mental para explicar que era especialista em arte, estava lá como uma especial convidada, estudiosa ávida e profunda conhecedora dos detalhes daquela exposição. Ele estendeu a mão em um gesto convidativo, exibindo sua tatuagem, da qual ele parecia realmente se orgulhar, em todo o seu esplendor.

— Sou Gabriel — sua voz ecoando no ar carregado eletricidade entre eles, — E você?

Sofia hesitou por um momento antes de responder, sua voz quase um sussurro:

— Sofia... Sofia Mendes. — O som de seus nomes parecia plainar no ar, criando uma suave conexão que transcendia o espaço entre eles.

Gabriel sentiu uma atração poderosa por aquela mulher deslumbrante, com sua beleza despretensiosa e sua aura de mistério. Ele sabia que era perigoso se envolver, mas algo dentro dele ansiava por explorar essa conexão proibida, mesmo que isso significasse desafiar as convenções sociais que governavam sua vida.

— Isso, não para! Não para! — A jovem, de quatro deixando seus longos cabelos escorrerem pelos lados, escondendo os detalhes de sua face, parecia estar perto do limite do prazer, gritando com uma voz mais fina e estridente.

Gabriel apertava-a pela cintura, trazendo-a com força, para si, a cada estocada. O barulho da pancada era como uma sinfonia de tapas que deixavam ainda mais excitante aquele ápice de calor que parecia mutuamente queimá-los pelas partes. Ela simplesmente não suportou mais e caiu deitada de bruços, seus músculos todos vibrando, enquanto ele também alcançava o orgasmo, ainda mantendo o movimento bruto final e pressionando seu corpo sobre o dela.

— Eu não consigo acreditar que acabei de te conhecer e já transamos enlouquecidamente assim, Sofia... — Gabriel disse ao ouvido dela, enquanto a moça se recuperava e tentava se desvencilhar, já não aguentando a pressão sobre seu corpo.

— Gabriel, eu gosto de tudo que você faz por mim, você é um gostoso, sei que me pega só por pegar, já concordei com os termos, mas chamar por outro nome... — A essa altura a garota já estava em pé, acendendo um cigarro. — Aí já é um pouco demais.

Ainda se lembrava da garota da galeria, de uma forma que nunca antes tinha sido impregnada em sua mente. A forma como ela olhava para ele, como parecia direcionar seu olhar pra sua boca e desejar. O jeito que ela ficou tímida e rapidamente fugiu. Ele só precisava revê-la, tocá-la, beijá-la...

— Eu estou ficando velho, Marina! Já nem sei mias o que estou falando. — Assumiu a falha, sem ser exatamente um pedido de desculpas, enquanto erguia as calças e afivelava o cinto.

— Veja se depois de velho você não vai resolver se apaixonar. E se for, que não seja daquelas paixões por aquelas garotas pobres, desconhecidas, atrapalhadas. — O olhar em fuga de Gabriel entregou prontamente o que passava em sua cabeça. — Ah, não! Não acredito, Gabriel!

— O que foi? E nem sei quem ela é, trocamos umas três ou quatro frases e ela fugiu, como se eu fosse contagioso! — Ele já se explicou, o que foi para Marina uma confissão e automática assimilação de sentença.

— Que Deus tenha piedade de você! — A frase esplanada com aquele tom, pareceria curiosa para quem visse fora de contexto, vinda de uma moça com seios de fora, maquiagem borrada, cigarro tragado ao final, com a bituca sendo atirada pela janela.


Capítulo 2

Tão Real

 

Sofia se encontrava em um mundo de cores vibrantes e imagens distorcidas, vagando pelos corredores de uma galeria de arte em uma névoa de incenso perfumado. Ela se sentia deslocada entre as obras de arte abstratas, perdida em um mar de emoções e sensações desconhecidas.

E então, ele apareceu. Gabriel Sintifard, com sua aura magnética e sua tatuagem de fênix brilhando em cores vivas contra a pele. Ele se aproximou dela com uma confiança cativante, seu sorriso sedutor lançando faíscas de desejo em seu coração.

— Nos encontramos novamente...— disse ele, sua voz rouca ecoando no ar como um sussurro sedutor. Sofia sentiu-se envolvida por sua presença, mal escutou o resto do que ele falou.

O olhar dela foi o convite para que ele a seguisse e, dois corredores de caminhada já os deixaram em frente à uma porta que ela abriu, entrou e aguardou que ele fizesse o mesmo. Era uma espécie de estúdio de restauração de obras.

Não trocaram palavras, apenas se agarraram e se beijaram. E então, em meio ao calor da paixão que os consumia, Sofia se viu sendo levada para os braços de Gabriel, sendo colocada por sobre a mesa, por cima de tecidos de telas. Ele foi tirando a roupa dela e dele próprio com uma habilidade e rapidez incríveis, ainda conseguindo deslizar pela pele de Sofia com as pontas dos dedos, enquanto beijava seu pescoço. Debruçou-se sobre a moça, demonstrando também uma enorme facilidade de controlar seu peso, tudo que ele fazia parecia na medida certa.

Não precisou sequer guiar-se com as mãos, pelo toque. Simplesmente escorregou para dentro dela, como se fosse um pêndulo perfeito.

Ela estava absolutamente enxarcada e o movimento preciso a fez sentir totalmente preenchida até o fundo. Seus olhos arregalaram e parecia que podia sentir chegar até seus pulmões, pois lhe faltou o ar imediatamente. Sua boca entreabriu como se fosse suspirar, gemer ou gritar, mas não teve fôlego e o som não saiu. Ela ficou imóvel e totalmente despreparada para o segundo impacto.

Uma ligeira retirada, seguida de uma nova estocada profunda, permitiram que a voz saísse por sua boca. Ou pelo menos algum tom dela.

— O... quê?

Gabriel sorriu e apenas continuou. Outra vez, outra vez, outra vez. Lentamente. Mas cada novo ímpeto fazia Sofia vibrar e contrair cada músculo do entorno do seu prazer. Quanto mais ele acelerava e assumia liberdades, mais difícil ficava saber onde ela não estaria sentindo prazer.

As mãos tocando os seios, com a força certa, entre o deslizar de dedos e apertar delicado de mamilos, até a posse completa deles, agarrando-os e acariciando-os.

Aos poucos, Sofia ia recuperando o domínio de si, não apenas mais surpresa com a potencia inicial de Gabriel, mas agora totalmente acesa, começava também a movimentar o corpo, indo de encontro à profundidade, rebolando e mexendo o quadril, segurando os braços de Gabriel com força, apertando os dedos, fincando as unhas, em seguida rasgando suas costas.

Gabriel reage e vai ainda mais forte, puxando-a delicadamente com seus dedos pelos cabelos e mordendo seu pescoço, chupando forte.

Ambos estavam marcados.

A mesa agora parecia nem ser capaz de suportar a força com que Gabriel passou a penetrar Sofia. Os gemidos dela agora já eram ritmados e altos.

— Mais forte, mais forte, mais forte!

Gabriel subiu completamente na mesa, com os joelhos flexionados e no auge de seu vigor físico, não via mais limites em sua frente, apenas socava rápida e intensamente.

— Não pare, por favor, não pare! — Sofia gritou, seus olhos lacrimejavam e sua boca estava praticamente transparente. — Eu vou... Eu vou... Meu Deeeeeus!

Naquele momento, a mesa simplesmente desabou, se desfez e Sofia se viu no meio da galeria de artes, como se tivesse atravessado o teto ou as paredes, totalmente nua, tendo orgasmos contínuos sendo admirada como uma obra de arte pelos visitantes, sem controle algum sobre seu corpo, sobre seu prazer, sobre seus conflituosos pensamentos.

— Meu Deeeeeus!

Ela caiu da cama e acordou com o susto.

— Sofia! Sofia! O que foi isso? Foi um pesadelo? — Natalie, sua colega de quarto, deu um pulo de sua cama, acordando num estalo e acendeu a luz, vendo a amiga no chão. Percebeu rapidamente que não se tratava de um pesadelo definitivamente.

Aquela forma de mancha molhada no meio de sua calça de pijama também não indicava que a origem pudesse ser de uma incontinência noturna.

— Sofie! Minha nossa? Você ficou desse jeito com um sonho? Não quero nem imaginar o que aconteceu aí... Afinal, estou tão na seca quanto você. Prefiro não saber dos detalhes.

Natalie agarrou a amiga e a colocou de volta na cama.

    — Melhor voltarmos a dormir, amanhã o dia de trabalho será longo. — Ela apenas cobriu Sofia, que sequer conseguiu demonstrar reação, ainda imersa no que tinha vivido dentro de sua mente e voltou ao sono. Mesmo com o coração pulsando alto, Sofia também adormeceu rapidamente. Dessa vez, nem o empresário, nem ninguém apareceu nos sonhos.